T3:C14 - Remediar
Horas depois do ocorrido, Phillip se reuniu com os recém chegados e alguns membros da comunidade na sala dos professores do colégio. Ele teve de suportar várias indagações concomitantes que quase o levaram a frustração. Mas Phillip era um alguém que sabia canalizar sua raiva, sendo racional quando preciso e bastante paciente, uma justificativa coesa para assumir a liderança do lugar.
Em meio a reunião, Jack observava o exterior pela janela com os braços cruzados. Ele olhou o relógio no pulso e disse:
- Uma hora. - seu comentário calou a sala, todos voltaram-se a ele. - Uma hora e eles não voltaram ainda. - preocupou-se com a demora de Newt.
- Toparam com eles, certeza. - Axel afirma. Dentre todos, era o mais frustrado da sala.
- Não sei, não. Pode ser qualquer coisa. - Yuki tenta apaziguar a situação.
- Vocês ficam aí me fazendo perguntas e coisa e tal, mas nada me leva a crer o motivo de toda essa confusão. - Phillip se pronuncia.
- Tem razão. - Axel fala. - Não fomos claros. Tiraram nossa casa, mataram pessoas, o filho do meu melhor amigo! - aponta para Duane sentado de braços cruzados. - Quer mais respostas, Phillip?
- Ele não ataca se não revidam. O que vocês fizeram?
- Como é? - Axel franze o cenho. Seu tom faz todos se atentarem.
- Eu disse...
Axel avança em Phillip. Duane é o primeiro intervir, agarrando os braços do amigo e impedindo-o de usá-los.
- Repete isso na minha cara, cuzão!
- Eu só disse o que eu sei! - Phillip fica atrás da cadeira.
- Axel, esfria essa cabeça. - Neiva se intromete.
Duane solta o amigo, direcionando-o para trás. Mantém-se como muro na frente do militar.
- Ele tá certo. - Harry enfim fala. - Eu atirei. Vocês viram, eu comecei tudo.
- Não foi sua culpa, Harry. - Neiva discorda.
- Foi, sim! Assim como foi quando eu disparei aquele sinalizar e mais pessoas morreram!
- Harry...
- Não tentem dizer o contrário! - impede que Vanessa fale.
As pessoas encaram o menino. Phillip e seu pessoal, o tanto surpresos e indignados. Harry deixa a sala.
- Eu sinto muito por vocês. - Phillip lamenta. - Eu disse que mal podia imaginar o que passaram, e é verdade. Mas se formos para manter a paz, que vocês colaborem ao máximo se quiserem ficar.
- Diz o porquê. - Marian fala. - Por que aceitou o modo que ele trata vocês?
- Gormax vive em uma navio cargueiro. Eles têm água o suficiente pra manter esse lugar funcionando. Quando eles vieram, quiseram tomar o lugar, entramos num acordo e agora fazemos trocas.
- Aquilo não foi troca, foi furto. Pegou sem a sua vontade.
- E de que isso importa, Marian?
- Tem que revisar. - Marian diz, negando com sua fala.
- Ela tá certa. - Erich pronuncia-se. - Viver assim, não foi um modo que aceitamos e é por isso que estamos aqui. Não foi culpa do Harry ou de qualquer outro alguém, pois não iríamos em frente de jeito nenhum. E você não gosta nem um pouco disso tudo, dá pra ver na sua cara.
- Phillip, talvez eles tenham razão. - Tyrone comenta. - Isso não é jeito de viver.
- Te ajudamos. - Neiva se aproxima. - Fizemos isso antes e faremos de novo.
Phillip suspira, olha para Kátia e Caroline no fundo e baixa a cabeça.
- Não. - volta a sentar. Tyrone bufa. O restante desvia o olhar, decepcionados. - Eu digo e repito, sou grato por terem nos ajudado. Mas não vou repetir isso, nunca mais. Se quiserem ficar, à vontade, mas terão de seguir as normas.
- Você revidou uma vez. - Nelson lembra.
- Sim, mas eu não contava com uma manada inteira no meu portão no dia seguinte! - exalta. - Eu cansei de perder pessoas. Cansei. - bate na mesa. - Hoje é quinta. Tem troca.
- Eu faço. - Caroline se opõe.
- Não, eu vou. - Phillip logo retruca. - Jack e Yuki vão comigo. Explico pra vocês o sistema. - levanta. - A reunião acabou.
O líder saiu quase que de imediato, a porta atrás dele ficou escancarada. Sua saída estressante foi alvo de todos os olhares, que acabou perpetuando no silêncio da sala. Quando o primeiro deles saiu, o restante também foi indo. Tyrone apertou o passo e tocou no ombro de Axel, chamando de canto. O militar decidiu ir, curioso com o que o homem queria.
- Tô contigo. - disse ele.
- Como?
- Acho que vocês têm razão. Não vou aceitar esse tipo de coisa, nunca aceitei. Se formos pra agir, tem que ser agora. Eu ajudo.
- Tá falando sério? - põe as mãos na cintura.
- Mais do que sério, cara. Eu conheço todo o perímetro, todas as saídas daqui. Acredite, estaremos melhores trabalhando juntos.
- E o que propõe? Acha que podemos lutar sem que seu líder saiba?
- Não, claro que não. Mas se agirmos na cautela até o ponto em que tenhamos Gormax na mão, posso convencer o Phillip a nos ajudar.
Axel pensa com o cenho franzido, arqueia uma sobrancelha e acaba com uma concordância de cabeça.
- Por onde começamos?
***
Harry subiu o telhado da biblioteca depois de ver a mesma ruiva sobre ele. Quando lá em cima, avistou-a sentada lendo uma coletânea de gibis antigos. O sol estava fraco pelo inverno, então não era de incômodo ficar ali. Ele deu o primeiro passo, suficiente para ela ouvir e olhar na direção. Harry acenou timidamente, ela, o tanto assustada, retribuiu.
- O que tá lendo?
- Mandrake.
- Sério? Eu curto, também. Se importa em ter companhia?
- Não. - lhe entrega um quadrinho.
- Valeu. - olha a capa. - Seu pai, ele é bravo com você?
- Não, por quê?
- Ele parece.
- Ele é só tem medo do seu pessoal.
- Bem, não somos monstros.
- Agora eu sei. - volta a ler. Harry continua a encarar, ela desvia seu olhar para ele. - Não vai ler?
- Sim. - se ajeita. - É que... Eu não sei ler.
- Mesmo?
- Eu tô zoando.
- Tá. - sorri.
Harry atenta-se ao gibi, abrindo um sorriso tímido e dando uma última olhada de canto para a ruiva.
***
O campo já estava parcialmente limpo, melhorando a paisagem de entrada e saída. Com os portões abertos, o El Camino vermelho tinha a traseira cheia de caixas. Ver aquilo trouxe a indagação a Yuki, que debruçou-se sobre a lataria.
- Pra quem é tudo isto?
- Você verá. - Phillip entra no Chevrolet. Yuki entra logo em seguida.
Neiva põe a mão sobre o ombro de Jack e murmura:
- Convença ele.
- Acho que ele já tá bem decidido.
- E você está?
Jack suspira, ele deixa a moça com uma acenada de cabeça e entra no banco traseiro. O El Camino parte da comunidade. Os portões se fecham.
O veículo passa veloz por um andarilho que atravessa a estrada, ele é deixado com um grunhido feroz. O moribundo segue arrastando os pés. Yuki deixa o foco do zumbi no retrovisor para o piloto concentrado, respira fundo e ajeita-se no banco.
- O que fazia antes, Phillip?
- Eu era o faxineiro da escola.
- Mesmo? - ele confirma. - Tudo o que você faz, suas habilidades, são vindas de um limpa chão?
- Tive treinamento. - muda a marcha.
- Interessante.
- Phillip, não quero interromper e nem ser chato, mas não terminamos nossa conversa.
- Isso já tá resolvido, Jack. - o olha pelo retrovisor.
- Não, não está.
Phillip sorri lateral.
- Trouxe vocês pelo simples fato de não se pronunciarem sobre isso antes e olha agora.
- Não vamos falar disso. - Yuki afirma. - Ponto final. - olha para Jack, no banco de trás.
O carro parou em frente a um portão. A estrada era cercada pelas árvores, as folhas roçavam umas nas outras com a ventania que vinha, o amontoado de troncos faziam da área composta de sombras, o que a deixava mais fria, outrora refrescante.
Phillip saiu do carro e acenou para o guarda. Os portões são abertos e o carro adentra o lugar. O visitante era sempre recepcionado pela estrutura enorme na frente da entrada, com o letreiro grande de destaque num fundo branco, a palavra escrita era TERMINAL. Phillip voltou a sair do carro para receber o líder que já o esperava. Jack e Yuki saíram simultaneamente. Jack percebeu os trilhos se cruzarem à 20 metros a sua direita, quando olhou para o homem que ia até Phillip, ele arregalou os olhos.
- Puta merda.
Yuki ouve o amigo e olha mesma direção.
- Parados! - o homem a caminho de Phillip ergue a pistola.
Os membros em volta fazem o mesmo, Jack e Yuki também. Phillip encara a situação sem entender nada.
- Mas que porra é essa, Gale?
- Estes cretinos... O que tá fazendo com eles?
- Eles apareceram ontem, nos ajudaram a limpar o lugar.
- Limpar? De quê?
- Tô com ele bem na minha linha de tiro! - Jack disse afim de provocar.
- Por que a gente não baixa as armas e esclarece tudo? - Phillip exalta, mantendo os braços esticados na direção deles.
- Não tem nada pra esclarecer!
- Gale, pelo amor de Deus, estamos com a corda no pescoço aqui. Pode me ouvir pelo menos uma vez?!
Gale firma a pistola, alterna o olhar para o amigo e os dois conhecidos e então baixa a arma.
- Abaixem as armas. - todos obecedem. - Na minha sala, agora.
A sala de Gale tinha uma vista inteira para o terminal. Haviam plantações na entrada, vagões soltos nos trilhos e outros sob os túneis, escadas rolantes sem funcionar, cabines de segurança, escritórios e mais salas que antes eram para meios de recarga e afins, agora para puro lazer. Gale acendeu o cigarro, com os pés sobre a mesa, ele afundou-se na poltrona. A sala também contava com a presença de um velho e Samora, a loira que o impedira de revidar contra Jack e o grupo no dia do vagão D.
- Acredito que não tenha vindo só pra entregar suprimentos, Phillip.
- Óbvio que não. Mas já digo, não fazia ideia de que se conheciam.
- Infelizmente, tivemos um breve resumo sobre eles. - Yuki comenta.
- E nós de vocês.
- O que aconteceu antes, esqueça. Mesmo sendo difícil. Lamento por ter sido assim.
- Como se chama?
- Yuki.
- Bem Yuki, você é uma das poucas que se difere do seu pessoal. Talvez a única.
- Vamos parar com indiretas. - Jack disse, parando a frente da mesa.
- Os Golders, o grupo que te falei, atacaram. - Phillip começa. - Jogaram uma manada de esbugalhados na gente. Se não fosse por eles, talvez não tivéssemos resistido.
- E espera que eu faça o quê? Uma milícia ao lado deles? - aponta para Jack - Eles mataram o Jasper!
- Já lamentamos por isso, o que quer mais? - Jack indaga.
- Lamentar não vai trazê-lo de volta!
- Gale! - Phillip se aproxima, evitando outra possível briga. - Nós trabalhamos juntos desde o começo. Era pra estarmos juntos nessa! Os recursos estão acabando e isso tá ficando suspeito, mal podemos dividí-lo com o Gormax.
- Então paramos o comércio. Pronto. Eles não sabem da existência deste lugar, Phillip, e pretendo que continue assim. Se está sendo muito desgastante, então deixe isso pra lá. Fim da aliança. Vamos fingir que não nos conhecemos.
Phillip encara Gale com desdém, baixa a cabeça negando.
- Gale...
- Está acabado. Pode ir embora com seus suprimentos e leve eles com você. - olha para Jack.
- Tá bom. Obrigado por tudo. Espero que fique bem. Pode ficar com os suprimentos.
- Mason. - o velho próximo a Samora toma a frente. - Prepare um barril de água e algumas caixas com frutas e legumes. Faremos nossa última troca.
- Podexá. - saiu.
- Podem ir, vou acompanhá-los.
Gale direcionou o grupo a saída. No percurso de volta ao portão nada foi dito entre eles. Yuki notou o olhar cabisbaixo de Phillip, que seguiu o trajeto focado no chão. Um garoto pôs o barril na caçamba do El Camino.
- Valeu, Kevin. Isto deve dar. Nossa troca.
- Agradeço de novo.
- Eu também.
Gale da meia volta, deixando Phillip incrédulo. Jack bate em seu ombro. Ambos entram no carro onde Yuki já esperava. O portão abre no percurso.
- Estragamos tudo. - Jack fala.
- Não. Ele não aceitaria de qualquer jeito. Bom, acho que não preciso mais explicar o sistema, né? - força um sorriso.
- Você veio até aqui para convencê-lo. Então pretendia lutar? - Jack conclui.
- Achei que podia. Vamos.
Com uma última olhada no lugar, Yuki vê duas figuras familiares no lado de fora. Eram Tobey e Mac, dois membros dos Golders. Antes de Phillip dar a partida, ela intervém com a mão, tira o cinto e sai do carro.
- Yuki? - Jack sai em seguida.
- Mas o quê?
- Pra onde vão? - um guarda indaga, seguindo-os.
Phillip procurou o que a enfermeira vira, mas sem sucesso, ele correu atrás da dupla distante.
***
Na enfermaria a bagunçada deixada pelos saqueadores teve de ser arrumada. Clara era quem fazia, sendo a única presente naquele instante. Erich entrou com o passo apertado, mas logo diminuiu a ver o estado do lugar. O monte de camas não tinham os colchões, lençóis no chão, portas e gavetas abertas ou fora do lugar como na mesa do canto da sala, onde guardado os remédios havia maior dano com os vidros quebrados e as prateleiras fora do lugar.
- Cadê seu marido?
- Ele não é meu marido. Não mais. - disse, sem jeito. - Foi fazer serviços de homem, segundo ele.
- Que besteira. - bufou, pegando uma das vassouras próximo a porta. - Aqui. - varreu os cacos até a pá segurada por ela. - Esses filhos da puta são uns porcos.
- Já os conhecia? - Erich ergueu o olhar. - Bem, a reunião que tiveram com o Phillip deu a entender isso.
Erich volta a olhar para o chão enquanto varre.
- Perdemos gente por causa deles. Perdemos nossa casa por causa deles. - se afasta. - Só achei que nunca iríamos nos encontrar de novo. - traz mais sujeira até a pá.
- Sinto por isso. Aqui costumava ser um lugar de paz.
- Eu acredito nisso, porque nossa casa também costumava ser. Sei lá. As pessoas querem ser deuses nesse fim de mundo.
- É. - despeja o lixo no saco. - Por que veio?
- Tô com uma enxaqueca fudida. Achei que tivesse sobrado alguma coisa.
- Bem. - vai até o armário, estica o braço evitando se cortar e tira uma cartela. - Vai ajudar.
- Valeu. - pega, guardando no bolso traseiro. Ele fita o cenário. - Vamô acabar logo com isso.
- Não precisa.
- Eu quero. Isso também é serviço de homem. Essa coisa de mulher e homem, já não existe. - volta a pegar a vassoura.
- Obrigada.
- Erich.
- Clara.
Ele assentiu, passando por ela para organizar os quartos. A moça o olhou por cima do ombro e em seguida, voltou as tarefas.
***
Em seu escritório Gale organizava sua mesa, tentando ao máximo ignorar a loira que andava para lá e para cá.
- Tudo bem, fala. - percebeu o desconforto dela.
- Phillip está aliado a nós desde o início. Você ajudou ele a erguer aqueles muros.
- Eu sei. - senta na poltrona. - Mas o melhor é manter todos na linha agora. Manter nossa casa em ordem.
- Eu também tô puta com aqueles caras, mas deixar na mão a pessoa que te ajudou sempre é vacilo.
- Não vou arriscar meu pessoal. Não vou arriscar sua vida pra enfrentar pessoas que não fizeram nada contra nós...
A correria é escutada no lado de fora, levando ambos a sua atenção para a poeta. De repente, a mesma é escancarada.
- Gale! - Yuki entra na sala. Os dois presentes dão um pulinho. Jack e Phillip entram em seguida. - Precisam saber de algo.
- Ainda estão aqui?
- É urgente.
- Diga. - Samora adianta.
- Tem duas pessoas aqui e eles se chamam Tobey e Mac, certo?
Samora e Gale se entreolham. A loira afirma com a cabeça, o tanto confusa.
- Como sabe?
- Topei com eles uma vez. São Golders. Eles se infiltram nas comunidades até terem a lealdade do líder para que enfim ataquem. Deixa eu adivinhar, eles chegaram aqui tem pouco tempo né?
- Foi anteontem. - Gale responde.
- Pois então, já sabem.
Gale se levanta quase que num salto, contornando a mesa. Ele logo tem a passagem bloqueada por Phillip.
- O que vai fazer?
- Eles sabem onde ficam, não vou deixar que contem.
- E se já contaram?
- Mais uma razão pra matá-los. - empurra-o e sai.
- Gale!
Gale desce as escadas correndo, salta os três últimos degraus e aperta o passo para fora. As pessoas ao redor encaram o líder apressado que vira a cabeça a todo momento, à procura da dupla.
- Gale! - Phillip o chama ao fundo.
- Tobey e Mac - caminhou até um membro da estação. -, deixei eles nos trilhos. Onde estão?
- Tão saindo. Disseram que você permitiu uma ronda.
O fim da frase ficou abafado quando Gale iniciou a corrida até a caminhonete que já dara partida.
- Spencer, fecha o portão! Fecha! - mantém a corrida.
A lataria passa antes que os portões se juntem. Gale passa pelo pequeno espaço e puxa a pistola, disparando nos pneus dianteiros. A caminhonete derrapa e bate no tronco da árvore.
- Gale, para! - Samora grita ao fundo.
Gale fuzila a lataria acidentada, um deles atinge o motorista, pintando o vidro de sangue. Quando o pente acaba, ele solta a arma e corre até a caminhonete.
- Gale! - Phillip se joga contra ele. Ambos ficam no chão. - Para com isso, cara!
- Me larga!
Phillip fica sobre ele e soca seu rosto.
- Se matá-lo, virão até a mim! - dá outro soco.
- Virão até nós se eu não fizer. - Gale retruca, joga Phillip para o lado e levanta ligeiramente.
Mac, com seu único braço, se arrasta para longe da caminhonete. Gale corre até o homem e Phillip se recompõe, correndo logo atrás. Quando próximo, Gale levantou a perna e pousou o pé na do sujeito rastejante, partindo seu osso. O grito de Mac ecoa na estrada. Phillip desacelera, desistindo.
- Tava indo pra onde, cuzão? - agarra-o pela gola, sua fúria faz ele dizer tudo entre os dentes. - Nos te acolhemos. Te demos comida!
Yuki para junto a Phillip. Mac olha para ela distante, reconhecendo-a. Ele volta a
olhar para Gale ainda frustrado.
- Estamos em qualquer lugar, cuzão. Essa é a verdade. Quem mais você conhece que chegou há pouco tempo? - sorri.
Gale franze o cenho, olha para trás e vê a traseira da caminhonete aperta.
- Filho da puta. São três! É o Kevin, ele fugiu. - fica de pé.
- No campo! - Spencer avisa após vê-lo no binóculos. - Ele tá no campo! - aponta para a esquerda.
Jack, mais próximo, inicia a corrida para sua esquerda, adentrando a folhagem.
- Consegue atirar nele?
- Ele tá longe! - Spencer engatilha o rifle e dispara, errando o alvo. - Mas acho que consigo.
- Economize!
- Gale, não tem que fazer. - Phillip o segue.
Impaciente, Gale vira num cruzado de direita no amigo que o faz apagar na hora. Yuki se assusta com o cair brusco do agredido.
- Droga. - Yuki murmura, ajoelhando-se ao lado dele. Ela encara Gale por um instante.
- Eu pego ele. - Gale afirma, ignorando o que acabara de fazer e atravessando o portão.
No enorme campo aberto e esverdeado, o fugitivo corria acelerado, o suor frio dominando seu corpo e a ardência nas pernas que quase se enroscavam na velocidade.
- Gormax. Gormax, na escuta? - Kevin indaga, ofegante.
Ouviasse os disparos errôneos do atirador.
- Kevin? Que porra tá acontecendo?
- São eles! Eles... Eles estão aqui.
- Fala direito, porra! Quem?
- O pessoal da Central. Eles voltaram e nos perceberam. O Phillip tá com eles.
Em meio a conversa, Jack alcançava o fugitivo. Seus cabelos já estavam suados e balançando na corrida. Tirou a 9mm do coldre por garantia. O caminhão da Ferenc Builders passou por Jack balançando. A carreta acelerou, batendo contra as costas de Kevin, impulsionando-o para frente. O walkie-talkie rolou para longe e o atropelado agonizou no gramado. Jack parou de correr. Gale saiu do caminhão, passou pelo corpo e apanhou o walkie-talkie, desligando-o.
- O que você disse? O que foi que você disse?!
- Vai pro inferno. - cospe sangue.
Jack se aproxima.
- Sinto muito.
- Eles virão a qualquer momento. Tenho que estar pronto. - passa por ele. - Não quero mais vocês aqui, nem por perto. Se aparecerem, não vou hesitar! - entra no caminhão.
A ventania sopra no ouvido de Jack, junto a agonia do rapaz. O mesmo tentava se mover, mas a cada músculo forçado a dor vinha, se encolhendo por consequência. Parecia uma lesma, só que bem maior e barulhenta.
- Não sinto minhas pernas. - começa a ofegar. - Me ajuda. - embarga a voz.
Jack fica ao lado do rapaz, mirando a 9mm.
- Não...
A bala fura o olho da vítima, deitando sua cabeça no gramado. O som ecoa pelo campo e passa a viajar pelos céus. A buzina é apertada duas vezes. Jack guarda a arma, encarando o corpo. Fixado no falecido, Jack se afasta e lhe dá uma última olhada antes de entrar no caminhão. A porta é batida com força. O motor ronca e a lataria vai deixando a cena em marcha ré.
— 3.14 —
"Remediar"
Capituleixon entregue!!!!
Reencontrarmos com o grupo lá do vagão D e pelo que parece, ainda tão putos da vida. Mas fudeu de vez, MC Kevinho soltou a franga pro Max Stell e agora sobrou para a rapaziada da School City.
O negócio é esperar.
Abraços, Dalaxiano.
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