XXXI -Riley
As árvores onde a fruta crescia eram as mesmas que os prenderam mais cedo naquele dia. Resmungo explicou exatamente como colhê-las e Albert os ajudava sempre que ficavam presos, o que acontecia constantemente. A fruta era o que Resmungo esteve carregando na cesta. Algo parecido com um melão, porém com uma coloração azulada.
-Sabem crianças...-O homem falou- Preciso voltar para casa. Não posso pagar minhas contas no centro sem dinheiro. Não é longe. Se seguirem este caminho de terra chegarão lá em cinco minutos.
-Muito obrigada por tudo Sr...- Alícia agradeceu
-Meu nome não é importante. Não me incomodo com meu apelido. Nos vemos em breve, eu espero. São sempre bem-vindos.
Ele se virou e deixou as crianças sozinhas novamente.
-Ele era esquisito.- Alícia comentou.
Geralmente era Riley quem fazia esses comentários. Ele tinha uma das frutas na mão e estava curioso. Os dois amigos se viraram e caminharam, comentando sobre o dia tão estranho que tiveram. Riley não se aguentou. Cortou uma fatia da fruta com a própria espada e a pôs na boca. No começo era tão azedo quanto creme de borboleta, mas depois adquiriu um gosto doce delicioso que escorreu pela garganta dele pedindo mais.
-Gente, vocês têm que provar isso! –Ele correu até os amigos estendendo a fruta.
-Riley! –Dave tomou dele- Não era para você comer!
-Mas é uma delícia! Deviam experimentar, sério.
Alícia e Dave se encararam e deram de ombros.
-Tem mais na minha bolsa. Acho que não fará falta. –A irmã falou.
Ele cortou mais três pedaços e se serviu de mais um. Os amigos realmente adoraram. Eles foram experimentando mais um pouco e mais um pouco até não sobrar mais nada daquela fruta.
-Certo. É deliciosa, mas não devemos comer mais nenhuma. Temos que as guardas.
-Certo.
Riley mal notara o tempo passar, mas de repente já estava escurecendo. A noite caiu tão de repente quanto eles terminaram a mampola.
-Que estranho.- Dave comentou.- Meu relógio ainda está marcando quatro da tarde.
-Deve ter parado.- Riley presumiu.
-Ouviram isso? - Alícia parou de repente.
-Não. Provavelmente são as árvores de mampola nos perseguindo. Agora minha espada está bem presa aqui.- Riley respondeu.
-Não. Ela tem razão.- Dave também parou- Escute.
Riley também parou. Realmente algo se mexia nas folhas secas, mas parecia estar indo para longe. Alícia começou a seguir na direção do som, logo seguida por Dave.
-O que vocês estão...- Ele parou de falar quando viu uma flor.
Era uma rosa. Uma rosa vermelha. Ele detestava rosas, mas algo naquela o atraiu de verdade, não sabia dizer o que. Ele andou na direção da tão brilhante flor, sem nem perceber que um lobo descansava bem atrás dela. Riley parou e encarou o animal que rosnou e mostrou os dentes. Sacou sua espada ao mesmo tempo em que o lobo pulou na direção dele.
-O que está acontecendo? -Ele gritou.
O rosnado do lobo parecia tão distante. Como se o animal estivesse fazendo barulho através de algumas camadas de plástico ou debaixo d'água. Ele ainda conseguia ver a flor. Quando o golpe de Riley atingiu o animal, ele se transformou em inúmeras abelhas. Riley se assustou e largou a arma no que antes era um chão de folhas e agora estava coberto de esqueletos de peixe e cobra. Ele olhou para os lados, procurando a irmã que ele podia ouvir gritando, ainda com a voz distante, mas não a viu em nenhum ponto daquele deserto coberto de caveiras. A floresta tinha sumido. Estava tudo morto. Exceto a flor. Algo lhe convidava a toca-la.
Ainda tentando se livrar dos bichos voadores Riley tentou caminhar até a flor. Ele correu na sua direção e se jogou em cima dela, sem se safar de algumas picadas e arranhões que doíam bastante. No momento em que ele tocou a flor, a floresta e os sons voltaram. Não havia mais abelhas nem lobos e nem mais a rosa, apenas os amigos gritando e se debatendo contra o nada. No chão, perto dos pés deles encontravam-se as cascas da mampola.
-Não sei o que é isso mas jamais comerei uma de novo - comentou para si mesmo.- Ei vocês dois. Acho que já entendi. Caminhem até a flor –ele tentou avisar.
Os amigos não pareceram ter ouvido, mas pararam de se debater e começaram a olhar em volta, confusos. Os dois pareciam ainda mais desesperados. Como se estivesse presa num labirinto imaginário, Alicia corria e parava de súbito, logo mudando de direção com lágrimas de desespero escorrendo pelo rosto. Dave empunhava a espada e golpeava o ar numa sequência quase ritmada, ficando muito próximo de acetar Alícia.
-Alícia! - Riley gritava. -Alícia! Dave e Alícia, me escutem!
-O que está havendo por aqui? -Uma nova voz assustou Riley, mas foi só até ele ver de quem ela vinha.
Uma menina, provavelmente não muito mais velha do que ele, de cabelos lisos castanho claro e olhos da mesma cor, carregando uma cesta cheia de flores veio em sua direção. Logo atrás dela vinha uma pessoa bastante conhecida em Érestha: Missie Olho-de-Prata. Riley ficou sem saber o que dizer. Sentiu-se um idiota.
-O que eles estão fazendo? - Missie perguntou.- Dave?
-Não sei o que aconteceu. Foi estranho - Riley contou um pouco do recente ocorrido.
-Mampolas?- A menina perguntou- Por que fizeram isso? São loucos?
-Não sabíamos...
-Não interessa. Não podemos fazer nada a não ser assistir a eles tentando escapar de suas ilusões. Mampolas criam um mundo de inimigos e perigos. Só pode sair se encontrar a "saída". É tudo coisa da sua cabeça, mas são ilusões muito realistas.
No mesmo momento Dave encostou no que deveria ser onde a flor estava e acordou, olhou de um lado para o outro e viu os recém-chegados.
-O que. Foi. Aquilo?
Demoraram para explicar para Dave e as ilusões de Alícia levaram quase uma hora para terminarem. Quando finalmente estava livre, Alícia conseguiu respirar melhor e o irmão abraçou-a para conforta-la. Estava cansado. Queria comer e dormir.
-O que fazem aqui no meio da floresta, de uma forma ou de outra? - Missie perguntou.
-Estávamos tentando chegar até o centro. Precisamos falar com Tamires.
-Posso te levar lá -Missie sorriu.- Só que ela saiu. Volta amanhã pela manhã.
-Como é? -Alícia parecia indignada.- Onde vamos dormir? Não quero voltar para aquela casa de madeira.
-Podem passar a noite na minha casa se quiserem.
-Como é? - Foi a vez da outra menina estar indignada.- Sabe muito bem que seu pai detesta visitas.
-Eu me explico para ele Maiara. Não se preocupe.
A menina bufou e deu as costas aos garotos.
-Venham -Missie falou.- Vou leva-los para lá.
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De acordo com a LEI N 9.610 DE FEVEREIRO DE 1998, PLÁGIO É CRIME.
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