T2:C3 - Covas Vazias
Yuki saiu da enfermaria, parando no quintal. Olhou os arredores na esperança de vê-lo em alguma casa ou na calçada. Sem sucesso.
Correu até o portão. Durante a corrida não o viu no quintal ou entre as casas. Chegou ao local desejado, vendo Tony em cima da plataforma de vigia. O mesmo estava quase dormindo na cadeira de praia.
- Tony! - ele despertou, assustado. Logo desviou para ela. - Você viu o Richard? O garoto que veio com o pessoal novo.
- Não vi nada.
- Nem se passou por aqui perto?
- Desculpe. - negou com a cabeça.
- Fique alerta. Caso ele apareça, mantenha-o aqui até eu voltar.
- Como ele é?
- Magro como o pé de uma mesa, alto e... Tem a cara triangular.
- Vou tentar me lembrar.
Ela correu para revistar o resto da comunidade.
*
Acabando de sair da pequena horta, Vanessa voltava para sua casa. Junto a ela estava sua enxada, apoiada no ombro direito.
No meio da escuridão pôde reparar um líquido no gramado do quintal. Se agachou e forçou os olhos para melhor análise. Com a luz da lua tudo ficou mais fácil, era sangue fresco.
A sua frente logo percebeu um corpo no meio fio.
Arregalou os olhos e foi até ele. O corpo estava dilacerado, estando a barriga aberta com as tripas e o estômago para fora.
Tapou a boca, quase vomitando. Percebeu que era Jeff, um dos vigias noturnos da plataforma oeste.
Um grito ecoou longe. Vanessa teve certeza que não fora a única a ouvir.
Caminhou em direção, mas o som das gramas esmagadas impediram que ela continuasse. Olhou para trás, vendo Jeff se levantar, derrubando os órgãos amostra assim que ficara de pé. Os olhos estavam cinzentos, sem vida, demonstrando apenas uma coisa, raiva.
O mesmo rangeu, parecendo nervoso. Correu até ela. Um golpe com a enxada fez a ferramenta cravar no pescoço do andarilho. O mesmo continuou de pé, agora estendendo o braço afim de alcançá-la. Com a força do pé, empurrou ele, levando-o ao chão. Não hesitou, assim que caira, ela golpeou sua cabeça com a enxada, esmagando a testa do morto-vivo. O sangue correu assim que o ferro penetrou a carne, pintando a ponta do objeto.
O que era um grito, agora, se tornou vários. Todos ecoando pela comunidade. Pelo que parecia, vinha da mesma direção que o primeiro. Correu para averiguar.
***
Tony desceu da plataforma assim que avistou o perigo distante.
Correu até lá, dando a volta no quarteirão. Chegou no local, logo vendo os corpos no chão, alguns se levantando.
Um tiro derrubou o zumbi que o atacaria por trás. Katrina havia disparo contra ele. Tony assentiu e foi até os outros mortos.
Com seu rifle deu uma coronhada em Miller, um velho do 82, agora, zumbificado. Disparou contra outro que abandonou a refeição ao vê-lo se aproximando. O tiro o derrubou como se fosse um chute bem forte.
Katrina levantou um andarilho que tinha o dobro de sua altura, deixando-o contra a parede de uma casa. Léo se aproximou e fincou a faca na cabeça dele, Katrina derrubou o corpo na hora.
O golpe da enxada rasgou a mandíbula da morta-viva, a mesma foi ao chão. Vanessa esmagou sua cabeça.
O tiro passou longe do zumbificado que vinha disparo até Angela, a mesma ainda aperfeiçoava sua mira. O zumbi chegou nela. Angela bloqueou seu ataque com o antebraço, afastando o rosto do dela. O zumbi parou de reagir. Estando com a boca aberta, o sangue escorreu para fora. Angela viu a lâmina adentrar o morto-vivo por trás. O corpo foi ao chão, revelando Han com o facão em punho, agora ensanguentado.
Yuki lutava para afastar o andarilho de perto dela. Ele lutava para abocanhar alguma parte de seu rosto. Pegou no queixo do zumbi, tentando afastá-lo. Sem saber o que fazer, ela chutou o joelho dele. Com ele no chão, a mesma teve tempo para se afastar. Quando o andarilho fora se levantar, o mesmo foi derrubado por Neiva que fincou a faca de cozinha em sua têmpora.
- Obrigada.
- Yuki! - um zumbi agarrou o ombro dela. Neiva agiu rápido, se jogando em cima do morto-vivo.
- Richard? - Yuki notou quem era o andarilho por trás do sangue em seu rosto.
- Deixe o pra lá. - cravou a faca na testa do jovem.
A flecha derrubou uma zumbi de camisola, a mesma tinha uma mordida no pescoço.
Erich e os outros apareceram para ajudar.
- Tá todo mundo bem? - gritou Erich.
- Ajudem! - uma mulher saiu de trás das casas, correndo. - Lá atrás. - apontou.
Metade do pessoal se dirigiu até o local. Ao chegarem nos fundos deram de cara com um deles jantando o marido da mulher que correra dali.
- Deixa comigo. - disse Brian.
- Toma - Han lhe entregou o facão.
Brian furou a nuca do zumbi, que parou de comer assim que o objeto atravessou seu cérebro, saindo o facão pela boca. Tirou o objeto com dificuldade. O mesmo caiu de barriga para cima.
- É o Ben? - perguntou Han, se aproximando para checar.
- É. - Neiva confirmou.
- Mas não era vegano? - zombou Brian, todos o olharam. - Foi mal.
- Que merda. - Zack se curvou.
- Alguém foi mordido? - perguntou Erich.
- Vi a senhora do 22 com uma mordida no pescoço. - disse Han.
- Ela teria começado tudo isso? Assim tão rápido? - Neiva indagou.
- Não sei ao certo. - Yuki se aproximou. - Mas acho que foi o Richard, o garoto que encontraram na estrada.
- Por que acha isso?
- Assim que ele sumiu, tudo começou.
- Então era mentira - disse Brian. - Não tem como conter a infecção amputando o membro ferido.
- Não, é possível. - disse Yuki. - Ele aguentou por horas, não demonstrou sinal de febre. Se não funcionasse ele já teria virado.
- Então não cortaram na hora. - disse Zack.
- Não dá pra saber. - concluiu Tony. - Minha intuição diz que a infecção tomou o Richard, não sei como, mas eu acho que foi isso.
- Vamos logo. - Erich colocou a besta no ombro. - Queimar os zumbis.
- Eles são nosso pessoal. - disse Han.
- A gente não pode enterrar os mortos, temos uma horta aqui. Não tá afim de consumir alimento de um solo contaminado, quer?
- As covas são nos fundos, e a horta é do lado do portão, nem tem problema.
- Mesmo assim, Han - disse Neiva - É melhor previnir do que remediar.
- Vamos acabar logo com isso. - disse Erich decidido.
***
Ainda na noite, todos se reuniram para cavar as covas dos falecidos. Terminaram em cerca de duas horas. Um trovão ameaçava a vinda de uma chuva forte, enquanto se dirigiam para fora do cemitério.
Grande parte do pessoal presente no ataque estava reunido na casa de Neiva e Axel, todos querendo deduzir o que causara tudo aquilo.
As gotas da chuva batiam contra as janelas da casa, batidas essas que se predominavam no cômodo onde todos se encontravam: a sala.
- A gente aqui discutindo sobre como tudo isso aconteceu - começou Axel -, mas ao menos estamos discutindo sobre como vamos falar para a novata que o namoradinho dela bateu as botas.
- Vamos falar a verdade. - disse Sally.
- E qual é a verdade? Não cortaram na hora? Ele morreu e se transformou sozinho?
Erich e Léo se entreolharam. Léo assentiu, Erich entendeu na hora.
- Talvez tenha sido isso. - disse ele. Todos o olharam.
- Como é?
- Eu procurei meu irmão depois de tudo, muito antes de querer ir embora. Nessas saídas eu encontrei o Carter.
- Como assim? - Axel levantou da poltrona, se aproximando de Erich que estava escorado na parede.
- Ele era um zumbi. Eu revisei o corpo, mas não vi nenhuma mordida. - fez uma pausa, reparando a feição do soldado - Acho que ele morreu pelo tiro, não por uma mordida.
- E você nunca disse nada... - Yuki comentou.
- Eu pensei em dizer. Eu disse pro Léo, e depois de pensar bem, eu resolvi levar a público. Mas daí veio a hipótese de que não haviam cortado na hora, eu fui por essa linha.
Todos ficaram em silêncio, pensativos. O trovão abafado dominou o cômodo silencioso.
- Isso é possível, Yuki? - perguntou Duane.
- Bem... - foi interrompida por Katrina que entrou às pressas na casa. A mesma estava encharcada devido a chuva.
- Temos um problema. Venham. - todos a seguiram.
Katrina guiou todos até os fundos da comunidade. As gotas da chuvas colidiam fortemente em suas cabeças. Correram com cuidado para não tropeçaram no asfalto molhado. Os pisões faziam a água se espalhar no chão.
Perto da área dos túmulos, todos avistaram um dos moradores, agora zumbificado. Seu corpo estava coberto de terra e água, sujando as vestes com barro.
- Mas que...? - Zack parou, boquiaberto.
Katrina deu cabo do andarilho que tentou correr até eles, mas escorregou no asfalto molhado.
Todos viram os mortos já enterrados, saindo dos túmulos.
- O solo tá se desmanchando devido a erosão! - Yuki gritou, tentando falar mais alto que os trovões.
- Vamos colocá-los debaixo, de novo! - Vanessa gritou. Pegou as pás.
Outros tiraram as facas do cinto.
- Atirem se necessário! - ordenou Axel.
Atacaram.
Vanessa partiu a testa de um que tentava sair debaixo da terra.
Brian chutou a cabeça de outro, levando-o para baixo, novamente. Em seguida, fincou a faca no buraco feito, furando a cabeça.
Com o solo molhado, Léo escorregou. O zumbi logo atrás, que lutava para sair do túmulo, agarrou sua perna.
- Larga! - sacudiu.
Han agarrou o cabelo do desfalecido e cravou o facão em sua testa. Léo se soltou.
- Valeu. - Han o ajudou a levantar.
- Tenha cuidado.
Axel puxou os pés que estavam amostra no solo, retirando o zumbi debaixo da terra molhada. Esmagou sua cabeça com a pedra.
Nos túmulos mais ao fundo, saíam os mortos com dificuldade. Alguns já se levantavam.
Jack foi até o primeiro que sairá do túmulo. O zumbi escorregou no solo e ficou de joelhos. Jack partiu sua cabeça com a pá.
Era tanto sangue jorrando que não conseguiam distinguir das gotas de chuva.
Sally puxou os braços do zumbi. Steve fez o resto, furando a cabeça do desfalecido.
Um zumbi agarrou Duane. Com sua força, Duane o colocou contra o muro, agarrou o pescoço do morto e com as duas mãos abriu o tecido. O sangue se juntou a suas mãos molhadas. Ouviu outro chegando atrás. Ele desviou assim que tentara agarrá-lo, fazendo os dois mortos baterem a cara um no outro.
Esmagou a cabeça de um com o pé. Tirou sua pistola do coldre e atirou no outro.
- Axel! - Katrina gritou para o mais próximo. Ela segurava um deles pelo braço. Axel não hesitou, cravou a faca na têmpora. - Valeu.
- Acabou?! - olhou ao redor.
Um trovão ecoou no ar.
Todos estavam exaustos.
Brian avistou de longe, três dedos saindo debaixo da terra.
- Ei, pessoal, olhem aquilo. - apontou. Os que estavam ao redor foram junto com ele. Logo, toda a mão conseguiu se livrar da terra, ficando do pulso para cima, livre do subterrâneo. - Eu te dou uma mão, parceiro. - Brian pegou a mão do zumbi e o puxou.
O braço era magro, em puro osso. Ele puxou sem dificuldade, como se estivesse levantando uma criança.
Da terra molhada saiu a morta-viva. O rosto e a barriga em osso puro. Era Sandra, com o pescoço quebrado, estando totalmente mole.
- Que merda - disse Newt.
Jack e Zack que estavam na roda se entreolharam. Zack parecia mais triste.
Ela grunhia com fraqueza, bem roca, como se estivesse com sede.
- Saiam da frente. - disse Duane. Ele se ajoelhou perto dela. O olhar dela parecia triste, era como se ainda tivesse emoções. - Sinto por você. - sussurrou. Agarrou seu queixo e fincou a faca na cabeça. Ela caiu com facilidade assim que ele soltou.
- Erich estava certo. - Newt afirmou. - Se transformam mesmo depois de mortos.
- Se ela tava... "Viva" - Jack fez aspas - Então... - olhou para o túmulo de Rafa, que estava intacto.
- Não tô afim de saber. - Duane se levantou e saiu.
- Vamos, pessoal! - Axel gritou - Vamos nos livrar desta sujeira!
***
Amanheceu. Passaram o dia queimando os corpos.
Harry fitava tudo da varanda de casa. Sentado na cadeira de balanço. Ele segurava sua arma.
Steve passou em frente, estava exausto e coberto de terra. Ele viu a arma na mão do menino.
- Não precisa disso, não aqui.
- Agora precisamos. Nenhum lugar é seguro.
- Aqui é, Harry. Só não sabemos nos cuidar neste mundo, não ainda.
- Enquanto não soubermos... - levantou a pistola - Ficarei com isto.
– 2.03 –
E o pau comeu.
Capítulo cheio de ação, só furada na nuca. Com direito a referência aos clássicos de zumbi. Foi só chumbo grosso. E isso é só o começo.
Richard faleceu sozinho. Carly vai ficar bolada :/.
Tão gostando? Nem eu.
Até.
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