Sangue Impuro
Zendaya Taflenni
- PROMETA DAYA, PROMETA TRAZE-LO! ---- Suplicou a plenos pulmões Anika ---- AQUELE QUE PODE NOS SALVAR! PROMETA TRAZER SERBAN! ---- Minha doce irmã era levada pelos cabelos.
-Prometo. ---- Sussurrei sem forças enquanto aquele verme ainda rastejava dentro de mim.
O Iphinozoano saiu soltando um suspiro de prazer, se levantando com um sorriso de satisfação e arrumando as calças.
- Já perdemos tempo demais aqui, vamos logo ---- Proferiu sério o monstro mais a frente, de costa para nós.
- O que? Eu quero ir de novo. ---- Choramingou o iphino que segurava minhas pernas trêmulas.
Nenhum castigo se comparava aquilo, ali, naquele chão terroso que machucava a pele de minhas costas eu desfrutei das piores sensações que uma pessoa poderia sentir.
Pavor
Fragilidade
Impotência
Eles invadiram sem a minha permissão meu corpo, devoraram minha alma aos poucos, e ainda queimaram minha humanidade junto de minha audeia.
- Calado! Ordens do Mestre, matem essa vadia e vamos embora, ainda precisamos ir para Cysgodion. ---- Balbuciou com secura antes de caminhar pra longe deles.
Eridanus, Passado.
O estilhaço do prato quebrando retumbou pela taberna, por sorte não havia mais ninguém alem de mim, a lua já brilhava alto no céu negrume, a neve deu uma trégua, todavia o ar ainda estava gelado. Uma pontada de dor me fez grunhir, aquela lembrança temerosa me pegou de surpresa, pelo visto o trauma ficou impregnado em minha mente igual erva daninha, pensei ter conseguido bloquear as memórias errôneas de duas semanas atrás, agora eu sei que me equivoquei.
Um baque no portão grosso de madeira velha da taberna me fez tremer, a passos calmos eu me aproximei, as vozes que vinham de fora me deixaram surpresas, duas me eram familiares, porém uma não.
Ouvi um berro, mordi o lábio para não xingar um palavrão, com isso abri a porta sentindo o abraço gelado e fantasmagórico da noite, em minha frente estavam dois Zicardhianos machos, um deles, o que eu vi hoje de manhã, estava segurando a mesma Kalitch com o qual havia lutado.
- Algum problema, rapazes? ---- Mudei o peso de uma perna a outra.
Os dois me fitaram com um olhar nada amigável, mantive minha pose calma e arrogante, depois de enfrentar o inferno, não é qualquer olhar que me abala.
- Nada que não seja da sua conta, volte para a taberna. ---- Ordenou um deles grosseiramente.
Meu olhar passou pelos dois e parou na garota suspensa pela gola da blusa, ela tinha um olhar amedrontado, e por um milésimo de segundo eu me vi no lugar dela.
- Deve ser ótimo para a masculinidade frágil de vocês baterem em quem não pode revidar. ---- Arrisquei um sarcasmo.
Os dois estreitaram o olhar, o segundo Zicardhiano estava na minha frente em um piscar de olhos.
Eu não sabia que eram tão rápidos assim. Meu corpo foi de encontro com a parede mais próxima, senti uma terrivel dor nas costas e grunhi baixo.
- Com toda essa ousadia, deve estar querendo ficar no lugar dela.
A sensação de se estar imponente e presa por um homem desconhecido foi aterrador, me senti em Eridanus novamente, caida em meio as folhas enferrujadas do Outono, com seis bestas envolta de mim. Fitei o homem tentando manter a calma, eu não podia deixar meus demônios me controlarem assim.
- Solte a garota ---- Afirmei e agradeci a Santa Magia por não ter gaguejado.
- Ouviu isso Azerb?
- Ouvi sim. ---- Falou o outro ---- O que faremos hein? Duas pelo preço de uma? Eu acho justo.
- O que ela fez para vocês serem tão filhos da puta assim?
Houve um momento de silêncio, o Zicardhiano a soltou, antes que o corpo frágil dela caísse, ele lhe chutou no estômago a fazendo voar alguns metros e cair num monte de neve. Meu sangue ferveu, como eles podem fazer isso sem sentir qualquer tipo de remorso?
- Essa vadia tentou nos roubar. ---- Ele prendeu ainda mais o ante braço na minha garganta ---- Já que está tão evidente sua compaixão por uma Kalitch nojenta, vai apanhar por ela.
Fechei meus olhos de forma apertada, fui solta caindo ajoelhada no chão, a dor veio em seguida junto do estralo do chicote, Berrei sentindo a magia correndo em minhas veias de forma acelerada, antes de receber outra chicotada, do chão abaixo deles cipos saíram prendendo no alto o corpo deles, pude ouvir seus ofegos de surpresa enquanto eram suspensos. Levantei com a dor lancinante em minhas costas, o tecido agora estava rasgado e banhado a sangue azulado, foi por conta desta coloração um tanto peculiar que comecei a ser rejeitada.
- Que caralhos! ---- Ouvi um deles praguejar
Não durou muito, eles eram forte e cortaram os cipos com as espadas afiadas. Fui pra trás entrando na tarberna, para evitar receber um corte na garganta. Contudo, recebo um chute nas costas que me joga no chão, grito de dor. Rolo para debaixo de uma mesa ouvindo o estralo poderoso no chão, rachando o piso de madeira. A força deles era sobrenatural.
A mesa foi partida, por sorte consegui criar um escudo forte de espinhos antes dele me acertar.
- Olhe só Azerb, parece que temos uma garota interessante aqui. ---- Sorriu traiçoeiro enquanto fazia força contra meus espinhos.
- É o que parece. Olhe os olhos dela, parece uma Ninfa.
- O que? Tem certeza? ---- Pareceu perplexo.
O Zicardhiano abaixou a guarda tempo suficiente para eu chutar as pernas dele o fazendo cair, rapidamente me levantei desviando do corte da espada, o vento assobiou quando ela tirou um fino em mim.
Respirei fundo. Lá se vai o fato de eu conseguir me camuflar aqui.
- Pensei que todas estivessem presas em Eridanus. ---- Azerb caminhou para o lado do amigo. ---- Ela deve valer alguma coisa, serve para ser Slaven.
- Claramente não, olhe só o sangue, não é possível, só uma pessoa tem o sangue dessa cor.
Mais alguém tem o sangue como o meu?
Por uma fração de segundos me distrai com essa possibilidade. Mal notei quando um deles estava atrás de mim, a lâmina da espada parada na minha garganta, ao mesmo tempo em que um espinho venenoso estava na nuca dele.
- Quem é você? ---- Ambos perguntaram atonitos.
- Isso não lhe diz respeito. Diz? ---- O olhei por cima do ombro.
Segurei a ponta da lâmina sentindo a mesma criar um corte ali, por sorte não havia penetrado em meu peito.
- Parece que estou em desvantagem aqui. ---- Sorri auto-depressiativo
- Seja quem for, você virá conosco para o cast... ---- Sussurrou o amigo de Azerb
O espinho penetrou na pele dele antes mesmo que terminasse a frase, o veneno é corrosivo e instantâneo uma vez que está dentro do organismo, causa paralisia e hemorragia de dentro pra fora. Já o outro, eu o chutei fazendo ele cambalear pra trás, peguei o arco e flecha do moribundo, mirei e atirei, para o meu azar Azerb pegou a flecha antes de acerta-lo, mas eu só quis distrai-lo, parei em sua frente, dei uma joelhada em seu estomago o vendo se curvar, o soquei no rosto fazendo seu corpo cair no chão. Gritei quando ele me cortou com a ponta da flecha, recuei o vendo se levantar num pulo.
- E eu achando que você não sabia lutar. Vem boneca.
- A unica boneca aqui é você, idiota.
Desviei quando ele avançou com sua espada, eu precisava pensar rapido, lutar nunca foi meu forte. Fui jogada pra frente ao receber um chute nas costas, bem nos machucados. Foi minha chance. meu corpo caiu perto de algumas flechas espalhadas pelo chão. O chicote de Azerb estralou, meu coração batia rapido, peguei uma antes de ser puxada por ele pelo tornozelo, me virei antes de levar uma chicotada e perfurei a flecha em sua barriga. Sangue expelhiu manchando o chão e escorrendo por sua boca. Peguei o chicote e joguei amarrando em seu pescoço, puxei ele com toda a força que tinha o trazendo ate se chocar contra a parede, seu corpo caiu imovel no chão.
Suor pingava do meu corpo tremulo, eu pensei que iria vomitar naquele momento, minha mente estava girando, minha respiração pesada. Eu mal conseguia processar direito o que aconteceu, só que Saphike iria me matar pela bagunça.
Deixei esse pensamento de lado e a dor que escorria pelo meu corpo. Corri até onde estava a mulher. Ela se encontrava desmaiada balbuciando frases aleatórias, seu corpo estava gelado, arrastei seu corpo até a taberna. Merda! Me meti num problema dos grandes agora.
Mas isso não foi o pior, senti meu coração errar uma batida assim que não vi o Zicardhiano no chão como o havia deixado.
(***)
Caminhei de um lado a outro após ter limpado o chão e me livrado do corpo do outro Elfo cinza. Minha mente fervilhava pelo fato de ter me exposto assim. Parei de andar assim que vi a mulher abrir os olhos, ela estava em frangalhos. Me aproximei com cautela.
- Você está bem?
Ela me olhou, parecia distante, porém lágrimas de gratidão caíram dos olhos dela.
- Obrigada ---- Sussurrou ---- Obrigada por ter me salvado.
- Eu não podia deixar aqueles idiotas se aproveitarem de você. ---- Sorri amigável.
A Kalitch arrumou a postura se sentando melhor no chão, eu não podia levá-la para a casa de Saphike.
- Eles disseram que você tentou roubar algo deles, o que foi?
Ela hesitou fechando as mãos em punho acima das coxas. Me sentei na frente dela de pernas cruzadas, a fitando.
- Eu só queria libertar minha filha. ---- Murmurou baixinho e chorosa.
Senti meu peito apertar, eu me lembrei da luta de hoje mais cedo.
- Sua filha é uma Slaven, não é? Eu vi você lutando com aquele bastardo.
A Kalitch me olhou, seus olhos amendoados molhados pelas lágrimas que já haviam parado de cair agora. Havia uma mistura de saudade e mágoa neles.
- V-Voce pode ajudar, não é? Por favor! ---- Ela segurou nas minhas mãos e apertou firme, nervosa ---- Diga-me que pode salvar minha Agatha.
Abri minha boca pra falar, porém fechei. Por mais que eu quisesse ajudar, eu não podia, não agora, minha prioridade é Anika.
- Eu sinto muito, mas não posso. ---- Me desvencilhei dela e levantei.
- Por favor! Ela é tudo o que eu tenho. ---- Suplicou com a voz embargada.
Senti pena e suspirei.
- Garanto que alguém pode ajudar você, mas essa não sou eu. Melhor ir para casa.
Ela se levantou de supetão me assustando, meu corpo titubeou pro lado e eu quase cai.
- Eu não posso voltar sem ela! Me ajude a resgata-la, eu pago o que for por isso! ---- Vociferou desesperada.
- Não quero seu dinheiro. ---- Suspirei longo e pesadamente ----- Eu não sou a heroina que está procurando.
A dor que ela sentia, sim, eu compartilhava dela, é o meu karma, e rejeitar o pedido dela me corroeu, mas Anika é minha prioridade no momento.
- Por favor! Ela está no castelo deles! V-Voce consegue entrar lá, certo? Tenho certeza que sim!
Massageei minhas temporas, onde eu estou me metendo? Parei por um segundo, um pensamento deslizou por minha mente como uma cobra peçonhenta. Eu precisava do pergaminho negro para achar o medalhão mágico do Voodg lendário, apesar de uma jóia frágil e pequena como uma Esmeralda, ela protege o corpo como um escudo impenetrável, preciso disso para barganhar pela soltura de minha irmã. Os rumores que ouvi é que ele se encontra nas profundezas do castelo negro de Cysgodion, perdido na última guerra. Se eu pelo menos conseguir achar...
- Pensando bem, eu ajudo a salvar sua filha. ---- O rosto dela se iluminou ---- Entrar não é difícil, o difícil mesmo é sair com vida. Esses Zicardhianos são bem fortinhos. ---- Enchi uma caneca de chá e estendi a ela.
A Kalitch pegou e fitou a ondulação do líquido prateado.
- Serban vai tirar vocês de lá.
Enruguei a testa.
- Como disse?
- Ouvi os Draconianos dizer que ele está preso em algum lugar do castelo. ---- Sussurrou. Ergueu seu rosto e me fitou ---- Como sua própria punição.
- Serban está morto, todo mundo sabe disso.
- Não! Serban está vivo, e ele vai nos tirar do reinado horroroso de Devon!
Limpei a garganta. Ela deve ter batido a cabeça muito forte e está alucinando. Não entendo a fixação besta dela e de Anika por esse Voodg, pelo que ouvi ele foi um traidor que acabou causando a queda deste reino, e ainda sim tolos ainda endeusam ele.
- Mesmo que ele esteja vivo, já faz anos que essa guerra aconteceu, ele deve ter morrido de velhisse.
Kalitch bebeu um gole vigoroso do chá.
- Não, Voodg assim como Zicardhianos são imortais, a velhisse para eles ocorre mais lentamente do que em nós Fadas, nas Ninfas, Draconianos e outras espécies.
Mordisquei meu lábio pensativa. Isso explicou o fato de Azerb não ter morrido quando eu perfurei seu abodomen. Pelo visto eles não são totalmente poderosos, já que o veneno que corre em meus espinhos é capaz de mata-los, porém quando tentei usar nos Iphinozoanos, não surtiu efeito algum. Será que não existe fraqueza para eles?
- Como sua filha virou uma Slaven?
Ela deixou o copo de lado e me fitou.
- Todas as Ninfas ou Fadas e Paladinos aqui servem ao rei agora, mulheres novas como minha pequena Agatha só tem 19 anos, por isso virou escrava assim como todas as outras mulheres desta idade aqui.
Rangi os dentes, como se não bastasse, ainda tem isso.
Um vento gelado adentrou pela porta ainda aberta, extremessi com o beijo glacial na pele nua de minhas costas. Uma silhueta em meio a escuridão se formou, a Kalitch se encolheu de medo, antes que eu pudesse se quer atacar, vi Felcan bater a neve das botas antes de entrar, suspirei em alívio.
- Minha mãe me mandou e... ---- Ele olhou a mulher encolhida ao meu lado e piscou algumas vezes ----- Tá tudo bem por aqui?
- Está sim Felcan, eu já ia voltar para casa. ---- Me adiantei em responder.
Felcan se aproximou desconfiado do que estaria acontecendo.
- O que faz aqui Amélia?
- Essa moça me ajudou com os Zicardhianos. ---- Respondeu baixinho.
Felcan me fitou, apenas dei de ombros com uma careta dolorida pelas feridas abertas em minhas costas, aos quais por alguma razão eu sentia elas cicatrizando, eu não estava afim de explicar para ele toda a história. Não era isso o que fervilhava em minha mente no momento, e sim aquele Elfo cinza que ainda está vivo, com certeza ele vai voltar aqui, talvez com toda a guarda real. Só de pensar nisso já sinto meu coração acelerar com o medo.
- Você está bem Zendaya? Eles a machucaram?
- Não, estou bem, só tive um arranhão.
Eu podia ver fagulhas de confusão creptarem nos olhos dele. Era de se esperar sendo uma mulher que lutou contra duas criaturas e sobreviveu, isso não é uma coisa que se vê todos os dias.
- Verdade? Você teve sorte então, ou eles a quiseram poupar, aqueles bastardos costumam serem bem crues.
Errado, não foi sorte.
- Acho que sou uma garota de sorte ---- Sorrio sem mostrar os dentes, pego meu casaco e me cubro antes de congelar de frio. ---- Felcan, podia levar a senhora Amélia para casa? Eu vou fechar aqui.
- Claro. Vamos Amélia?
Ela me deu um último olhar em agradecimento e foi com ele.
Fechei tudo ali e fui para a casa de Saphike tomar um banho, a fada me ajudou com curativos em minhas costas, mas logo foi dormir, me deixando sozinha com as estrelas, dormir para mim é a pior coisa, sempre que fecho meus olhos eu os vejo em meio as sombras mais profundas de minha mente, esperando a oportunidade para me pegarem novamente. A pele alva e clara do meu corpo dava contraste com o preto das olheiras abaixo dos meus olhos. Retirei o cordao que continha o cristal cinza, então eu pude relaxar e deixar meu lado Ninfa mais solto. Eu gostava da coloração esverdeada do meu cabelo, assim como meus olhos, e assim como todos na corte das ninfas, quando não são verdes como a grama, são dourados como girações ou castanhos como a terra.
(***)
A taberna abriu cedo naquele novo dia, para a minha surpresa não havia sinal de Azerb e nem da guarda real inteira, pude trabalhar com calma servindo bebidas e comida, sem muito esforço, as feridas haviam cicatrizado por completo graças as propriedades curativas do meu sangue, e as ervas da Fada, ainda sim estava dolorido em alguns lugares.
- Zendaya. ---- Ouvi Saphike me chamar ---- Felcan disse que você estava aqui com Amélia.
- Sim, eu só dei um chá a ela, pode descontar se q...
- Pro inferno o chá. ----- Me impediu de continuar ---- Você se meteu com os donos dessa Corte, sabe o quanto isso é perigoso?
- Eles iam mata-la bem na minha frente, eu não podia deixar.
Pelo menos não de novo.
Saphike suspirou, por um breve momento ela me lembrou de minha mãe, a Ninfa Luara me dava broncas nesse tom também.
- Você nao morreu por pouco pelo visto! Ninguém se mete em uma briga com eles, por dois motivos. Um: Vão morrer da forma mais dolorosa possível, e dois: Se sobreviver, vai ser preso nas masmorras do castelo e servir de comida para as bestas de lá. ---- Nomeou nos dedos conforme ela ia dizendo.
Bufei torcendo a boca.
- Então é para eu deixar um inocente morrer e ficar aplaudindo? Só se eu fosse maluca.
A face de Saphike ficou séria e seu olhar feroz.
- Escute, você é nova aqui, tudo bem não entender, eu também não gosto disso, mas é como as coisas por aqui funcionam. Não podemos fazer nada quanto a isso.
Tamborilei meus dedos na bandeja de prata oval que segurava, agora consegui compreender aquela multidão sorrindo para a luta, no dia em que cheguei aqui. Um reinado governado pelo medo, que típico.
- O rei sabe o que acontece aqui?
- Devon? ----- Ela riu com desdém ---- Claro que sabe, acha que ele se tornou rei como? Só malucos votariam nele por livre e espontânea vontade. ---- Ela encheu mais uma caneca de cerveja e deslizou para um Draconiano sentado em uns bancos longe de onde estávamos. ---- A Rainha Teheka que governava aqui antes dele, ela foi escolhida pelos deuses e beijada pela deusa ancestral Hekate.
Conforme Saphike falava eu conseguia sentir a emoção em suas palavras.
- Ela sim governou isso aqui com sabedoria, amor e força.
- Se ela é tão poderosa assim, como perdeu a coroa?
Seus olhos me encontraram, eles estavam escuros e sem vida, como se ela estivesse retornado no dia da queda deste reinado.
- Aquela batalha está deveras confusa na mente dos cidadãos daqui. ---- Suspirou e forçou um sorriso ----- Mas eu não gosto de relembrar o passado, vamos caminhar pra frente, certo?
Coloquei na bandeja uma prato vigoroso de pão com javali e batatas coradas, além de três copos de cerveja pesados.
- Se você quer assim.
Servi a mesa no fundo da taberna e voltei, não vi Felcan desde que abrimos, quando indaguei isso a Saphike ela disse que ele provavelmente estaria nós estábulos cuidando dos cavalos dos Zicardhianos.
- Daya, Não se mete mais com eles, entendeu? ---- Pediu quando eu ia colocar outras canecas de cerveja na bandeja. ---- Você me parece uma garota sensata, não vai querer esse tipo de problema.
Encolhi os ombros. Os problemas tem uma mania chata de me perseguirem.
- Eu vou tentar. ---- Sorri.
E eu ia mesmo, logo depois de resgatar Agatha e pegar o pergaminho negro. Seria aquilo o que eles disseram verdade? Existe mais alguém com o sangue corrompido como o meu neste reino? Preciso saber.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro