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8. PRINCIPALMENTE ME SINTO ARRASADA.


MEUS OLHOS ESTAVAM abertos há pelo menos uns 15 minutos, mas eu não conseguia me levantar da cama.

Assim que acordei, fui atingida mais uma vez pela minha realidade, como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto, e, principalmente, a forma como venho lidando.

Não é como se eu não soubesse que eu me apaixonaria de novo por ele. No fundo eu sabia. Sempre foi ele, desde a primeira vez. Menti para mim, menti para ele também, dizer que àquilo era só diversão passageira foi minha maneira de tentar. E no final, eu não passo de uma fraude. A garota que não se importa com nada, ou a garota que se esforça para ser boazinha, nenhuma delas é real. Eu nem sei quem sou eu de verdade.

Acho que a pior parte disso tudo é o fato de que talvez a única pessoa que tenha me visto de verdade, a única pessoa capaz de responder essa pergunta... é ele.

Meu despertador continuava tocando, já estava ficando tarde e tenho coisas para fazer. A primeira coisa é encontrar um hotel ou um flat. Aínda faltam quase dois meses para o fim do verão, então eu finalmente voltarei para a faculdade e acabou. Isso vai ter acabado. Nunca mais ponho os pés aqui novamente.

Cheryl tem sido adorável em permitir que eu fique em seu apartamento pelos últimos dois dias. Ela tem passado um bom tempo com o novo namorado e não tem se importado muito em voltar para cá.

Finalmente consigo sair daquela nuvem sufocante de estagnação. Apesar de aínda me sentir horrível, consigo me sentar e desligar o despertador. Esfrego meu rosto e tempo dizer a mim mesma para parar de choramingar e reagir. Me levanto e vou para o banheiro.

Me aprontar para o trabalho levou algum tempo. Eu já estava atrasada e isso não ajudou muito. Assim que abri a porta me deparei com Pedro parado no corredor, uma mão em punho erguida, pronta para bater.

- Kaya - Ele suspirou, soando aliviado. - Fiquei com medo de não encontrá-la aqui, eu iria ao seu trabalho, mas...

- Eu estou atrasada, não posso conversar agora - Falei, não dando muito tempo para ele elaborar o que estava dizendo. Fechei a porta e tranquei. Não imaginei que ele viria me procurar aqui, ele fez um ótimo trabalho me ignorando da última vez.

- Posso levar você e então conversamos no caminho.

- Não, obrigada - Recusei, evitando olhar para ele.

- Kaya - Ele chamou baixo, havia súplica em sua voz. - Por favor.

- Eu não consigo - Falei, me encostando na parede. - E o que você está fazendo aqui?

- Você sumiu há dois dias - Respondeu como se fosse óbvio. Sua voz carregava aborrecimento. - Você saiu e não voltou mais, não atendeu nenhuma ligação, não deu nenhum sinal. Sabe o quão preocupado você me deixou?

Balancei a cabeça, uma risada sem humor deixando meus lábios. Me afastei da parede e comecei a andar, passando por ele e seguindo pelo corredor. Pedro me seguiu.

- Não devo nenhuma satisfação a você - Falei por cima do ombro. - Então pare de agir como se você se importasse.

- Eu me importo!

- Isso é mentira - Rebati, descendo rapidamente os degraus. Ele não demorou para me alcançar e passar na minha frente. Pedro parou no degrau de baixo, na minha frente e bloqueou o caminho.

Não me permiti olhar para ele, porque sei o que vai acontecer.

- Àquela noite... àquilo foi ruim, eu sei. Mas precisamos conversar sobre o que aconteceu.

- Então agora você quer conversar? - Perguntei, cruzando os braços. - O que acha de me falar sobre como você foi embora antes que eu acordasse como se eu fosse a porra da sua prostituta? Ou como passou o dia inteiro me evitando...

- Eu errei! - Ele me interrompeu. Agora eu estava olhando para ele. Seus olhos castanhos estavam arregalados e vidrados e ele parecia cheio de culpa, mas àquilo não melhorava nada. Aínda estava doendo. - Eu sei, mas não é facil, Kaya. A vida adulta não é simples. Não somos só duas pessoas, esse... essa coisa que nós temos não é simples e você não pode agir como uma criança mimada sempre que algo não sai como você quer.

Sinto meu rosto esquentando e meus olhos arderem. Ele está falando como ela. Tento controlar minha respiração, mas a sensação de sufocamento que senti essa manhã está de volta. É como uma garra apertando minha garganta e arrancando o ar dos meus pulmões. A mesma sensação, a sensação dos medos instalados em minha cabeça e alimentados por tantos anos sobre não ser nada além do que minha mãe diz que sou, está girando envolta da minha cabeça. Uma voz... talvez a voz dela, está zombando de mim, dizendo que estava certa o tempo todo.

- Acabou? - Perguntei, com medo de falar algo mais e minha voz falhar.

- Não - Disse. - Vamos pegar suas coisas e voltar para casa. Sua mãe está preocupada e...

- Chega! - Esse era o meu limite. Talvez tenha falado alto demais, porque ele se calou e me encarou surpreso. - Eu não vou voltar para àquela casa nunca mais.

- Kaya...

- Você já falou o suficiente - Ergui uma mão, fazendo com que ele parasse de falar. - Demorou, mas pelo que parece minha mãe finalmente conseguiu fazer com você o que faz com todo mundo. Convenceu você de que não passo de uma pirralha sem noção e mimada, que não sirvo para nada além de causar problemas.

A expressão no rosto dele caiu, como se ele mesmo não tivesse se dado conta das coisas que disse até agora. Continuei, antes que ele tivesse a chance de falar novamente:

- Estou saindo daquela casa porque fui criada a vida toda por uma pessoa abusiva e cruel que sempre foi incapaz de me amar. Estou saíndo porque a outra opção seria continuar sofrendo com os ataques e as humilhações constantes. Não tem nada a ver com você. Eu deveria ter ido há muito tempo.

- Sinto muito.

- Não sinta - Afirmei, secando a única lágrima traiçoeira que conseguiu escapar por minha bochecha. - Logo vocês vão ter outra pessoa no meu lugar. Eu só desejo que essa criança tenha um pouco mais de sorte do que eu tive.

Passei por ele, descendo as escadas rapidamente, tentando ficar longe dele o mais rápido possível, desesperada para que ele não me visse despedaçar.

- Eu nunca quis ter filhos com ela, Kaya - Pedro falou atrás de mim. Ele ainda estava parado no mesmo lugar. Isso me fez parar, me virar para ele e encará-lo com descrença.

- Não fale como se não tivesse escolha - Falei com ressentimento.

- Eu me sinto culpado - Confessou. - Pelo que fizemos, eu... porra, eu me sinto mal. E mesmo que não consiga me ver sem você agora, eu aínda tento compensar sua mãe. Ela parecia frágil, ela me pediu tanto.

- Faça como quiser - Foi minha única resposta. Eu sei como ela é convincente. Também tentou isso com meu pai, quando sentiu que ele pediria o divórcio, tentou engravidar outra vez. Não serei a pessoa que vai avisá-lo. Ele deveria conhecer a pessoa com quem se casou.

Voltei a descer as escadas e dessa vez não voltei quando ele chamou meu nome novamente.

NO DIA SEGUINTE eu havia encontrado um lugar para ficar. Uma das garotas do trabalho precisava de uma colega de apartamento para dividir o aluguel, e foi como uma ajuda divina.

Com isso, decidi voltar mais uma vez para àquela casa, apenas para terminar de buscar minhas coisas. Minha real vontade era nunca mais pisar lá, mas eu precisava daquelas coisas, então planejei ser o mais rápida possível. Cheguei depois do trabalho, já era um pouco tarde, então eu sabia que ambos estariam em casa. Isso foi constatado quando vi os carros estacionados em frente a casa.

Pedi ao taxista que esperasse alguns instantes enquanto subia para buscar algumas coisas e logo voltaria. Assim que entrei, os passos vindos da cozinha já denunciaram que alguém estava se aproximando.

- Alguém se lembrou que tem família - Minha mãe disse, parando no corredor e cruzando os braços. Sua voz era carregada de cinismo e sua expressão absolutamente debochada.

- Só vim buscar minhas coisas - Falei, passando por ela rapidamente e subindo os degraus de dois em dois.

É claro que ela me seguiu.

- Eu não sei onde errei, ou quais crimes cometi para ser punida com uma filha tão ingrata!

Entrei no quarto e bati a porta. Com muita pressa comecei a reunir todas as coisas que eram importantes para mim. Agradeci mentalmente por aínda ter uma mala pronta que trouxe para as férias e que ainda não havia sido desfeita.

Ela aínda estava falando sem parar do outro lado da porta. Minha cabeça estava doendo e minha garganta fechando. Silenciosamente comecei a torcer para não ter uma crise de ansiedade ali mesmo, seria melhor apenas pular pela janela. Quando terminei, abri a porta e me deparei com ela.

- Você vai se arrepender por isso, garota - Ela praticamente cuspiu. - Depois de tudo o que eu fiz a minha vida inteira. Depois de dar os melhores anos da minha vida para criar e cuidar de você.

- Você não fez nada além do que a lei exigia que você fizesse - Consegui reagir. - E você quer saber, mãe? A verdade é que você sempre sentiu ciúmes e inveja de mim. Ciúmes do meu pai, por ele querer passar mais tempo comigo do que com você. Inveja porque sou mais jovem e posso fazer coisas incríveis com a minha vida, enquanto você ficou presa onde está até hoje. Você foi mãe cedo demais? Que pena, mas essa merda não é culpa minha. Acredite em mim, houve vezes em que desejei não ter nascido. Mas isso acabou, me ouviu? Você nunca mais vai fazer com que eu me sinta indesejada.

Ela não respondeu. Pela primeira vez, minha mãe não tinha uma resposta na ponta da língua. Passei por ela e desci as escadas rapidamente. Avistei Pedro parado no no corredor entre o hall e a sala.

- Você estava certa em cada palavra - Ele disse para mim. - Sinto muito.

Não o respondi. Sentia que estava prestes a quebrar e precisava ir logo embora. Assim que cheguei no carro, o motorista me ajudou a acomodar minhas coisas no porta-malas e então finalmente eu estava indo embora.

O CAMINHO DE volta foi igualmente sufocante. Assim que cheguei no apartamento, desabei na cama do quarto pouco mobiliado e chorei. Esse choro foi o mais desesperado e significativo de todos.

Eu não estava chorando por Pedro. Bem... não só por ele. Não estava chorando por ele ter escolhido ficar, porque eu sabia que ele escolheria isso. Ele nunca me prometeu nada. No entanto, esse choro trazia bagagens mais antigas. Uma garota com menos de 11 anos vendo o pai sair de casa e não voltar mais, tendo visitado-o poucas vezes desde então. Uma adolescente que cresceu tendo múltiplos complexos com sua aparência, pois ouvia diariamente que seu corpo era feio. Uma adulta ouvindo que não era suficiente para ser algo na vida.

Fui alguém que sofreu com a ausência paterna e com a presença materna. E agora eu me sinto aliviada. Arrasada, é claro, principalmente. Mas livre. Talvez eu devesse ter feito isso antes. Ter deixado para trás mais cedo.

Me arrastei até a janela e me pus a observar a cidade. É brilhante. As luzes são lindas daqui de cima. Ironicamente melhoras do que as que eu via através da janela do meu quarto, mesmo que fosse em um bairro privilegiado. Eu já não estava mais chorando, convenci a mim mesma a parar de choramingar. Isso não vai servir para nada, no final só vai me enlouquecer.

Meu celular vibrou e acendeu encima da cama. Fui até o aparelho, pensando em quem poderia estar me mandando uma mensagem tão tarde da noite. Era ele. Uma mensagem simples, apenas um "durma bem". Parece piada, uma piada de muito mal gosto. Optei por não responder, me esforçar para recobrar a pouca sanidade que aínda tenho preservada depois de todo esse surto caótico dos últimos dias.

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