Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Duas semanas antes... Capítulo 6 - Menina inspiradora

Astrid exalou o ar... As mãos tremendo ligeiramente. Não imaginou que seria tão difícil escrever sobre aquilo. As palavras lhe faltavam, enquanto contemplava a tela em branco do notebook. Fazia parte do processo de cura, escrever sobre o princípio de tudo – de sua jornada. Mas não utilizar o processo de cura, tão íntimo e pessoal, para fazer propaganda de si própria...

E para entrar na porra de um concurso!

"Competição, querida Astrid!" – teria lhe corrigido Dona Adelaide, sempre tão culta e educada.

A dona do Santuário, que já foi professora de Português um dia, estava em sua cama agora. Muito idosa e doente para corrigir ou ajudar qualquer um. Com o passar do tempo, Astrid foi assumindo completamente a direção da casa, por falta de um parente da família. Mesmo porquê, Dona Adelaide não confiaria a tarefa a outra pessoa. Era uma responsabilidade muito grande, que Astrid abraçou por causa dos animais e da gratidão que sentia por Adelaide.

Ela lhe deu a chance de chamar o Santuário da Esperança, de seu lar.

Dirigi–lo, porém, era um desafio diário, que nem sempre conseguiam superar. A situação econômica do país e a corrupção corrosiva de seu (des) governo só pioraram as coisas... Falta de educação, de empatia pela vida, e de dinheiro, faziam "da ocasião, o ladrão", como apontava o famoso ditado. Cada vez mais as pessoas abandonavam e maltratavam os animais. E nesse oceano de dor provocado pelos seres humanos (os quais não cuidavam nem de si próprios, quem dirá dos outros seres vivos), poucos resgastes eram bem sucedidos.

As contas dos tratamentos dos animais se acumulavam em sua mesa. E tudo o que Astrid e os voluntários do Santuário podiam fazer era orar a Deus para encontrar um caminho de continuar a missão. Não podiam desistir, pois os animais dependiam deles. Além do mais, se não fosse pela coragem e ação de Adelaide Campos, nada daquilo teria sido possível. Era o trabalho de uma vida que não podia se perder assim, sem lutar.

E no caso de Astrid, particularmente, talvez ela ainda vivesse num abrigo de proteção às mulheres, vítimas de violência doméstica, se não fosse pela idosa exemplar.

Olhando para a tela do notebook, Astrid imaginou que se inscrever naquela competição ridícula exigira que ela se expusesse. O seu passado poderia vir à tona. Por outro lado, Adelaide e os animais do Santuário mereciam que ela tentasse. Pensando assim, ela se concentrou nas palavras que precisava despejar no computador.

Menina foi o primeiro animal que Astrid tentou salvar. Responsável em grande parte por ela se tornar quem se tornou – ou ao menos o ponta–pé inicial. Lágrimas vieram aos olhos e ela parou com os dedos a centímetros do teclado... Se por enquanto não conseguia escrever sobre ela, achou que pudesse contornar o problema escrevendo um pouco sobre si mesma. Estava certa, pois as palavras fluíram, enquanto os dedos voavam sobre o teclado. Elaborar um currículo impessoal era sempre mais fácil...

–––

Astrid nasceu e cresceu numa localidade não muito longe dali. A vida no campo, entre fazendas, foi tudo o que conheceu e tudo o que sempre quis. Já a sua irmã, Lunna, não compartilhava do mesmo entusiasmo. Para a mãe delas, ficou claro, desde cedo, que apesar de as filhas se amarem muito, acabariam seguindo caminhos diferentes.

Lunna ansiava pela cidade grande. E mais, ansiava em conhecer o mundo. Ela tinha muitos sonhos e não conseguia se decidir por um único caminho... Para Astrid, o aqui e agora era mais importante do que sonhos nebulosos.

Mas, se havia uma coisa que Astrid e Lunna compartilhavam, era o amor pelos animais. Quando pequenas, as duas aprontavam, principalmente, organizando resgates aos bichinhos em situação de vulnerabilidade – deixavam alguns fazendeiros bastante irritados... Astrid era a líder da organização–mirim, tendo Lunna como braço direito e algumas crianças das fazendas vizinhas como integrantes e participantes dos resgates fabulosos.

Conseguiram até trazer a televisão local para noticiar o salvamento de um cavalinho dos maus tratos do dono. O animal teve um olho furado e já mancava muito. Com a presença da televisão, ficou mais fácil conseguir que fosse enviado para um dos santuários existentes nas redondezas.

Aos dez anos de idade, Astrid se sentiu tão bem por ter salvo aquele animal e tantos outros, que já sabia o que desejava ser quando crescer.

Veterinária? Talvez... Mas principalmente, uma protetora da vida animal!

Ela seguia de perto a trajetória de alguns protetores, pela internet. Sabia que não era uma vida fácil, mas admirava como eles se tornavam incansáveis.

Resilientes, era a descrição mais correta.

Os protetores não deixavam que nada abalasse o seu ânimo – muito menos a atitude desdenhosa das pessoas que torciam o nariz para a causa animal. A atitude dos protetores requeria uma têmpera de ferro, como a dos militares. Pois não era fácil cumprir esse tipo de missão. Exigia logística, investimento de tempo e de recursos pessoais... Daí a necessidade de ser proativo para captar o dinheiro necessário.

Claro que nessa última parte, a de ser proativo em relação ao capital, Astrid só aprendeu quando adulta, observando a protetora Adelaide Campos em ação. Passou a admirar tanto as ações da idosa, que se sente orgulhosa por atuar no santuário.

A fazenda de Adelaide funcionava como um oásis para os bichinhos vulneráveis. E a visão oriental sobre a vida fora adotada pela idosa, em contato com diferentes culturas, durante suas viagens pelo mundo.

Adelaide já foi uma mulher de posses, com um propósito bem definido: valorizar a sabedoria dos animais. Em sua forma de ver, compartilhada por todos que trabalhavam no santuário, os animais são mestres em sabedoria e pureza de espírito.

Os humanos deveriam ter a humildade de aprender com eles.

Já percebeu, Astrid, que quando nos sentimos desesperados, os animais nos "acolhem" e protegem da melhor maneira, sem reservas? – perguntou–lhe a idosa, certa vez.

Mas o dinheiro de Dona Adelaide se esvaiu com o passar dos anos. Restou a rede de acolhimento aos animais que continuou a ajudá–la. No entanto, durante a pandemia, os protetores viram a situação mais difícil do que nunca. Muitos lares de animais estavam passando necessidades por falta de ajuda. Desde então, estava mais complicado dar prosseguimento aos resgates e aos cuidados. Os mesmos só aconteciam por pura força de vontade e solidariedade entre pessoas da própria rede de proteção.

Verdadeiros heróis e heroínas, que não mediam esforços para salvar e cuidar dos animais, vítimas de maus tratos por parte de tutores, os quais, não pensam neles como seres vivos que sofrem; que merecem dignidade!

Pensam neles como meros objetos, que jogam fora quando, por um descuido, acontece alguma avaria. Ao pensar nas inúmeras situações que Astrid já presenciou, seu coração se confrangeu.

Tentou se concentrar para não fugir do objetivo proposto e transmitir correta e suscintamente a sua trajetória para o arquivo aberto no computador.

Levou um susto ao escutar a voz de Lenir.

– Astrid, você precisa dar um pulo no curral – avisou a amiga e colaboradora, parada junto à porta do escritório.

Astrid olhou para o minúsculo parágrafo que conseguiu produzir, salvou o documento e, aliviada pela interrupção, prometeu a si mesma continuar mais tarde.

– O veterinário novo está lá – comentou Lenir, enquanto caminhavam juntas para o curral.

– Ah, tá certo! – Astrid o estava esperando.

Era motivo de preocupação a chegada do veterinário substituto. O Santuário da Esperança teve sorte em relação ao atendimento fornecido nos últimos anos. Mas Astrid nem sempre teve experiências positivas com profissionais focados mais no lucro do que nos animais.

Ela receava que o novo veterinário, vindo da capital, não fosse tão voluntário quanto os seus antecessores. Se não fosse, ela estaria encrencada.

– Completou a inscrição? – Perguntou Lenir, bem humorada.

– Não...

– Caramba, garota! – Lenir não conteve a irritação. – Você tá é enrolando! Eu me pergunto a razão...

– A razão de quê? – Astrid desconversou.

– Eu não entendo... Quer dizer, você adora esportes radicais. Se joga em tudo que é evento na região. Não tem uma tarefa nesta fazenda que você já não tenha feito lado a lado com os caras mais durões... Do que tem medo?

Da exposição pública... De um ex–companheiro violento que não fazia ideia de onde ela estava vivendo... Mas ao invés de falar tudo isso, ela disse:

– Não é medo... Sei lá, não curto me expor. Mas você tem razão. Não custa tentar algo que nos ajude a tirar o pé do atoleiro. Ainda mais sendo uma coisa que eu saiba fazer.

– Já pensou? – Lenir sorriu, toda animada. – Viajar por toda parte, conhecer lugares exóticos e ainda ganhar prêmios em dinheiro... Quanto é mesmo? Um milhão?

– Que um milhão que nada! – intrometeu–se Saldanha, passando por elas carregando um panelão de metal. – Não souberam?

Astrid diminuiu o passo. – Soubemos do quê?

– Entraram investidores pesados no lance do novo reality. Já deu na internet que será uma competição internacional, com um prêmio de setenta milhões de reais.

As duas mulheres pararam de andar, atordoadas, enquanto Saldanha continuava o seu caminho em direção à cozinha... Quem olhasse para ele, diria que não falou nada de importante ou extraordinário. Talvez porque ele não acreditasse que alguém de suas relações chegaria a competir em algo tão grandioso. Além do mais, Saldanha era um homem muito prático. O dia estava só começando e ele tinha muita boia para preparar.

Mestre Manolo, o cabrito, seguiu saltitando atrás dele, sempre em busca de seus presentinhos. Lenir passou os dedos pela cabecinha do bicho, enquanto ele se esforçava para não ser deixado para trás. Mestre Manolo jamais se permitia perder toda a diversão.

A fazenda era aberta para a circulação dos animais, em todas as dependências. Isso incluía a sede.

O olhar de Astrid vagueou pelo cercado, onde estavam as últimas vaquinhas resgatadas – as que conseguiam andar sozinhas para o pasto. Luzia e Maria Cândida, como foram denominadas... Esperança estava mais afastada. Mas veio correndo assim que avistou Astrid.

Esperança recebeu esse nome por representar tão bem o ideal de resiliência da causa, que o Santuário da Esperança ostentava.

Por um instante, Astrid pensou ter visto Menina entre elas. Foi uma visão fugidia, uma ilusão... Mas que serviu para fazê–la voltar ao passado, quando era criança e cuidava de uma vaquinha que abandonaram no terreno baldio ao lado de sua casa. Lembrou–se de como, depois de tanto tempo, vieram buscá–la prometendo que ela seria bem cuidada, mas na verdade, foi levada para o abatedouro. Astrid nunca perdoou o vizinho por ter lhe mentido e nada feito para salvar a vaquinha.

Hoje ela sabia o suficiente para compreender que Menina era bondosa demais para odiar alguém. Já deve tê–lo perdoado antes dos filhos que, ao longo dos anos, e por motivos variados, foram abandonando o avarento fazendeiro.

Astrid sabia por observação que as pessoas que maltratam os animais ou lhes negam socorro, mais cedo ou mais tarde recebem o troco da vida. Pena que muitas delas não se dão conta disso.

– Que foi, Astrid? – Lenir sacudiu o seu braço de leve.

– Ah, nada... Acho que acabei de ter uma revelação – Astrid brincou.

– Do tipo... – Lenir levantou as sobrancelhas. – "Eu preciso estar na competição para salvar o Santuário"?

Astrid piscou algumas vezes e não disse nada. Deu meia volta e foi para o escritório a fim de completar aquela bendita inscrição.

Afinal, setenta milhões fazem qualquer um se inspirar.

–––

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro