XXXVIII -Riley
GENTE eu fui postando os capítulos e nem me toquei que esse é o PENÚLTIMO CAPÍTULO DO LIVRO 4! SIM, ESSE E MAIS UM, E ESSE LIVRO A-CA-BA. Eu quero agradecer desde já por você que acompanhou e ainda vai acompanhar o fim da série (que será o próximo livro). MUUUUITO Obrigada mesmo! Aproveitem o capítulo, e nos vemos semana que vem para o fim de Castelo de Cristal (:
A clareira favorita de Alícia relamente era um ótimo lugar para ficar em paz. Era sempre melhor estar lá com amigos. Contudo, dividir o espaço com outros alunos mais velhos sentia como uma invasão de privacidade. Chris e Lilian estavam animadas para a primeira aula avançada de artes da terra enquanto Riley queria entender o porquê de ter que fazer isso com os alunos do quinto ano. A presença da professora baixinha Bennu Wills também o incomodava.
-Ei, sorria! –Lilian falou, terminando de prender seus longos cabelos ruivo claros num rabo de cavalo. –A primavera não deixa tudo mais belo?
É claro que as flores estavam mais brilhantes, os frutos eram maiores e as árvores tinham mais vida. Mas tudo isso era apenas um belo cenário para o verdadeiro show, ao ver de Riley. Todas as cores da estação combinavam com a pele de Lilian e seus cabelos chamavam mais atenção do que o delicioso sol de abril. Riley sorriu para ela e abraçou seus ombros, dando um beijo em sua testa sem que Bennu percebesse e separasse os dois.
A positividade da menina era incontrolável e infectava a todos ao seu redor. Nada conseguia tirar o espírito animado de Lilian Alberton, nem mesmo todas as preocupações que ela carregava atrás dos olhos castanho claros. Ela não tinha notícias da mãe há seis semanas. Vitória estava ocupada demais reinando a província da terra sem sua princesa. Dave havia perdido alguns dias de aula para ajudar a rainha a lidar com sua irmã e contra toda a situação para os gêmeos. Tâmara havia assassinado o ex governante do reino livre dos elfos, e agora Thaila mantinha-a presa no Castelo de Vidro para decidir como cuidar dessa situação. Enquanto ela estava lá, Ana Vitória Alberton era a voz que falava mais alto na província da terra. De acordo com Dave, Tâmara havia violado algumas cláusulas do documeto de paz que reconhecia os elfos como um reino.
-Além de ter cometido um assassinato a sangue frio –ele completara. –Átila estava desarmado, incapacitado e não ameaçara a ninguém naquela sala. Ela mesma admitiu. Ágata, a rainha antes de Thaís, teria arrancado a cabeça dela com uma faca enferrujada. Thaís teria exilado ela, ou apenas tirado sua coroa.
-E o que fará nossa rainha? –Lilian perguntara, preocupada.
-Thaila perdoará sua irmã se ninguém colocar juízo na cabeça roxa dela –Dave dissera com um sorriso no rosto. –Mas ela vai ficar bem, sem ferrugem no pescoço e com sua coroa nos cabelos.
Lilian dera-se por satisfeita, e Riley copiara sua atitude. O horário dessa aula condizia com o a aula de legados de Alícia, Dave e as crianças polaristas. Dave estava sentado com as costas apoiadas em uma árvore e uma maçã equilibrada em sua cabeça. Seu professor estava ao seu lado, lendo alguma passagem de um livro teórico e Alícia estava concentrando-se para atirar suas facas contra a fruta na cabeça dele. Algumas semanas atrás, essa cena resultaria em sangue, mas os dois haviam voltado a se falar e segredar há alguns dias. Eles jantavam juntos na casinha azul e saíam da escola com o relógio de Reginald depois do toque de recolher. Alícia prometia que explicaria tudo para Riley "assim que pudesse", em suas próprias palavras, e garantia que não estava em perigo. Ele não conseguia pensar em outra coisa a não ser Isabelle, e tentava ouvi-la em seu sono no prédio vermelho para confirmar suas suspeitas. As meninas não aprovavam tê-lo à porta de seu quarto tarde da noite, mas o menino sempre dava aguma desculpa se ainda não estivesse satisfeito com a serenidade do sono das garotas do vermelho.
-Quem vai tentar primeiro? –Bennu perguntou, chamando a atenção de Riley no exato momento em que Alícia atirou sua primeira faca sem precisar levantar as mãos. A maçã foi perfurada e ficou grudada ao tronco da árvore com a faca afiada. Sua irmã a trouxe de volta para si e deu uma mordida satisfeita na fruta. Dave nem mesmo piscou durante toda a ação. –Alguém do quinto ano vai se voluntariar, eu espero.
-Certo, eu tento –um menino levantou a mão e aroximou-se da professora. Riley não lembrava-se bem do nome dos estudantes do quinto ano. Ele era muito mais chegado aos mais novos ao às turmas de suas irmãs que já haviam se formado. O quinto ano para ele era uma turma esquecida. –Se alguém rir de mim serei obrigado a cometer um delito.
-Ninguém vai rir de ninguém aqui –Bennu falou, sinalizando para que os alunos afastassem-se do menino. –Lembre-se, criança: concentração. Isso não é fácil, então não fiquem chateados. Com o treinamento certo, tenho certeza de que, até ao fim do ano letivo, teremos 100% de sucesso!
Riley já estava nervoso. Seu maior objetivo como legado de Tâmara era conjurar uma fera desde o ataque de tigres zumbis no primeiro ano. A professora Bennu sabia o quanto o menino era fascinado pela habilidade de imaginar e invocar animais. Rúfius, o cão fera de estimação do diretor DiPrtata, era sua maior inspiração. O homem havia domado e adotado um cão gigante feito com a partir de pedaços de outros animais e muita imaginação para treina-lo como protetor da escola. Riley não via a hora de poder fazer o mesmo. Talvez pudesse treinar uma mistura de dragão, leão e urso para acompanhar Alícia em seus segredos e mante-la segura.
As aulas avançadas de Artes da Terra até o momento haviam sido apenas teoria. Do mesmo jeito que precisavam concentrar-se para chamar animais vivos até eles, invocar feras exigia uma concentração e dedicação acima do que os alunos estavam acostumados.
-Não desistam! –Bennu sempre dizia. –Continuem a pensar quais animais formarão sua fera, sintam as histórias de tudo o que já pisou nessa terra e moldem-a a seu favor. Leva tempo –sempre acrescentava. –Não se pode cria uma fera em cinco minutos. E o mais importante:
-Não esqueça de nomea-la –Riley concluiu o próprio pensamento em voz alta, incentivando o colega. –Se você nomeia algo, ele já é cinquenta por cento seu.
O menino do quinto ano chacoalhou a cabeça em agradecimento e respirou fundo. Ajoelhou-se e espalmou as mçaos na grama fresca, tomando mais ar para a execução de sua tarefa. Todos caíram em silêncio imediatamente. Os únicos sons eram as facas de Alícia cortando a ar e as páginas velozes do professor de Dave. Em certo ponto, o menino ao chão prendeu a respiração para melhor concentrar-se, arrancando algumas risadas abafadas dos colegas e um franzir de sobrancelhas de Bennu. O menino suspirou e lamentou-se, balançando a cabeça em negativa e levantando-se.
-Não consigo concentrar-me –ele falou.
-Ora, mas não passaram-se nem dois minutos! Por que não tentamos todos de uma vez? –Bennu sugeriu, abrindo os braços e sorrindo. A velha baixinha estava sempre de bom humor nas aulas ao ar livre. Especialmente na primavera. –Espalhem-se e não desistam!
Riley, Lialian e Chris desejaram boa sorte entre si e afastaram-se uns dos outros. O carioca já hvia tentado aquilo algumas dezenas de vezes, no mínimo. As duas primeiras haviam sido entre o primeiro e o segundo ano naquela escola. O menino mal sabia o que precisava fazer, mas ao menos havia tentado. Havia pesquisado sobre o assunto nos livros da biblioteca e entado novamente no começo daquele ano letivo. Da última vez que tentara, após assistir à seis aulas especiais de Bennu, Riley havia conseguido.
Estava acompanhado de Lilian e seu sorriso maravilhoso naquela tarde de março. Ele havia acabado de ler o último capítulo de um livro teórico no assunto e Lilian tinha certeza de que, se ele tentasse, conseguiria. A menina sempre dizia isso para Riley, em qualquer situação, e o menino acreditava cada vez mais que era verdade. Ela deu-lhe um beijo de incentivo e sentou-se há alguns metros dele. Riley respirou fundo e tentou lembrar-se de tudo o que havia lido. Ser tão técnico havia sido sua maior falha.
Riley lembrou-se de pensar bem no que queria, mas esqueceu-se de sentir. Lembrou-se de concentrar-se nas partes dos animais de Tâmara que caminhavam por aquela área, mas esqueceu-se de suas essências. As patas de leão estavam ali, assim como as asas de borboleta e as mandíbulas de crocodilo. Mas aquilo foi tudo o que Riley chamou. Ele esqueceu-se das proporções dos animais, de como se alimentavam, a que famílias eles pertenciam. O resultado de seus esforços não foi nada impressionante.
O chão abriu-se onde suas mãos o tocavam e tremeu com o nascimento de sua nova aberração. O bicho tinha patas desproporcionais e peludas, o corpo de um jacaré velho e asas do tamanho natural de uma borboleta. Lilian levantou-se, fascinada, e Riley encarou sua primeira fera com um pouco de confusão. Não tinha mais do que um metro de comprimento e parecia não aguentar o próprio peso sobre as patas peludas. Riley mal teve tempo de pensar em como controlaria aquilo pois a terra voltou a engoli-lo imediatamente. Ele caiu de costas no chão, esgotado e desiludido. Lilian saltitou para perto dele e deitou-se ao seu lado, enchendo-o de beijos animados.
-Você conseguiu! –ela comemorou
-Não, não consegui –Riley disse, limpando o suor de sua testa. –Se aquilo não tivesse voltado para a terra, não teria sobrevivido nem dois minutos sob minhas ordens. Tinha o tamanho errado e uma estrutura desproporcional.
-Riley, não diga isso! Você tem dezesseis anos e está no quarto ano dessa escola. Valorize esta conquista –ela sorriu, roubando mais uma vez toda a beleza da primavera. –Você pensa demais.
O menino havia contado para a professora e Bennu ficara impressionada. Elogiara-o durante cinco minutos e recomendara algumas leituras extras para ele. Ela o encarava com um sorriso de incentivo quando permitiu que todos iniciassem a tarefa. Os alunos respiraram fundo, espalmaram as mãos na grama e concentraram-se. Todos sentiam-se do mesmo jeito: na superfície, sabiam que não conseguiriam; mas no fundo havia esperança, uma agitação, uma ansiedade. Então por que não transforar essa esperança no sentimento principal? Riley perguntou-se. Eu não preciso fazer isso. Eu quero faze-lo.
Ele queria mesmo que as patas de leão pudessem suportar o corpo pesado do jacaré, e que as asas de borboleta pudessem fazer seu animal voar. Por mais frustrante que fosse não receber repostas quando pedia pelas partes de sua fera, Riley não desistira. Ele acreditava que desta vez as patas do leão seriam grandes e fortes. A mandíbula do jacaré seria amedrontadora. E as asas da borboleta deixariam o design tão bizarro quanto completo.
Haviam osso por toda a parte. O chão da província da terra era um cemitério rico em materiais para a tarefa de Riley. As asas do inseto foram o mais fácil de encontrar. Molda-las em sua mente e imagina-las prontas para suportarem o peso de sua fera fora muito simples. Jacarés já haviam pisado por ali, nadado nas águas daquele lago agora domado. Seus corpos jaziam há muitas camadas de terra abixo de Riley Wies. Ele não conseguira encontrar nenhum leão que já tivesse aventurado-se por ali. Talvez estivessem muito bem enterrados. Mas ele conseguia imaginar a estutura de suas patas. Os ossos, os músculos, a pele e os pelos. A junção de todos esses elementos era o resultado que ele esperava quando a terra tremeu sob suas mãos. Quando abriu os olhos percebeu como estava cansado e suando. Ao seu redor estavam apenas Lilian, Alícia, Dave e a professora. Ele ajustou-se em seus joelhos e observou o chão abrindo-se ara sua criação.
As proporções estavam muito melhores do que na primeira vez. O corpo extendia-se por cinco metros de escamas verde-escuras e brilhantes. A mandíbula estava bastante torta, mas os dentes estavam todos lá, afiados e mortíferos. As patas atrofiadas impressionaram o criador. Pareciam muito com as de um leão verdadeiro, porém maiores e mais fortes. As asas negras e amareladas de borboleta que ele escolhera tinham quase seis metros de envergadura. Pareciam poderosas e delicadas. Ele sorriu.
-De-lhe um nome! –Bennu disse, acordando-o de seu sonho.
-Nomei-o... Dencion! –Riley gritou, falhando ao tenar coloca-se de pé. –Quero ver-te voando.
A criatura rugiu como um leão e agitou as folhas das árvores ao redor da clareira. Sua boca não fechava-se bem, deixando-o com um ar estúpido ao invés de ameaçador. As asas negras começaram a agitar-se e balançar os cabelos dos presentes. A delicadeza do inseto só conseguiu levanta-lo a um metro do chão, mas foi o suficente para Riley sorrir. Bennu e Lilian amarraram a fera com cipós e ramos e Riley ordenou que ele ficasse quieto e comportado. O chão fechou-se novamente e sua fera rugiu em proteso às amarras.
-Impressionante, Riley Weis –Bennu falou. –Incrívelmente imprssionante. Vamos deixa-lo aqui por enquanto, como exemplo.
-Onde estão os outros? –Riley perguntou, levantando-se e apoiando-se em Lilian, que tinha corrido para parabeniza-lo. Alícia e Dave tinham sorrisos enormes em seus rostos e observavam Dencion com fascínio.
-Foram para as outras aulas –Lilian respondeu, sorrindo para ele. –Você ficou ali por mais de duas horas, Riley.
-Duas horas? –ele virou-se para a irmã, que confirmou com um aceno de cabeça.
-E mais alguns minutos –Bennu falou, olhando para o menino com uma expressão inesperada. Não estava feliz, impressionada ou orgulhosa; estava com pena. –Meus parabéns, Riley Weis.
Ela virou o rosto e caminhou para longe. Riley podia jurar que vira uma lágrima nos olhos da professora. Alícia e Dave também haviam percebido, e trocaram olhares bastante sérios. Dencion rugiu mais algumas vezes antes do menino acordar de seus pensamentos. Ele abraçou as meninas e Dave cumprimentou-o pelo belo trabalho.
-Fique quieto, Dencion –ele falou. –Voltamos mais tarde. Feras devem alimentar-se?
-Não é você o senhor da informação e dos livros empoeirados? –Dave zombou, colocando a espada de seu pai no bolso das calças jeans.
-Seu irmão já voltou? –Lilian perguntou para Dave, cortando o olhar divertido que o menino dirigia a Riley. –Podemos pedir que ele fale com a cozinheira para termos alguma coisa especial para comemorar Dencion.
-Não –ele respondeu, mudano sua expressão para irritação. –Rick ainda está no Castelo de Cristal. Vamos para a casinha azul. Acho que não deveríamos comemorar nada.
-E por que não? –Lilian parecia ofendida.
-Meu irmão é muito bom em tudo isso –Alícia falou sem um sorriso no rosoto. –Gary vai escolhe-lo quando estiver recrutando novos legados para o exército de Tâmara.
Eles não demoraram para explicar que as "Escolas Preparatórias" expalhadas pelo reino treinavam e selecionavam potenciais soldados para uma possível guerra. Riley, porém, demorou muito mais do que isso para processar toda a informação. Sentiu-se traído por todos os golpes que Lorena ensinara a ele. Sentiu-se enganados pelas palavras de incentivo de Bennu. Queria ter coragem de acertar um soco em Gary DiPrata. Ele respirou fundo e encarou Dencion para não ter que olhar os outros nos olhos.
-Isso está no livro –ele falou, apertando o abraço que dava em Lilian. –A criação das primeiras escolas preparatórias e a morte de muitos que foram treinados e lutaram. Eu não tinha ligado uma informção a outra até agora. Lilian, você tem que falhar essa aula.
-Como é? –A menina soltou-se do abraço, afastando-se um pouco de Riley. Dencion rugiu junto da indignação dela e Riley mandou que ele ficasse quieto. –Então não vamos parar isso? Avisar os outros, as outras escolas...
-Está no livro, Lily. São as condições da rainha para a concretização da profecia. O máximo que posso fazer é ter certeza de você ficará segura.
-Mas e vocês? –Lilian perguntou, olhando para todos os amigos com algumas lágrimas formando-se em seus olhos alegres.
-Já trabalhamos para as princesas –Dave respondeu, ajeitando seu relógio e sua pulseira de couro no pulso. –Estamos todos à frente da linha de frente do exército real.
-Falhe a aula, Lilian –Alícia concordou com o irmão, lançando-o um olhar rápido que dizia muita coisa. "Disse que não estava em perigo" ela falou com os olhos. "Já era tarde demais."
-Vamos deixar todos serem arrastados para a guerra assim? Podemos protege-los e não vamos fazer nada?
–Pequenos sacrifícios podem ganhar uma guerra –Dave falou, encarando os próprios pés.
-Pequenos? –Lilian perguntou, horrorizada. –A proximidade da guerra distorce o sentido dessa palavra, Dave. Primeiro, pequenos sacrifícios eram aceitar a ajuda de uma menina com sangue amigo em suas mãos. Agora são vidas inocentes e despreparadas.
Riley sorriu.
-Falhe a aula e fique bem –ele falou. –Estamos finalmente recolhendo as migalhas de pão que formam esse caminho da rainha ha uma velocidade respeitável. Se tudo der certo, talvez nem precisem lutar.
-O que quer dizer? –Alícia falou, franzindo o cenho e aproximando-se do irmão.
Dencion deitou-se na grama fresca de primavera e desistiu de soltar-se ou esperar por ordens de Riley. Uma nuvem saiu da frente do sol e deixou-o brilhar no topo das árvores e das cabeças de seus amigos.
-Está no livro –ele respondeu, ainda sorrindo. –Está tudo no livro.
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