XI - Riley
Eles não desceram na estação de costume. Tâmara disse que depois dessa havia uma estação privada para a família real. Riley estava tão cansado depois de explicar tantos fatos para o novo amigo. A maldição, os legados, Isabelle, a guerra entre as gêmeas Thaila e Tabata...
-Achei que depois daqui o trem fazia a volta, ou algo assim. –Lorena comentou.
Riley estava sentado ao lado de Dave. Lorena e Rômulo nos bancos em frente. Ele estava muito ansioso para a festa e para o dia seguinte: o primeiro dia de aula. Todas as coisas ditas por Lorena ecoavam em seus pensamentos. A curiosidade era saborosa, ele estava adorando essa sensação.
-Anda bastante de trem? –Dave perguntou para a prima
-Sim. Não dirijo de jeito nenhum.
Rômulo virou o rosto para que a namorada não o visse rindo. Lorena lhe deu um tapa no braço.
-Por que isso é engraçado? –Riley perguntou, curioso.
Rômulo agora ria sem tentar disfarçar, com uma mão na barriga e a outra na perna da namorada. Fazendo uma coisa que a deixa brava e outra para tentar se desculpar.
-Acontece que toda vez que eu tento dirigir algo estranho acontece –ela encarou Rômulo, séria. -Da última vez uma toupeira ficou seguindo o carro. Eu nao estou inventando, é verdade.
Rômulo estava quase engasgando. Ela tirou a mão dele de sue a perna. Os meninos se entreolharam e franziram as sobrancelhas.
-Toupeiras me dão arrepios. Eu quase entrei em pânico e bati o carro. Batidas de carro também me dão arrepios. Entendem o que eu quero dizer?
-Não! –Riley falou.
Dave agora ria tanto quanto Rômulo. Riley sorriu um sorriso enorme. Não tinha como a escola nova ser ruim. A irmã dissera sim e Lorena era a pessoa mais divertida do mundo.
Da estação normal até a privada eles levaram quinze minutos. Quinze minutos rindo desesperadamente. Tâmara tinha uma plataforma só para ela. As paredes eram na verdade várias árvores altíssimas plantadas umas ao lado das outras. Suas folhas juntavam-se para formar o teto. Havia inúmeros ninhos de pássaros, tocas de coelho e tudo cheirava a grama cortada. Eles desceram do trem e ficaram admirando a construção. Algo se mexia rapidamente na plataforma coberta com terra. Parecia ser um guaxinim ou algo parecido.
-Acho que vou começar a andar mais com você –Lorena disse a Dave.
Eles riram. Desde a visita onde Lorena se apresentou como professora Riley não conseguia mais olhar para ela de uma maneira normal. Estava sempre esperando que ela comentasse algo sobre a escola ou dissesse alguma curiosidade. Este seu estereótipo sobre professores não se encaixava nela. Nada em Lorena era um esteriótipo. Ela sempre tinha novidades.
A princesa os guiou pelo terminal. Estava extremamente deserto. Nenhum comércio, nenhum turista, ninguém da família real. Tâmara parou próxima a uma abertura entre os troncos das árvores e virou-se para os convidados, que caminhavam descnfortáveis atrpas de toda sua majestade. Riley estava muito curioso. Era uma qualidade sua que não podia ignorar. Queria perguntar coisas para Maria, para Rick e até para a própria princesa, mas conteve-se. O que quer que fosse, ficaria sabendo mais cedo ou mai tarde. Ele já considerava Dave Fellows um amigo e exigiria respostas. Não sabia se gostava da companhia do menino, mas, num prieiro momento, sentiu-se obrigado a ser gentil. Era um prazer responder suas dúvidas sobre o reino de Érestha. Riley sentia-se importante e inteligente. Mas acima de tudo, era bom com o menino pois assim já teria um amigo nanova escola. Lilian e Alícia eram ótima compania, mas eram garotas, e ele precisaria de pelo menos um amigo homem. Seria bom para os dois.
-Foi um prazer, Fellows e amigos –a princesa da terra começou. –Não posso levar todos em minha carruagem, mas posso pedir que Gregor os leve até o Castelo de Vrdro. Desejo-lhes uma boa festa.
-Tâmara –Maria chamou, com uma voz acanhada. Riey sentiu a irmã predenr a respiração, nervosa. –Por favor, não diga nada sobre nós.
-Não se preocupe –ela sorriu. Um sorriso sarcástico horrivelmente atraente. –Não precisarei dizer nada para que minha irmã saiba que você está aqui. Mas não saberá sobre os meninos, se assim deseja. Espero que nos vejamos em breve, menino Fellows.
Ela virou-se e passou pela abertura. Sua representante apenas a segui-a, calada, e Lilian falou que mal podia esperar para ve-los todos no dia seguinte, quando iriam juntos ao primeiro dia de aulas.
-Vamos então! –Rosa disse, forçando-os a andar.
Gregor vestia um uniforme e dirigia um carro preto e comprido. Riley, Dave, Alícia e Rick sentaram-se nos bancos mais atrás, expremidos. Ainda assim, era muito confortável. Riley conseguia ver a carruagem da princesa afastando-se, sendo puxada por cavalos brancos. A calda do tigre que andava com aprincesa balançava preguiçosamente para fora de uma das portas. Ele não gostava muto do animal, embora o bicho parecesse ser interessado por ele. De acordo com as histórias passadas de boca a boca, o tigre sentia se você tinha ou não um legado da princesa Tâmara. E ele não gostava se você não tivesse. Ele parecia à vontade perto de Riley, raspando seus bigodes deformados na perna do garoto. Mas ele rosnava para a família Fellows e olhava desconfiado para Alícia. Aquilo não deixava o menino contente.
-Por que a princesa quer te ver? O que servem nessa festa? Por que você gosta de guaxinins? –Rick, do nada, começou um questionário infinito.
Levaram dezessete minutos para fazê-lo calar a boca.
-Vai estudar aqui também? –Alícia perguntou.
-Não –Rick respondeu. Riley ficou surpreso. O garoto demonstrou tanta animação e tanto conhecimento em relação ao reino que parecia pronto para se mudar. -Nada aconteceu quando fiz aquele teste, mas com Dave aqui eu me sinto parte da família.
Todos se calaram. A palavra usada por ele para descrever Érestha ecoou nos ouvidos de Riley. Família. Parecia maduro e verdadeiro demais para uma criança.
-Ele está certo. –Dave disse- Por que?
-O que quer dizer? –Riley perguntou.
Dave não dissera uma palavra desde que entrara no carro, nem quando o irmão dirigiu perguntas a ele. Parecia bem treinado para ignora-lo. Tinha um olhar distante. Parecia estar querendo chegar a uma conclusão.
-Por que ela quer me ver? A princesa. –Dave explicou, com a voz mais baixa. Riley entendeu que ele não queria que a mãe ouvisse.
-Talvez porque ela é amiga da sua mãe –Riley disse, sem exata certeza de sua teoria.
Realmente soava estranho. Tâmara raramente fazia algum tipo de contato com as pessoas. Parecia ser bastante anti-social. Era mandona e bastante séria. Vaidosa e sarcástica. Seguia as regras do rei à risca e fazia com que seus súditos seguissem também. Havia mistério ali, muita história que ninguém queria comentar. Ele não podia acreditar que ninguém, nem mesmo Rick, havia questionado Maria sobre suas palavras para com a princesa. Mas ele não se meteria. Parecia pessoal de mais.
-Chegamos. –Gregor, o motorista mal-humorado anunciou.
-Não acho que tenha que se preocupar com isso. –Lorena disse ao primo, levantando-se para sair. –Riley está certo.
O carro parou na entrada da festa, em frente aos enormes e velhos portões de ferro do castelo. Rick e Dave não conseguiam parar de olhar para as pessoas chegando, para as mesas distribuídas na grama, para o majestoso Castelo de Vidro.
-É tudo tão...- Rick começou.
-Grande. –Dave completou.
Lorena riu. Riley pôde perceber que Maria também estava encantada com a vista. Grama verde, sol baixo num céu claro, brisa refrescante, inúmeras mesas com toalhas roxas, funcionários servindo comida e pessoas conversando. Era realmente impressionante. Podia sentir o poder emanando da enorme parede de vidro. Todos os principes e princesas estavam reunidos ali.
-Temos uma mesa para todos nós. –Ruby falou.
Ela foi guiando a família e amigos por entre o labirinto de mesas, cadeiras e seres-humanos. Deram várias voltas antes de finalmente encontrar seu lugar. Riley sentou entre a gêmea e o novo amigo. Pensou que ia ter que esforçar-se para não pensar nas tantas dúvidas que tinha, mas a visão do majestoso Castelo de Vidro era muito mais importante do que qualquer curiosidade.
-Então o que fazemos agora? –Dave perguntou.
-Sentamos, comemos e esperamos. –Riley respondeu. –Em alguns minutos os discursos começam.
Ele olhou em volta. Não seria possível enxergar direito as pessoas na varanda do castelo daquela distância. Havia um telão poucos metros à esquerda e era um milagre que nenhuma cabeça ou chapéu o atrapalhava.
-Será tudo transmitido através daquele telão –ele explicou- Basicamente o que acontece aqui são os irmãos da futura rainha e, é claro, o rei Éres, dizendo algumas palavras para ela. As vezes fazem alguns anúncios gerais e sempre desejam um bom ano novo.
-Só isso? –Dave pareceu decepcionado.
-Na verdade é muito legal.
Riley não tinha uma explicação para isso. Simplesmente tinha que viver o momento para entender o quão legal a festa era. Ele queria mostrar isso aos novos amigos, era agora algo como uma realização pessoal. Fez com que eles provassem todas as comidas que considerava deliciosas. Os canapés de camarão, o caldo de pato e os croquetes de carne de raposa. Falou sobre as pessoas que paravam para cumprimentar Ruby e até comentou um pouco de sua vida no Rio. Os meninos pareciam interessados. Riley se sentiu como um guia turístico, fazendo seus clientes provarem tudo de mais maravilhoso para quererem voltar depois.
-Quantos são ao todo? –Rick perguntou.
-Canapés? –Riley perguntou, com a boca cheia de uma porção deles.
-Ha Ha!- Rick riu. –Não. Príncipes e princesas. Ao todo.
-Se contarmos a que sucumbiu ao mal e a que está morta... –Dave o encarou, chocado –Nove.
-Uau! –Rick exclamou. –Nove filhos a rainha teve!
-Não devia dizer isso dessa maneira. É cruel. –Alícia disse ao irmão, batendo de leve em seu braço.
-Mas é verdade. Três homens e seis mulheres. A última a nascer, Argia, teria a nossa idade se não tivesse sido morta junto da mãe na guerra.
-Qual deles é mais legal? –Rieck colocou mais comida na boca e ignorou completamnte o comentário sobre a princesa morta.
A pergunta soava como se Riley fosse amigo íntimo da família real. Porém, não era nada difícil responder à essa pergunta. A família real era quase como um grupo de celebridades, porém muito mais sérios e que exigiam muito mais respeito. As pessoas sabiam muito sobre eles, admiravam-nos e tinham alguma preferência, algo relacionado à personalidade deles. Riley gostava muito do principe do fogo e gelo, Elói. Os outros eram muito sérios ou muito loucos. Maria cutucou o braço da pessoa mais próxima (Tia Rosa) animadamente.
-Vai começar. Faz quatorze anos que eu não vejo isso. Quatorze!
Elói apareceu na varanda de vidro, no meio de aplausos e gritos loucos da multidão.
Finalmente eles chegaram na festa, hein! Obrigada pela leitura, deixem um voto e sua opinião, para que eu saiba como estou me saindo com o livro 1 de Érestha.
Valeu, beijos e até a próxima!
De acordo com a LEI N 9.610 DE FEVEREIRO DE 1998, PLÁGIO É CRIME.
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