T2:C6 - Chamada
Tony ficou esperando pelos amigos em cima da pilha de madeira. Exatamente onde havia dito para Erich antes dele partir.
Escutou o som do motor parar mais atrás. Levantou e se dirigiu até o som. Uma van havia parado ali próximo. Dela saíram Axel, Don, Duane, Han, Jack, Katrina, Marian, Steve e Vanessa.
- Tudo bem, filho? - perguntou Duane assim que o viu.
- Tô legal.
- Cadê o Erich? - perguntou Marian olhando ao redor.
- Ele foi na frente. Sabe se cuidar.
- Então vamos começar. - disse Axel - Dois grupos de cinco. Vai ficar mais fácil. Don, Jack, Marian, Steve e Vanessa vocês ficam juntos. Eu fico com o restante.
- A gente se encontra daqui a uma hora nesse mesmo lugar - disse Katrina ao checar seu relógio.
- Tudo bem. Vamos nessa.
- Tenha cuidado. - Han disse para Vanessa antes dela partir.
- Vamos ter. - ela garantiu.
***
A água corrente era a única coisa que Erich escutava no silêncio da floresta.
Parou ao ver uma pegada marcada com água no solo. Continuou seguindo, sendo uma trilha em ziguezague. Escutou o grunhir próximo de um morto-vivo. A sua frente estava ele, sem camisa, com as costas ossudas, pálido o bastante e poucos cabelos.
Erich pensou em chamar sua atenção, mas hesitou quando notou movimento mais a frente do andarilho. O morto-vivo estava atrás de sua presa.
- Valeu. - derrubou o morto e seguiu os desconhecidos.
Sorriu de canto ao notar a presença de Brian no quarteto. Focou no objetivo e os seguiu cautelosamente.
Pareciam assustados. Volta e meia Erich tinha que se esgueirar nos arbustos devido a preocupação deles de estarem sendo perseguidos. Olhando para trás a todo momento.
- A gente pode parar? - Brian quebrou o silêncio. - Tô com as pernas mais doloridas do que de uma prostituta.
- Nada disso. - a mulher respondeu. - Devem estar próximos.
- Dá pra me soltarem, pelo menos?
- Cala a boca. Vai chamar atenção, seu...
A mesma engasgou quando Erich saiu dos arbustos e a fez de refém, apontando a besta nas costas dela.
- Marta! - o loiro apontou a arma.
- Sem gracinhas. - disse Erich - Ou ela já era.
- Tem certeza? - o loiro pegou Brian e fez o mesmo, colocando o revólver em sua cabeça.
- Mata ele, Nelson! - Marta gritou, raivosa.
- Eu já tô cansado de ouvir a voz dessa dona. - Erich colocou o dedo no gatilho.
- Somos dois contra um. - o baixinho se posicionou ao falar.
- Eu sou um, e ainda sim posso acabar com vocês em um piscar de olhos.
- Pro...
Erich empurrou a mulher na direção do baixinho. Ela caiu por cima dele e ambos rolaram ladeira abaixo. De imediato, ele disparou em Nelson. A flecha fincou-se no antebraço esquerdo, que estara na frente do refém.
- Desgraçado! - Brian gritou, se sacudindo ao sentir a pontada no peito.
Nelson foi ao chão, pressionando a ferida.
Erich soltou as cordas do amigo e desceu até onde os outros dois estavam.
- Ainda tem dúvidas, baixinho? - tirou uma pistola do cinto.
O mesmo levantou as mãos.
- O que está fazendo, idiota? - Marta levantou com dificuldade.
- Já era.
- Você é um froxo mesmo, Arnold. Não é atoa que te trai.
- Cala boca, vadia.
- A orca e o corno podem discutir depois? - Erich gritou sem paciência. - Cadê o ruivo?
- Ele tá com outro grupo. - disse Brian lá de cima, com a arma de Nelson em mãos.
- É verdade, parceiro. - disse Arnold. - A gente tava fugindo deles e o moleque livrou nossa barra.
- Então por quê manteram meu amigo de refém?
- A gente só tava se garantindo. Caso os outros chegassem a gente jogava ele prós caras.
- Filho da puta! - Brian mirou para ele dali mesmo.
- Relaxa, Brian. Vambora. Temos que encontrar o Newt. - subiu.
- Podemos ir com vocês?
- Nem pensar.
Nelson se levantou com dificuldade.
- Precisamos de ajuda. - disse ele - Só pegamos seus amigos porque achávamos que fossem um deles.
- Que seja. Boa sorte pra vocês.
- Sabemos onde eles moram.
- Mentira.
- Nunca vai saber se não aceitar.
- Onde? - perguntou Brian.
- Uma ajuda por outra, que tal?
Brian e Erich se entreolharam.
***
Harry subiu na plataforma do portão de entrada. Zack já se encontrava lá, escorado no muro, observando o outro lado. Ele notou a presença do menino mas continuou a observar.
- Esse lugar é lindo quando de noite, não acha? As estrelas se destacam. O silêncio predomina... - olhou para o rapaz - Tudo bem?
- Só vim te fazer companhia. - se debruçou no muro. - Por que não foi com eles?
- Sally, cara. - sorriu - Queria dar uma proteção extra. Aliás, eu tenho olho bom.
- Quando começou? Digo, como você teve iniciativa?
- Eu e ela nos encontrávamos na mesma situação. Nossa presença confortava um ao outro, então funcionou.
- Ama ela?
- Você não é tão inocente assim, hein. - sorriu. Harry fez o mesmo. - Isto te responde? - tirou um anel do bolso da blusa.
- Onde conseguiu? - pegou.
- Em uma joalheria que deu sopa. Foi o Han que achou em uma das rondas.
- Quando vai pedir? - devolveu.
- Na hora certa. - encarou o objeto com um sorriso no rosto. - Mas por que tantas perguntas, jovem?
- Sabe a Angela?
Zack riu.
- Não precisa terminar. Tudo bem, na sua idade é comum gostar das mais velhas.
- Sei lá, ela é legal.
- Se tiver paciência, talvez role.
Harry olhou para o lado de fora. Mudou sua expressão ao fazer isso, ficando um pouco sério.
- Queria ir para protegê-la.
- Vanessa? - Harry concordou - Sabe que ela tá bem ao lado do pessoal, né? Principalmente do Axel.
- Não sei. Tô com mau pressentimento.
- Eles vão voltar... Com o Brian e o Newt.
Harry ficou pensativo.
- Tomara.
- Aí! - uma voz grossa gritou debaixo da plataforma. Eles olharam curiosos para a baixa figura de Rulek. - Precisam de ajuda?
- Deixa comigo. - disse Zack, que em seguida desceu.
- Então, vão me contar o que tá rolando?
- Como é? - se escorou no degrau.
- Bem, nosso amigo morreu... depois o seu pessoal sai às pressas pra fazer sei lá o que. Sem contar a velha louca que nos vigia o dia inteiro.
- Estamos com alguns problemas pessoais que não são do interesse de vocês.
- Olha... Zack?
- Aham.
- Certo. Zack, estando aqui, eu e meus amigos nos vemos obrigados a pelo menos retribuir o favor. Sendo assim, aqui estou.
- Acontece que o serviço de vocês não é necessário agora. Mas agradeço a oferta. - colocou o pé no degrau e começou a subir.
- Quer saber dos Golders, né? - Zack parou no meio da escada.
- Quem te contou?
- Seu amigo foi lá em casa pra saber.
- E o que sabe sobre eles?
- Pouca coisa... Saqueadores das ruas, algo assim.
- Já os viu? - desceu e parou a sua frente.
- Interessado? - sorriu - Bem, posso ser útil agora, não?
- Manda o papo.
***
A trilha foi seguida pelo pequeno grupo na meio da floresta. Enfileirados, estava Don como linha de frente, e Marian cobrindo as costas do grupo.
Algumas pegadas eram nítidas no solo, o que foi de praxe para começarem a busca.
A noite já vinha e o horário para retornarem ao ponto de encontro já beirava no relógio.
Don puxou o walkie-talkie e chamou pelo amigo.
- Axel, na escuta?
- Estamos longe - disse Steve -, não vai captar sinal.
- Melhor voltarmos. - Vanessa sugeriu - Talvez tiveram sorte e já os encontraram.
- Não. - Jack tomou frente. - Precisam da gente mais que tudo agora, não vamos desistir.
- Só estamos nos precavendo. Seja lá quem for, possa ser o mesmo responsável pelos bilhetes. E caso nos peguem aqui, só Deus sabe o que vão fazer.
- Então conti...
- Rapaziada! - Marian interrompeu Jack com seu grito. O quarteto se dirigiu até ela. - Isso não me cheira bem. - pegou uma corda do chão. Ao lado da corda havia um tipo de mordaça.
- Estão perto. - disse Jack olhando ao redor. - Olhem. - apontou para o solo com marcas de pneu. - Já temos uma pista, agora temos que segui-la.
- Eu voto pra gente voltar. - disse Steve - Eu concordo com a Vanessa, Jack. Temos uma pista, mas vai ser bem melhor que investiguemos com o nosso pessoal por perto.
- Faz sentido. - disse Marian. - Contudo, eu vou com quem a vida me levar. - levantou.
- Avisem eles então. - Jack saiu seguindo o rastro dos pneus.
- Teimoso ele, né não?
- Jack! - Vanessa gritou. Ele se virou demonstrando impaciência.
Num estante, Jack levou uma coronhada na testa, caindo sobre os arbustos próximos. Todos se assustaram com o acontecimento repentino.
Steve sentiu o cano da arma encostar eu sua têmpora. Isso não o parou, no momento em que o homem avisaria para ficar quieto, ele agiu, batendo seu braço direito na mão do desconhecido, levando a arma ao chão. O mesmo resistiu e socou Steve com o braço esquerdo.
Outro saiu da mata, mas foi baleado por Vanessa por puro reflexo. Um veio atrás dela e a agarrou, impedindo que se movimentasse.
- Larga ela, monte de bosta. - Marian apontou sua pistola para o homem.
Um tiro foi disparo atrás dela, a mesma olhou por cima do ombro, vendo Don com a perna ferida e com uma mulher careca e de vestimentas pretas, pronta para mais um disparo.
- E agora, vadia? - um homem parou ao seu lado com a arma em punho, era o mesmo que havia apagado Jack.
(...)
Escutou o som abafado dos arbustos se mexendo, em seguida foram passos lentos. Jack, mesmo desorientado, colocou a mão em seu coldre pronto para matar a abominação que vinha jantá-lo. Tirou a M9 do coldre e ergueu o braço para qualquer direção, pois a visão ainda estava embaçada. Sentiu a mão áspera agarrar seu pulso com firmeza.
- Ai Jesus!
- Cala a boca. - sussurou Brian.
Jack retomou a visão.
- Eu morri?
- Então eu sumo e já sou dado como morto? Que bela amizade. - levantou o amigo. - Que cê tá fazendo aqui?
- Eu fui apanhado na cabeça.
- Da pra ver.
Brian o guiou para fora do matagal, voltando para a área onde se encontrava o restante.
- Cê tá legal? - perguntou Erich ao ver o amigo com sangue na testa.
- Aham. Como chegaram aqui?
- Os novatos me guiaram até aqui pra rastrear o Newt.
Jack franziu a testa e logo notou a presença de três desconhecidos do seu lado esquerdo.
- O que houve com o Newt?
- Ele tá junto com os mesmos caras que apagaram vocês. - Brian respondeu.
Don e Steve já estavam acordados.
- Cadê as garotas?
- Levaram elas. - Don respondeu com a voz fraca.
- Para de se mexer. - Marta resmungou enquanto enfaixava a perna do mesmo.
- E quem são vocês?
- Eu sou Nelson. - se aproximou de Jack, com a mão no ombro - Aquele é o Arnold. E a maluca que tá enfaixando seu amigo, é a Marta.
- Como se conheceram?
- Foram eles que me levaram. - Brian respondeu antes dele.
Jack olhou torto para Nelson.
- Temos que voltar. - disse Steve - Já devem estar preocupados.
- Ele tá certo. - disse Erich - Já passa das onze - olhou para o céu estrelado. - Use o comunicador, talvez dê pra se contatar.
- Certo. - pegou da bolsa de Don - Axel, na escuta? Axel... - um chiado fez todos se silenciarem.
- Steve? - Axel parecia surpreso.
- Eu mesmo.
- Onde vocês se meteram? Encontraram um buraco quente e pretendem fazer estádia?
- Sem exageros. Escuta, encontramos o Brian.
- Bacana.
- Mas o Newt não tá com ele. E para melhorar, Marian e Vanessa foram pegas.
- Aí não é bacana.
- Como é? - a voz de Duane soou no fundo.
- Relaxa. - disse Axel - Tudo bem, vamos nos reagrupar e ver o que podemos fazer com esses paspalhos.
- Encontramos um pessoal. Parecem conhecer esse tal grupo que tá nos ferrando.
- Isso tá funcionando? - outra voz masculina soou na linha.
- Axel?
- Eu também escutei. - disse ele.
Todos ao redor de Steve o encararam. Por uns cinco segundos a chamada ficou silenciosa.
- Alguém na escuta? - a mesma voz perguntou.
- Quem fala? - Axel perguntou.
- Ótimo, tá funcionando. Apenas me escutem. Eu sou o cara que tá fudendo com o dia de vocês, e como já sabem, eu tô com duas do seu pessoal. Então vai ser o seguinte: Se querem elas de volta, terão que nos encontrar por volta do meio dia no parque Ottos Land.
- Por quê? - perguntou Steve.
- Apenas escute. - repetiu - Tragam comida, água e munição de preferência.
- A gente não é sua putinha de circo, babaca. - Axel soou frustrado.
- Estou apenas dando os detalhes para uma troca justa. Eu poderia ter matado ou feito bem pior.
- Atirou na gente. - disse Steve.
- Mas estão vivos, não? Amanhã, sem falta, ao meio dia. Câmbio, desligo.
Eles ficaram ali, pensativos, se entreolhando. Todos afim de saber para onde isso iria.
— 2.06 —
Tudo se encaixando aos poucos. Grupo se fudeu novamente, o bonde neurótico tá se enfraquecendo aos poucos. E o Rulek parece saber sobre a baguncinha que esse grupo pode trazer. Interessante.
Aliás, pouco ousado é o líder deles, não?
Até o próximo capítulo, meus aliado. Abraço por trás.
Obs: Perdão por não postar ontem, tava no repouso.
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