T2:C11 - Degradação
O braço dos quatro que carregavam Tony já começa a cansar.
O pequeno grupo caminhava pela estrada deserta com silêncio mortal entre eles, seguindo de sons naturais que outrora eram o mais satisfatório que ouviriam além de mortos famintos atrás de comida. Ventos fortes sobravam em seus cabelos e ouvidos.
Erich cansou, deixando a perna cair e, consequentemente, o restante também foi ao chão. As mulheres que tomavam linha de frente pararam e fitaram o quarteto exausto.
Katrina foi até eles. Ajoelhou para pegar a perna esquerda, essa que Erich havia perdido a força.
- Vamos conseguir. - disse a ele.
- Pessoal! - Sally disse em alto tom. - Olhem.
Um carro vinha de longe, preparando para fazer a curva e ir de encontro a eles.
- Acha que são eles?
- Não tô afim de saber. - Katrina disse, levantando o corpo.
- Droga. - Vanessa se afastou de Marian e pegou um canivete da bolsa do jeans preto. Ela se armou.
Um pontiac aztek, com o capô sujo de sangue e marcas de mão, parou vagarosamente em frente da moça.
Han saiu do veículo. Ela abaixou o braço e sorriu para o mesmo. Eles se abraçaram fortemente, sendo duradouro.
- Você tá bem?
- Uhum.
Han mudou a feição quando percebeu o corpo no chão. Ele notou Marian em prantos e logo entendeu.
- Marian... Sinto muito - a abraçou.
Jack levantou quando viu Carly sair do carro. Ela foi de encontro a Cristina que também se abraçaram.
- Cadê o Brian? - perguntou ele.
Han separou de Marian e olhou para ele na mesma hora.
- Talvez ele esteja vivo... Não deu pra saber.
- Como assim?
- A gente bateu o caminhão. Ele apagou de vez. Os mortos... Tivemos que fugir. Eu fechei a porta.
- E o Gormax? - Carly perguntou.
- Seu amigo desgraçado matou o meu filho. - Duane respondeu, furioso. Encarou a mesma.
- Ele estava infiltrado. - Cristina explicou.
- Eles disseram que a Central caiu. - Katrina lembrou - Melhor nos apressarmos.
- Então vamos. - Duane afirmou.
Ele, Axel e Katrina levantaram o corpo.
Deixaram o falecido no porta-malas. Carly veio com um lençol que estava dentro do carro e cobriu o corpo.
- Sinto muito. - disse para Duane.
- Eu sei. - fechou.
(...)
Duane ficou no espaço entre o banco e o porta-malas, ficando junto com o corpo do filho. Era algo que ele escolheu.
No banco traseiro estava Katrina, Vanessa, Sally, Cristina, Axel e Han. Todos apertados, Vanessa foi no colo do coreano, o que amenizou um pouco.
Marian no passageiro e Jack no piloto, ficando Carly apertada entre ambos.
O caminho desconfortável foi longo e silencioso. Mesmo assim eles estavam atentos para que não topassem com os loucos novamente. Nenhum carro preto ou veículo suspeito, o que era um aliviado para eles.
A curva foi feita, podendo ver os prédios cortantes na neblina distante, logo a rua à frente se destacou pela grande lataria encalhada, com mortos-vivos ao redor.
- Tem armas? - Jack perguntou.
Carly lhe entregou a bolsa de armas. A mesma só continha três armamentos, número exato para Brian, Carly e Han.
Jack, Carly e Vanessa saíram do carro. Han e Axel foram atrás, mantendo cobertura.
Jack atirou em dois zumbis. Carly deu cabo de quatro deles que vinham disparados em sua direção. Vanessa derrubou um com o tiro certeiro.
- Droga. - Vanessa olhou para o transporte.
Era o ônibus de Manny. Han e Axel se aproximaram após também perceberem.
- Porra. - Axel falou entre os dentes.
Ouviram grunhidos no interior do veículo. Axel foi em passos firmes até a frente do ônibus. Agachou para ver o para-brisa, dali ele viu Manny zumbificado lutando para tentar sair do banco em que estava preso com o cinto de segurança. Forçou os olhos para ver melhor o interior.
- Vamos abrir. - levantou rapidamente.
- Como é? - Han indagou.
- Tenho que saber se minha esposa está lá dentro! - foi até a traseira.
Puxou a trava de segurança da porta de emergência. Um puxão forte abriu a porta. Os zumbis levantaram quando a luz adentrou o interior bagunçado.
Foram até às presas da frente. Axel puxou uma pela gola e fincou a faca na têmpora dela. Foi assim sucessivamente, matando quase todos sem ajuda.
- Axel. - Vanessa chamou sua atenção.
- Eu consigo. - puxou outro zumbi.
Jack empurrou Axel para o lado, em seguida se afastou para que os mortos saíssem.
Os zumbis saíram empurrando uns aos outros, sendo derrubados por tiros e golpes de facas.
No último, Carly finalizou com um disparo de sua shotgun.
Axel permaneceu no chão encarando Jack. Levantou e analisou cada corpo no chão.
- Porra. - entrou na lataria.
O interior fedia. Os bancos estavam no teto devido a capotagem, o que dificultava a locomoção se não andado no corredor. Cacos de vidro pelo chão e sangue por toda parte. Não havia mais nenhum corpo ali, além de Manny que lutava para alcançar Axel.
- Olha pra você... Desculpa. - fincou a faca na testa do ex-amigo.
- Todos morreram por tiros. - disse Han analisando os mortos.
- Desgraçados. - Jack murmurou.
- Vamos continuar. - Axel saiu do ônibus. - Não há nada pra gente aqui. - foi até o carro.
Ambas seguiram o ex-militar.
- Você está com o walkie-talkie? - perguntou para Han.
- Não. Mas se ele estiver vivo, vai nos contatar.
- É. Ele vai.
- Fica bem, Jack. A gente vai chegar lá.
***
De longe eles avistaram a fumaça escura dominar o céu. Jack acelerou.
Passou pela encruzilhada. Seguindo em linha reta, todos tiveram a visão dos portões escancarados e seu interior dominado pelas chamas e mortos.
- Filhos da puta! - Axel esbravejou.
Jack parou o automóvel ao passar pelo portão. Todos saíram no mesmo instante, afobados.
- Zack! - Sally gritou ao sair.
- Meu deus. - Vanessa olhou ao redor. - Harry!
Axel saiu mancando pelas ruas, torcendo para que não estivesse revivendo o momento em que descobrira a morte de sua filha.
- Neiva! - mancou para o centro - Neiva! Amor... - seu queixo ficou trêmulo e olhos marejados. - Neiva!?
Uma zumbi caminhava em sua direção, grunhindo conforme vinha. A perna arrastava pelo chão, estando o osso do tornozelo amostra.
- Vadia. - socou a morta-viva. Ela foi ao chão. Ele subiu na mesma e começou a espancá-la - Por quê?! - quebrou a mandíbula da aberração.
O faminto que foi correndo até Axel enquanto distraído, foi derrubado por uma pedrada. Axel olhou por cima do ombro ao ouvir o corpo bater no asfalto.
Newt apareceu, esmagando a cabeça do andarilho com a pedra.
- Newt?
- É...
- Neiva! Onde ela está?
- Eu não sei...
- Você... Você está bem? - notou o olho roxo.
- Vou ficar. - respirou ofegante.
(...)
- Zack! - Sally chamou por ele mais uma vez.
Jack estava junto à ela, procurando pelo amigo também.
- Zack! - ele gritou.
Parou em frente a praça quando viu o estado da mesma. Sangue na fonte, lixo no chão. No topo, o quadro feito por ele e Lydia era consumido pelas chamas. Ele respirou fundo ao ver aquilo. Seguiu caminho, focando em encontrar o amigo.
Correu para os fundos da casa de Tony ao ouvir barulhos de lá. Viu na quadra de basquete, três zumbis perambulando por ali. Dois atrás e um na frente.
Jack foi até eles. Cautelosamente ele se aproximou do morto e fincou a lâmina na nuca do mesmo, derrubando-o. O outro do lado ouviu, o que foi suficiente para avançar em Jack que o derrubou facilmente e o matou.
- Zack! - gritou mais um vez.
O zumbi que sobrou, com um pedaço de madeira no abdômen, se virou ao ouvir o grito. Jack olhou para mesmo, travando a visão nos olhos leitosos e no rosto faminto de Zack.
Ele olhou atentamente para o morto. Cabelos longos e loiros, e o sangue jorrando pela boca coberta de carne.
Jack se afastou, negando com a cabeça, com os olhos enchendo.
- Não.
Zack grunhiu. Avançou com tudo em Jack, que se esquivou do ataque, Zack foi ao chão com a tentativa falha.
- Zack, por favor... - começou a chorar.
Zack levantou rapidamente e fez o mesmo procedimento. Ele foi empurrado por Jack.
- Não! - Zack avançou novamente - Sai daqui! - fungou.
Jack viu Sally imóvel no quintal da casa de Tony, a mesma soluçava.
Zack avançou com tudo, demonstrando raiva. Jack o conteve e cravou a faca no peito do amigo, com força ele levo-o ao chão.
- Desculpa! - fincou a lâmina na testa do amigo. - Desculpa! - disse enquanto repetia o processo até Zack parar de reagir. - Descu... - se jogou para o lado.
Jack ficou ali, chorando aos montes do lado do corpo.
- Sally! - Katrina chamou por ela.
Ela permaneceu imóvel, chorando.
- Sally... - Katrina percebeu o corpo de Zack na quadra. - Sally, não tem nada aqui. Precisamos ir. Tudo isso pertence aos mortos agora.
Pegou na mão de Sally, ela foi de encontro a um abraço com Katrina.
Jack ouviu os mortos se aproximarem, ele ergueu a cabeça.
- Jack! - Katrina gritou. - Vamos! - saiu com Sally.
Olhou para o corpo de Zack. O olhar fixado no céu, a boca aberta e um enorme furo na testa que escorria o sangue.
- Adeus, irmão. - correu.
(...)
- Temos de ir. - disse Katrina.
Ela e Sally já se aproximavam do carro.
- Não podemos desistir. - disse Vanessa - Eles ainda podem estar por aí.
- Estão todos mortos, Vanessa.
Zumbis grunhiram a frente. Três caminhantes iam de encontro à eles, mas dois foram derrubados com um alto disparo. Quando caíram, foi revelada a figura de Harry com a M9 em mãos.
- Harry! - Vanessa correu em direção do menino.
Han foi atrás da moça, com sua velocidade, ele a ultrapassou. Puxou sua faca e pulou em cima do zumbi que ainda restara, caindo junto com ele no asfalto.
- Harry! - Vanessa o abraçou. - Tudo bem? Está ferido?
- O Zack...
- O que tem ele?
- Ele... - seus olhos encheram. - Eu não tive coragem.
Jack saiu de trás da casa de Tony. Harry virou para ele, o fitando com os olhos marejados.
Ele se aproximou vagarosamente, com sua faca ensanguentada em mãos.
- Eu o vi. - disse, com o rosto vermelho.
- Jack, eu...
- Não podemos ficar aqui. Temos que encontrar todos, se é que estão vivos...
- Estão na ponte em direção a cidade. - disse Harry.
- O quê?
- Zack pediu para que todos fossem para lá.
(...)
Newt saiu da enfermaria. Axel estava sentado no meio fim.
- Não tem nada. Eu te disse, pegaram tudo. - desceu da varanda.
Dois carros e uma moto pararam em frente a enfermaria.
- Vamos. - disse Erich - Hora de rever sua esposa.
***
Escondidos nos arbustos. Nelson e Léo assumiram a vigília. Já estavam relativamente seguros, estando em maior número com a vinda de Yuki e os outros, mais uma caverna cheia de mantimentos.
- Ei. - Léo alertou Nelson. - São eles! - disse com um sorriso no rosto. - Neiva! Eles chegaram!
Saíram de trás dos arbustos. Os veículos pararam na mesma hora.
Axel logo saiu do carro e foi de encontro a sua esposa. Ele a levantou com o forte abraço, seguido de um beijo longo.
Erich apertou a mão de Léo. Ele apenas assentiu para Nelson quando o viu.
Cristina e Carly se ajoelharam para receberem Rulek em seu braços.
- Achamos que tínhamos perdido nosso baixinho. - disse Carly.
- Gormax? - o procurou na multidão.
- Depois te contamos.
Jack ficou isolado no fundo, vendo todos felizes em se reencontrar. Não só ele, mas Sally também fazia o mesmo.
- Jack. - Neiva se aproximou dele com os braços abertos. Ele retribuiu.
- Tony e Zack estão mortos. - disse no ouvido dela.
Ela se afastou com um olhar preocupante.
- Ele queria proteger o lugar. Proteger a sua casa.
- Eu sei...
- Sinto muito.
Voltaram ao abraço. Jack afundou o rosto no pescoço da moça, chorando baixo.
***
A noite já vinha. A escuridão dominava a área em que o caminhão havia batido.
Jack abriu a porta do piloto, o caminhão estava vazio o que foi um bom sinal para ele.
- Ele fugiu. - desceu do degrau. - Pode rastrea-lo? - perguntou à Erich.
- Aí depende. Tem uma lanterna?
- Aqui. - Léo lhe entregou.
- Valeu. Vou dar uma olhada. - contornou o caminhão.
Jack foi parado por Léo antes que acompanhasse o caçador.
- Jack, não pretende se arriscar por aí para procurá-lo, né?
- E por que não?
- Só acho que pode ser perda de tempo. Não tô falando que ele tá morto, eu também acredito que ele esteja melhor do que nós. Mas, e se toparmos com eles de novo?
- Daí teremos poder de fogo para revidar.
- Jack...
- Por que não volta pro carro? Você vai ser bem melhor lá do que aqui.
- Como?
- Foi isso o que ouviu. Trazer o garoto que desistiu do o próprio pai - sorriu debochado - Que burrice. - contornou o caminhão.
Léo ficou por ali mesmo, pensando no que acabara de ouvir.
Jack alcançou Erich devido a luz da lanterna iluminando o chão.
- Tudo bem com você? - Erich perguntou enquanto analisava o gramado.
- Por que não estaria?
- O Zack. A morte dele tá mexendo com a sua cabeça. E com a da Sally também. - ajoelhou.
- Não, eu tô bem.
- Assim espero. - levantou. - Ele seguiu caminho. Vem cá.
Ambos pararam do lado de uma porta de madeira quebrada. Erich iluminou o interior. Era um hangar, guardava um enorme aéreo coberto por um longo lençol.
- O desgraçado foi dar um passeio de jatinho particular.
- Ele fugiu?
- Pode crer. Olha ali. - iluminou o fundo, destacando uma janela quebrada. - Deve ter pegado algum carro no mesmo lugar que o china também conseguiu.
- Vamos voltar. A gente averigua mais pela manhã.
(...)
Erich, Jack e Léo se juntaram ao restante que havia feito uma fogueira debaixo de uma ponte de mármore.
Em cima da mesma estavam Katrina e Steve.
Todos congelavam em volta da fogueira. O frio estava ficando denso para a noite.
O trio chegou quando Axel terminava de explicar tudo que aconteceu.
- Ele sabia de tudo. - encerrou Axel. - E aí? - notou os três descendo a ladeira.
- Ele fugiu. - disse Erich - Deve estar longe.
- A gente vai ver melhor amanhã. - disse Jack.
- Eles não saem dali. - Neiva disse, olhando na direção de Duane e Marian, que se encontravam em volta da cova de Tony.
- Eles precisam de um tempo. - disse Yuki. - Todos precisamos.
- Mas isso pode nos matar. - Axel falou. - Precisamos de um lugar pra ficar, bem melhor do que debaixo de uma ponte.
- Um abrigo? - Rulek deduziu.
- É. Não necessariamente com muros, mas algum lugar que possamos nos instalar. Fortificarmos e crescermos.
- Já estávamos fazendo isso. - disse Vanessa - E se mais loucos vierem para fazer o mesmo?
- Daí lutamos.
- Axel...
- Qual é! Eu sou o único racional aqui? Estamos com a corda no pescoço aqui fora. Desde o começo de toda essa merda, nós vivíamos no luxo em comparação ao lado de fora, e agora não temos nada. Podemos morrer por qualquer coisa aqui fora. Não tem uma cama, nem comida, muito menos água.
- Vamos conseguir. - Don falou convencido - Já conseguimos uma vez, podemos fazer de novo.
- Ficaremos bem quando aqueles clandestinos estiverem fora do nosso caminho - Jack concluiu. - Não vai demorar muito.
- O que quer dizer?
- Temos um bom número para um grupo de sobreviventes. Se encontrarmos qualquer um deles, podemos...
- Jack. - Neiva o interrompeu - Não. - o advertiu.
A roda ficou silenciosa.
- Que a sorte esteja ao nosso favor. - ela encerrou.
— 2.11 —
ACABOU DE ACABAR! 2ª TEMPORADA COMPLETA! FULL HD 4K.
Meu povo, quanto atentado. Sim, perdemos o Zack nessa jornada. E agora Brian está desaparecido... É muita coisa, produção. E isso tá alterando a cabeça do Jack.
Eis aqui nossas condolências:
† Zack - T1:C1/T2:C11
† Tony - T1:C3/T2:C10
† Manny - T1:C14/T2:C11
† Marta - T2:C5-C9
† Arnold - T2:C5-C9
† Richie - T2:C1-C3
3ª temporada já está confirmada! Agora eu tô empolgado. Fiquei duro só de escrever este capítulo.
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