XXIX -Missie
Tudo estava tranquilo até o fim do café da manhã. Missie estava realmente sentindo-se bem naquele começo de dia. A sugestão de Riley de passar a noite no Castelo de Mármore havia sido muito apreciada pela menina. Sua princesa sentia falta dela, e Missie precisava do céu para sentir-se mais viva. A cor azul e as nuvens rosadas do amanhecer relaxavam a representante, e ela sempre respirava melhor nas alturas. Além de poder jantar com sua senhora, ela ainda conseguira passar algumas horas com Cecil. A menina do laço azul não estava nada contente em ter Missie na província de Tâmara, e elas não se falavam desde a mudança.
Missie queria muito contar sobre tudo o que estava acontecendo para a outra. Sobre a volta de Bia e a proximidade da resolução de toda a confusão causada por Tabata. Contudo, segredos como aquele compartilhados com Cecil eram muito perigosos. A menina apreciava muito seu trabalho como repórter, e agora que seu jornal estava crescendo e ela ganhando cargos mais importantes na pequena empresa, Cecil Daveson nem percebia a diferença entre uma conversa e uma entrevista.
-Mas então Gary DiPrata ficava mais na escola ou no castelo, quando a princesa Tâmara não estava lá? –ela perguntara, virando a cabeça para todos os lados a procura de uma caneta.
-Os dois, Cecil –Missie rira. –Ele sabe muito bem conciliar as duas coisas. Agora está sempre na escola, vinte e quatro horas por dia.
-Ele e Alícia Weis também? Então a princesa está desprotegida?
-Pelo amor de Éres, é claro que não –Ela não tinha muita certeza, para dizer a verdade. A princesa não chamava mais Gary e ele também não parecia interessado em saber sobre sua senhora. Mas esses assuntos eram problema de Ana Vitória e Alícia Weis, no máximo, não de Missie Skyes. Puxou a menina para que ela voltasse a sentar-se ao seu lado. Elas não conseguiam ficar quietas por nem um minuto e as notícias na televisão eram meramente um fundo para suas conversas. –Ainda tenho cinco minutos, pare de encher o saco com essas perguntas.
-Uau Missie, também senti saudades –ela revirou os olhos, sentando-se na cama. Elas sorriram uma para a outra, e beijaram-se. –Por que você tinha que ter tantas ideias idiotas, Skyes? Por que não podia ficar aqui?
Ela sentia falta de sua casa. Queria poder voltar da escola todos os dias e passar um tempo com Izzie ou Maiara. Não as havia visitado pois, àquela hora, seu pai já estava em casa. Ela não estava pronta para enfrentar o que quer que ele tivesse para dizer. Talvez encontrasse forças na manhã seguinte.
-Vem comigo –Missie dissera, colocando-se de pé. –Para o Castelo de Mármore, passar a noite. Mas sem sua câmera e eu estou falando sério.
Cecil não gostara da ideia, a princípio. Ficou nervosa, mas não sabia como dizer não para tal oferta. Missie fez com que ela colocasse um casaco e arrastou-a até lá. Tamires ficava feliz vendo Missie sorrir, e não se importou com a proposta de ter mais uma hóspede. Ela foi tratada como Missie e sentiu-se uma princesa. As menina dividiram a enorme cama do quarto reservado para Missie, e tomaram café da manhã junto da princesa. Até então, tudo estava tranquilo. Elas estavam abraçadas na sala de reuniões, observando pela janela as nuvens abrindo espaço para o dia raiar sob a cidade, quando um grito atingiu os céus.
-Não pode ser –Cecil arregalou os olhos, dando alguns passos para trás.
Quando ouviu pela primeira vez, Missie realmente achou que alguém estava gritando na praça que ficava metros abaixo dela. Na segunda vez, porém, ela entendeu que aquilo era um alarme. Só ao terceiro toque ela afastou-se do vidro, como fizera Cecil. Imediatamente, a marca de protetora em seu braço começou a coçar, e ela sabia que a princesa estava procurando por ela. Missie puxou o braço da amiga para saírem da sala de reuniões, e gritou o nome de Tamires. A princesa vinha correndo pelo corredor com uma espada e parou ao finalmente encontrar a representante. Missie soltou Cecil e tomou a espada da princesa, sem parar sua corrida.
-Fiquem aqui em cima, as duas –ela gritou. –Eu vou resolver isso.
-Missie, espere que eu...
-Não! –ela impôs. –Fiquem aqui em cima.
No caminho até os estábulos de pégasus, Missie passou em seu quarto para pegar também seu guarda-chuva. Ela gritava ordens enquanto corria, pedindo para que alguém ficasse de prontidão para impedir que Tamires e Cecil saíssem do castelo, ou que alguém estranho entrasse.
-Os outros desçam comigo –ela gritou, montando em um pégasus agitado.
O animal não gostou muito de receber ordens assim, de repente. Ele relinchou e protestou, mas Missie não desistiu, e logo estava voando para a praça. Assim chegaria ao chão mais rapidamente do que com o elevador. O alarme continuava a soar, e isso só contribuía para o animal ficar ainda mais insatisfeito. Quando estava perto o suficiente do chão, Missie pulou. Ela não podia esperar. Aquele som estridente, repetitivo e alto demais queria dizer perigo e, geralmente, perigo queria dizer Tabata. Algo dentro dela queria fazê-la acreditar que era alguma outra coisa. Um elfo raivoso ou alguma pessoa que conseguira acesso a armas e não estava em sã consciência. Porém, a cena era contraditória a esses pensamentos "positivos".
Todos vestiam preto. Sendo jeans ou saias ou blusas ou armaduras, tudo era preto. Eles estavam vandalizando tudo o que conseguiam tocar, e gritavam e empurravam pessoas e faziam os cidadãos desesperarem-se. Nem todas aquelas pessoas eram legados de Tabata. Talvez nenhum fosse. Uns tinham ventos poderosos, outros faziam gelo e alguns transformavam a neve derretida em pequenos rios escorregadios. Por mais que não estavam ferindo ninguém, as armas que eles carregavam não eram apenas enfeites, e Missie sabia bem disso. Ali ela podia ver porque algumas pessoas chamavam os recrutas de Tabata de sociopatas. Eles não tinham um general guiando-os e nem obejetivo nenhum aparentemente. Só queriam causar terror da maneira mais perturbada possível.
Alguns seguravam cidadãos tamarinenses pelo pescoço e riam em suas orelhas, arrastavam-nos com sua corrida ou gritavam os nomes de sua princesa, Pedro e Isabelle. Antes que a representante do céu pudesse dizer alguma coisa, os guardas do castelo chegaram ao solo e partiram para cima dos de Tabata com raios, trovoadas e espadas.
Outros guardas deveriam estar ali de prontidão. Gary DiPrata e Riley, o leitor, haviam aconselhado os prícipes a deixarem guardas alertas nas grandes cidades. Provavlmente também estavam no meio da confusão, tentando conte-los. Os soldados de Tabata gostaram da provocação, e então a confusão de verdade teve início.
Haviam ensinado à Missie, no seu primeiro ano no trabalho, que ela era responsável por manter a calma do povo em situações como aquela. Por sorte, isso tinha acontecido poucas vezes, e em proporções bem menores. O lado ruim é que ela não sabia como cumprir aquelas instruções. Ela afastou-se, ainda segurando o guarda-chuva e a espada. O pedaço proficional de seu cérebro pedia que ela fizesse cmo havia aprendido, e tentasse tirar os civis da praça com paciência. Mas seu lado racional sabia que isso não ia ajudar em nada. Tudo o que ela pensava em fazer acabava voltando para a guerra. Aquilo era o começo oficial dos confrontos? Onde mais eles estavam acontecendo, por quanto tempo durariam, como estava a rainha? Ela lançou um raio contra uma menina que estava aproximando-se e puxou-a para um canto.
-O que significa isso? –Missie gritou.
-Ora, só estamos brincando –ela riu, segurando o braço onde tinha sido atingida. –Não podemos treinar só contra nós mesmos. Vamos quebrar algumas coisas! –ela gritou a última parte.
Seus amigos concordaram com ela, e continuaram a fazer a bagunça. Eles não paravam por nada. Se os guardas os capturavam , continuavam a gritar e chutar o que conseguiam. Se alguém caía por causa de um raio, levantava-se imediatamente e mancava no meio da confusão. Ninguém sabia se deveriam trata-los como vandalos ou se podiam usar as regras da guerra. De qualquer maneira, eles estavam avançando, chegando cada vez mais perto do elevador. Os pégasus já haviam sumido há muito tempo, assustados, e pelo menos Missie sabia que assim não chegariam ao castelo.
-Amigos de elfos, gatinhos assustados –cantarolavam alguns deles.
A confusão que os legados diferentes faziam era pior do que as vozes que se mesclavam ao alarme. Água e terra voavam de um lado para o otro junto de vento e gelo. Às vezes, a vizão de Missie ficava muito clara ou muito escura, e ela tinha que encontrar o legado de Edgar para poder para-lo. Algumas pessoas estavam colaborando, e tentando tirar os civis dali, mas os de roupas pretas continuavam a avançar. O elevador estava lá, parado, esperando que eles chegassem até ele. Em pânico, Missie foi a primeira a correr até lá. Os outros ficaram extra agitados quando perceberam Missie correndo no meio deles.
-Olho-de-prata!
-Corram, corram, corram! Peguem Missie Olho-de-prata!
Ela jogou a espada para trás e não se importava com quem estivesse ali. Segurou seu guarda-chuva e apontou para o painel de controle do elevador. Atirou um raio ali, e aquilo começou a pegar fogo. Os recrutas de Tabata comemoraram gritando, pulando e pendurando-se em postes de luz.
-Vamos queimar coisas!
-Quebrem o elevador da princesa dos raios!
O alarme finalmente parou de soar, mas foi substituído por um grito de guerra ensurdecedor. Então eles todos correram ao mesmo tempo. Muitos foram detidos pelos guardas, e nesses casos, eles continuavam a gritas e chacoalhar-se, como loucos. Os que chegaram até o elevador tentavam forçar as portas para abri-la com seus machados, espadas ou as próprias mãos. Não demoraram para conseguir. Missie apontou seu guarda-chuva mais uma vez, e estourou todas as cordas que conectavam o objeto e o faziam subir e descer. Imediatamente, as cordas começaram a chicotear por todos os lados, e o barulho do elevador caíndo, raspando nas paredes superou o grito de guerra. Ele continuou a cair e cair e o barulho horrível de cordas e metal raspando em pedra só aumentava. Missie não tinha certeza, mas achou ter visto alguém em baixo dele quando caiu e amassou-se, cortando de uma vez por todas a comunicação com o Castelo de Mármore.
A praça inteira parou quando o barulho chegou a todos. Até os vestidos de negro calaram-se por alguns segundos. Mas então continuaram a gritar.
-Dez minutos se passaram. De volta para casa! –gritaram.
E dispersaram-se. Corriam como vento, ainda gritando e rindo como maníacos. Missie estava em choque, e não conseguiu responder às perguntas dos guardas que queriam direções dela. Os que haviam detido alguns dos arruaceiros conversavam com o general de Tamires, que sabia como colocar ordem nessas situações. Os outros queriam saber o que fazer com as pessoas na praça, o que dizer para os repórters e o mais importante, como chegar até a princesa agora que o elevador estava arrebentado no chão. Missie viu que a mienina quem ela tinha acertado estava sendo segurada pelo general e chefe de segurança do Castelo. Ignorando as perguntas, ela andou até os dois.
-Tirem todos daqui e fechem a praça –ela falou. –Digam para todos voltarem para suas casas e depois mande alguém lá pra cima com os pégasus, se virem. Você vem comigo e traga essa menina.
-Para onde vamos, senhorita? –perguntou o general, relutante. –Acho melhor ficarmos e tentarmos entender e resolver o que eles...
-É isso o que vamos fazer. Perguntar o que está acontecendo –ela continuou a andar, desta vez para encontrar uma passagem que conhecia. –Riley sabe.
Olá, meu nome é Beatriz e eu estou com raiva da final do Master Chef.
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