VII -Riley
Respire, Riley. Respire. É só uma festa de aniversário. Suas mãos estavam tremendo. Alícia e Dave estvam fazendo alguma competição de palavras boba e irritante. A voz do menino competia com o som alto de música sertaneja para tentar alcançar os ouvidos de Alícia no banco da frente da SW4 preta. O pescoço de Riley estava suando. Ele respirou fundo mais uma vez.
Ainda não acreditava que havia demorado mais do que Alícia para se arrumar, mas ele simplesmente não podia ir vestido com camisas de times ou com estampas havaianas. Nem shorts largos ou claças de moletom. Ele quase se bateu ao pensar que precisava renovar o guarda roupas. Ele já havia tomado um banho, penteado os cabelos –coisa que nunca fazia- e escovado os dentes pelo mennos três vezes. Agora só preisava de uma roupa. Dave ficara pronto muito antes de qualquer outra pessoa. Não se preocupou em desembaraçar os cabelos nem em amarrar bem os cadarços. Ele estava virado para a parede tentando acertar os dardos nos alvos, repetindo para si mesmo que ele conseguiria ser bom nisso um dia. Alícia estava no canto, com fones de ouvido, balbuciando sua música enquanto passava maquiagem. E Riley estava encarando o armário como se estivesse vazio. Alícia estaria pronta a qualquer segundo. A regata de couro preto, a saia vermelha e as sapatilhas já estavam separadas ha uma semana. Dave simplesmente havia aberto sua mala, escolhido duas peças de roupa e pedido para que Charlie, empregada de tia Rosa, passasse a polo preta para ele. Até sua mãe estava preparada, com seu vestido longo de estampa de zebra. Seria muito humilhante não terminar de se arrumar antes da irmã. Principamente se tratando do aniversário de Lilian Alberton. Mas ele simplesmente não tinha nada dentro do armário.
-Você vai assim mesmo? –Alícia perguntou. Ela saiu de perto do espelho e desligou a música.
-Não, eu... Não sei.
Um sorriso zombeteiro formou-se nos lábios da irmã e ele já queria atirar alguma coisa em seu rosto. Alguma coisa bem pesada. Dave acertou um dardo no alvo e se virou, dando de ombros.
-Vista uma calça jeans. A gente vai acabar se atrasando –voltou a olhar para a parede. –Você não acham que Tâmara vai estar lá né? Eu não quero ela lá.
-Ninguém nunca quer e parece que só ela não vê isso –Alícia falou, revirando os olhos.
Ela empurrou o irmão para o lado e abaixou-se próxima do armário. Riley apenas observou-a cuidadosamente olhar pelas roupas dobradas dele e escolher uma camisa branca com listras finas que ele usara uma única vez em um casamento. Ela jogou em sua direção e andou até a porta, fechando-a atrás de si sem dizer nada. Agora ele estava no carro, morrendo de ansiedade e mexendo sem parar na gola da camisa.
-Da pra vocês dois pararem de falar nomes de frutas como se fosse um jogo de verdade? –ele pediu, irritado.
Alícia reclinou o banco ao máximo e ajoelhou-se de frente para o irmão. Os dois continuaram o jogo idiota falando bem perto de sua orelha. Ele bufou, irritado, e encarou a janela.
-O que? Ta nervoso, irmãozinho? –Alícia apertou suas bochechas e ele deu um tapa em sua mão para ela parar.
-Alícia, chega –Ruby pediu. –E sente-se direito ou vai amassar sua roupa.
Ela sorriu e voltou o banco à posição original. Riley bufou mais uma vez e buscou por um pequeno objeto no bolso da claça jeans. Ele havia feito um anel para Lilian. Ou tentado fazer. Adnei havia dado a Riley um dente de Alfos. O dragão mal ganhara seu primeiro dente e já o perdera ao dar de cara com uma parede de tjolos. Ao que parece, dentes de dragão eram uma raridade bastante preciosa e ele fizera o seu melhor para cola-lo em um anel simples de prata. Esperava que ela fosse gostar do presente, mas cenários diferentes de rejeição se passavam em sua mente ha todo o momento. Talvez ela não gostasse, talvez risse datentativa falha dele, talvez contasse para todos o quão ridículo Riley Weis poderia ser. Além de tudo, ele sabia que Bia Vallarrica ia estar lá, e se recusava a dar o presente na presença dela. Era tudo complicado de mais para um simples presente de aniversário.
Logo, o carro desacelerou em frente à um portão de ferro e o coração de Riley bateu um pouco mais rápido. A mãe falou em um interfone e sua entrada foi liberada. O carro estacionou na grama e os quatro saíram de dentro do veículo. A casa de Lilian era ainda maior do que a de tia Rosa. Não era de se espantar, visto que a mãe da menina trabalhava de representante da princesa da terra. Eles caminharam por um caminho de pedra escura até a porta de entrada e foram recebidos alegremente por Ana Vitória. Riley sempre achava que ela parecia nova de mais para ter uma filha, mas ignorava essa ideia com vigor. Ela abraçou sua mãe e os três adolescentes, demorando-se de propósito com Dave. Riley imaginava que eles deviam se ver mais do que Dave e Missie. Thaila e Tâmara estavam sempre juntas.
-Venham por aqui –ela disse, indicando para que eles a acompanhassem.
Ela os guiou por sua magnífica mansão até um salão com grandes janelas, duas mesas compridas e beixigas verdes por todos os lados. Em uma mesa estavam apenas adultos, sentados e conversando civilizadamente. A outra mesa era uma bagunça. Estava cheia de doces espalhados por ela, copos com a bebida pela metade, beixigas estouradas e risadas altas. Bia estava sentada em cima da mesa, de costas, com uma garrafa verde escura na mão e a cabeça jogada para trás com a boca bem aberta. Missie e Herton Heartwock se alternavam para jogar mini marshmallows na direção da menina. E Lilian sentava-se ao lado de Missie, rindo descontroladamente. Seu vestido verde acabava na altura dos joelhos. Suas orelhas estavam enfeitadas com brincos dourados de argola. Seus cabelos ruivo claros eram presos no topo da cabeça e seu sorriso parecia mais belo do que nunca.
-Lily –Vitória chamou a filha carinhosamente.
Ela voltou a atenção para os convidados e se levantou num pulo. Alícia empurrou o irmão para o lado e as duas se jogaram uma contra a outra num abraço apertado. Falavam palavras abafadas e animadas enquanto pulavam sem parar. Depois, Lilian abraçou Ruby e agradeceu a presença. Então chegou a vez de Riley. Ele mal teve tempo de esticar os braços e ela já estava pendurada em seu pescoço. Seu perfume era tão suave que não era possível aprecia-lo de olhos abertos. Ele murmurou um feliz aniversário e ela agradeceu. Lilian encaixava-se tão bem em seus braços que Riley desejou que aquele momento durasse para sempre, mas ela logo afastou-se dele e puxou Dave pelos braços. Riley sorriu um sorriso bobo, mas apreciou-o ao invés de querer ver-se livre dele.
Andou até a mesa e cumprimentou os outros amigos. Missie cedeu sua cadeira para Riley e foi sentar-se ao lado de Bia. A representane de Elói ficou de pé na cadeira vermelha e abriu os braços num movimento exagerado, atirando-se para abraçar Dave. Lilian voltou a sentar-se na cadeira de antes, que agora era ao lado de Riley e Herton puxou um assunto qualquer com Alícia. Chris e sua irmã Ciara estavam na ponta da mesa, conversando com uma energia que só as duas possuiam. Ele secou o suor nervoso das mãos nos jeans e esticou os braços para ver o que havia dentro dos copos espalhados pela mesa. Ele realmente não sabia o que era aquilo.
-Então... –sua garganta parecia seca. Ele preferia estar fazendo um teste surpresa de astronomia do que puxar assunto com Lilian. –Como foi o seu dia?
-Foi divertido –ela sorriu. –Minha mãe fez quetão de me levar para o Castelo de Marfim. A princesa foi muito gentil e me deu um pavão.
Ela falou com tanta naturalidade que Riley resolveu não fazer perguntas. Conversaram por mais alguns minutos até Vitória chamar a filha mais uma vez. Ela foi receber os outros convidados: Cibele Manson, Mair e Marcy, os amigos que eles haviam feito ha seis meses no acampamento. Riley tinha um carinho especial por Marcy. Não só gostava das mesmas coisas que ele, como gostava de falar sobre isso, sem nunca ficar cansada. E seus olhos bicolores só contribuiam para que ela fosse ainda mais interessante. Ela cumprimentou Bia de uma maneira estranha e a legado do fogo não deixou que ela abraçasse Dave por mais de três segundos. Assim que notou a presença de Riley a ruiva começou a comentar sobre filmes, séries e personagens por quem se apaixonara nos últimos meses. Ele esqueceu-se de Lilian por alguns minutos, até a menina debruçar-se sob a mesa e pegar a garrafa vazia que antes estava na mão de Bia. Ela girou-a pela mesa e a ponta dela apontou para a representante de Elói. Ela levantou uma sobrancelha.
-Verdade ou consequência?
-Parece que eu falaria a verdade? -Bia riu. Soltou a mão de Dave que vinha segurando desde que se sentara, e abraçou a própria perna. –Consequência.
-Te desafio a queimar um marshmallow e jogar na mesa de trás.
Bia cumpriu o desafio sem tirar os olhos de Lilian. O mashmallow flameijante acertou o copo de alguém e derramou todo o líquido sob si mesmo. A mãe Lilian virou-se calmamente e sugeriu que eles continuassem a jogar no quarto dela.
-Que seja –Bia levantou, puxando a garrafa junto de si –mas é minha vez.
Lilian foi andando com Alícia na frente, guiando os outros. Riley não estava animado. Ele detestava aquele jogo. Era feito unica e exclusivamente para ferrar os jogadores. E por algum motivo, ele sempre respondia às perguntas e cumpria os desafios. Lilian os fez subir uma escada e seguir por alguns corredores até abrir uma das muitas portas brancas daquele lugar. O quarto dela era enorme, todo decorado em tons de verde. Eles mal precisaram arrastar móveis para formar um círculo entre eles todos. Ela colocou o aparelho de músicas de Alícia num amplificador e abriu a janela para entrar ar. Eles colocaram alguns livros no carpete branco para a garrafa rodar direito. Bia e Cibele Manson eram cruéis. Faziam perguntas muito constrangedoras e desafios difíceis. Riley e Mair, por outro lado, não conseguiam pensar em coisas muito crativas e sempre optavam por perguntas clichês.
-Te desafio a dizer uma verdade –Cibele falou para Bia.
-Isso não é permitido! –Ela parecia estar a beira do desespero. Ninguém nunca sabia nada sobre Bia Vallarrica. Foi a primeira coisa no jogo que chamou a atenção de Riley de verdade.
As pessoas votaram e todos concordaram que era válido. Ela jurou vingança para cada um naquela roda. Apertou as unhas nas palmas das mãos e olhou para o carpete.
-O que você quer saber?
-Onde você arranjou isso? –Cibele apontou para a garrafa no centro da roda. Riley ficou decepcionado. Tinha tantas perguntas que ela poderia ter feito. Algo sobre aquela festa estava começando a lembra-lo de Laura Sousa, e isso nunca era bom. Bia sorriu e encarou a menina.
-Na geladeira dela –e apontou para Missie.
-Você fez o quê? A minha irmã vai me matar, Dândara.
Bia chutou a mão de apoio de Missie e ela caiu com as costas no carpete macio. Riley começara a detestar o nome Dândara também, paenas por que assim não correria o risco de pronuncia-lo.
-Relaxa, Olho-de-prata –ela falou por entre os dentes. Cibele se levantou e arrumou o vestido no corpo. –Aonde você vai?
-Nós vamos até lá trazer mais.
Bia chacolhou os ombros e se levantou também, puxando o braço de Dave.
-Eu não vou com vocês –o menino falou. –Não vou roubar bebidas da geladeira de Missie.
-Não é roubar –ela revirou os olhos. –E você não precisa fazer nada, só levar a gente até lá.
-É claro que isso é roubar! –Missie disse, incrédula. Alícia e Lilian riam da situação. Riley não via graça nenhuma. Queria voltar lá pra baixo e continuar a discutir Tarantino com Marcy. –eu nunca lhe dei permissão... Ei!
Os três ignoraram o discurso da representante dos céus e saíram do quarto dizendo que voltariam logo. Missie se reprimiu por ter amizade com Bia e seguiu-os para fora da mansão. Eles não levaram mais do que dez minutos para ir e voltar. No meio tempo, o restante dos adolescentes conseguiram manter uma conversa entre todos eles, apesar das discussões entre Chris e Ciara. Riley desejou que ficassem assim pelo resto da noite, mas parecia que sempre que ia em uma festa junto de Alícia as coisas acabavam dando errado para ele. Um video game, um livro, jogos de tabuleiro; qualquer coisa era melhor do que as garrafas sendo passadas de boca em boca. Era especialmente aterrorizante assitir à gêmea tão familiarizada com a bebida. Todos os seus amigos ao seu redor estavam tontos e rindo de qualquer besteira. Alícia e a turma que haviam conhecido no acampamento cantavam as músicas com uma paixão assustadora. Missie, Bia e Dave conversavam e riam de coisas que só eles entendiam e o braço do amigo abraçando a cintura de Bia trazia memórias no mínimo desconfortáveis. Riley decidiu que precisava sair dali quando Cibele Manson apontou a garrafa do meio da roda para os dois, duvidou que eles se beijassem e nenhum deles hesitou por nenhum segundo.
-Preciso ir ao banheiro –Riley levantou e foi saindo, mesmo não conhecendo a casa de Lilian.
-Espera –a aniversariante o seguiu. –Eu te mostro onde é. Desculpe por toda essa bagunça que a festa virou.
-Não precisa se desculpar –seu penteado ainda estava impecável o perfume continuava o mesmo. Ela também não havia tomado nada daquelas garrafas. Rley chacoalhou a cabeça para se concentrar. –A culpa não é sua. E não é ruim, só não é meu tipo de festa.
-E nem o meu –ela sorriu e apontou para outra porta branca.
Ele segurou na maçaneta e decidiu que aquele devia ser o momento perfeito para entregar seu presente personalizado. Ele respirou fundo e tirou o anel do bolso.
-Eu... hã –as palavras estavam travadas em sua garganta e parecia que teriam que ser empurradas para fora. –É uma longa história, mas eu ganhei esse dente de dragão e... Fiz isso para você. Feliz aniversário.
-Isso é incrível -ela arregalou os olhos e segurou o anel em suas mãos. Colocou o presente no dedo indicador direito. Seriva perfeitamente –Meu Deus, Riley, é lindo.
-É, eu, hã... –ele não precisou pensar em como acabar a frase. Lilian sorriu e o agradeceu com um beijo. Riley não conseguia se mexer. Tinha medo que acabaria sofrendo de um ataque cardíaco. Ele não conhecia palavras suficientes para descrever aquela sensação, só desejou que nunca se esquecesse de cada segundo daquilo.
-Lily –eles ouviram a voz de Ana Vitória procurando por Lilian.
A menina afastou-se, virou-se e chamou pela mãe. Riley ficou em pé ao lado da porta do banheiro até todos saírem do quarto dela para voltarem ao salão e cotar um bolo. Ele já não estava mais nem ai para a festa dela. Nem para a roupa que estava usando. Nem para o presnte que tivera tanto trabalho em fazer. Ele só se preocupava em continuar com o gosto de gloss de uva em sua boca.
Oi! Tudo bem?
Deixa eu compartilhar uma foto do Eddie Redmayne segurando um gatinho.
Só isso mesmo, obrigada pela atenção, podem voltar à programação normal.
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