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X -Alícia

-Acho que vou vomitar -Alícia contorceu-se e virou o rosto para longe dos dois meninos. Fechou os olhos para afastar a tontura com mais rapidez e respirou o ar frio da praia com calma. Contou até dez e voltou a sentar-se direito na canga estendida na areia. –Não adianta tentarmos ler isso sem um dicionário. Vamos acabar passando mal.

-Eu avisei –Riley fechou o livro com a cobra cheia de penas na capa e mexeu os ombros. –Dafne quer que eu faça logo, que eu leia, que eu entenda, mas ninguém me ajuda. Ninguém! Como vou conseguir alguma coisa se ninguém sabe o que essas palavras significam?

Fantando uma semana para a volta às aulas, os três amigos sentaram-se na praia para tentar ler o livro da rainha que Riley ganhara do Mago Roxo. Aquele velho careca que se diz sábio podia ter avisado que a leitura era impossível. As palavras estavam em uma língua desconhecida e dançavam na página quando tentava-se lê-las. As letras se mexiam, desapareciam e voltavam a aparecer em lugares aleatórios na página, deixando o leitor tonto e com dores de cabeça. Dave estava tentando entender as palavras, escrevendo-as na areia e vendo se conseguia algum sentido delas. Alícia já queria dormir depois de cinco minutos olhando para aquelas páginas.

-Parece tão aleatório –Dave comentou, passando a mão pelas letras invisíveis gravadas suavemente na capa. Ele ficava arrumando o relógio e a pulseira de couro em seu pulso a cada cinco segundos. Alícia queria pular em seu pulso e apertar as fivelas e faze-los parar, mas ela não sentia-se muito a vontade em mexer nos objetos. Fora culpa dela que Dneva, a irmã malvada de Marineva, roubara o relógio invisibilizador. Embora também fosse por ela que ele o recuperara. Ainda assim, sentia-se como se não fosse digna nem de olhar para os objetos que um dia pertenceram a Reginald Fellows. –É como se alguém tivesse feito um tabuleiro cheio de letras, rodado um dado e inventado palavras.

-Ujeb –Riley falou ao notar que o amigo queria entender o que as letras invisíveis liam.

Dave estremeceu e soltou o livro na areia.

-Não fale essa palavra, por favor –ele acariciou a marca em seu braço para acalma-la. Riley franziu o cenho para o amigo, confuso.

-É a palavra de proteção entre ele e Thaila –Alícia lembrava-se do dia em que ele ganhara aquela marca. Os três tinham acabado de serem resgatados por Ellie, a elfa dos olhos coloridos e ido até o castelo na árvore do príncipe elfo. –Significa vida. Tâmara quem falou.

-O livro da rainha, o livro da vida... Isso não ajuda. Temos que saber o que fazer com ele, eu nem sei do que se trata. –Dave continuou a passar os dedos pela capa, com mais cuidado. Riley revirou os olhos. –L.T.B. Não tem mais nada escrito aí.

-L.T.B.? Como Leila Thaís Bermonth? –Dave perguntou, fascinado.

-Leila? –Riley tomou o livro dele, confuso. –É, Dafne mencionou uma tal Leila alguma vez... Mas quem é Leila?

-Oras, a rainha. Ou melhor, a antiga rainha –Dave explicou. –Há uma lápide no Castelo de Vidro, é lá onde ela e Éres foram enterrados dentro de caixões prata. Lê-se Leila Thaís Bermonth. Éres deve ter mencionado qe ela gostava mais do nome Thaís, ou algo do tipo.

-Por que diabos eu não sabia que ela tinha um primero nome? –Riley perguntou, ofendido. Era como se todos os livros que tivesse lido o tivessem traído naquele exatao momento. O conhecimento não era suficiente. A verdade fora omitida. Riley Weis não sabia de tudo.

-Todos os príncipes têm dois nomes, eu acho –Dave deu de ombros. –Edgar Edmund, Thaila Jade, Tabata Jane...

-Que seja. Então... Ela escreveu esse livro, ok. Como isso nos ajuda?

-Ajuda muito, Riley –Alícia disse. –O que quer que isso signifique, é muito importante para a rainha.

-Ela sabia de tudo –Dave falou, com o olhar vidrado na areia. –Esse livro pode conter tudo o que ela viu, talvez até nos dizer o que fazer com Tabata! Temos que lê-lo o urgentemente. Vou falar com Thaila e ver se ela entende algo sobre isso.

Ele ainda estava paranóico. Olhava para todos os lados a todo o momneto, esperando encontrar uma mulher idêntica a Thaila de vestes negras pronta para esquarteja-lo. Alícia dizia para ele que isso era loucura, e que o território dela era Érestha. A guerra era no reino, não se estenderia nas terras dos continentes. Ela queria muito poder acreditar nas próprias palavras. Lorena, Rômulo e sua filha Mariana também estavam ali na praia, chutando uma bola de futebol velha pela areia. Era principalmente para eles que Dave olhava. Alícia tinha certeza de que todos desejavam o melhor para eles, e a mínima possibilidade de Tabata estar por ali era aterrorizante.

-Não faz sentido –Riely quebrou o silêncio. –Ujeb e uma Quetzalcoatl na capa... –ele percebeu que nenhum dos dois tinha entendido o que ele queria dizer e continuou, revirando os olhos em frustração. Como se Alícia soubesse tudo sobre criaturas. –A cobra com penas, é um símbolo de morte, como um deus dos mortos. O livro da vida, um símbolo da morte. Fica cada vez mais confuso.

-Precisamos ler. Dave, você fala com Thaila, Riley continue a pesquisar com seus livros e essas coisas, e eu... Quem mais poderia ajudar?

-Meu pai –Dave falou, ainda encarando a areia. Os gêmeos se entreolharam, mas não falaram nada. Ele pegou um pedaço de papel do bolso e desdobrou-o. Dave remexeu os lábios, incomodado, e encarou os amigos. –Ele era como a rainha, clarividente. Não tão bom quanto ela, mas sei que ela mostrou tudo para ele. "Lembre-se, filho: sirva sempre a rainha, acima de todos os outros." –ele leu a frase da carta de seu pai. –Ele saberia por que esse livro é importante. Talvez Thaila saiba de alguma coisa, ele... Deve ter contado paa ela, não deve?

-Talvez, mas... –Alícia teve que escolher as palavras e o tom de voz com muita calma. –Isso não nos ajuda muito...

Mariana chutou a bola e Lorena afastou as pernas para a filha ter o prazer de comemorar um gol. Os pais a girarm pelo ar em comemoração e encheram-na de beijos. A bola rolou até o grupo de três sentados em cangas e Lorena foi atrás dela. Ajoelhou-se próxima ao primo e pegou o livro da mão dele, curiosa. Riley explicou rapidamente sobre o que se tratava e ela desistiu de ler depois de confirmar que as palavras dançavam no papel para deixarem-na tonta. Dave perguntou se Reginald dissera algo sobre esse livro para Lorena, e ela negou. O menino parecia bastante frustrado com a possibilidade do pai não saber nada sbre aquilo. Mariana correu, desajeitada com asmaria-chiquinhas pulando em sua cabeça, até a mãe, e chutou o ar, exclamando "futebol!" animada, com a voz de criança mais adorável do mundo. Arrancou sorrisos de todos.

-Dav, Dav, Dav! –a criança chacoalhou o braço do menino, tentando chama-lo para uma partida.

Ao invés de levantar-se para jogar com ela, Dave puxou o braço para longe, fazendo-a tropeçar e cair na areia. Ela não chorou, mas ficou assustada e andou alguns passos para trás. Lorena estava pronta para confronta-lo quando notou a marca de cobra em seu braço brilhando. Parecia que seus músculos estavam dando cambalhotas e as veias enchendo-se para estourar. Os gêmeos levantaram-se de imediato, desesperados. Dave levantou os olhos para a praia e Riley apontou a direção da passagem que sempre usavam para chegar em Tâmara. O menino correu, e os dois foram atrás dele. Rômulo pegou a filha no colo e seguiu Lorena, que também estava indo atrás do primo.

-O que aconteceu? –ele perguntou, ajeitando a menina assustada no colo.

-Há algo de errado com a rainha –Alícia respondeu. –Ela não está segura.


VOCÊS NÃO ESTÃO PREPARADOS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO, MEUS AMIGOS. SIMPLESMENTE NÃO ESTÃO!!!!

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