3. CARNIFICINA
AO ACORDAR NA manhã seguinte, eu aínda podia sentir a sensação de queimação que a barba dele provocou entre minhas coxas. Rolei na cama, gemendo baixinho enquanto revivia àquele momento dezenas de vezes em minha mente. As mãos ásperas e quentes, os lábios na minha pele... Pedro provou algo que eu já sabia mesmo antes de ser tocada por ele, ele provou que sabe o que fazer com uma mulher em suas mãos.
Levantei e tomei um banho frio. Eu preciso me preparar para o trabalho logo antes que acabe me atrasando ainda mais. Já estou com o uniforme descendo apressadamente as escadas em direção a porta quando ouço minha mãe esbravejando na cozinha:
- Olha toda essa bagunça! Eu não vou limpar isso!
Encolhi meus ombros, caminhando colo um gato com patas macias e silenciosas. Coloquei a mão na maçaneta e antes que eu pudesse abri-la, ela foi aberta por fora e Pedro estava parado na minha frente. Examinei sua aparência e conclui rapidamente que ele estava fazendo algum tipo de caminhada matinal. Ele estava suado, com seus cabelos desgrenhados e a tirava os fones de ouvido.
- Bom dia - Ele ofegou.
- Dia - Respondi.
Ouvimos passos e minha mãe surgiu vindo da cozinha.
- Qual de vocês fez aquilo?
Imediatamente fiquei muda, encarando-a sem muita expressão. Percebi Pedro ficando tenso ao meu lado.
- Aquilo? - Ele perguntou.
- O sorvete aberto e todo derretido na bancado e em todo o chão - Ela esbravejou.
- Ahn...
- Fui eu - Pedro resmungou me interrompendo antes que eu admitisse que havia sido eu. Ele passou por mim e entrou na casa arrancando os fones de ouvido de uma vez. - Sinto muito, eu me esqueci completamente.
- Se esqueceu completamente? - Ela perguntou. - Você bateu a cabeça, por acaso? Como diabos isso foi acontecer?
Percebi que ele conteve um suspiro e passou por ela seguindo para a cozinha, provavelmente aquilo era o início de uma discussão. Minha mãe é do tipo que faz tempestade em copo d'água. Aproveitei aquele momento para sair discretamente pela porta e ir logo para o trabalho antes que fosse demitida por chegar tarde.
O DIA FOI LONGO e cansativo. Além de quente, porra... eu havia me esquecido de como o verão na Califórnia pode ser infernal. Passar o dia inteiro indo e vindo servindo mesas também não ajuda, mas não é como se eu tivesse opções melhores.
Algumas garotas do trabalho estavam combinando de saírem depois do trabalho para beber, considerei por alguns instantes antes de aceitar, afinal eu não tinha muito mais o que fazer se voltasse direto para casa. Esse verão tem sido extremamente tedioso e chato... bem, até alguns dias atrás. É claro que as ocorrências com Pedro balançaram meu mundo totalmente. Ainda assim, não tenho saído tanto de casa quanto gostaria, e quando estou em casa me limito ao meu quarto.
Quando voltei para minha cidade natal no início das férias, achava que teria um tempo com minha mãe e tudo isso, afinal ela adorava as longas ligações cheias de melodrama e "quando você volta para nos visitar?", mas no momento em que pisei os pés em casa, ela mal tem trocado duas palavras comigo se não forem discussões. Isso é cansativo, como se nada tivesse mudado desde que fui para a faculdade. Ela é a mesma mulher controladora, narcisista e egocêntrica de sempre.
Então eu aceitei sair com elas, estava empolgada por fazer algo diferente do que apenas sentar na sala depois do jantar e assistir algo na TV com um Pedro silencioso sentado o mais longe possível.
Nós combinamos de nos encontrarmos em um bar em cerca de 1 hora e meia. Um tempo para um banho rápido e se aprontar melhor. Quando cheguei em casa, consegui ouvir o barulho da TV ligada em algum filme, ao entrar na sala encontrei um Pedro entediado e minha mãe adormecida na poltrona. É essa a visão de toda sexta-feira.
- Boa noite - Cumprimentei sem parar de seguir em direção as escadas.
- Boa noite, querida - Ele respondeu parecendo distraído. Não sei onde seus pensamentos estão, mas não estão nesta sala. Eu estava com o pé no terceiro degrau quando ela acrescentou: - O que vai querer para o jantar?
- Nada, estou saíndo daqui à pouco - Falei olhando para ele por cima do ombro.
Imediatamente uma de suas sobrancelhas se ergueu e ele estava me olhando com curiosidade.
- Saíndo? - Repetiu.
Voltei um degrau e me virei para ele.
- Sim - Confirmei. - Algum problema?
- Nenhum, só que você não... saí - Ele falou fazendo uma careta. - Quando isso começou?
Ele meio que tem razão. Quando morava aqui e era mais nova, eu praticamente não tinha uma vida social muito ativa. Não saía e não ia a festas com muita frequência. Isso mudou em Nova York, não é como se eu gostasse de ficar em casa, eu só não estava no meu momento ainda. Durante esse tempo em que voltei e retornei aos velhos hábitos de viver enfiada em casa, me sentia diariamente sufocada, desesperada para sair e ver a cidade.
- Tem um tempinho - Sorri para ele. - Mas não sinta muito a minha falta, eu ainda vou voltar.
Pedro revirou os olhos e os desviou de mim para a TV, mas continuou falando:
- Não acha que está um pouco tarde?
- Sou uma garota crescida, Pedro - Isso fez com que ele olhasse para mim. Indiquei minha mãe dormindo com um aceno de cabeça. - E eu tenho certeza de que ela não vai dar a mínima.
- E onde você está indo?
- Estou indo beber com umas colegas de trabalho, talvez dançar um pouco depois... - Respondi, por mais que fosse meio invasivo, seu questionário está me divertindo.
- Você não deveria beber.
- Eu tenho idade o suficiente, qual o problema?
- Não acho uma boa ideia, só isso - Ele resmungou, seus olhos escuros se voltaram para mim rapidamente.
- Bem, eu acho uma idéia ótima e não quero me atrasar - Soprei um beijo para ele antes de voltar a subir rapidamente os degraus e correr para tomar banho.
DURANTE TODO O TEMPO em que estivemos no bar minha mente simplesmente não conseguia se afastaram de Pedro e em como ele me olhou quando sai de casa. O vestido de alças finas e curto com tanta pele exposta o fez arregalar levemente os olhos quando me viu descer as escadas. Eu tinha certeza de que ele diria algo, mas ele não o fez, e isso me deixou irritada. Como era possível que ele tivesse praticamente me devorado na noite passada e agora está agindo desse jeito?
Eu cheguei a acredita que depois de ter cedido naquele momento, ele se tornaria menos resistente, mas estou vendo que talvez eu tenha que pegar mais pesado com ele.
Depois de algumas horas e bebidas, eu estava realmente me divertindo, mas quanto mais o álcool subia em meu organismo, mais meu corpo queimava desejando pelo toque dele. Eu poderia simplesmente voltar para casa e pular no colo dele, pedir para que ele me fodesse e acabasse com isso de uma vez, mas qual seria a graça disso tudo? Eu já fui direta antes, mas foi apenas uma solução paliativa. Funcionou naquele momento, mas ele mal olhou para mim depois.
- Àquele cara não para de olhar para você.
Cheryl, uma das garotas do trabalho, disse enquanto cutucava a lateral do meu corpo com o cotovelo. Segui seu olhar e o percebi me encarando, quando percebeu que eu estava olhando para ele, ergueu sua bebida e piscou para mim. Sorri levemente e desviei o olhar.
- Ele não é meu tipo.
Ela riu sem acreditar.
- Você está brincando? Ele é o tipo de qualquer uma.
Mordo o canudo do meu drink e dou uma risada meio embriagada.
- Não o meu.
- Então qual é o seu tipo?
- Uhn... - Eu murmurei tentando decidir se deveria ou não responder, mas já havia tanto álcool correndo em meu sangue que acabei respondendo sem ponderar muito: - Caras mais velhos.
- Mais velhos? - Ela repetiu com uma risada, eu confirmei com um aceno de cabeça. - Mais velho quanto? Tipo uns trinta?
- Quarenta - Respondi. Ela abriu a boca surpresa.
- Você é o tipo que curte papais então? - Ela riu quase histérica. Em sua defesa, ela também estava bem bêbada.
- Oh, você não pode julgar até experimentar - Mordi meu lábio.
- Você é completamente maluca. Com quantos você já saiu?
Eu ri com seu real interesse.
- Alguns - Dei de ombros. - Não mãos do que uns quatro, acredito. Também saio com caras da minha idade, mas com certeza não é nem de longe a mesma coisa.
- Talvez eu poderia tentar. Estou cansada desses garotos estúpidos que pensam que é só enfiar o pau deles na gente e a mágica acontece - Ela bufou enquanto revirava os olhos de irritação e tomava mais de seu drink.
Mordi meu lábio inferior, lembrando-me de como Joel me devorou. Ele me fez desmoronar completamente e nem mesmo precisou me penetrar.
- Alguns deles realmente sabem como fazer - Murmurei sentindo meu corpo inteiro arrepiar.
- Espera... tem alguém? - Seus olhos se arregalaram. Ela estava mais bêbada do que eu, isso com certeza. - Você está saindo com algum dilf aqui da cidade?
- Saíndo não é a palavra - Falei me recostando no banco. - Mas sim, tem alguém no jogo.
- E como isso tem funcionado?
- Você parece muito interessada - Eu ri e terminei meu drink com um último gole. - Mas... tem sido meio difícil. Ele acha que é inapropriado.
Eu debochei na última palavra. Talvez até seja inapropriado, mas o que podemos fazer quanto a isso? Eu sei da nossa situação, mas eu não estou pedindo que ele se separe e fique comigo. Fora que se separar seria a melhor coisa que ele poderia fazer para salvar a vida dele, ou invés de continuar se submetendo a ser apenas mais um dos maridos da minha mãe para que ela possa exibir ele por ai, sugar sua alegria e depois descartar. Foi assim nos últimos dois casamentos dela.
Cheryl perguntou mais algumas coisas, mas logo ela estava tão bêbada que decidiu ir para casa antes que desmaiasse. Isso foi uma das melhores idéias que ela teve, o que me inspirou a fazer a mesma coisa. Eu poderia continuar aqui a noite toda ou até encontrar algum cara com quem eu poderia me divertir, mas não é isso o que eu quero. Eu sei o que eu quero e não vou encontrar em um pau qualquer.
Deixei o bar e peguei meu celular para chamar um uber, foi quando notei pelo menos três ligações perdidas dele. O celular começou a tocar novamente e dessa vez eu atendi:
- Onde diabos você está?
A voz de Pedro estava furiosa de um jeito que nunca vi antes.
- Alô, eu estou ótima. Obrigada por perguntar, a propósito - Falei, fazendo questão de provocá-lo.
- Você está bêbada? - Ele rosnou.
- Uhn... talvez - Respondi arrastado. Me apoiei contra a parede do bar. - O que você considera estar bêbada?
- Porra, Kaya! - Pedro xingou. - Onde você está? Estou indo buscá-la.
Eu revirei os olhos, mas não adiantaria discutir com ele agora. Dei o endereço do bar e depois desligamos. Me sentei na calçada, sentindo minha cabeça zumbindo. Não é uma sensação ruim, na verdade o calor provocado pelo álcool é bom. A desinibição, a sensação de que posso fazer ou ter qualquer coisa é deliciosa. Quando Pedro chegou em tempo recorde, me perguntei quantas leis de trânsito ele havia infringido para estar aqui agora.
Me levantei e fui até o carro, ao entrar percebi sua expressão séria e fechada, suas mãos seguravam o volante com tanta força que parecia que iria quebrar.
- Então eu ganho uma carona? - Perguntei. Ele não respondeu, seus olhos estavam cravados na estrada. - Estamos dando tratamento de silêncio, agora?
- Você não atendeu minhas ligações.
Ele quase rosnou.
- Eu estava me divertindo, Pedro - Revirei os olhos.
- Não faça essa merda de novo - Sua voz era quase agressiva. Eu o olhei confusa. - Se revirar esses olhos mais uma vez, eu juro que...
- O quê? - Questionei petulante. - Você não vai fazer nada. Você nunca faz nada.
Não é como se eu precisasse de álcool para ter coragem de dizer ou fazer alguma coisa, mas ele está me dando um gás hoje.
- Você não sabe o que está falando.
Relaxei meu corpo no banco, afastando um pouco minhas pernas sentindo meus músculos formigarem.
- Isso não importa - Suspirei, minhas mãos começaram a brincar com a barra do vestido. - Eu não vou pular em você hoje.
Ele bufou.
- O quê? Desistiu de me implorar para foder você?
Isso me tirou um pouco da nuvem prazerosa onde eu estava. Uma pontada de raiva tomou conta de mim e eu afastei mais minhas pernas e comecei a brincar com a alça da calcinha. Um zumbidos baixinho saiu de minha garganta quando toquei os lábios molhados.
- O que você está fazendo? - Ele perguntou, seus olhos se voltaram para mim.
- Continue dirigindo - Murmurei, outro gemido saiu pelos meus lábios. - Não preciso implorar nada para você.
- Não pode fazer isso aqui.
- Eu posso fazer o que eu quiser - Arqueei meu corpo no banco quando encostei em meu clitóris e gemi. - E eu não preciso de você.
Meus olhos estavam fechados, então eu não sabia se ele estava olhando ou não para mim, mas isso me não importava. Eu iria provocá-lo, levá-lo ao seu limite, deixá-lo com ódio. Eu quero que ele se sinta tão frustrado quanto eu fiquei em todas as vezes.
- Pare! - Ele mandou novamente. - Kaya, eu estou avisando...
- Ah! - Exclamei afundando dois dedos em mim. Eu o ignorei de propósito, agindo como se ele não estivesse alí. Segurei o banco com força usando a outra mão, não me preocupando em morder meu lábio para conter os gemidos. Curvei meus dedos, atingindo um ponto mais profundo dentro de mim, outro gemido cruzou meus lábios e dessa vez muito mais alto.
- Chega! - Pedro rosnou e parou o carro de repente. Abri os olhos quando ele parou abruptamente. Sua mão agarrou meu pulso e seus dedos se fecharam como algemas.
- Você não vai me dar o que eu preciso, então eu mesma vou fazer isso.
- Eu já te dei tudo o que estava ao meu alcance, não posso dar mais do que isso - Ele rosnou, seu rosto estava muito perto do meu agora. Os olhos dele estavam tão escuros quando o céu noturno.
- Seu tudo para mim é pouco - Praticamente cuspi contra ele. - Eu mereço mais, Pedro. Eu quero mais.
- Eu só estou tentando fazer a coisa certa!
- Você está com medo! - Eu o acusei. - Mas eu sei o quanto você também quer.
Movi meus dedos novamente e ofeguei.
- Não vou implorar para você me foder - Falei baixo, movendo meus dedos lentamente. Seu punho afrouxou em meu pulso, ele olhava fixamente para entre minhas pernas. - Mas eu vou fazer sua vida um inferno, Pedro Pascal, você não faz ideia... ah!
Minha frase foi interrompida por um gemido quando minha boceta se apertou envolta dos meus dedos. Eu estava sentindo um orgasmo chegando.
- Por que está fazendo isso comigo?
Ele sussurrou.
Recostei minha cabeça contra o banco, fechando novamente os olhos. Meu orgasmo estava tão perto, eu sentia aquele elástico sendo puxado dentro de mim, prestes a estourar.
- Porque eu quero que você sinta o que eu senti todos esses anos sem ter você - Eu gemi novamente, com um movimento involuntário meus quadris empurraram contra meus dedos. - Ah, porra!
Eu estava gozando bem na frente dele, abri meus olhos e o encarei, tremendo com os espasmos e respirando freneticamente. Pedro estava tão perto que sua respiração quente batia contra o meu rosto. Ele não perdeu um ônibus movimento, observou cada segundo enquanto eu tirava meus dedos.
Ele ainda segurava meu pulso. Pedro puxou minha mão e guiou meus dedos até seus lábios, chupando-os devagar. Seus olhos pareciam vidrados, como se ele não estivesse sendo capaz de se conter naquele momento. Eu sorri, satisfeita com isso e com o orgasmo. Não foi tão incrível quanto teria sido com os dedos ou o pau dele, e também não foi nem de perto tão avassalador quanto aquele que sua lingua me proporcionou, mas serve. Serve principalmente para o meu objetivo final que é ter ele por completo.
- Nada disso, senhor - Puxei meus dedos. - Você não pode ter isso.
- Kaya...
- A partir de agora... - Eu comecei, fazendo-o soltar meu pulso e arrumei meu vestido. - Você só vai me ter se implorar.
- Você está brincando? - Ele zombou.
Eu me inclinei na direção dele, meu nariz quase encostando no dele.
- Eu pareço estar brincando, Pedro? - Questionei. - Eu não estou. Estou falando tão sério... você só vai me ter no momento em que me implorar por isso.
- Você acha mesmo que eu vou implorar? - Pedro riu e recuou, voltando para o banco do motorista e ligando o carro. - Porra, você pode esperar, isso não vai acontecer.
Me recostei no banco, me sentindo cansada e sonolenta.
- Vamos ver - Falei. - Por quanto tempo você vai escolher se masturbar chamando meu nome, ou invés de estar dentro de mim.
Ele grunhiu alguma coisa, parecia muito irritado. Sua mão estava apertando o volante com força quando ele voltou a dirigir. Fechei os olhos e nem percebi que havia adormecido até que acordei confusa com Pedro me carregando no colo até meu quarto.
- Eu posso usar minhas pernas - Resmunguei sonolenta.
- Não quis acordar você - Ele entrou comigo e me colocou na cama.
Me aconcheguei entre os travesseiros, meu corpo agradecendo pelo conforto. Ele estava se afastando, mas eu o impedi segurando sua mão e o puxando para mais perto.
- Obrigada pela carona - Agradeci. Seus olhos suavisaram e ele me devolveu o olhar de forma afetuosa.
- Não agradeça, querida - Respondeu. - Eu estava louco sem notícias suas.
- E obrigada por me livrar da bagunça com o sorvete.
Ele riu baixo, Pedro correu os dedos pelo meu cabelo e parou em meu queixo, por um segundo achei que ele fosse me beijar, mas não fiz nenhum movimento. Eu disse que a bola estava com ele agora e é verdade.
- Eu faria qualquer coisa por você - Ele murmurou. - Agora durma, você está bêbada e cansada, amanhã vai se arrepender de ter bebido tanto.
- Sou uma garota forte, não se preocupe.
Ele riu baixo
- Tenho certeza disso.
Ele se inclinou e beijou meus cabelos, depois levantou e deixou o quarto. Apaguei poucos instantes depois, sonhando com os lábios dele em mim.
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