Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝓥𝖆𝖑𝖊 𝖉𝖆 𝖘𝖔𝖒𝖇𝖗𝖆 𝖉𝖆 𝕸𝖔𝖗𝖙𝖊

○○○

○○○

⠀⠀⠀⠀Jiu impulsionou o corpo para frente com toda força que tinha e, agarrada ao lençol que a cobria em sua camisola, finalmente conseguiu expelir o ar de seus pulmões. Assim se estendiam todas as noites daquela temporada de outono. Os empregados já não sabiam mais o que fazer, os pesadelos vinham à espreita da jovem senhorita e ninguém dormia em paz há um mês. Entretanto, Jiu insistia, embora ninguém acreditasse, a criatura das sombras não era fruto de sua imaginação.

Esse foi o primeiro erro que a família cometeu.

— Não trilhe o mesmo caminho que seu pai! — A mãe bradou.

Tal almoço se iniciou com calmaria, contudo, queixas finalizaram a refeição. Jiu só queria respostas, porém, talvez apenas seu falecido pai haveria de tê-las.

— Eu sei o que vi, não era um animal! — Jiu refutou.

— Chega! — Farta, a mãe bateu as palmas na mesa

— Por que não acredita em mim?!

— Seu pai presumiu tanto que as sombras eram reais, que sucumbiu a elas! Como espera que eu sobreviva se te perder também?!

Não achou certo julgar sua mãe, visto que Jiu também sentia falta do querido pai, apesar de se ressentir com a escolha dele em usar uma corda para acabar com seu sofrimento e deixá-las para trás.

No instante em que a mãe se retirou para seus aposentos, Jiu foi ao jardim. Quase não havia nada ali para inspecionar, além de uma aranha, fina e marrom, presa a um líquido, cinza e viscoso, entre as rosas-vermelhas. Pouco a pouco um cheiro de podridão fez o estômago da garota revirar e os olhos lacrimejarem. Cobriu a face, nauseada, e estava prestes a voltar para dentro quando ouviu seu nome ecoar pelas árvores do bosque. Os pelos de sua nuca se eriçaram. Receosa, Jiu percorreu os olhos pela trilha, mas não havia nada além de névoa.

A cada passo, bosque adentro, mais evidente se tornava a presença de algo escondido a observando. Mas não olhou para trás, sua intuição lhe dizia que algo terrível aconteceria.

Tarde demais para se arrepender agora.

Outro sussurro, um pouco mais alto, soprou o pé da orelha dela. Com pavor, Jiu se virou. Algo saltou da mata. Era veloz demais para ser identificado, e ela não se importava nem um pouco em saber o que era. Correu o mais rápido que pode.

— Eu vou te pegar! — A voz raspou a audição de Jiu como o arranhar agudo de unhas numa lousa.

Aquilo não podia ser humano.

Espantada, Jiu se atirou aos braços de uma das empregadas, exigindo que todos tomassem abrigo dentro da mansão.

— A criatura, ela está lá fora! — Exclamava. — Não vá, aqui é mais seguro!

Todos já estavam fartos daquela situação. Por essa razão, influenciaram a mãe da garota a procurar um especialista.

Esse foi o segundo erro que a família cometeu.

As sessões de terapia não eram horríveis como Jiu imaginou que seriam. Diferente de todos na casa, lá ela se sentia segura para explorar seus medos, era compreendida. Contudo, outra vez, seu coração se partiu. Paralisia do sono, pesadelos, alucinações, vozes e machucados pelo corpo.

— Sua filha sofre de esquizofrenia.

E pílulas prescritas demarcaram o ápice daquele pesadelo.

Ninguém iria ajudá-la agora, Jiu perdia as esperanças, precisava recorrer ao único que sempre acreditou no oculto.

Durante os preparativos para um grande jantar com membros distantes da família, Jiu fugiu para o escritório do pai. Cartas, anotações, livros, qualquer coisa que lhe explicasse o que ele viu antes de morrer, o que era a criatura das sombras que a aterrorizava toda noite.

"Símbolo de desconfiança e malícia por seu veneno tóxico e a morte lenta que causa, muitas vezes a aranha é vista como maldição."

— Estamos condenados, por isso nos abandonou, pai? — Apertou o diário do pai com os dedos trêmulos.

Repentinamente, uma brisa gélida invadiu o quarto e desarrumou os cabelos da garota. A entidade planejava sua emboscada, pressentiu Jiu. Havia mais coisas ali que poderiam responder suas perguntas, e já não possuía mais tempo a perder.

"Como viverei sabendo o que aguarda minha pobre criança?"

A garganta de Jiu secou ao ler as palavras do pai.

"A vida de minha filha vale menos que minha avareza e luxúria?
Jamais me perdoarei pelo destino que escrevi a ela.
Sinto muito minha criança, se você fosse um garoto nada disso teria acontecido.

Agora você pertence a ele.
Espero que um dia possa me perdoar."

Todos sabiam, Jiu se ressentiu, a chamaram de louca e a aprisionaram com remédios, quando, na verdade, ela estava fadada ao futuro amaldiçoado de sua família. E para quê?

Fortuna.

Se juntou à festa no andar de baixo antes que sua mãe viesse lhe procurar. O salão se inquietou com a presença de Jiu. Ela encarava todos repleta de horror, as mãos cobrindo os lábios e lágrimas escorrendo pelas bochechas rosadas.

— Não se aproximem! — Exclamava Jiu.

Era pior do que ela imaginava, a criatura já havia tomado seu lar.

Todos a observavam com gotas de sangue respingando dos olhos, enquanto seus risos agudos perfuravam os tímpanos de Jiu numa ópera agoniante. Os joelhos trêmulos buscavam forças para, a qualquer custo, tirá-la dali. No entanto, até mesmo sua mãe apresentava aquela terrível forma. Este foi o estopim, Jiu tropeçou e caiu de costas. Cobriu o rosto implorando para o pesadelo acabar.

— O que se passa com você? — A mãe perguntou segurando a filha pelos ombros.

Ao voltar a si, abriu os olhos, a visão mudou outra vez. Era sua família novamente, todos preocupados a rodeando. Contudo, a encaravam como se fosse uma aberração. Desnorteada, ela sentiu seu chão faltar.

— Mãe, será mesmo que enlouqueci?

Por mais que já soubesse a verdade, preferia acreditar que perdeu a cabeça a aceitar seu destino. Recebeu um abraço caloroso em resposta. E mais uma vez as pílulas foram parar em sua boca antes de ir se deitar.

Esse foi o último erro que a família cometeu.

Ela podia escutar a madeira rangendo ao redor e uma respiração falhada assolar o cômodo, porém não ousou abrir os olhos, nem sequer espiar pela escuridão.

Estava ali.

Jiu sentia sua presença. O que quer que fosse, preenchia o quarto com uma energia esmagadora. Não podia permanecer ali, ela sabia, no entanto, lhe faltava coragem para se levantar.

O colchão afundou lentamente ao lado dela. Sua respiração ofegante dedurava o coração a ponto de pular para fora do peito.

Jiu abriu os olhos.

Silêncio.

Ela não conseguiu proferir palavra alguma, ou qualquer ruído. Lágrimas escorriam, sua língua estava dormente e as costas afundando cada vez mais na cama macia. Forçou a vista na escuridão, havia uma silhueta ajoelhada no canto direito da cama, se debruçando lentamente em sua direção. As pupilas de Jiu dilataram, mas ainda ficaram fixas na criatura à sua frente.

Se arrastou até Jiu sem pressa alguma, seu hálito frio tocando as bochechas rosadas dela. Por fim, se revelou. O corpo se desfazendo em fumaça negra da cintura para baixo, os braços se prolongavam em foices pontiagudas e seu rosto...

Ah, seu rosto, Jiu daria tudo para nunca ter tido tal visão. Dentes brilhantes sorriam grotescamente para ela.

Sentiu toda vida que corria em suas veias ser drenada, um vazio preenchendo cada lacuna de seu corpo, ao passo que aquele crânio alabastrino triscava seus dentes polidos nos lábios dela. Sussurrou seu nome uma, duas, três vezes. A quarta tornou-se um urro estrondoso, fazendo até mesmo a cama estremecer.

— Me deixe em paz, eu imploro! — Suplicou usando toda a força que tinha para conseguir falar.

— Agora você é minha! — A criatura raspou a ponta de sua foice pela cama, rasgando os lençóis antes de se atirar da sacada com a garota.

Quando a mãe chegou já era tarde. Ela chorou até não ter mais lágrimas. Todas as noites implorando a Deus para que devolvesse sua filha. Mas de nada adiantou, Jiu para sempre se perdeu.

Alguns dizem que as súplicas desesperadas da garota ainda ecoam pelo bosque, outros que a mulher de branco vagueia entre as árvores, guardando as almas dos perdidos na escuridão para alimentar seu mestre no vale da sombra da morte.

○○○

𝔢𝔰𝔠𝔯𝔦𝔱𝔬 𝔭𝔬𝔯Astronaut99s
𝔦𝔫𝔰𝔭𝔦𝔯𝔞𝔡𝔬 𝔢𝔪: Fly High

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro