- EM QUE É QUE VOCÊS ESTAVAM A PENSAR? - grita a mulher à nossa frente.

- Mãe desculpa...nós.. - começa Jane mas é interrompida.

- Cala-te Jane - diz ríspida - vocês estragaram tudo, a festa foi um desastre.

- Isto não teria acontecido se só te mostrasses como nossa mãe em festas em que as pessoas precisam de gostar de ti - respondo de braços cruzados, vejo a cara dela ficar vermelha de raiva mas pouco me importa.

- Vão... ela respira fundo - vão para casa - ela vira a cara e vai embora.

Olho para Emily que também está a receber um sermão da sua mãe, ela está com um semblante preocupado enquanto olha para a filha, quando acaba, abraça Emily e ela retribui. Quem me dera ter uma mãe que pelo menos se importa. 

Suspiro e olho para Jane, ela está a tentar aguentar algumas lágrimas que tentam escorrer pelo seu rosto sem a sua permissão. Agacho-me e puxo-a para mim, abraçando-a, não demora muito para ouvir os soluços que ela dá contra o meu ombro.

- Vamos para casa - murmuro-lhe no ouvido - vemos um filme, podemos fazer pipocas, o que achas? - ela assente.

 Pego-lhe no colo e limpo as suas lágrimas, pelo canto do olho, vejo Emily a olhar para nós com um sorriso melancólico, com os lábios penso que diz algo que se pareça "Diverti-me muito hoje, obrigada" de maneira muda, imito-a respondendo "Eu também".

Quando saio do edifício, parece que algo aperta o meu coração assim que um pensamento passa pela minha cabeça, eu não a vou ver até segunda-feira, a escola de dança não dá aulas aos fins de semana, já para não falar que as aulas começam para a semana, logo, menos tempo com todos, sobretudo com ela.

Espera...Que merda é que me está a acontecer?

Tiro todos os pensamentos da cabeça e continuo a andar, quando a limousine chega, entramos e o condutor acelera.

- Senhor Anderson? - ouço a voz de Elizabeth e abro os olhos vendo tudo desfocado.

- Elizabeth? - pergunto, vejo-a sorrir.

- Dormiram no sofá, outra vez - ela estende a mão e eu agarro-a.

Olho e vejo Jane dormir no meu peito, os seus cabelos estão todos despenteados assim como os meus, estamos os dois cheios de pipocas, sorrio.

Elizabeth pega nela e sobe as escadas com a minha irmã no colo, ainda um pouco atordoado levanto-me do sofá e vou em direção á cozinha, tenho a garganta seca.

Depois de beber água, volto-me e vejo a tela do meu telemóvel brilhar em cima da pequena mesa que ficava em frente ao sofá, aproximo-me e vejo que recebi uma mensagem em número anónimo, olho para as horas, 03:10 da manhã.

Abro a mensagem e as poucas palavras que nela estavam escritas fazem o meu coração quase parar.

"Se realmente te importas com Emily, sugiro que te afastes, nós não temos medo de fazer o mesmo que fizemos com a tua irmã Anderson"

Sinto-me completamente paralisado, a minha respiração perde o controle, que merda. 

Eu não me quero afastar mas...não posso permitir que lhe façam mal, solto um longo suspiro e deixo-me cair novamente no sofá.