T4:C4 - Investida
Sons naturais emanam por cada centímetro da floresta. Eram mais nítidos lá em cima da casa na árvore, escondida entre as folhas volumosas dos carvalhos. O guarda, acomodado na cadeira de balanço e com as pernas apoiadas no parapeito de madeira, fuma um charuto. Seu rifle a longa distância está escorado na parede da casa.
Os arbustos do outro lado da estrada deserta remexem, fazendo o sujeito na vigia levantar. Grande erro. Um tiro silenciado perfura sua cabeça instantâneamente, derrubando-o dali de cima.
Dos arbustos agitados saem Cristina - responsável pelo disparo -, Carly, Nelson e Thomas. A loira esbelta põe a bandoleira da arma no ombro e examina o abatido próximo a estrada, enquanto que Nelson e Thomas fazem uma varredura no perímetro. Ela olha para a amiga de cabelo curto e passa a mão na garganta. Carly assente, puxa a caderneta do bolso e risca "Torre Norte".
* * *
O homem atarracado e careca tem sua devida atenção no cubo mágico, movendo cada peça conforme anda pelo corredor da advocacia de parede amarela. Ele chega a recepção composta por três sofás quase fechando um quadrado, a parede com a logo azul JMM desgastada e o longo painel de vidro que dá visibilidade ao estacionamento, para que então deposite o brinquedo sobre o balcão e bufe impaciente.
– Wellman! - grita.
– Que que foi? - a voz distante indaga.
– Já era pra estar lá em cima, babaca. É seu horário de vigia.
– Já tô indo, droga. - chega a recepção esbanjando sua jaqueta preta e a careca tatuada com um escorpião, o nariz tem um piercing de vaca. – Parece até minha mãe. - ajeita a sniper no ombro.
– Nossos postos têm sido alvos, não lembra? - diz enquanto Well caminha para a porta das escadas. – Então é melhor...
A frase é interrompida pela coronhada forte que apaga o sujeito. Wellman desconfia do silêncio repentino e volta correndo para a recepção , tendo a surpresa de um fuzil mirado em sua direção.
– Nem pense. - murmura Gale, ao lado do do debruçado no balcão.
Marian, Axel, Neiva e Samora aparecem depois, todos respectivamente armados e prontos caso o alvo reaja. Wellman engole em seco e joga a sniper no chão.
– Bom garoto.
Marian vai até o mesmo e apanha a arma do chão.
– Tem mais alguém aqui? - indaga ela.
– No estacionamento e no segundo andar. - responde ligeiro.
– Ótimo. - ela assente para o grupo.
Axel, Neiva e Samora deixam a recepção, dividindo-se nos corredores.
* * *
– Ok garotas, se apressem. - adianta Gormax, batendo palmas.
Dois caminhões pequenos estão próximos a saída dos navios cargueiros, prontos para pegar a estrada. Clark abre o portão para fora e dirige-se ao caminhão em seguida.
Um emaranhado de Golders se acomodam na traseira de um jipe. Gormax chega em Derick, que deposita uma caixa no reboque.
– Cuide das coisas por aqui, D.
– Podexá. Eu vou.
– Sei que sim. - estapeia seu ombro. – Hora de irmos! - avisa.
Gormax entra no banco carona do caminhão, fecha a porta e dá três batidas na mesma. A primeira lataria parte. O restante do comboio segue totalmente alheios aos espiões no alto das colinas que cercam o mar.
Janet e Stewart observam o comboio se afastar através do binóculos, deitados de barriga no chão e escondidos num monte de arbustos.
– Estão saindo. - avisa Janet.
– Entendido.
Mais uns quarenta metros dali, escondidos entre as árvores, Caroline e Newt assistem o comboio passar em alta velocidade estremecendo o asfalto e voando cascalho no caminho.
– Quinze num jipe. - alerta Caroline no walkie-talkie. – E... - olha para Newt a sua frente. – Dois em cada caminhão.
* * *
– Copiado. Câmbio, desligo. - Léo solta o botão e olha para o restante do grupo na entrada da comunidade: Phillip, Duane, Yuki, Mitt e Kátia. Guarda o comunicador no cinto e assente com convicção.
Phillip compreende num aceno de cabeça, vira-se para o portão aberto e encara o enorme campo verde por alguns segundos, até que puxa seu próprio walkie-talkie e começa a falar em um canal diferente:
– Rulek, como está a ponte?
– Tá meio demorado. Vamos conseguir se não vier nenhum outro mordedor pra atrapalhar.
– Sem pressa. Câmbio, desligo. - afasta o comunicador da boca, sente o toque em seu ombro e olha para o responsável: Mitt.
– Vamos conseguir.
– Eu sei. - vira-se para o restante. – Se preparem. Não esqueçam do plano!
* * *
Sobre o trailer Full House uma loira de touca analisa o perímetro da rua Dawner 85. Carros aos montes espalhados na rua, lojas de conveniência destruídas, corpos e lixo no asfalto, folhas de jornais voando na ventania e somente um zumbi cambaleando entre um ônibus queimado e um táxi capotado.
Ela morde a maçã enquanto encara o andarilho distante, puxa o walkie-talkie e aproxima os lábios carnudos do bocal.
– Jeff...
CLICK.
Parou ao sentir a ponta da pistola em sua nuca, a espinha arrepia.
– Pode falar, Rose. - soa a voz.
A loira olha de canto para quem a rende. Carly abre um sorriso amigável e o desfaz na hora, indicando para o rádio em suas mãos.
– Rose?
– Não é nada. - diz calmamente. Vê Han sair de trás do ônibus e enfiar a faca na nuca do andarilho.
– Me dê isto. - ordena Carly, força o cano da G18 em sua nuca.
Rose obedece, apertando o botão três vezes antes de entregar o rádio a moça.
Dentro do corpo de bombeiros, um homem uniformizado sai do banheiro - a descarga é escutada antes de fechar a porta - e quando se vira para o corredor dá de cara com o cano duplo da espingarda. O alvo fica contra a parede e fixa-se em Erich atrás da arma.
– Andando. - rosna, aponta a direita.
O refém é guiado para a garagem imensa do corpo de bombeiros, onde um dos caminhões de socorro se encontra estacionado no canto da parede. O feixe de luz enorme adentra pelas clarabóias no teto, destacando os sete reféns ajoelhados e amarrados. A frente deles estão Cristina, Nelson, Jack, Han, Thomas e Carly.
O último deles é amarrado por Jack, que o deixa junto com os demais em seguida.
– Não fazem ideia do problema que estão se metendo. - diz Rose.
– Não tem mordaças? - Erich pergunta ao seu pessoal.
– Ela tá certa. - concorda Ross, um velho calvo, no fundo. – Vão se arrepender disso. Nós vimos vocês se ajoelharem e vão fazer de novo.
Jack ignora o comentário e vira-se para seu pessoal:
– Thomas, Nelson, montem guarda lá fora. Erich, Carly, vigiem os fundos.
Os chamados se dispersam em cada canto, sendo foco dos olhares fumegantes dos prisioneiros.
Thomas e Nelson seguem pelos corredores limpos da instalação. Seus passos firmes ecoam e espalham a poeira dos fachos que invadem as sequências de janelas a esquerda. Thomas breca abruptamente, parando a caminhada de Nelson com o braço.
– O que foi? - Nelson franze a testa.
– Olha. - aponta para a janela.
Um jipe reforçado a uma placa de metal no capô - parecendo um aríete - vem desgovernado na direção da estrutura.
– ABAIXA! - Thomas berra, indo ao chão.
Foi sincronia para as saraivadas de tiros atingirem todas as janelas. Estilhaços caem sobre os dois numa barulheira infernal.
Dentro da garagem, tudo acontece muito rápido. Num piscar de olhos, o jipe reforçado arromba o portão. Os três passageiros chegam atirando contra Jack, que logo procura cobertura atrás de uma monte de tonéis empilhadas.
Cristina e Han vão para trás do caminhão de bombeiros sob os tiros errôneos dos recém chegados.
Os sete reféns correm agachados em direção ao veículo. Os três atiradores saem do mesmo para terminar o serviço.
Os tonéis de diferentes cores jorram água pelos buracos de bala. Assim, Jack usa sua faca para partir a corda que sustenta a pilha. Os tonéis caem um atrás do outro, rolando na direção dos fugitivos. Três deles são pegos pelos desfiladeiro de cargas e vão ao chão. Quatro deles conseguem entrar no jipe enquanto a onda de tiros permanece.
Jack atinge um refém e um atirador, mas acaba indo ao chão pelo tiro em sua perna.
– Perdeu, babaca. - berra um atirador musculoso.
Um tiro vem de surpresa no sujeito, arrancando seu maxilar e fazendo gotas tingirem o piso da garagem. Tiro dado por Thomas, que entra na estabelecimento fuzilando o jipe fortificado. O veículo sai em marcha ré quando os reféns se acomodam.
Num giro de 180°, o carro toma controle e sai cantando pneu sob os fuzilamentos de Han, Cristina e Thomas. Os tiros param quando o jipe some de vista.
Nelson socorre Jack abatido atrás dos tonéis.
– Foi grave? - se ajoelha.
– Eu tô bem. - Jack afirma. – Não deixem que fujam.
Cristina assentiu do portão.
– Han, vambora.
No corredor dos fundos, no caminho para a saída, os disparos são abafados, mas o suficiente para fazer Erich e Carly se olharem rapidamente.
A porta dos fundos escancara de uma vez, quase cegando-os com luz forte e repentina do dia. Eles se jogam para corredores opostos antes da chuva de balas começar.
Erich e Carly trocam olhares no meio do tiroteio, vendo o monte de cápsulas passarem num rajante entre eles. Ela mostra uma granada, puxa o pino com a boca e arremessa no corredor.
– GRANADA!
BOOM!
A estrutura estremece, poeira chove sobre eles, as paredes revelam o cimento e o labirinto de canos esguichando água, a saída banhada em miolos, cerebelo e tecidos grudados no chão e teto branco.
A dupla sai da cobertura e iniciam os disparos contra os sobreviventes arremessados para fora. Carly atinge uma moça que teve a perna partida bem na cabeça, depois abate outro com as tripas para fora. Erich toma a frente, estoura a cabeça de um zumbi que vinha em direção ao campo de guerra e assim que sai, toma cobertura atrás do sedan abandonado a direita quando outra leva de Golders aparece.
Carly permanece lá dentro, escondida atrás da parede despedaçada e investindo em disparos sem um alvo específico.
Haviam cinco capangas ali fora tomando cobertura na caminhonete. Dois deles atiram contra o sedan em que o besteiro se esconde, fazendo um estrondo metálico incessante.
De repente, os tiros cessam e o derrapar de pneus substituem-os. Erich olha para o para-brisa externo e vê o jipe fortificado passar pela caminhonete e ganhar a atenção dos atiradores que ficaram. A dupla aproveita da situação e contra ataca, fuzilando os distraídos.
Carly descarrega o pente da automática de uma vez só, perfurando os corpos que fazem uma espécie de dança rítmica a cada buraco no corpo. Erich usa seu último cartucho para estourar os joelhos de uma morena de cabelo curto.
Juntos eles saem de seus esconderijos, caminham lado a lado. Eles param e examinam seu feito.
– EI!
Eles miram para a direita onde Han breca.
– SOU EU! NÃO PODEMOS DEIXAR QUE FUJAM! - Han corre até a caminhonete.
– Falou e disse. - Erich joga a espingarda para dentro da lataria.
Eles adentram a caminhonete as pressas. Carly assume o volante, Erich fica no carona, enquanto Han e Cristina se firmam na caçamba. A lataria parte soltando fumaça do escapamento.
(...)
O jipe conta com três dos reféns já libertos das amarras. Rose dá uma olhadela no piloto de bigode, Marrone, focado a estrada e apanha o comunicador no guarda copo.
– Gormax, na escuta? - ouve a estática. – Gormax?
– Talvez estejamos fora de alcance. - Ross diz no banco de trás.
– Não estamos não. Algo aconteceu.
– Ele disse que iria até a escola. - diz Marrone, olha para o retrovisor. – Merda.
– O quê? - Rose olha para trás.
A caminhonete aparece no espelho, crescendo aos poucos conforme se aproxima.
– SE ARMEM!
Pela janela, Erich passa sua espingarda cano duplo para Han. O asiático puxa a talha da arma e mira no pneu dianteiro direito. O cartucho percorre o trajeto em questão de segundos, estourando a borracha.
Han recarrega.
Cristina começa a fuzilar o utilitário com sua AK, estilhaçando o vidro traseiro e abatendo dois na cabeça. O velho Ross fica com leves ferimentos dos vidros em sua nuca.
– FILHOS DA PUTA! - Rose destrava a MP5 e põe o tronco para fora da janela.
A semi automática dá tiros desgovernados no para-choque. A dupla na caçamba se abaixa em busca de cobertura e Erich também, no painel. Carly investe num ziguezague, mas de nada adianta e a fumaça sobe do capô.
– CHEGA MAIS PERTO! - berra Han, agachado.
– TÁ BRINCANDO NÉ? - Carly mantém a cabeça baixa.
– VAI LOGO! - bate na lataria.
Carly pisa fundo.
A caminhonete se aproxima da traseira do jipe. Han sobe a lataria do painel e salta sobre o utilitário fortificado. A sequência de ação do asiático é um vislumbre nos olhos de Cristina, que age rápido em disparar contra Rose quando percebe a presença do intruso sobre o carro. O tiro acerta a mão dela e a MP5 cai por consequência.
Rose volta para dentro pressionando seu o anelar e mindinho.
– EM CIMA!
Marrone vira o volante de um lado para o outro, tentando derrubar Han. Ross pega sua Taurus e atira no teto, um furo é feito entre as pernas do asiático. Outro buraco é feito e dessa vez centímetros de sua coxa.
Han puxa a granada, arranca o pino com a boca, mantém os olhos entreabertos pela ventania que sopra seus cabelos para trás e joga o explosivo pela janela traseira.
O tiro atinge seu braço direito e Han cede, rolando para trás. Os amigos vêm o corpo do coreano rolar no asfalto. Carly desvia dele e derrapa a caminhonete esfumaçante.
BOOOM!
Diante de seus olhos, o jipe explode a metros de distância. Uma mistura de fumaça escura com um aspecto alaranjado e vermelho opaco de vísceras e miolos esguicham de dentro do carro. A carcaça do jipe capota três vezes, o suficiente para retirar o que sobrara dos corpos no percurso e deixar um rastro de sangue queimado no asfalto. O jipe bate contra um carvalho fora da estrada e para.
Eles fitam o utilitário flamejante por alguns segundos. Cristina desce da caçamba e corre na direção do amigo caído.
– HAN!
Ela muda sua direção pela vindo do morto-vivo que dá as caras no meio do matagal, atravessa o facão na carapaça dura do faminto e só com um puxão forte a consegue de volta.
– Han. - Carly se agacha, acudindo o rapaz.
Han ergue a cabeça, revelando o rosto e lábio cortado que escorre uma pequena quantidade de saliva avermelhada.
– Deu certo? - pergunta ele desorientado.
– Deu. - sorri.
– Mandou bem, china. - Erich bate em seu ombro.
– AI. - se encolhe.
– Foi mal.
– Que bom que tá inteiro. - Cristina massageia suas as costas.
Han assente.
O besteiro puxa comunicador e vira na direção da caminhonete esfumaçante.
– Neiva, na escuta?
– Na escuta. Como estão?
– Bem. Quase na verdade. A real é que - coça a cabeça. – perdemos um posto. Todos morreram. - olha para seu pessoal.
– Deixe por assim. Sabíamos que ia acontecer. Sigam com o plano. Câmbio, desligo.
– Câmbio. - baixa o braço e suspira fundo.
* * *
A rua comercial Lennmord fica 50km da School City. É onde o comboio de Golders passa agora, atropelando carcaças de veículos e moribundos que ousam aparecer no caminho.
Na divisa das estradas, a torre de sino da igreja Lennmord proporciona uma vista ampla do horizonte a quilômetros de distância. É onde Vanessa está agora, observando o comboio vir em fileira. O rifle está armado e pronto para uso, mas ela mantém a discrição escondida nas sombras da alta torre.
– Vou te falar, Clark. - Gormax começa, apoia os pés no painel. – Quando eu tinha a sua idade...
O caminhão passa pelo semáforo e subitamente o pneus dianteiros explodem, levantando o pesado veículo. O capô da lataria derrapa no asfalto e na queda o reboque leva os fios dos postes. O caminhão tomba com os pneus para cima, pairando fumaça no ar do céu azulado.
Os dois outros veículos freiam na hora. Uma moça gótica abre a porta do carona e quando põe o pé para fora é atingida na testa por Vanessa. O sangue esguicha na janela e no banco.
No jipe, os quinze homens se desesperam e começam a descer em buscar de abrigo. Eles vão sendo abatidos um atrás do outro com tiros sem alvo específico. Um corpo cai para a direita, outro cai dentro do próprio jipe, outro na virada da viela.
Debruçado no painel do caminhão, Gormax pressiona o ombro torcido e vê Clark morto com os braços pendurados e o corpo sustentado pelo cinto, estica o braço e alcança seu comunicador.
– CÓDIGO LARANJA. REPITO. CÓDIGO LARANJA. PORRA!
Ele vê pernas se aproximando através do para-brisa rachado.
A porta atrás de Gormax abre e o mesmo é puxado pelos pés. Phillip entra em seu campo de visão, recepcionando-o com um soco na cara.
Phillip o levanta só para jogá-lo contra o poste no meio fio. Gormax esquiva do próximo golpe, mas é a pontada no ombro que o faz brecar. Assim, Phil sobe um chute em seu queixo que o faz cair de barriga para cima e cuspir sangue. Phillip o encara cerrando os punhos e com os dentes trincados.
Gormax gargalha.
– Manda a ver, querida. - sorri, os dentes sangram pela língua cortada.
Além do céu sem nuvens, Léo aparece no canto superior direto de Gormax engatilhando a SCAR, depois Vic e Mitt aparecem e por último Kátia.
Na torre, Vanessa vê o cerco ao redor de Gormax se formando e abre um sorriso de canto. Um estalo a faz olhar para trás e sem cerimônias, recebe um cruzado de direita que a derruba de uma vez. Ela fica zonza por alguns segundos, ao retomar a visão vê o homenzarrão empoderado com um casaco volumoso e botas que adicionam mais centímetros a sua altura, os cabelos para trás no uso de gel e um sorriso malicioso faltando o incisivo lateral. Atrás dele, o enorme sino no centro é maior do que parece.
Vanessa se joga para o lado, escapando de um pisão que estremece o assoalho, se estica até o rifle, mas tem os cabelos agarrados pela enorme mão dele. Ela solta um grito quando recebe o puxão. O homenzarrão a joga para o canto da parede num baque forte para fazê-la quicar e ir ao chão novamente.
– Levantem ele. - ordena Phillip.
Léo e Kátia agarram Gormax pelo ombro e o deixam de pé. Gormax sorri e passa a língua na região ensaguentada da boca.
– Você é cheio de surpresas, Phil.
– Vamos. - diz ao restante.
Phillip se vira.
Então um Suburban aparece derrapando na curva. Phillip para na hora.
– Merda.
O grupo vira para a rua a esquerda bem na hora que Aztek e um trailer surgem na viela. Nas demais direções, outros veículos aparecem. Todos os automóveis de cores e tamanhos se aproximam do centro da rua Lennmord.
Phillip vira-se para Gormax que agora ousa mostrar os dentes avermelhados em sorriso largo.
– E eu também sou.
Ele delibera um soco que derruba Phil na hora.
– RENDAM-SE, CUZÕES.
Vanessa é posta contra a parede novamente, suas pernas mal encostam o chão quando seu agressor a levanta pelo pescoço. O olho esquerdo está inchado e o canto do lábio cortado escorrendo saliva.
– Você é uma gracinha. - diz com sua voz intimidadora, passa o dedo no rosto dela. – Mas é uma pena. - fecha e afasta o punho
Vanessa enfia a faca por inteiro no abdômen dele. O homenzarrão a solta e ela parece despencar de uma escada. Ele recua, retira a faca ensaguentada e avança em sua direção. Ela se esquiva e o grandão acaba cravando a lâmina no cimento entre os tijolos. Vanessa alcança a arma, mas tem seus pés retirados do chão e fica o mais alto do que poderia imaginar quando levantada. Ela é solta como uma boneca e tosse ao baquear as costas com força. O rifle cai para longe.
– VADIA! - ele ergue o pé.
Rolando para o lado, ela escapa da pisada que certamente ceifaria sua vida, se apossa da cadeira no canto da parede e num giro forte, quebra o assento nas costas das pernas grossas do gigante. Ele cai de joelhos, estremecendo o piso. Vanessa agarra o cabelo pegajoso de gel e empurra de encontro a faca cravada no cimento. A força é tanta que o punho da lâmina adentra o olho direito do homenzarrão. Ele dá um tapão forte com as costas da mão o suficiente para afastá-la, recua gritando e conseguindo ficar de pé no processo.
Ele acaba esbarrando as largas costas no enorme sino.
BLEM. BLEM. BLEM.
O barulho ensurdece ambos. Vanessa leva as mãos aos ouvidos enquanto recua arrastando a bunda no chão, nisso acaba por encostar no rifle caído.
Pisões tremem o piso a cada encolhida do grandão caolho, sangue escorrendo do globo chega a entrar em sua boca e somente o único olho claro vê a ponta do rifle engatilhado.
– Vai pro inferno, cuzão! - Vanessa atira.
Um buraco abre no peito dele, forte para que acabe indo de ré até o parapeito da torre. Vanessa atira mais uma vez, atingindo sua traquéia. O grandão esguicha sangue do pescoço e cai para fora da torre.
Phillip, Léo, Kátia, Vic e Mitt estão ajoelhados no meio da rua cercados por uns trinta ou mais Golders. Um deles entrega o machado a Gormax. O líder arrasta a lâmina no asfalto enquanto se aproxima de Phillip.
É o grito repentino que faz todos darem atenção a torre da igreja. Uma figura escura e pesada o bastante para cortar o vento como um meteoro, despenca de 20 metros de encontro ao asfalto. O baque é abafado e molhado.
Léo acelera a respiração e baixa a cabeça, catatônico.
– Puta que pariu! - Gormax sorri. – Isso foi lindo, não? - olha para os detidos. – Qualé. Não vão me dizer que foi incrível? Eu nunca na minha vida vi alguém cair de tão alto desde o Titanic. - leva o machado no ombro esquerdo, o único bom.
Phillip ergue a cabeça devagar quando vê os tênis desgastados parados a sua frente. Gormax tem seu semblante escuro por estar contra o sol, mas o sorriso na cara é nítido.
– Você não achou que ia conseguir depois de ter fracassado, não é? Porque se sim, você é um idiota. E eu juro, tô pedindo a Deus pra que eu não abaixe suas calças e eu foda com você até dizer chega. - dá uma suspirada funda. – Acho que você ainda não entendeu que eu sou o dono do NOVO MUNDO! - abre o braços. – E eu exijo...
TIIIM.
O tiro passa de raspão na lâmina do machado, todos viram na direção da torre e contra atacam com uma rajada de tiros.
Phillip sobe um soco no queixo de Gormax, apanha o machado no ar com a canhota, gira em 360°, arremessa a arma no pessoal. O objeto rodopia no ar e acerta um deles bem no peito. Phillip volta no giro com um cruzado de direita que arranca um dente de Gormax.
Tudo acontece muito rápido e em questão de segundos os Golders assistem seu líder levar três socos no rosto, depois Phillip pegar a pistola do cinto de Gormax e fazê-lo de refém. Automaticamente, todos erguem as armas: clic-clac. clic-clac. clic-clac.
– ABAIXEM AS ARMAS! - berra Phillip.
– NINGUÉM ATIRA NESSA BUCETA! - Gormax adverte.
Léo e os outros ficam sem saber o que fazer, apenas assistem.
– LARGUEM OU EU ESTOURO OS MIOLOS DELE!
O sujeito pardo de colete amarelo ergue a pistola e se põe a frente do líder rendido.
– Se não o quê?! - aponta a Desert Eagle.
– VOCÊ É SURDO OU O QUÊ, PORRA? - Phillip cospe. – EU VOU MATAR ELE!
– FRANK, AQUIETA ESSE CU. - Gormax grita.
– Você é só um, pero. - Frank aponta para Mitt. – Se não soltá-lo, seu amigo morre. E se matar nosso líder, você também morre. O que vai...
Um rugido emerge e quando dão por si, um felino gigante de juba espalhafatosa e ressecada salta sobre Frank. Todos urram com pavor, se afastando.
Uma flecha atravessa o olho de um deles e o alvo cai de cara no asfalto. Yuki está sobre o caminhão com o arco preparando outra flecha. De trás do reboque Duane, Harry e Wegner surgem fuzilando a primeira fileira de vivos.
Os vilões se dispersam para a viela como um monte de zebras espantadas. Suleiman aparece com uma dúzia de seu pessoal montados em cavalos, alguns com armas de fogo, outros empunhando espadas no melhor estilo guerra medieval. Os fugitivos param.
– FOGO! - Suleiman aponta a espada.
As saraivadas vêm em segundos, derrubando um atrás do outro. Esguichos de sangue e tecidos voam na multidão.
Gormax dá uma cotovelada no peito de Phillip e se livra do cárcere, lhe dá uma sequência de socos e por último um chute na barriga, para então apanhar sua pistola do chão e sair correndo. Ele toma cobertura atrás de um táxi para confirmar se o que realmente vira foi um leão. Tudo fica claro quando enxerga o felino de 2,3m de comprimento abandonando o rosto desfigurado de Frank num salto que estupendo que paira sobre outro Golder.
– ELES TÊM A PORRA DE UM LEÃO. UM LEÃO VIVO E QUE TÁ COM FOME. - dá um último tiro e corre para a viela.
Léo se apossa de sua SCAR novamente e ainda de joelhos, abate cada um que corre em busca de refúgio. Ele levanta e atinge um sujeito na região da espinha.
Kátia bloqueia o golpe do raquítico de boné com a esquerda e perfura sua barriga com a katana. Sangue escorre de sua boca e ele desmorona na frente dela.
O jipe que sai em marcha ré tem seu caminho bloqueado quando o ônibus escolar entra no caminho da volta. A traseira bate na lataria amarelada e o piloto olha para cima. Rulek mostra a escopeta da janela do motorista.
– Vai aonde, docinho?
Duane para no meio da rua e descarrega o pente no Aztek, que foge ao leste. Subitamente, o automóvel é atropelado pelo caminhão-tanque pilotado por Parker, sumindo do campo de visão do militar.
Gormax abate zumbis atraídos pelos tiros no caminho. No desespero, descarrega o pente em um único moribundo sem braço e ao virar na entrada do beco, tem a surpresa de Phillip. Os passos do ninja são tão rápidos que Gormax mal consegue registrar. Ele não vê Phillip tomar impulso na parede pichada do beco e voltar com um chute que quase quebra seu maxilar. Ele não vê Phillip rodar no ar e cair no melhor estilo Homem-Aranha. Gormax somente se vê no chão de novo cuspindo sangue.
– Desgraçado. - rosna, olha para Phillip.
– Boa noite, princesa.
Phillip dá um chute em sua face, apagando-o de vez.
— 4.04 —
"Investida"
PUTA QUE PARIU.
Hoje o grupo pisou na janta do Gormax legal. Capítulo à la 7X16.
Tivemos perseguição envolvente, explosão, tiro, porrada, mortes, tiro de novo e massacre aqui e ali, com direto a leão comendo o rabo de quem se acha esperto. Além do Gormax que teve o número do calçado marcado na cara.
Investida melhor que essa não tem.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro