Dia de compras não é pra fracos
O dia estava lindo, eu podia afirmar com todas as letras; clima ameno, céu nublado, um calmante chá de camomila posicionado em minha frente. Contudo, não estava tirando tanto proveito disso, pois Beomgyu tagarelava em meu ouvido sobre seu último encontro com Taehyun — ambos tinham entrado em uma relação há alguns meses, acredito que desde que descobri a gravidez e me aproximei de Soobin — e o quanto estava nervoso com o fato de darem um próximo passo, ou seja, ter relações mais... íntimas.
Eu apenas observava os carros passando ligeiros na pista dali pelo janelão da cafeteria, enquanto o beta não parava quieto, batendo freneticamente a unha na madeira da mesa.
— Eu não sei lidar com isso, Yeon. E se eu travar? E se ele não gostar de me ver... dessa forma? Você sabe. — O castanho tinha o cenho franzido, demonstrando que seus pensamentos estavam uma loucura. E eu sabia bem disso, já que conhecia ele como ninguém. Tínhamos uma amizade duradoura de mais de seis anos e se havia algo que Beomgyu tinha apenas quando o assunto era sério, era pessimismo.
— Beom, você não precisa e nem deve ficar apreensivo por isso, ok? Taehyun te ama, te respeita e quer apenas o seu conforto. Seja sincero com ele e vai dar tudo certo — incentivei, finalmente direcionando meu olhar para meu amigo e juntando suas mãos com as minhas, em forma de confortá-lo, já que não podíamos nos abraçar por ele estar sentado na cadeira do lado oposto a minha.
— O Tae sempre foi tão incrível comigo, não quero decepcioná-lo, entende? — explicou, abaixando o olhar e mirando suas próprias pernas. Suspirei, não querendo que o outro Choi ficasse triste daquela forma.
— Beom, olha 'pra mim — pedi, levando minha mão até o seu queixo e levantando sua cabeça de volta, fazendo-o fixar seu olhar no meu. — Não é assim, 'tá bom? Você é incrível para ele também, bebê. Por que não pensa no quão bem vocês dois se fazem quando estão juntos e que, futuramente, podem estar construindo uma família linda e cheia de amor por ambas partes? Ter medo é normal, Beom, isso não te faz menor que ninguém. Mas para que tudo desenrole como o necessário, precisa superar isso e o primeiro passo é conversar com seu parceiro. Vai dar tudo certo. Confia em mim, ok?
— E-eu... — Respirou fundo, provavelmente buscando ar e tranquilidade. Respeitei isso, ainda segurando-o com firmeza, mas agora apenas uma de suas mãos, enquanto sorria pequeno para si, estimulando-o. — Tudo bem, tudo bem. Sei que a melhor forma de fazer isso é esclarecendo tudo com Taehyun e também respeitando meus limites.
— Exatamente, Beom. Fico feliz por você, bebê! Vem cá! — Então levantei, seguindo até si e abraçando-o fortemente, aquele abraço que só melhores amigos entendem o que se passa nele. É uma mistura de sentimentos que proporcionam diversos arrepios pelo corpo e aquece o coração.
— Ai, seu meloso, sai, sai! Sua barriga vai esmagar meu rosto. — Me empurrou levemente, rindo da nossa situação. Ri também, passando os dedos rapidamente pelo meu baixo ventre, sentindo a agitação de Seori. — De qualquer forma, muito obrigado, Yeon. Você sabe que eu te amo muito e que pode contar comigo sempre.
Beomgyu é incrível, 'né?
— Eu te digo o mesmo. Mas agora, precisamos terminar nossas compras.
O menor assentiu e logo fomos até o caixa e pagamos pelos nossos pedidos, saindo dali em direção ao shopping, já que teríamos o restante da tarde toda para fazer compras para Seori. Soobin apenas iria nos buscar, pois como era uma quarta-feira, o maior trabalhava e não podia nos acompanhar. E claro, eu não via nenhum problema com aquilo, era o trabalho dele, o que sustentava-o — e me sustentava de alguma forma também — e se eu fosse me comportar que nem um mimado, seria em outras ocasiões e por outros motivos.
Achava ridículo algumas pessoas que tinham comportamentos infantis diante de seus parceiros apenas porque esses estão cumprindo com seus deveres e necessidades, e esquecendo um pouquinho ou não podendo dar atenção naquele momento. Sinceramente, viu.
De qualquer forma, eu estava extremamente feliz em ter um tempinho só para mim e Beomgyu, já que não fazíamos aquilo desde os meus três meses e eu sempre fui uma pessoa apaixonada por passeios. Quando ainda estava na universidade, nos fins de semana, eu, Beom e Kai saíamos para o shopping ou parques próximos, aproveitando uma tarde de risadas e conversas. Era muito divertido. Só de lembrar, um sentimento de nostalgia invadiu meu peito, me fazendo soltar uma risadinha baixa, não conseguindo controlar a felicidade que se aposssou de mim de repente. O menor percebeu, olhando para mim de canto de olho, curioso.
Estávamos caminhando tranquilamente pela calçada, já próximos do nosso destino, então o outro Choi tinha todo o acesso a visualizar minhas feições, enquanto eu, as dele.
— Você 'tá bem? — indagou, sorrindo zombeteiro. Ri de novo, acompanhando seu pensamento.
— Sim, Beom. Só lembrei de algo — esclareci, dando leves batidinhas em seus ombros.
— Ok, vou fingir que acredito, lindo.
E com essa resposta e um pouco mais de risos, nós cortamos o assunto, continuando nosso percurso calmamente. Ao longo do caminho, consegui notar algumas pessoas nos observando, com o olhar pousado em minha barriga grandemente perceptível. Não eram olhares desconfortáveis, tampouco julgadores. Apenas curiosidade e surpresa exalavam desses, provavelmente porque eram adolescentes ou crianças e se interessavam ao ver uma pessoa grávida, já que era algo realmente encantador para eles.
Novamente relembrei algumas coisas, sendo dessa vez, as vezes que tive medo de sair na rua, bem no início da gestação. Era uma insegurança que guardei apenas para mim e, após várias escapadas de ir para lugares públicos, minha mãe me arrastou para um café, afirmando que já estava cansada de me ver enfurnado dentro do quarto, apenas saindo para ir ao médico ou ver Soobin. Naquele dia, o temor se foi tão rápido quanto veio e eu comecei a prestar atenção nas reações alheias, me divertindo com cada olhar curioso ou admirador.
No entanto, parei de pensar nisso quando chegamos no shopping, uma construção grande, alta e extensa, com um estacionamento e áreas de jardinagem, deixando o local com uma aparência aconchegante. Logo entramos pelas portas giratórias, chiando em animação por finalmente podermos iniciar as buscas por coisinhas para bebês.
— Nos separamos ou vamos juntos? — perguntei, parando de andar, ficando de frente para o castanho e vendo esse morder o lábio interior, pensando no que fazer.
— Juntos, assim não nos perdemos e eu posso cuidar de você — respondeu, sorrindo docemente. Sorri de volta, correspondendo com um balançar de cabeça e agarrando o braço do menor para arrastá-lo comigo.
— E vamos de compras então!
[...]
Oh, andar e andar a procura de algo, quão cansativo é, 'né?
Bem, podia se dizer que sim, era extremamente cansativo, além de se tornar algo chato quando você não conseguia ficar satisfeito com suas escolhas. Contudo, felizmente, não era o que estava passando comigo. Na realidade, eu conseguia encontrar muitas roupinhas e brinquedinhos adoráveis para Seori e, por esse mesmo motivo, já estava com quatro sacolas repletas de roupas, desde macaquinhos até blusinhas de frio, brinquedos dos mais variados, toalhas, lençóis, fronhas e tanta coisa a mais que fica até difícil de listar. Naquele momento então, só faltavam duas coisas: uma mamadeira e uma chupeta, ambas de cor amarela, já que era minha cor preferida.
— Por que não vamos naquela ali? Acho que está aberta. — Beomgyu apontou para alguma coisa ao longe e logo segui seu dedo indicador com o olhar, me deparando com mais uma loja de produtos para bebê, dessa vez, de nome "Precious Babies".
Eu achei adorável, então não demorei em sair andando até lá, seguido do meu amigo — que carregava duas sacolas, e eu, outras duas —, ansioso para encontrar os objetos desejados. Rápido nós entramos no lugar, sendo recebidos por uma garota de aproximadamente dezoito anos, beta, cabelo longo e loiro, com um sorriso amplo e gentil.
— Olá! Bom dia! Sejam bem-vindos. Eu sou a Heejin, atendente da Precious Babies e ao seu dispor. Do que precisam? — ela exclamou, se aproximando.
— Olá, Heejin-ssi. Eu sou o Yeonjun e esse, é o Beomgyu. — Indiquei com minha mão tanto eu quanto Beom, logo devolvendo o sorriso da loira, enquanto o menor a cumprimentava com um aceno. — Bem, eu estou precisando de uma mamadeira e uma chupeta de coloração amarela. Você teria como...?
— Sim, claro! Por favor, me acompanhem.
E assim fizemos, seguindo a atendente por alguns corredores adentro da loja, enquanto essa introduzia assuntos para não cairmos em um silêncio incômodo. Ela era bastante simpática e educada, o que me chamou a atenção e tirou um sorriso da minha parte. Suas perguntas não eram invasivas, muito menos desconfortáveis, apenas assíduas, o que nos levou a uma conversa leve e divertida sobre meu processo de gestação e em como meu namorado, vulgo um certo alfa que não estava presente naquele instante, era cativante, sempre me ajudando e cuidando do que tivesse ao seu alcance.
— Seu namorado é realmente excepcional, Yeonjun-ssi. Fico feliz por vocês e parabéns! — Ela sorriu dócil, fazendo seus olhos se transformarem em meias-luas. Devolvi o gesto, sentindo minhas bochechas esquentarem um pouco com o elogio dirigido a Soobin, orgulhoso por saber que tinha ele ao meu lado.
— Ah, que isso, Heejin-ssi! Muito obrigado. Mas assim você me deixa tímido e se o Soobin tivesse aqui, ficaria também, com certeza. Você é muito fofa — agradeci bobamente, envolvendo-a em um abraço de lado, encantado em conhecer alguém como a loira.
Ela riu por alguns segundos e logo se afastou, voltando a caminhar. Nosso papo mudou o foco e descobri que ela realmente tinha dezoito anos, era estudante de Direito e dormia em um dos quartos da universidade, que dividia com uma colega de quarto ômega. Nesse meio tempo, Beomgyu tinha saído uns minutos para atender uma ligação de Taehyun e só estávamos eu e a menor, a qual finalmente encontrou o que tanto procurava e me expôs.
Se eu não saísse dali com aqueles dois objetos adoráveis ao extremo em mãos, choraria o restante do dia inteiro.
Era exatamente o que eu estava procurando; tanto a chupeta quanto a mamadeira tinham uma coloração amarelada bem clarinha, com detalhes em branco e rosa, e ainda por cima, um belo lacinho azul vinha de extra.
Eu não estava acreditando, tinha encontrado perfeitamente o que eu queria e com um bônus fofo de brinde!
— Heejin-ssi, isso era tudo que eu queria! — exclamei, animado. Tenho certeza que se eu pudesse me ver naquele momento, perceberia que meus olhos brilhavam.
— Que bom, então. Você irá querê-los? — indagou e eu apenas afirmei um "sim" empolgado. Logo a loira colocou os itens numa sacolinha dali e iniciamos nosso percurso de volta para a frente do local, onde se encontrava o caixa.
— Muito obrigado, de coração. Voltarei mais vezes aqui e espero te encontrar — falei, sorrindo, e a mais nova repetiu meu ato, me dirigindo um sorriso pequeno, mas sincero, assim que chegamos em frente ao caixa. Rapidamente eu passei as últimas compras do dia e me despedi da menor com um abraço apertado, também anotando seu número em um post-it e guardando o papel no meu bolso da calça.
Com toda certeza esperava vê-la outra vez e manter contato. No entanto, assim que saí do local, meu objetivo era encontrar meu amigo, que deveria estar perambulando por ali com o telefone em mãos. E foi pensando nisso que catei meu celular e disquei o número do menor, não demorando para ser atendido por esse.
— Cadê você? Já saí da loja — informei, caminhando até um dos bancos mais próximos e sentando ali.
"Eu fui ao banheiro. Mas não se preocupa, sei o caminho, já vou 'pra aí", respondeu, desligando em seguida.
Suspirei, exausto de um dia onde passei andando de um lado para o outro e guardei o eletrônico de volta ao seu lugar anterior.
Após alguns minutos, pude ver o outro Choi vindo até mim, sorrindo torto, como se pedisse desculpas silenciosas. Me contentei a apenas rir de sua atitude, lhe jogando as duas bolsas que esse segurava antes.
— Ai! 'Pra que isso, Yeon? — reclamou, pegando as bolsas com certa dificuldade, enquanto mantinha um bico manhoso nos lábios bonitos. Pisquei apenas um dos olhos, dizendo não oralmente: porque você merece.
— 'Tá, 'tá, já entendi. Mas e aí, ligou 'pro Soo vir pegar a gente? — Começamos a seguir até a entrada do shopping, descendo pelas escadas rolantes. Eu já estava com fome e anseio por um belo banho.
— Não. Você liga. Meu celular 'tá descarregando — comuniquei o meu amigo, apertando seu nariz com ternura.
— Tsc — resmungou — Você me odeia, só pode.
— Eu te amo e você também me ama. Agora liga 'pro Binnie logo, anda.
— Ok, ok, calma, seu apressado.
Então o menor ligou para o alfa e, depois de uns dez minutos, Soobin já estava ali, carregando as quatro bolsas para a mala do carro, enquanto eu e o castanho entrávamos nesse; eu no banco do passageiro da frente e Beomgyu, nos bancos de trás. Enfim, não demorou quase nada para Soobin guardar tudo e estar conduzindo o automóvel em direção a casa do beta.
O ambiente estava calmo, com uma música de fundo provinda do rádio ligado, as janelas fechadas, evitando o frio do vento da tarde, levando para todos um sentimento cálido e gostoso. Paz.
— Como foi lá? — O mais velho dali perguntou e eu sorri ternamente, direcionando meu olhar da janela para seu rosto concentrado na pista.
— Foi bom, amor. Nós compramos muitas coisas, passeamos e eu conheci uma beta adorável, que nos atendeu em uma das lojas e foi muito simpática.
— É mesmo? Que incrível, bebê. Fico aliviado que tenha se divertido. Você merece. — Sorriu aberto, desviando por uns segundos os olhos do volante, assim que paramos no sinal, e se voltando para mim, deixando um selo rápido em meus lábios.
— Argh! Casais... Sinto o cheiro de longe. Credo, longe de mim — de repente, Beomgyu falou e nós rimos por conta do tom usado pelo menor.
— Como se você fosse muito diferente quando está com o Tae, Gyu — Soobin refutou, deixando o castanho com a cara toda coberta por um vermelho claro.
— Isso é uma... calúnia! Uma calúnia contra mim, ok? Eu não fico de melosidade não, eu em. — O menor cruzou os braços igual uma criança fazendo manha e, tanto eu quanto o alfa só assistíamos pelo retrovisor, rindo baixinho pelo seu comportamento. Beomgyu era muito gracioso.
[...]
Após deixarmos Beomgyu em casa, fomos para a nossa.
Sim, eu tinha pensado e conversado com minha mãe, e ela aconselhou que eu tomasse a iniciativa de tratar daquela forma, já que moraria ali dali em diante e só passaria os primeiros dias depois do parto na casa de mamãe, para ela cuidar de mim, enquanto eu ainda me recuperava. Também porque... Por que não? Soobin deixava mais que claro que o que era dele também era meu e vice-versa.
Não demoramos muito em chegar, entrar e guardar tudo no último quarto do corredor, o quarto de Seori. Tinham apenas duas paredes pintadas, faltando outras duas. Elas faziam um contraste, uma de amarelo e outra de rosa. O guarda-roupa da pequena também já estava ali, juntamente com um berço e trocador, ambos das mesmas cores que as paredes; apenas o baú de brinquedos era diferente, de coloração azulada, e alguns enfeites que se espalhavam por ali. Um tapete grande e felpudo cobria quase todo o meio do chão do cômodo e a única janela dali, localizada de frente para o berço, do lado do armário, era coberta por uma cortina branca.
Tudo foi decorado por mim, Soobin, Yebin e minha mãe, Yeri, com todo o carinho do mundo, algumas vezes discordando ali e aqui, mas no fim, chegando a um acordo e o resultado não podia ter sido mais perfeito.
— Eu estou moribundo — falei, me jogando no sofá e passando a mão pela minha barriga. Meu estômago estava para rugir a qualquer momento.
Soobin soltou ar pelo nariz antes de falar — Sim, amor, eu também. Vou tomar um banho e assim que voltar, peço uma comida naquele restaurante que a gente foi daquela vez, lembra?
— Lembro sim. Mas agiliza logo esse banho, ou eu viro canibal — ameacei, apontando para ele, que não demorou em subir as escadas apressado.
Ri levemente, massageando meu baixo ventre.
— Seu pai Binnie é um tonto, Seori-ah — sussurrei para a pequena bebê, a qual respondeu com uma agitação que me fez morder o lábio, contendo a vontade de já tê-la ali comigo, em meus braços, toda encolhidinha como uma bolinha. — Você concorda comigo, 'né, princesinha? Eu sei que sim.
Se havia uma coisa que eu amava mais que bolinhos de chuva, com toda certeza era os momentos que tinha com Seori. O sentimento de nostalgia parecia ser instantâneo. Como pode alguém amar tanto uma pessoinha que ainda nem nasceu? Nem mesmo nós, papais, podemos explicar. É algo que só se sente, já que o amor é assim: você nunca vai conseguir explicá-lo, por mais que tente de diversas formas. Não há explicação para ele. Cada pessoa ama, de forma, de momento, de circunstância diferentes.
Eu amo Soobin. Amo Seori. Amo meus amigos. Amo minha família. Amo a mim.
Mas não posso e nem consigo explicar o que é esse sentimento, eu só sinto ele. E como é bom.
— Você se perde em pensamentos fácil, fácil, amor.
Me assustei com o repentino aparecimento do alfa ao meu lado, cheirando deliciosamente a sabonete e com um sorriso ladino.
— E você se perde em besteiras fácil, fácil, bobão.
— Por que você é tão agressivo comigo, meu lindo? Não me ama mais, é isso? Ai, Frederico, eu esperava mais de você! — dramatizou, pondo a mão no peito e fazendo um bico exagerado com os lábios. Gargalhei alto, não evitando apertar suas bochechas com vontade, achando-o a coisa mais graciosa do universo.
Talvez porque ele era mesmo. O alfa mais adorável, gracioso e dócil de todos.
— Tão besta, credo. O que eu vi em você, em?
— Beleza, meu amor, foi o que você viu — respondeu, sorrindo sarcástico e se aproximando mais, tomando minha cintura com rapidez e aconchegando a cabeça em meu peito. — Então, eu já fiz o pedido. Agora é só esperar.
— O que você pediu? — indaguei, curioso, iniciando um afago em seus fios escuros, ouvindo sua respiração ressoar calma.
— Lasanha e batata frita. Mas só dessa vez, porque você precisa seguir a receita médica, viu, mocinho — disse, me olhando sério. Suspirei, confirmando, deixando um beijo em sua bochecha esquerda. Ele sorriu abertamente, permitindo aquele lindo eye-smile que só ele tem vir a tona.
— Eu vou tomar banho, ok? Espera o almoço. Daqui a pouco eu desço.
O alfa balançou a cabeça em compreensão e se separou, levantando do sofá e seguindo até a cozinha. Logo eu também saí dali, subindo para o quarto, pensando no que vestir naquele instante. Meu corpo estava um caos de cansaço pelo recente passeio, então eu precisava de algo bem confortável; o que me fez optar por uma blusa de Soobin — já que ficava maior em mim — e um short cinza. Assim que arrumei tudo, fui para o banheiro e tomei uma ducha um pouquinho mais demorada, cantarolando algumas músicas para minha filhote, enquanto massageava meu baixo ventre, onde não sentia mais nenhuma dor.
Não estendi mais aquele processo e finalizei o banho, me vestindo e indo até o quarto novamente, onde passei meu creme diário e o desodorante. Em torno de duas e meia da tarde, já estávamos almoçando, após eu descer e o maior receber nossa comida.
Enfim, mais um dia se passava e mais próximo dos sete meses eu chegava.
[...]
— Essa cor está boa? — indagou Wooyoung, ao que apontava para um balde de tinta rosa claro, o qual usaria para pintar a última parede restante do quarto de Seori. Meu cunhado era bastante cuidadoso, então sempre me perguntava se isso ou aquilo estava bom para não me desagradar.
— Perfeita, Woo! — Bati palmas e nós sorrimos em conjunto. Em seguida, tive de sair do cômodo por uns minutos para logo voltar, já que não podia ficar tanto tempo ali, por causa do cheiro da tinta.
Já era o dia seguinte e estávamos pintando e terminando as decorações do quarto da bebê, que se encontrava extremamente lindo. San e Wooyoung decidiram ajudar na parte da pintura das duas últimas paredes, enquanto o casal Beomgyu e Taehyun decoravam de desenhos as paredes já pintadas. Yebin me ajudou a organizar o armário e, Soobin e mamãe prepararam o almoço para todos. Yebin e Yeri já tinham ido embora, mas os outros permaneceram, finalizando seus afazeres ali.
O alfa era um excelente cozinheiro, isso ninguém podia negar.
— Enfim, tudo decoradinho para essa agitada — comentei com meu namorado, sorrindo alegre.
— Tudo que ela merece — falou de volta, estampando felicidade e satisfação em seu rosto.
Nós éramos realmente uns bobões.
— Vocês são melosos demais — quem disse foi Beom, com uma falsa expressão de reprovação e todos caíram em risos.
— Você e Taehyun são uma bola de chiclete e a gente não fala nada — Soobin retrucou, dando de ombros, e o menor lhe deu a língua.
— Deixe-o em paz, Bin — Tae defendeu com um tom sério, mas seu sorriso lhe entregava. Eu estava apenas apreciando o show.
— Nunca vi tão infantis. — San se intrometeu, com as sobrancelhas arqueadas, sorrindo de lado. Suas bochechas tinham pequenos respingos de tinta amarela, o que tornava ainda melhor sua parte naquele espetáculo.
— Grande senhor maturidade você — Beom falou, irônico. Todo mundo riu, menos o citado na fala, que abriu a boca, pasmo.
— Blasfêmia!
E assim nosso dia seguiu, envolto em um ambiente familiar e acolhedor, cheio de risadas, sorrisos e troca de farpas, mas que, claro, nunca eram realmente para ofender, apenas provocação entre amigos.
Essa vida não é 'pra fracos.
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