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XXVI -Dave

-Psiu!

Dave acordou. Não completamente, estava num limbo entre o sono e a realidade. Ele fechou os olhos novamente. Alguma coisa mechia sua barraca. Seria o vento? Herton roncava à sua esquerda e Riley tinha se fechado dentro de seu saco de dormir. No seu sonho, ele estava perseguindo um gato. Já não se lembrava por que. Uma luz piscou e ele abriu os olhos de novo. Haviam quatro sombras em volta da barraca. Que horas eram mesmo?

-Psiu! –esse foi mais alto. Dave enfim abriu os olhos e se deu conta da realidade.

Abriu sua barraca e colocou a cabeça para o frio da madrugada. Ele bocejou e olhou em volta. Antes que pudesse assimilar qualquer coisa, quatro pessoas entraram em sua barraca e sacudiram Riley. O menino se assustou dentro do saco de dormir e teve dificuldade em abri-lo para se libertar. Dave bocejou de novo.

-O que está havendo? –ele fechou a barraca para evitar que o frio entrasse.

Alguém deu um jeito de pendurar uma pequena lanterna num fio no centro da barraca. Funcionou como uma lâmpada. Acenderam bem fraca para não chamar atenção. Lilian tinha um cobertor nos ombros. Seus cabelos conseguiam estar arrumados até mesmo no meio da madrugada. Bia vestia uma calça cor de rosa, meia antiderrapante com estampa natalina e uma blusa verde com os dizeres "me desculpe pelo o que eu disse quando estava com fome." Sua sobrancelha danificada só contribuaia para deixa-la com ar de maníaca. Alícia vestia uma blusa enorme e shorts. Dave queria saber como ela não estava congelando. Missie bocejou em seu macacão do cookie monster.

-O que estão fazendo aqui? Não podem estar em outras barracas, que dirá outra turma! –Riley disse, sentando-se entre a irmã e Lilian.

A barraca era muito pequena. Era o suficiente para os três meninos dormirem e colocarem suas malas no fundo, mas coisa quatro pessoas a mais, tiveram que se expremer. Principalmente por que Herton ainda estava dormindo, esticado, ocupando espaço.

-Eu tenho esse livro de histórias de terror –Bia o jogou no colo de Riley. –E não me diga que não podemos estar aqui. Os de Edgar ficam acordados a noite toda. Marcy está lá agora. Se nós nos encrencarmos, todos se encrencam! Marcy se encrenca. Ela nunca se encrenca.

Bia prendeu os cabelos volumosos em um coque mal feito, com pequenos fios soltos para todos os lados. Missie chacoalhou Herton com muita calma. Colocou sua touca com e os cabelos no rosto, aproximando-se devagar e chamando seu nome. Quando abriu os olhos, Herton pulou para trás e gritou. Bia foi rápida em se jogar para tapar a boca dele. Bateu na perna de Missie, que ria dentro de seu macacão.

-Bem que podíamos ter alguns marshmallows ou aquelas bolachas com chocolate –Lilian lambeu os beiços.

-Pat tem uns cinquenta pacotes de bolacha –Herton cometou. Bocejou antes de continuar. –Posso pegar um com ele, se me emprestarem a lantera. E esse cobertor.

Lilian se encolheu.

-Certo, eu vou com você –ela falou. –Não vou largar esse cobertor por nada no mundo.

Os dois sairam para a fria madrugada. Levaram a fonte de luz com eles. Dave não enchergava nada a não ser as próprias mãos e os vultos dos amigos. Bia e Missie começaram a rir e Dave não fazia ideia do por que. Riley cutucou Alícia, que pulou para o lado oposto da barraca, sentando em cima do pé de Dave.

-Pára Riley! –ela falou.

-Sabe o que podíamos fazer? –Bia ainda estava deitada, após ter pulado para não deixar Herton gritar. –Jogar "gato-mia".

-Numa barraca? –Missie se mexeu nas sombras. –Fica muito fácil para te acharem.

-Um... –Bia foi para o canto da barraca e começou a contar. Riley voltou para dentro de seu saco de dormir e Missie se pôs atrás das malas. –Dois... Três. Já é tempo suficiente.

Alícia ficou em pé. Não era baixa o suficiente para ficar totalmente ereta, mas conseguiu pular por cima de Bia e dribra-la. A representante de Elói falou alguma coisa que fez Missie cair na risada, achou ela e a fez contar até três. Riley não se mexeu. Alícia andou até Dave e puxou sua cabeça para o canto, dobrando-lhe as costas.

-Fui pra lá de novo –ela sussurrou em seu ouvido. Se aproximou tanto e falou tão baixo que lhe fez cócegas.

Ele não precisou de nenhuma explicação. Sabia que era sobre Isabelle. Mesmo não podendo vê-la no breu, podia senti-la. Sua voz quase tremia, seua pele estava fria de angústia e ela lutava conra o medo. Sempre ficava desse jeito quando falava sobre Isabelle ou seus pesadelos.

-Ai! –Miise pisou em Riley e disse que era a vez dele contar até três. –Você quase quebrou minha perna!

-Falem mais baixo –a voz de Lilian veio de fora da barraca.

Dave abriu para os amigos entrarem, carregados de bolacha, doces e um saco de marshmallows pela metade. Prenderam a lanterna no topo da barraca mais uma vez e eles finalmente tinham luz. Bia pegou seu livro e Dave bocejou de novo. Eles começaram a discutir qual história seria a mais assustadora.

-O que ela disse? –Dave sussurrou de volta para Alícia.

O coração dele acelerou de ansiedade. Tanto a ansiedade boa, o desejo impetuoso que sente-se ao rasgar o embrulho de um presente de Natal, quanto a ansiedade ruim, a angustiante ausência de tranquilidade. Ele queria que ela respondesse com todos os detalhes possíveis, descrevesse as feições de Isabelle, os cabelos dela, seu cheiro, sua voz. Queria que Alícia descrevesse um encontro amigável. Ao mesmo tempo, queria que a amiga lhe dissesse que Isabelle estava ferida, que estava triste, que sentia um remorso incomensurável; que sua vida como representante do mal era miserável. Parte de si, uma bem pequena, queria que Alícia contasse sobre como ela pediu desculpas e tinha um plano para voltar para casa; para os braços de seu pai; para a casinha azul. Outra parte dele, também bem pequena, quase microscópia, queria que Alícia dissesse que Isabelle estava morta. Não morta como os monstros de Tabata das histórias de Riley. Morta. Descansando, isenta de todas as acusações. Não mais Isabelle, a traidora, ou Isabelle, a representante do mal, mas Isabelle, a que um dia fora. As pessoas sempre se lembram das coias boas quando alguém morre, e se não se lembram, procuram lembrar.

-Nada –Alícia respondeu. Sua voz tremendo, pele gelada, medo. Mas era um medo diferente. Não o medo com raiva que ela geralmente sentia, mas um medo novo, desconhecido. –Ela não estava lá. Não havia ninguém lá.

-Quanto tempo desta vez? –Dave podia ter perguntado um milhão de coisas, mas estava decepcionado. Alícia não disse nada que tirasse sua ansiedade.

-Foram apenas horas, mas para mim, pareceram dias. Tive fome e sede e sono. E ela não apareceu, não deixou nenhum recado. Nada!

-Ceto, então leremos "nada" –Bia virou as páginas do livro.

Dave e Alícia não tinham percebido que estavam falando alto. Ela e o irmão tiveram algum tipo de conversa com os olhos e Riley balançou a cabeça negativamente. Lilian se serviu de bolacha e Herton de balas. Missie colocou seu marshmallow numa caneta e pediu para Bia assa-lo para ela. Ela revirou os olhos, colocou fogo no marshmallow dela e começou a ler sua história.

-A história de Ju é uma história de nada. Morava num lugar muito calmo. Sua casa era pequena, apenas para Ju. Perto da casa, havia um pomar. Perto do pomar, havia um morro. Do morro nascia um rio. Um rio que dava voltas e tinha curvas e quando chegava próximo à casa de Ju, era fundo. A água, cristalina. Ju gostava de plantar e colher perto do rio. Gostava de nadar no rio. Banhava-se no rio. Alguns diziam que não era uma boa ideia. Que o rio era venenoso. Que o rio era do mal. Sua água envenenava pessoas, fazia-nas delirar. Ju não. Ju já estava ali ha muito tempo.

"Acima de tudo, Ju gostava de fotografia. Tirava fotos de pássaros, de borboletas, de flores, do rio e do pomar. Revelava essas fotos na cidade, emoldurava-nas e pendurava na sala. Um dia, Ju dormiu cedo e acordou cedo. Foi para a sala e notou que havia algo de errado. Uma das fotos era nova, e não era sua. Não podia ser. Retratava ela mesma, de costas, plantando beterrabas. Ju não saiu de casa por três dias. No quarto dia, pegou sua espingarda para dar um passeio. No sétimo dia já estava menos paranóica, mas não durou muito.

"No oitavo dia, uma foto dela com a espingarda foi adicionada a seu mural. Junto à foto dela banhando-se, a dela colhendo maçãs e a dela dormindo."

Lilian estremeceu. Enrolou-se mais no cobertor e encheu a boca com mais bolachas. Estava realmente ficando asustada. Bia lia com desejo e curiosidade. Seus olhos lacrimejavam de euforia e seus dedos se apertavam nas páginas. Riley não estava prestando muita atenção na história. Olhava para os enormes cabelos arrumados de Lilian. Ou se perguntava como poderia estar arrumados ou os admiriva, talvez pensando em abraçá-los para protege-la das palavras de Bia. Herton e Missie eram o completo oposto de Riley: estavam prestando atenção demais. Vidrados nos lábios de Bia, concentrados em sua voz. Dave e Alícia? Aquela história não podia assustá-los, simplesmente não podia. Não mais do que Isabelle, ou a falta dela.

-Ju saiu imediatamente de sua casa –Bia continuou. –Correu com sua espingarda por seus arredores, gritando para que, quem quer que estivesse fazendo aquilo deveria parar ou se entenderia com ela. Naquela noite, dormiu com a arma ao seu lado. No dia seguinte, chamou alguém para lhe ajudar a instalar câmeras e um sistema de segurança simples. Dormiu com um sorriso no rosto. E a arma ao seu lado. 'Te peguei, estranho' ela pensou.

"De manhã, ela se deparou com mais fotos novas. Uma dela dormindo com a arma e o sorriso. Uma das câmeras de segurança, tiradas de dentro de casa. Uma de uma sombra no chão da sala. Ela correu para checar as câmeras. Nada. Não viu nada fora do normal. Ju levantou-se devagar, andando de volta até o mural, pensando o que aquilo poderia significar. Então, o pânico tomou conta de si. Os ângulos das fotos. Todas haviam sido tiradas de dentro da casa. As dela dormindo haviam sido tiradas de dentro do armário do quarto.

"Ju congelou, mas logo andou até seu quarto, pegou a espingarda e atirou no armário frenéticamente. Chorou enquanto o fazia. Ao acabar com sua munição, ela abriu as portas para revelar quem era o estranho que lhe perseguia. Gritou e saiu correndo, pois não viu nada. Estaria ele debaixo da cama? Atrás da porta? Em cima do telhado? Ju não sabia. Ela correu para o pomar, correu até depois da nascente. Não viu, mas, logo, todas as fotos em seu mural se transformaram em seu delírio. Todas as 'Jus' desapareceram, deixando apenas camas vazias e sombras. Não era nada, afinal. Ela não era nada, ou pelo menos não seria mais. Ju se perdeu em seu próprio nada."

Lilian grunhiu. Bia sorriu. Herton e Missie congelaram. Dave se arrepiou. Sentiu Alícia pensando o mesmo que ele. Nada. Não havia ninguém lá, era um pensamento, um mundo cheio de nada, um delírio da mente de Isabelle. Um delírio que estava lentamente consumindo Alícia. De alguma forma, isso afetava Dave também. Não se pode fugir da própria mente, da própria curiosidade. Como estava Isabelle? Por que ela estava ajudado? Era um delírio necessário que levaria Dave e Alícia a loucura. O pior de tudo é que Isabelle sabia. Ela era o rio que infectara os dois. Seu refúgio era a casa, suas informações eram as fotos. Alícia e Dave eram o nada. E não tinha nada que pudessem fazer a respeito. Dave mal pode acreditar que a história o havia deixado assustado.

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