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XIV Bia

Não ter Missie por perto era tanto uma benção como uma maldição naquele momento. Bia não entendia muita coisa de roupas e cabelos e outros assuntos de menina. Ela gostava de jogar cartas e comer e beber. Só. E todos os seus amigos também. Apenas Missie enendia bem disso tudo. Sem ela, Bia estava totalmente perdida em relação ao que fazer com as mechas soltas de seu cabelo. Ela passara as últimas duas semanas enchendo o saco de Missie para que elas fossem juntas à famosa festa de Halloween da Escola Preparatória da Província de Tâmara. Ela tinha saudades de seus amigos tamarianos, mas Missie não podia faltar à festa de sua própria escola naquele ano. Tinha um projeto para apresentar e outros para supervisionar. Bia tentou até o dia trinta de Outubro, mas ela não cedeu. Agora ela estava confusa, encarando-se no espelho. Para ela, era Halloween e não importava se seu cabelo estivesse arrumado ou não. Era uma festa de bruxas, não de princesas. Mas as outras filhas de Elói se recuavam a deixar a irmã adotiva sair de casa "daquele jeito".

Quando ela dissera que queria usar um vestido, estava pensando em alguma coisa assustadora e errada, como uma freira cheia de sangue falso ou uma criança com maquiagem de zumbi. Esse era o verdadeiro espírito do Halloween. Mas Lívia e Bonnie, as duas irmãs adotivas, emprestaram um vestido preto sem alças com algumas faixas de tecido fino branco enrolado por toda a parte, inclusive adicionando uma camada ao tule. Fizeram ela vestir uma meia calça que parecia imitar uma teia de aranha conceitual e colocaram mais do pano branco em seu braço, para ser "sua pulseira" ou qualquer coisa. Ela achou que aquilo era a fantasia de uma múmia alternativa, mas não tinha muita certeza. Gostava muito mais da ideia da freira do mal. E ainda insistiram para que ela usasse uma sapato de salto alto. Bia mal conseguia andar descalça, naquela altura ela torceria o pé e sairia de lá numa ambulância. Ela precisava muito de Missie, só não queria que ela risse da cara dela.

-Bianca, você é um caso perdido.

-Sinceramente, não tem nada de complicado em pentear os cabelos.

Bonnie e Lívia irromperam pela porta do quarto da menina e começaram a escovar, alisar e puxar seus fios. Apesar dos protestos, nenhuma delas parava de falar e mexer em suas mechas. Ela tinha retocado o vermelho e o laranja das pontas recentemente, então as cores de fogo estavam bem vibrantes. Aquilo sozinho já era "arrumar os cabelos" na visão de Bia. Ela detestava pessoas tocando nela.

-Ta legal, já chega! –ela afastou as meninas. –Eu não me importo se vocês aprovam meu cabelo ou não, ok?

-Não minta –Lívia riu e jogou seus cabelos loiros para o lado. –Você pediu um vestido emprestado, não vai sair com Marcy para assustar crianças na rua e está de salto alto.

-A gente não é idiota, Bianca –Bonnie acrescentou. –E nem você. Deixa a gente terminar e não reclama.

Bia bufou, mas cedeu. Ao fim da sessão de arrumação, O cabelo colorido de Bia fazia curvas suaves presas por pequeninas presilhas pretas. Estava muito bonito, mas Bia jamais admtiria isso. Principalemte por que, ainda assim, ela preferia algo assustador.

-Ei, meninas –Elói bateu na porta e foi entrando. –Uau, estão muito belas. É bom voltarem para casa até as duas, ou estarão com um grande problema.

-Duas? –Bia reclamou e fez biquinho na direção do prínicipe.

-Bonnie e Lívia, duas e meia. A senhorita chegue em casa até as duas e cinco ou pode preparar-se para ficar de castigo por um bom tempo.

Ela revirou os olhos, mas sorriu. Os dois sabiam que ela chegaria por volta das duas e meia de um jeito ou de outro, e que castigo nenhum seria aplicado sobre ela. Bia ajustou o vestido em seu corpo, um tanto desconfortável. Um único pensamento rondava sua mente enquanto ela sorria se olhava no grande espelho de seu quarto: Vou te matar, Dave Fellows.

Elói foi muito bom em acompanha-la até a entrada da escola de Dave, Riley e Alícia. Ele passaria a noite conversando com Tâmara antes de voltar para o Castelo de Plasma. Começaria a discutir as ideias de Tamires naquela noite. Bia beijou-lhe a bochecha e desejou boa sorte. Antes que ela pudesse passar para o maior desafio de sua vida –andar de salto na grama- Elói segurou o braço dela e começou a fazer um discurso muito sério sobre meninos e no que eles pensam. Bia tapou as orelhas e estapeou os braços dele até calar a boca. Foi a vez do príncipe beijar a bochecha dela e desejar-lhe uma boa festa. Bia respirou fundo e deu seu primeiro passo. Precisava desesperadamente de Missie.

O primeiro rosto conhecido que enxergou foi o de Lorena. Elas mal haviam se falado no aniversário da mãe do Dave, mas já era melhor do que nada. Ela estava segurando sua filha no colo e dançando ao som do DJ animado. A pequena estava adorando, e brincava com suas orelhas de gatinho de uma forma adorável.

-Ela é uma graça –Bia aproximou-se da prima do amigo, sorrindo.

-Oi! Não sabia que vinha aqui hoje –Lorena sorriu e fez a filha dizer olá com as mãos. –Dave e os outros devem estar perto da mesa de doces. Eles sempre estão.

-Obrigada –Bia sorriu.

Ela continuou sua caminhada sofrida pela grama daquela escola. Dave havia lhe contado sobre como era o lugar, mas ela não imaginara nada tão grande. A área reservada para a festa era apenas o refeitório, que ficava à céu aberto entre os dormitórios coloridos. Ainda havia muito mais que ela havia visto de cima da colina. Sua escola era apenas três construções retangulares ligadas por um pátio. Era grande, mas não tão majestosa. As pessoas pareciam estar todas se divertindo de verdade. Havia vários desenhos de fantasmas, bruxas e zumbis espalhados pela mesa. A comida parecia deliciosa e as abóboras cultivadas pelos calouros eram impressionantes. Onde estão os doces? ela pensou. Aproveitou que estava peto das bebidas e pegou um copo para si. Serviu-se de alguma coisa vermelha para experimentar quando alguém caiu em cima dela. O copo voou de sua mão e caiu na grama. Por sorte ela não foi de cara no ponche e nem derrubou as garrafas de plástico cheias d'água. Ela não podia acreditar. Tinha passado tempo demais com as irmãs adotivas para alguém simplesmente chegar e esbarrar com ela, colocando em risco seu cabelo "perfeito". Ela virou-se e deu de cara com Chris. Bia nem ousaria começar uma discução com ela, não saberia quando a menina ia parar de falar, mas ela deve ter visto o brilho de fúria em seus olhos e coemçou a se desculpar. A irmã dela, Ciara, estudava com Bia e Marcy. Era prestativa e inteligente, mas falava de mais. Bia tinha mais raiva de pessoas qua não calavam a boca do que de pessoas que quase estragavam seu vestido de Halloween. Pesando bem, o ponche roxo poderia resultar numa mancha muito legal.

-Chris, está certo, eu não estou brava –ela gritou para a menina ouvi-la por cima de seus próprios lamentos.

-Não? Ai, que bom, mil perdões de qualquer maneira, eu não quis...

-Não importa –ela segurou os obros da menina para que ela se concentrasse –Está tudo bem. Você viu o Dave?

-Sim, está ali –ela apontou para trás de si. –Deve estar...

-Obrigada.

E saiu dali antes que a menina se empolgasse de mais e não parasse de falar até a hora de ela ter que voltar para casa. Bia começou a andar na direção que Chris havia apontado. Dave e Alícia estavam segurando um pote em forma de abóbora cheio de doces, e Riley parecia querer ver quantos cabiam em sua boca de uma vez. Era nojento, mas Bia queria muito participar. O menino não aguentou depois do número vinte e um e mastigou tudo com muita dificuldade.

-Você vai acabar morto antes do fim da festa. Posso jogar também?

Ela juntou-se aos três. Riley tentou fazer alguma exclamação de surpresa por vê-la ali e acabou babando. Alícia colocou a mão sob a barriga para dar risada e Dave tentou passar o pote de doces para ela, mas ele caiu no chão e espalhou todas as balas pela a grama. Bia sorriu exageiradamente e abriu os braços. Normalmente, ela e Dave tinham a mesma altura, mas agora ela estava um ou dois centímetros mais alta por causa dos sapatos. Abraçou o pescoço do menino e aproveitou o calor de seus braços ao redor de sua cintura.

-Você não disse que vinha –Alícia falou, abaixando-se para recolher as balas.

-Pois é, mas eu estou aqui! –Ela tentou virar a cabeça para ver a menina melhor, mas Dave ainda não havia liberado-a do abraço.

-E está de vestido.

Ela podia sentir o sorriso dele no meio do seu penteado. Afastou-se e grirou em um pé, segurando a mão de Dave com bastante firmeza para evitar cair do salto. No final fez uma pose engraçada para exibir-se.

-Eu, particularmente, prefiro coisas que assustem os outros. Talvez eu devesse colocar fogo no meu cabelo.

-Seria irado –Riley opinou quando finalmente engoliu todas as balas.

-Venham –ela puxou o braço de Dave. –Vamos dançar.

Ela ficou feliz por só ter torcido o pé três vezes durante todo o tempo em que estava dançando. Lilian se juntara ao grupo e ficara contente por ver Bia ali. A menina era legal e nada nela incomodava Bia, o que era raro. Foi muito relaxante poder estar com os amigos fazendo algo que todos gostassem. Mesmo vestindo um vestido de suas irmãs. Em certo ponto, ela cutucou o braço de Alícia e as duas afastaram-se para pegar alguma bebida. Era a única dentre os quatro que a acompanharia em tomar alguma coisa mais forte. Aquilo era uma esola, mas os alunos mais velhos não eram burros. Bia tinha certeza de que encontraria alguma coisa com um bom percentual de álcool. A relação entre as duas não era das melhores, mas Bia sentia que, sem Alícia, tudo seria muito estranho, vazio. Ela detestava o jeito como Alícia achava que estava sempre certa, e como defendia sua opinião a todo custo. Era bom para ela, mas irritante de mais para Vallarrica.

-O que é isso? –A menina apontou para uma garrafa.

Bia ia responder quando o relógio cuco que havia sido colocado em um pedestal atrás da mesa se mecheu para marcar meia-noite. Uma pequena bruxinha em uma vassoura saiu da portinhola e produziu uma risada assustadora. E o tempo pareceu parar ao redor de Bia e Alícia. Ao seu lado, um garoto colocava ponche em um copo, e o líquido escorria vagarosamente da colher para o recipiente. As luzes verdes e roxas da bancada do DJ demoravam para se alternar, enquanto antes piscavam frenéticamente. Click. A portinhola abriu-se mais uma vez e Bia assistiu, horrorizada, a bruxinha simpática caminhar lentamente até soltar sua risada em câmera lenta. Ela olhou para Alícia e a menina parecia estar a beira de um ataque cardíaco. As risadas e a música estavam distantes, os movimentos das pessoas ficavam quase engraçados naquela velocidade. Click. Bia e Alícia pularam para trás.

-Ouviu isso? –ela perguntou, assustada. Click.

-Sim –Alícia sussurrou de volta e as duas encararam a floresta istintivamente. Click.

Parecia que alguém estava chamado um nome. Ou chamar talvez fosse o termo errado. Sibilavam um nome friamente, com voracidade. Click. Bia deu um passo a frente para escutar malhor. Alícia não se moveu. Mais uma vez o sibilo ecoou pela escola, vencendo a música e as risadas congeladas no tempo. Click.

-O que está dizendo?

-Eu não sei –Click.

Não chamava por Bia e nem por Alícia. Não era o nome de Dave e nem de nenhuma pessoa da família real. Também não era Isabelle DiPrata e nem Pedro Satomak, dois nomes que Bia sabia que atormentavam seu grupo de amigos. Click. Click. Um arrepio percorreu sua espinha quando ela pensou ver alguma coisa. Lágrias de nervoso formaram-se em seus olhos quando Alícia falou, numa voz baixa e cheia de temor:

-Está vendo aquilo? –Click.

E ela estava. Em algum lugar no meio das árvores, um par de olhos amarelos piscava na direção das duas garotas. Aquilo era subhumano e Bia quis gritar. Ela entendeu, finalmente, que nome a criatura maldita sibilava. Era "Ember", e o fato de ela não conhecer ninguém com esse nome a aterrorizava. Click. Tudo voltou ao normal na décima segunda vez em que a bruxinha saiu da portinhola. Os olhos desapareceram, o menino ao seu lado terminou de se servir e as luzes voltaram ao rítimo do DJ.

-Mas o que foi isso? –ela perguntou, virando-se para Alícia.

-Alguma coisa muito ruim vai acontecer –ela falou com os olhos vidrados na floresta. Por algum motivo, Bia não sentia como se aquelas palavras fossem dela, mas fizessem parte de algum discurso que ela ouvira. Alícia estava apenas repassando informações. –Não aqui e nem hoje, mas eu sei que algo vai acontecer.

-Como? Como você...

-Não importa –ela finalmente encarou os olhos de Bia. Respirou fundo antes de continuar –Eu sei, é o que ineressa. Mas deixe isso pra lá. Vamos pegar qualquer coisa para beber e voltar para a pista.

Seria impossível "deixar pra lá", mas Bia era mestre em fazer isso. Ela estava asssustada, mas não ajudaria ninguém se ela demonstrasse. Tomou um copo cheio de alguma coisa amarga antes de voltar a dançar. A fênix de luz em seu braço estava inquieta, e ela precisava desesperadamente que se aclamasse. Era idiota não ficar preocupada com seu protegido vivendo ao lado de uma floresta tão sombria. Se ela não se distraísse logo, Dave ia notar e ela sabia que aquela conversa com Alícia era segredo. Tomou mais um gole de sua bebida e ofereceu-a para Dave. Ele recusou.

-O que houve? –Dave perguntou, passando os braços pela cintura da menina.

-Mas que merda –ela deixou escapar. Sentia uma certa necessidade de rir do bigode pintado com lápis de olho no rosto do menino, mas não conseguiu. Acomodou seus braços em volta da nuca dele e os dois começaram a se movimentar lentamente, completamente fora do rítmo animado que tocava. –Não é nada.

-Você não pode mentir para mim desse jeito –ele balançou o braço com a fênix na frente dela.

-Mas posso tentar –e beijou Dave Fellows mais uma vez. Essa era uma das coisas que ela ainda estava aprendendo sobre Bianca Vallarrica. Como uma pessoa podia, tão rapidamente, tornar-se tão especial para ela? Se ela pudesse escolher, passaria cada minuto de seu dia com Dave. Às vezes ela se achava uma idota por não conseguir dormir e ficar pensando nele até as duas horas da manhã. Ela culpava a marca do pacto protetor-protegido, mas sabia que não tinha nada a ver com aquilo. Era sobre os olhos azuis agitados dele, sobre seus cabelos ridículos e o jeito como ele não conseguia dar um simples nó numa gravata. –Sei ser bastante convincente.

-Ei! –alguém ousou interromper seu momento e ela teria bufado se nao fosse Lilian. Era difícil ficar brava com ela. –Querem andar até a clareira e... não sei, conversar.

-Clareira? –Bia soltou o pescoço de Dave e olhou para Alícia, que estava acompanhando a amiga e o irmão. A expresão dela dizia que não era uma ideia muito boa. –Tipo, clareira no meio da floresta?

-Sim –Lilian riu. –Qual o problema?

-Frio –ela e Alícia responderam ao mesmo tempo e ambas surepreenderam-se.

Todos estranharam que Alícia não queria ir para se lugar favorito em toda a escola, mas os argumentos das duas somados à lareira quentinha de Dave foram suficientes para que eles decidissem por ficar bem longe da floresta. Eles caminharam na direção da menor casa do conjunto de dormitórios que era pintada com tinta azul escura. Ela apoiou-se em Dave para não se desequilibrar de novo. O que quer que estivesse dentro do copo que ela carregava estava contribuindo para que ela ficasse confortavelmente tonta e sorridente. Dave nunca havia lhe contado sobre a casinha azul. Era um lugar pequeno e aconchegante, com uma lareira, uma mesa, sofá e poltronas. Ele disse que a porta da esuqerda era seu quarto e a da direita não era de ninguém. Devia ser solitário. Ela se propôs a ligar a lareira, e logo esqueceu-se do susto que levara a alguns minutos. Ela, Riley e Herton Heartwook iniciaram algum jogo que envolvia queimar doces no fogo. Bia não havia entendido nada, mas ela sempre ganhava e arrancava risadas de todos os outros amigos.

Pouco tempo depois, Lilian adormeceu na poltrona e Dave abriu a porta de seu quarto para ela poder deitar-se em uma das camas que ele não usava. Bia quis perguntar por que ele não oferecia uma cama do outro quarto, mas lembrou-se que ele costumava ser de Isabelle DiPrata, e esse nome nunca era bem recebido pelo menino. Talvez ele só quisesse esquecer Isabelle, como ela queria deixar o circo para trás. Riley segurou os joelhos e as costas de Lilian e carregou-a até a primeira cama do quarto. Ele deitou junto dela, cobriu-se e os dois adormeceram. Os outros deitaram-se com a cabeça próxima do fogo e assistiram Bia manipula-lo em formas engraçadas. Ela sabia fazer formas com o fogo. Era uma habilidade que não usava há muito tempo, mas que estava fascinando os amigos e a deixando contente. Fazia figuras de animais e formas humanas. Elas interagiam entre si, dançavam para os espectadores. Aquilo dava uma sensação de nostalgia deliciosa. Era divertido, porém bastante cansativo. Logo, todos estavam bocejando.

O quarto de Dave tinha cinco camas, todas grudadas, lado a lado. Uma estava ocupada pelas respirações serenas de Riley e Lilian. Alícia, Heton e Chris escolheram uma para cada e continuaram a conversar deitados de barriga para cima. Falavam principalemtne sobre como estariam com problemas quando o dia amanhecesse e os professores vissem que tinham dormido fora de seus dormitórios. Dave e Bia ficaram com a útlima cama, onde Dave dormia todos os dias. Ela cobriu-se até o pescoço e virou-se para a janela, observando o céu escuro por cima das árvores. A visão da floresta pela únca janela do quarto não devia ser tão assustadora, mas ela esperava ver um par de olhos amarelos surgirem ali a qualquer momento. Ainda conseguia ouvir o sossurro e sentir seu corpo todo arrepiando-se.

-Você não vai me dizer, não é mesmo? –Dave falou. –Não vai contar o que há de errado.

-Não fale isso como se você me contasse tudo e eu te devesse essa –ela lembrava-se muito bem de Dave e Alícia contando segredos um para o outro. Sabia que eles dividiam alguma coisa que não queriam que mais ninguém soubesse. Não era um segredo bom; devia ser algo preocupante. Alícia era uma garota cheia de mistérios. Talvez até mesmo mais do que a própria Bianca Vallarrica e seu passado secreto.

-Bom, você não veio no meu aniversário...

Ele virou para o lado e ficou cara a cara com Bia. Ela sorrisou um sorriso torto e abraçou-o, fechando os olhos. Todos guardavam muitos segredos uns dos outros. Bia era a única que fazia questão de lembrar os outros que ela era um mistério. Queria ter coragem para sentar e contar tudo para alguém que não fosse Elói, mas Bianca era diferente de Dândara. Bianca era fraca, não destemida. Abriu os olhos subitamente. Escorregou sua mão pelo braço de Dave e alcançou se relógio. Com um pouco de esforço conseguiu ver que marcava duas horas e quarenta e cinco da madrugada.

-Droga –ela murmurou –Me leva pra casa, estou atrasada. Elói vai querer me matar. -Ela apoiou um braço na cama para se levantar, mas um peso a impediu e ela caiu com a cabeça no travesseiro. Dave tinha posto o braço sobre sua cintura e tinha um sorriso maquiavélico no rosto. –Dave Fellows, para de graça e me leve para casa.

-Não –ele empurrou seu ombro e forçou-a a deitar com as costas no colchão. Acomodou seu rosto em seu pescoço e continuou –Sabe quantas vezes você já me meteu em encrenca? Parece-me um jeito ótimo de me vingar, o que acha?

-Você é louco? –ela elevou um pouco o tom de voz e ele pediu que ela se calasse. –Não faça 'shh' para mim. Como diabos quer que eu explique para Elói que não passei a noite em casa porque dormi com você?

-Do mesmo jeito que eu expliquei para o rei que tinha desobedecido uma lei e colocado a vida de alguém de fora de Érestha em perigo por sua culpa: –ele sorriu. –com muita paciência e bastante sorte.

-Muito bem –ela disse, sorrindo. Isso não ia ficar assim. Aquela era uma vingança cruel e desnecessária, mas ela faria Dave arrepender-se de uma maneira bastante desagradável. –Por favor, me chame para assistir a reunião que você terá com Elói; não o príncipe piadista, mas meu pai adotivo. Eu quero rir.

-Pode deixar. Está convidada –ele tentava parecer sério, mas tinha um tom de arrependimento em suas palavras.

Bia aproximou seu rosto do dele e beijou-o demoradamente. Eu adoro esse menino. Demais, pensou. Quando ele levantou a mão para tocar seu penteado arruinado pela noite de dança, ela virou-se e desejou boa noite. Era Alícia quem estava na cama ao seu lado. Antes de fechar os olhos ela pode perceber que a menina olhava pela janela. Não estava com medo, estava aterrorizada. Bia não voltou o olhar para trás mais uma vez e assumiu que ela estava com medo da possibilidade dos olhos amarelos voltarem.

Alguém podia colocar cortinas naquela janela.

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