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T3:C11 - No más

Newt direcionava o carrinho de compras pelo mercado, passando o olhar pelos congelados restantes que talvez já não estivessem no melhor estado. Deixou de assobiar assim que cessou o andar, pegou um dos congelados e deu uma lida rápida no papel. O ruivo depositou a carne no carrinho cheio de enlatados, garrafas e doces e então seguiu para a saída quando chamado por Han.

O coreano liberou o caminho até a saída onde se encontravam Jack e Vanessa, reunindo tudo no porta malas do carro. O carrinho começou a balançar quando deixou o piso liso para rodar no asfalto esburacado do estacionamento.

- Podemos fazer um churras. - ele sacode o filé.

- Contando que você encontre o carvão. - Han brinca. 

- Estão nos esperando. - Jack fecha o porta malas. - Precisamos voltar antes do anoitecer.

- Beleza. - Han tira as chaves do bolso. - Dirige? - joga-as para a namorada.

- Sei que sou boa no volante, não precisa insistir.

Han solta uma risada curta como pigarro e vai até a porta do passageiro. Vanessa dá a partida quando todos se acomodam.

Jack aproveita para abrir uma barra de cereal da caixinha cheia que a madame havia pego, degustando do vale-jantar. Apoia os pés no porta luvas e o cotovelo na janela.

- Gostaria de uma água de coco? - Vanessa retruca, virando o volante.

- Não demos tanta sorte.

O carro desce a saída do estacionamento. Antes que entrasse na rua, o capô bate em um indivíduo que logo pula o mesmo e dá um giro em 360 graus, voltando seu olhar para as pessoas no veículo quando sóbrio.

Um homem estranho trajado com uma jaqueta longa e preta, botas de inverno e um coque. A barba bem feita e longa escondia seus olhos pequenos e verdes claros, destaque em meio a pele branca. Ele arregalou os olhos e apoiou as mãos no capô.

- Preciso de uma carona!

Newt é impedido de dar a próxima fala devido os grunhidos repentinos. Um bando se aproximava do veículo com os passos firmes.

- Me deixa entrar! - bate na janela de Jack.

Vanessa pisa fundo, arrancando o carro numa curva para a entrada da rua. O elemento corre até o automóvel e se joga sobre a traseira, apoiando as mãos nos suportes de cima.

- Vai logo! - Newt exalta ao ver o bando se aproximar.

O carro vai veloz em linha reta, quase derrubando o passageiro indevido.

Newt bate no vidro de trás e dá um grito:

- O que cê tá fazendo?!

- Me garantido. - responde com a voz abafada.

- Vai em ziguezague, assim ele cai. - Jack fala, vendo-o pelo retrovisor.

O pneu dianteiro afunda, a lataria derrapa sobre o asfalto e consequentemente, bate no poste do acostamento. Vanessa teve a sorte de não bater contra o volante pelo uso do cinto. Com Jack foi diferente, com os pés ainda apoiados sobre o porta luvas acabou por ter a face de encontro aos joelhos.

- Estão bem? - Han pergunta após tossir.

- Sim. - Newt pressiona o ombro.

- Saíam. - Vanessa manda.

Ela vê o homem levantar do asfalto e correr na direção do veículo. A mulher pega a Glock 22 do coldre e abre a porta, já mirando no homem.

- Não temos tempo, mulher. - passa por ela correndo.

Vanessa acompanha o trajeto do desconhecido até a área restrita de construção próxima dali.

- Vanessa. - Newt indica para a trava. Ela abre e o ruivo cai. - Temos que... Puta que pariu! - vê a manada se aproximar.

- Imbecis! - o desconhecido chama. - Venham!

Jack e Han saem do carro.

- E os suprimentos? - Jack olha para as caixas no carro.

- Esqueça.

- Não outra leva. - Newt agarra a caixa de tomates e corre.

Os olhos verdes os espera no portão, ele levanta uma M16 na direção deles, fazendo Jack derrapar o pé no asfalto. Contudo, os disparos são deliberados nos mortos próximos a eles. Han levanta o amigo e todos entram. Com auxílio de Vanessa, o homem tranca o cadeado do portão. As criaturas se aglomeram no cercado.

- Show de bola! - o rapaz ergue os braços.

A comemoração é interrompida quando Jack o agarra pela gola e o deixa contra a pilha de vergalhões, retira sua faca e aproxima a lâmina da veia em seu pescoço.

- Quem é você?! E que porra foi essa?!

- Calma! Foi um mal entendido. Vocês estavam no lugar errado na hora errada. Só isso.

- Jack. - Vanessa põe a mão em seu ombro e fica entre ambos, afastando o amigo do desconhecido. - Você os atraiu até nós? - pergunta.

- Já disse que foi...

Suas palavras cessam quando Jack dá um cruzado de direita, apagando-o instantaneamente. Ele revista o corpo, pegando a M16, o walkie-talkie e uma caixa de cigarros.

- Levem ele pra dentro. - joga a caixa do outro lado do portão. - Newt, eu e você vamos vasculhar o lugar.

- Fechô. - fica de pé.

- Não precisava disso. - Vanessa disse.

- É um desconhecido. Olha onde estamos agora. Amarre-o e depois teremos respostas.

(...)

Apenas os grunhidos uníssonos soavam pelo ar. Jack fitava os mortos de cima da cobertura ainda em construção, apoiado a uma viga e de braços cruzados.

O local tinha vinte andares se contado com a escada não terminada para o andar de cima. Instalaram-se no décimo oitavo, onde era alto e com menos concentração de zumbis operários. Havia um morto-vivo preso a corda de suporte a um andar acima deles, balançava sem parar em meio aos esperneios inúteis para alcançá-lo.

- Jack. - Han o chama. - Ele acordou.

Jack acompanha o parceiro com o passo apertado e a mão sobre a arma do desconhecido.

- Falou com os outros?

- Tentei, mas não responderam. Falta de sinal não é.

- Podem estar com problemas também.

Os passos da dupla cessam na curva, já ficando de frente ao prisioneiro amarrado contra a viga. Newt o observava com os braços cruzados e Vanessa com eles na cintura. Ela olha para a dupla e assenti.

- Oi. - Jack sorri amarelo. - Podemos começar de novo?

- Talvez. - movimenta o maxilar e em seguida, estala o pescoço. - Foi um belo cruzado.

- Valeu. - deu um passo. - Quem é você?

- Phillip Dawson, prazer.

- Vai nos explicar o que foi aquilo, Phillip? - aponta para trás do homem.

Phillip olha por cima do ombro, o vento sopra sua barba lisa e ele sorri com o que vê abaixo.

- É, estamos fudidos.

- Que tal responder a pergunta? - Han fala, impaciente.

- Tá bom. Eu tenho um grupo, tivemos problemas e jogaram os esbugalhados pra cima de nós, só estávamos afastando-os. - diz, numa breve síntese.

- Grupo?

- Quem jogou os mortos? - Vanessa solta sua pergunta.

- Onde estão? - Newt faz o mesmo.

- Calma lá. Um de cada vez. - cruza as pernas. - Meu grupo se desentendeu com outro e eles nos presentearam com uma manada. Estamos os afastando de casa, estava tudo bem até eu trombar, acidentalmente, com vocês. E não, não vou entregar o lugar de bandeja. É isso. Agora me soltem.

- Como espera que acreditemos?

- Porque sou só um aqui e estamos presos no mesmo lugar, se eu fosse tentar algo ganharia o Darwin Awards.

- Você tem um walkie-talkie. - mostra o comunicador em suas mãos. - Pode estar mentindo e simplesmente nos trouxe uma manada pra acabar...

- A não ser que tenha tirado-os da bunda, não. Estou dizendo a verdade! O que vai fazer você acreditar? Meu Deus, cara, estamos com a corda no pescoço aqui.

- Jack, vem cá. - Han recua. - Ele tá certo. - cochicha. - É questão de tempo pra aquela cerca arrebentar e eles subirem.

- Saímos e o deixamos aqui. Ponto.

- Ele tá tentando sobreviver.

- Nós também.

- Não somos assim. Passamos por coisas, mas não temos que ser iguais.

Jack olha de canto para Phillip, põe as mãos na cintura e se aproxima.

- Quantos têm de vocês?

- Recrutamos o máximo pra poder afastá-los.

- Afastá-los pra onde?

- Tem uma queda da água à uns 3 quilômetros daqui. Pode estar congelada ou não, mas vai servir pra distanciá-los.

- Não conseguimos falar com nosso pessoal. - Vanessa menciona. - Acha que seus amigos podem ter topado com eles?

- Se estão nas proximidades, sim. Ou pior, foram pegos pela manada. Apenas me dê o rádio ou fale você mesma e teremos uma confirmação.

Ela olha para cada um deles ali, respira fundo, pega o rádio das mãos de Jack e se afasta em busca de sinal.

- Newt. - Jack alerta o ruivo, que tira a faca do cinto e ajoelha-se. - Vamos te soltar. - Jack diz. - Mas se tentar qualquer coisa, não vou hesitar.

- Eu sei. Eu também não iria.

Jack assenti para o ruivo, que parte as cordas dos pulsos do prisioneiro. Phillip as massageia e olha para a figura de pé a sua frente.

- E agora, como saímos?


***

O dardo acerta a ponta vermelha na parede, fazendo o besteiro comemorar pela pontaria. Ele dá uma goleada na 81 Turkey e passa a garrafa para Yuki.

- Vai lá, minha deusa.

Yuki mira o dardo, levando o antebraço para trás e frente repetidas vezes até que fixa-se, arremessa o dardo que vai certeiro no alvo, surpreendendo o besteiro.

- Era só uma enfermeira antes disso?

- Eu tinha meus dias de folga, garotão. E arremessar dardos não é uma tarefa tão difícil.

Erich bufa, pegando mais cinco.

- Vou lembrar disso. - arremessa.

- Tem boa pontaria. Será que têm habilidades além?

- Bem, eu nunca erro a mira na hora de mijar. - conta os dardos. - Se bem que com o tamanho da peça, não tem como errar mesmo. - murmura.

- Acredito vendo.

Erich arremessa o último e olha para a dona, com um sorriso lateral.

- Segura as pontas. Se eu tivesse bêbado, a gente transava aqui no balcão mesmo. - cambaleia até o balcão e se escora. - Tô bem.

O bar contava com a presença do sol pelos feixes das janelas empoeiradas. Era escuro e fedia a mofo. As madeiras rangiam a cada passo e outrora se via ratos correndo pelo piso. Não era um hotel cinco estrelas, mas o bastante para poderem dar um tempo e esperarem pelos colegas.

Havia uma mesa redonda composta por três cadeiras ocupadas por Rulek, Léo e Thomas. O trio aproveitava das cervejas quentes e o baralho encontrado.

- Aí, queria já antecipar. - Léo toma o resto da cerveja no copo. - Que eu sinto muito pelo soco. - apontou para Thomas. - Eu te agradeço por ter vindo até mim, e por ter cuidado do meu pai.

- Valeu, Léo. - olha para o anão. - Ele é sempre assim?

- Não sei, não. Mas tô gostando. - ri, enchendo o copo do rapaz novamente.

- Pelo amor, não percebem a condição que estamos para encherem a cara? - Cristina resmunga do balcão.

- Estamos aproveitando o que nos resta, querida. - Rulek sacode a garrafa. - Quer?

A loira ignora o amigo e volta a atenção para Harry e Carly debruçados sobre o mapa da cidade.

- Onde estávamos?

- Falando da rota 16. - Carly relembra.

- Bem...

- Eu vou ao banheiro. - Harry se afasta do balcão, entrando no corredor escuro.

Ele caminha já crescendo um bocejo longo que lacrimeja seus olhos, logo esfregados. O menino para quando percebe o walkie-talkie no banco ao lado da porta. A ofegância abafada é escutada por ele, indo a atenção para a porta do banheiro, aproximou o ouvido onde pôde escutar um grito ser contido ligeiramente, espiou pela entrada da chave. Teve a visão da bunda de Axel no escuro, o mesmo penetrava na esposa sobre a pia do banheiro, as pernas dela cruzavam-se, prendendo a pélvis do parceiro, intensificando mais cada empurrão. Neiva afunda o rosto no pescoço dele e arranha as costas suadas do militar.

- Chega. - Harry murmura para si.

Ele pega o walkie-talkie do banco e vai para o banheiro feminino ao lado, o único livre. Harry abre o zíper e seu membro enrijecido salta, fazendo-o errar a pontaria.

- Droga. - segura. - Já não era fácil com dois olhos. - comenta.

Um simples sonoro externo interrompe sua tarefa, ele sobe no vaso, espia a janela a cima e percebe duas mulheres que logo saem do seu campo de visão pela mureta do bar. Harry desce num salto, abre a porta e volta correndo até a ala principal.

- Pessoal...

A porta dupla é escancarada e ambas dão um pulo de susto ao ver os sobreviventes, que esboçam a mesma reação. A mais alta se recompôs logo e fechou as portas, sem dizer nada levou o indicador a frente do nariz, silenciando a área.

Não demorou para que as sombras surgissem bloqueando os feixes de luz. Os grunhidos se intensificam junto com as figuras que esbarravam na porta durante a caminhada.

Um chiado no rádio fez todos olharam para o comunicador nas mãos do menino.

- Alguém...

Harry desligou antes que terminasse. As sombras logo criaram uma cortina escura no interior do bar, aglomerando-se nos vidros sujos. Iniciaram as batidas contra a porta, fazendo todos ali levantarem e engatilharem as armas.

***

- Tem razão! - Han diz, alto devido a ventania.

O coreano se sustentava pela própria força na pilastra para espreitar atrás do prédio. Assim pôde concluir que apenas um andar tinha um cômodo parcialmente feito que aproximava-se do prédio ao lado.

- Décimo andar. - se aproxima do grupo. - Só precisamos saltar.

- Não me dou bem com alturas. - Newt adianta.

- Vai ser apenas um salto, ruivo. - Phillip fala com os braços cruzados, ele caminha até a borda e espia. - Jesus, esquece o que eu disse, é alto pra porra.

Vanessa se junta a eles.

- Nada, meninos. Parece que está desligado ou algo parecido.

- Até o meu? - Phillip se aproxima. Vanessa afirma. - Porra.

- Então vamos agilizar aqui. - Jack caminha até a escada. - Para o décimo andar! - dá ênfase devido sua distância.

O quinteto chega ao andar. Vanessa espia a queda no caminho para a porta, esbarra em Newt e percebe o grupo parado encarando a porta para a sala.

As maçanetas foram acorrentadas, a porta dupla ia para frente e para trás de maneira feroz. Rosnados foram escutados dali de dentro e a aparição de uma mão pálida e ensanguentada concluiu a tese.

- Aí é punk. - Newt leva as mãos a cabeça.

Um capacete de operário cai pela fresta escura.

- Não é, não. - Vanessa disse, olhando para trás de si, fazendo os rapazes olharam também.

- É brincadeira, não é? - Han indaga.

- Infelizmente, não.

Han posicionou-se à dez metros da lateral da porta, com sua MP5. A presença no 11° andar contava com Jack e Phillip. À cinco metros da porta estava Vanessa posicionada com sua faca na destra e pistola na canhota. A moça olha para o namorado em posição e assenti para ele. Newt estava do lado da porta e com a chave que havia pego do operário pendurado, pôde abrir o cadeado. O ruivo libertou as correntes e abriu uma única porta, ficando atrás dela para não notarem sua presença. Uma pequena quantidade de sangue fresco na maçaneta despertou a tensão em Newt, que olhou para a moça ainda parada.

De antemão, um zumbi se destacou dos outros, ele veio em disparada ao encontro da madame. Um tiro certeiro derrubou o veloz, desviando atenção dos demais para o atirador distante.

- Aqui! - Vanessa sacode os braços. - Venham!

Newt prepara sua faca enquanto assiste a ação da mulher. A porta leva um empurrão, saindo três mortos velozes ao encontro dela.

Vanessa adverte o disparo de Han com um sinal de mão, puxa a pistola, atira nos dois velozes, mas erra o último. Ela dá meia volta, correndo para a queda livre, a moça salta. O momento fora marcado pelo ar frio e cortante, os pés deixando o piso sujo de areia e pedras minúsculas, para que enfim, os braços se agarrassem a corda antiquedas da construção.

O primeiro moribundo veloz caiu seco na tentativa de alcançá-la, batendo seu indicador na sola da bota da moça. A corda balança e ela se mantém agarrada. O resto dos mortos vão caindo um atrás do outro.

A ventania sopra nos ouvidos de Vanessa, que apenas assiste a queda dos famintos até se espatifarem no chão de areia. Sangue e mais sangue pintava o monte que ia se formando abaixo.

No andar acima, Jack e Phillip puxam a corda. Ela agarra na mão de Jack e com uma ajudinha dos olhos verdes, ela consegue voltar ao térreo. Vanessa apoia as mãos no joelhos e respira fundo.

- Nunca mais eu faço algo parecido.


***

Duane, Marian e Nelson posicionaram-se em frente a porta aglomerada de mortos. Atrás do trio estavam as duas novatas que haviam chegado, prontas com suas respectivas armas brancas em mãos.

A mais alta parecia em torno de 1,78m, cabelos negros e preso num coque, olhos da cor âmbar, pele bronzeada e a face o tanto suja pelo que parecia lama. Em suas mãos uma tábua de cortar legumes e carnes ensanguentada. Kátia, era como se chama.

A outra, Caroline, também no mesmo estado, contando com seus 1,65m, cabelos negros com pontas avermelhadas até os ombros, nariz pequeno, óculos quadrados e quase raquítica, sendo notório os braços ossudos devido as mangas arregaças do social preto. Ela contava com um vergalhão nas mãos, tendo um cinto de couro enrolado como base.

Marian e Nelson abrem cada lado da porta. Os zumbis são recepcionados com uma leva de tiros. Caroline sai e derruba dois mortos num giro de 180° graus com a arma branca.

Duane toma a frente com três disparos seguidos para derrubar cada zumbi próximo, ele recua quando sem munição, abrindo brecha para Marian e Nelson atuarem.

- Tá livre! - Nelson avisa.

O restante sai do bar, sendo liderados por Nelson até os veículos estacionados. Nelson desliza sobre o capô e abre a porta do motorista.

A outra leva do grupo se embrenha na caminhonete ao lado.

Nelson dá marcha ré antes da aglomeração aumentar. A lataria do lado, dirigida por Yuki, faz o mesmo processo. Quem estava na caçamba, continha os zumbis atrás. Os veículos deixam a manada numa arrancada só.

No último banco do Jeep composto por três divisórias, Axel ajeitava a calça folgada. Ele olha para as duas desconhecidas sentadas no banco do meio.

- Agora podem esclarecer.

- Estamos afastando esses mortos. - Kátia responde. - Tentou contato? - olha para a amiga.

- Sem sucesso.

- Têm mais de vocês? - Thomas solta a pergunta.

- Não estaríamos fazendo isso sozinhas.

No banco passageiro, Harry liga o rádio.

- Vanessa, na escuta?

- Harry?

Os olhos do rapaz sentilam ao ouvir a voz da moça.

- Onde estão?

- Voltando para o bar.

- Sem essa. Um bando enorme cercou a gente, já conseguimos escapar. Dêem sua localização.

- Estamos saindo do acostamento do marcador 60. Vocês toparam com mais alguém?

Harry olha para as duas no banco de trás, que devolvem com o cenho franzido.

- Sim.

- Me dê. - outra voz fala ao fundo. - Kátia? Caroline?

- Dá aqui. - Kátia estica a mão e recebe o rádio. - Phillip, estamos aqui. Você está bem?

- Sim, eles me ajudaram. Precisamos voltar!

- Estamos indo. - solta o botão. - Quanto falta?

- Em 30 minutos chegamos. - Nelson fala.


***

Quando a lua dominou o céu junto as estrelas, o quinteto já havia se afastado dos prédios cercados e vagavam pela floresta até a estrada de marcador 59.

Eles esperaram pela vinda dos amigos. Vanessa ficava na ponta do pé afim de visualizar os faróis dos carros distantes, mas nada vinha.

- Neiva, Axel? Alguém? - espera pela resposta no rádio.

- Não podem estar fora de alcance. - Newt disse. - Estamos praticamente do lado da milha 60.

- Podem ter tido problemas. - Jack comenta.

- Também não estavam tão longe de nó...

Uma luz avermelhada destacou-se na escuridão do céu. O sinalizador foi disparado à quilômetros da estrada.

- O que foi aquilo?! - Han indaga.

- Meu pessoal! - Phillip responde, pronto para correr até lá.

A vinda dos carros impedem que o mesmo avance. Phillip vai direto ao Jeep onde as duas conhecidas estão.

- Quem soltou aquilo?

- Talvez tenha sido o Tyrone e os outros. - Kátia responde. - Entra logo!

O quinteto se embrenha nos veículos.

- Sigam até o sinalizador. - Caroline fala.

- E é seguro? - Nelson os olha pelo retrovisor.

- Só vai!

Ainda relutante, Nelson olha ligeiramente para Axel que logo concede. A caminhonete segue o Jeep quando retomada a velocidade. No percurso, os mortos saíam do matagal escuro, atraídos pela luz e arrancadas dos veículos.

A freada brusca fez os ali atrás bateram
contra os bancos. Axel soltaria o que parecia ser um xingo, mas o que viu impediu tal reclamação. Havia uma manada inteira passando pela encruzilhada; onde a reta seguia a linha do trem e ao lado estava a estrada. A caminhonete parou do lado do Jeep, as pessoas na caçamba ficaram de pé encarando boquiabertos.

Os desmortos focaram nos faróis.

Nelson dá marcha ré; Yuki na caminhonete faz o mesmo, se afastando. O Jeep bate contra os andarilhos atrás, a traseira ergue com a aglomeração sob os pneus traseiros, impedindo a ré.

- Tudo bem, novo plano! - Axel se apronta. - Saíam em direção ao sinalizador. O pau vai comer.

- Vocês aí na caminhonete, se afastem. - Harry avisa no walkie-talkie.

Axel abre a porta, chutando o zumbi que viria atacá-lo, desce o monte de mortos sob os pneus e dá cabo do faminto derrubado.

Harry sai batendo a porta no zumbi e presenteando-o com um tiro. Nelson, Thomas, Kátia e Caroline saem juntos disparando nos mais próximos. Jack, que dividira o espaço no último banco com Axel, enterra a lâmina na boca do morto-vivo. Han, Newt e Phillip são os últimos a deixar o veículo.
Phillip dá um salto, deliberando um chute no queixo da aberração que cai de imediato.

- Já tava ficando apertado lá dentro! - resmunga, rodeando a faca na mão e enfiando-a no morto em seguida.

Jack passa a lâmina na garganta do zumbi, o sangue espirra nele mas mesmo assim finaliza a coisa. Quando cai, Axel entra em seu campo de visão mantendo sua M4 contra o peito de três mortos. Jack arremessa a lâmina, que vai certeira na têmpora do morto a direita. Axel consegue derrubar os outros dois e atira em cada um.

Han agarra o zumbi por trás e enfia a faca em sua nuca, quando o derruba avança no próximo com sangue fresco jorrando da boca. O morto arranha a camiseta do coreano, que o segura pela gola tentando contê-lo. O zumbi aproxima a boca do pescoço de Han, para evitar a mordida o coreano cai com a aberração sobre si, agarra os cabelos da coisa com a canhota e bate sua cabeça na rocha ao lado, com a força mais potente para que o crânio - não tão mole - se rache. Tira o corpo sobre si e logo vê mais um chegando, contudo, a criatura é fuzilada por tiros. Jack chega correndo e levanta o amigo.

Do outro lado, Kátia roda sua tábua nas mãos, bate nas pernas dos infectados para derrubá-los conforme corre entre eles. Quando vê Newt sem munição, ela grita:

- Ruivo! - arremessa a tábua.

Newt a pega no ar e da meia volta, quebrando o maxilar do zumbi num golpe forte. Bate bem no centro da testa do próximo, fazendo o cair duro como se recebesse uma pedrada na cabeça. Caroline, Thomas e Nelson passam dele para dar cabo dos outros na frente.

- Continuem! - Han grita.

Ele vira-se quando todo o grupo passa, iniciando os disparos contra os andarilhos atrás. Quando sem munição, dá meia volta e começa a correr junto com o grupo.

Na corrida, fizeram uma curva para um campo aberto e iluminado pelo satélite natural. Um muro entrou no campo de visão dos desavisados, podendo-se avistar uma enorme estrutura de tijolos atrás das vigas de ferro que circundavam o lugar. Próximos do portão estavam em torno de trinta e cinco pessoas atrás de uma barricada de carros, disparando nos zumbis no campo. Os tiros cessaram quando avistado o grupo correndo entre os mortos.

Com sua faca, Phillip corria curvado e erguendo-se apenas para esfaquear os podres.

As pessoas saem de trás da barricada e correm para o campo, derrubando os desmortos que subiam a elevação para a entrada do lugar.

Jack puxa a 9mm e atira em dois zumbis. Um recém-transformado surge atrás dos dois derrubados, o atirador fica tenso e dispara erroneamente na criatura veloz. O som do gatilho é escutado quando sem balas, Jack fica contra uma cerca, o faminto agarra seu antebraço. Mais dois zumbis lerdos chegam para encurralar o ladrão pela direita. Jack adverte o morto com a canhota e mantém a distância dos outros dois com a destra. Não seria o suficiente para conter o do meio, que já se aproximava de sua face. O zumbi rosna, esbaforando o mau hálito e respingos de sangue, viu-se a carne entre os dentes sujos da criatura.

Uma flecha atravessou a cabeça da coisa, a ponta ensanguentada parou entre os olhos arregalados de Jack. O zumbi foi ao chão. Erich vinha correndo com seu arco, com o qual usou a ponta para enfiar na nuca do faminto a direita. Com a destra livre, Jack deu cabo do rapidinho, enfiando a faca em seu queixo.

O restante do grupo deixava a caçamba da caminhonete. Assim que saíram, Yuki pisou no acelerador. A lataria iniciou a sequência de atropelamento dos podres, sujando todo o para-brisa.

Vanessa, Marian e Duane juntaram-se ao restante. O zumbi teve a recepção de Marian com um tiro no joelho, quando foi ao chão ela cravou o pé de cabra na boca aberta da coisa, atravessando o queixo e jorrando todo o sangue.

Harry passou a faca na barriga de um morto com o dobro de sua altura, esquivou-se da agarrada e atirou na nuca do mesmo. Acabou tropeçando no próprio pé e indo ao chão, atirou em outro que acabou caindo sobre si.

- Porra! - sentiu o peso.

O garoto atirou numa garçonete sem o braço direito, a bala atravessou a boca da falecida e com mais outro tiro, pôde matá-la definitivamente. Seu corpo também caiu sobre o menino. Pela falta do olho direito, não viu o zumbi que vinha da direção, o mesmo se jogou contra os corpos sobre Harry, aumentando o peso. Harry encostou o cano da M9 e puxou o gatilho, mas a bala na saiu, então com a canhota ele fincou a lâmina no ouvido do mesmo, afundando, até coisa parar de reagir. O faminto travou a feição raivosa com a boca aberta.

- Ufa. - bufou, encostando a cabeça no gramado.

Visualizou de cabeça para baixo, Phillip passar correndo. Ele tomou impulso contra o tórax de um faminto e voltou com um giro no ar, passando a lâmina na cabeça do zumbi, partindo-a. Cortou a barriga do ajudante, derrubando suas tripas, finalizou com uma enterrada na testa da abominação.

- E aí, garoto. - viu Harry sob os mortos. - Precisa de uma mão?

- Tá brincando? - fala, quase sem ar.

Um zumbi agarra o ombro de Phillip e logo cai com um tiro. Neiva abaixa a arma e olha para o homem ligeiramente, vai até Harry e tira os corpos sobre o menino.

- Entrem! - Caroline alerta com um grito

Yuki para a caminhonete na frente de Thomas e Carly durante a corrida, ambos sobem na caçamba. A caminhonete segue até a barricada, atropelando os andarilhos a frente. Os faróis foram pintados com o sangue, emitindo uma luz avermelhada.

Kátia, Léo, Cristina e Duane seguem correndo lado a lado. Rulek desliza entre as pernas do zumbi e passa o facão no membro do mesmo, as bolas caem no gramado e a criatura fica de joelhos. Rulek fica de pé e gargalha da situação.

- Não é hora, parceiro. - Erich pega-o no colo e se despede do castrado com um tiro de seu calibre 25.

O grupo inteiro passa deslizando sobre o capô dos carros. A caminhonete parou do lado de uma van torta, fechando a barricada. Yuki saiu pelo outro lado e recebeu uma AK-47 de uma flanca de cabelo tingido.

- Para trás, Harry. - Vanessa manda quando as pessoas se posicionam. Ela recebe uma M12 e fica de joelhos com a arma apontada na janela de um sedan.

Phillip dá uma rasteira no zumbi e salta o capô do sedan, parou ofegante atrás dos atiradores.

- Tyrone! - chama pelo o homem, o mesmo lhe joga um rifle. - Preparar! Apontar! Fogo!

As sequências de tiros iniciam. O som das balas ficam uníssonos no ambiente noturno. Os mortos vão caindo bruscos com a chuva de balas contra eles, alguns são atingidos nos pés e simplesmente caem. A chuva de balas perde o ritmo pelo recarregar de alguns. Os mortos vão ao chão com inúmeros buracos no corpo. Os mais rápidos são atingidos nas pernas, sendo finalizados quando no chão. O disparo dado por Marian encerra o tiroteio. Cápsulas rodam sobre o capô dos carros e caem no gramado.

Todos ficam de pé e encaram o campo repleto de corpos. Da caçamba, Thomas e Carly tem uma visão mais ampla de toda a bagunça.

- Cristo. - Carly enoja.

- Isso aí! - Phillip comemora com Tyrone. - Mandaram bem! - olha para os novatos. - Obrigado. Nem sei como agradecer. - disse, com a respiração rápida.

- Não precisa. - Neiva se recompõe, pressioando o joelho.

- Claro que preciso. Bom, - alterna seu olhar para os demais enfileirados a sua frente. - bem vindos. - sorriu, olhando para o portão atrás de si.

Thomas desce da caçamba e encara o interior do lugar.

- Nómadas no más. - disse, com seu sotaque mexicano.


— 3.11 —
"No más"

Buenas noches, aliados. Natal foi envolvente?

Novo pessoal brotou já dando trabalho, mas vieram com uma puta recompensa para os recém chegados. É uma das recepções mais calorosas até agora. Basta esperar para sabermos se vai dar ruim ou bão para a rapaziada que sofre igual sovaco de aleijado.

Tenham uma boa virada de ano, e nos vemos em 2020.

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