XX -Riley
Ele lembrava-se bem da última vez em que estivera no castelo da árvore na pequena província dos elfos. Havia sido salvo das celas de Dneva e levado para almoçar folhas por Ellie, a elfa colorida; a mesma que agora queria acorrentar sua irmã à um leão e deixa-los correr ou lutar juntos. O salão principal era pequeno, e estava lotado de gente: os cinco elfos que compunham o conselho, a rainha e sua irmã da terra, Reycaryn, com o corpo enfaixado, Gary DiPrtata, Ana Vitória e sua filha e os três brasileiros. Riley sentia-se sufocado. Gostaria de ter tido mais tempo para conversar com Alícia antes daquela audiência, de ouvir suas desculpas e suas hitórias e prepara-la para o que estava por vir. Havia passado duas noites na província de Argia para ajudar Rick e encontrar Alfos. O dragão estava com queimaduras muito feias na mandíbula e espasmos estranhos em um dos olhos. Sentia muita dor e não queria nem mesmo tomar água. Levou-o até seu pai, no Vale da Primavera, mas o homem não sabia o que fazer. Adnei acompanhou-o numa viagem arriscada até o Covil do Dragão, onde Juliana ficara feliz em ajuda-los.
-Deixe-o aqui para eu poder examina-lo e cura-lo –sorriu a doce mulher, depois de deixar o dragão nos estábulos.
Adnei quem teve que responder àquilo, pois Riley estava ocupado admirando o trabalho da criadora. Muitos dos filhotes que Riley vira da última vez estavam cresidos, enormes, voando, cuspindo fogo, gelo e ácido e brigando com os irmãos mais velhos. Krepto e Arhem reconheceram Riley e animaram-se em vê-lo. O menino levou uma lambida no rosto do dragão de gelo com a mancha em forma de crânio no focinho. No pátio, antes cheio de brinquedos, comida e resto de ossos, estavam dispostos uma série de bonecos de palha. Alguns estavam pegando fogo e outros arranhados e destroçados. Ela estava se saíndo muito bem com a preparação dos animais para o combate.
-Como estão todos nas outras províncias? –Ela perguntou, sorridente.
Adnei olhou para o filho, esperando que ele respondesse. Ela queria saber sobre seus filhos, sobre Thaila e o prícipes; pessoas que ela sempre considerou família. Ele podia contar sobre como Elinore estava sempre viajando até Elói e participando de jantares com conversas sérias, mas teria também que contar como Tâmara seria exilada em poucas horas e Ethan estava servindo de escravo para personalidades perigosas há quase dois meses. Ele abriu a boca e voltou a fecha-la algumas vezes.
-Entendi –riu Juliana. Uma pequena serpe pousou em seu ombro e ela acariciou-a. –Esperarei que me chamem, quando precisarem. Meus dragões já estão prontos para Thaila.
-Isso é ótimo –Riley sorriu, afastando os fucinhos de Arhem e Krepto. –Cuidem bem de meu Alfos, sim?
Os dois dragões pareceram anuir ao comando, e voaram para perto de seus irmãos para lutar por um pedaço de osso roído. Riley despediu-se e agradeceu Juliana. Deixou seu pai em casa e partiu para a província dos elfos, garantindo que Alícia estava bem.
-E por quanto tempo vai ficar assim? –o homem perguntou.
Riley levantou as sobranclhas.
-Não se preocupe, já aprendi que tenho que protege-la de si mesma antes dos outros. E sei o que fazer.
-Tem algo a ver com esse relógio? –Adnei perguntou, apontando para o pulso do menino.
Ele ajeitou a pulseira de couro do pai de Dave Fellows e continuou a andar. Passou no Castelo de Cristal antes de ir para a pequena província. Por isso, foi o último a chegar no castelo da árvore e Tâmara reclamou que ele estava atrasado. Ver a princesa da terra com algemas ainda era uma visão terrível para Riley. Ele mal podia esperar para qua aquela situação acabasse e ela voltasse a usar vestidos verdes e insetos no cabelo.
O conselho havia providenciado uma bela cadeira de madeira esculpida para servir de trono para Thaila. Ela estava segurando o colar que Átla dera para ela hà quase cinco anos com muita força. Os elfos estavam todos em pé, ao lado dela, com túnicas brancas e cabelos cumpridos adornados de folhas. Com excessão de Ellie, que usava sempre um macacão preto e deixava seus cabelos soltos. Alícia estava acorrentada ao chão, bem ao lado de Tâmara, que revirava os olhos em frente à irmã. Riley não odiava a ideia de ter a menina presa ali, pois sabia que sua atitude seria exageirada. Dave, como sempre, segurava Mata-Touro do outro lado do trono improvisado, e os restantes observavam tudo da porta que dava para o corredor. Aquele espaço era muito apertado. Se tivesse mais uma pessoa ali, o plano de Riley seria de difícil execução.
-Silêncio –Ellie pediu, calando não só os que estavam ali dentro, mas a multidão que formara-se fora também. –A rainha tomou uma decisão.
-Eu havia dito que se a encontrassem sã e salva, te exilaria –Thaila falou, sem cerimôneas.
Alícia arregalou seus olhos e não conseguiu falar nada. Tâmara jogou a cabeça para trás e riu. A atitude irritou os elfos do conselho e um deles chegou a levantar-se, ameaçando aproximar-se dela. Gary e Ana Vitória também ameaçaram avançar, mas a rainha fez todos voltarem a seus lugares com um gesto gracioso e irritado. Uma mão segurou o ombro de Riley e empurrou-o para dar-lhe passagem. Ele mexeu-se e Lilian franziu o cenho. O menino disfarçou com um sorriso nervoso e desejou silênciosamente que a menina invisível ficasse parada. As previsões da rainha dependiam de algumas condições, e, às vezes, pequenas alterações no presente eram cruciais para o futuro desejado. Tais alterações eram trabalho de Riley, o gestor. Mesmo que a palavra "pequena" estivesse aberta a interpretações.
-Eu te adoro, irmã –Tâmara sorriu. –Muito, muito mesmo. Para onde vai me mandar? Quem vai ficar em meu lugar?
-Deverá andar até a Floresta da Primavera ou o Vale do Inverno –Ellie respondeu, arrumando sua postura. –É a única escolha que lhe damos. E em seu lugar fica a rainha ou um representante que ela escolher. Não depende de você.
-Tudo isso porque eu matei um elfo? –ela riu. Olhou para Alícia e pediu silenciosamente que ficasse calma. A menina olhava em volta, esperando que alguém clarificasse aquela história. –Querem que eu use espinhos no sapato também?
-É uma ótima ideia –grunhiu um dos elfos mais velhos.
-Tâmara, você causou muitos problemas –Thaila falou, olhando séria para sua irmã. –Essa situação toda estava complicando tudo para Tamires e para você mesma. Consequentemente, para mim também. Minha principal missão é lutar contra Tabata e não tomar conta de você. Matou Átila –ela levantou-se e atirou o colar aos pés da irmã. Tâmara parecia estar se divertindo, e ainda sorria. –Arque com as consequências.
-Isso é ridículo –Alícia gritou, indignada. Riley concordava, mas preferia que ela ficasse quieta. Lilian, sua mãe e DiPrtata concordaram com ela, e Dave revirou os olhos, pedindo silêncio a todos.
-É, calem a boca, vocês quatro –Tâmara ordenou.
Riley aproveitou a confusão para esticar o braço para trás, e arrepiou-se ao não sentir a menina invisível ali. Procurou pelo olhar de Dave, e o menino entendeu que algo o preocupava. Começou a olhar em volta como se seus olhos fossem imunes ao relógio de seu pai. Thaila respirou fundo e virou-se para voltar à sua cadeira, mas parou na metade do caminho, virando a cabeça, confusa. Nicolle de Vie surgiu no trono improvisado com um vestido cor-de-rosa e joias no pescoço. Seus olhos estavam verdes e determinados. Ela sorriu para as meia-irmãs.
-Eu discordo com você, irmã –ela falou. Dave e Riley sorriram enquanto todos os outros estavam chocados. –A situação toda não é nada mais do que uma pré-guerra, um preparo. Todos estão com o sangue quente, prontos e bem preparados. Os elfos vão ajudar na guerra, e essa audiência será adiada até que Tabata esteja presa em seu próprio reino.
-E qum é você para decidir isso? –perguntou Ellie, a elfa, com raiva.
-Sou Argia Felicity Bermonth Markova, filha legítima de Átila Markova, princesa da vida e herdeira dos elfos.
Todos estavam se divertindo tanto com a cena que tinham que se segurar para não pular de felicidade. As meia-irmãs da menina estavam muito orgulhosas, e bastante sorridentes. Os elfos do conselho pareciam confusos e não sabiam o que dizer.
-O que estão esperando? –a menina perguntou, ajeitando-se na cadeira. –Soltem minha irmã e minha amiga. Sinto muito pelo assassinato de meu pai, mas muito provavelmente sua pena seria a morte, de uma forma ou de outra. Tâmara vai voltar para seu castelo para voltar a trabalhar como antes, e todas as decisões do conselho tem que ser aprovada por mim antes de executadas. Eu ainda preciso estar no Castelo de Cristal, até ter um corpo, e preciso de meus representantes comigo.
-Nunca será aceita sob essas condições –um elfo falou, cruzando os braços.
-Então se rebelem e me recusem –ela sorriu, colocando-se de pé. –Boa sorte contra os exércitos de meus irmãos. Aqueles que quiserem me ajudar podem começar procurando por meu corpo. Ellie, está encarregada de dar a notícia aos meus novos súditos. Eu devo retornar; minhas energias estão acabando.
Ellie desculpou-se com a princesa, curvou-se em respeito à Argia e saiu para preparar seu discurso. Os outros libertaram as meninas e tiveram que aguentar as risadas de triunfo dos legados da princesa. Thaila caminhou até Dave e sorriu para ele. O menino deu os créditos a Riley.
-"O pequeno reino colaborará quando a herdeira assumir seu posto" –Riley citou o Livro da Rainha, sorridente. Thaila acenou com a cabeça, orgulhosa. –Tive que fazer uma interferência na história.
-Esse é o melhor dia da minha vida –Tâmara riu.
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