Segurança
O veículo entrou no local, atrás Price fechava o portão. Estava escuro, se forçada a vista conseguiria ver as ruas e as casas que tinham placas de vende-se no gramado.
- E aí - Han saiu do carro e cumprimentou o amigo.
Price vestia uma roupa militar e um chapéu para camuflagem. Barbudo, não muito alto e de olhos castanhos. Maior parte das vezes fumava um charuto, agora não era diferente. Tinha uma M4A1 no ombro.
- Quem são esses? - apontou.
Jack saiu do veículo.
- Prazer Jack - estendeu a mão.
- Igualmente - falou com charuto na boca - Você tá uma merda - o olhou de cima a baixo.
- Tivemos problemas na cidade. Se não fosse o Han, provavelmente estaríamos mortos.
- É, o moleque manda bem. Han, estaciona o carro. Eu vou levar os caras pra uma casa que esteja desocupada.
Price os acompanhou até determinado ponto e então parou.
- Vocês ficam ali - apontou para uma casa branca de dois andares - Vou voltar pra vigia. Se os caras perceberem que não tô lá vão descontar o ponto. Aproveitem.
- Valeu - agradeceu Brian, sonolento.
- Aliás - Price voltou -, não liguem todas as luzes.
- Tá. Vamos.
Os três entraram.
O casa cheirava bem. Toda arrumada e limpa. Jack checou a torneira, a água saiu fria e limpa.
- Como eles tem tudo isso? - olhou para o cômodo.
- Ainda não acabou tudo - disse Brian - Bom - se olhou -, eles devem ter chuveiros funcionando aqui.
- Eu vou primeiro - Zack foi para o segundo andar, quase tropeçando.
- Deve ter um aqui embaixo, pode ir - disse Jack.
- Nem precisa falar duas vezes - Brian foi ao corredor abrindo todos as portas.
Jack tirou o tênis e as meias, já estavam com mau cheiro. Tirou a blusa e sentou-se no sofá, colocando os pés na mesa. Respirou fundo. Ouviu o chuveiro ligar.
Ao olhar para a lareira a sua frente, caiu no sono repentino, daqueles que quando acorda não se lembra de quando fechara os olhos.
(...)
- Gostaria de uma xícara de chá, madame? - ouviu a voz de Brian ao fundo - Jack! - estalou os dedos na frente do seu rosto. Ele acordou - Bom dia.
- Que horas são? - viu a janela iluminada pela luz do sol. Esfregou os olhos.
- Meio dia, eu acho. Você tem um sono profundo, hein.
- Cadê o Zack?
- Na enfermaria, devido ao tiro. Por que não vai tomar uma ducha?
Percebeu que estara no mesmo estado.
- Eu vasculhei a casa. E tem de tudo um pouco. Vou colocar sua roupa pra lavar, mas não se acostume - pegou -, não sou sua mulherzinha - foi até a lavanderia.
A água estava morna. Sentiu-se aliviado com o correr da água em seu rosto. Se secou e se vestiu. O guarda roupa do quarto estava intacta, com as roupas perfeitamente dobradas. Escolheu um jeans e uma camisa branca.
- Brian, tá aí? - desceu. Ouviu baterem na porta. Ele se dirigiu até lá.
Ao atender a porta, a imagem da jovem loira e de olhos claros abriu um sorriso amigável.
- É o Zack? - perguntou ela.
- Jack.
- Ah, sim. Seu amigo Brian, disse que estaria aqui. A Neiva quer falar com você.
- Neiva? - franziu a testa.
- A dona do lugar.
- Achei que era um soldado que estivesse no comando.
- E está. Mas enquanto ele não estiver é ela que manda. Então, você vem? - abriu caminho.
- Já estou indo.
(...)
- Como se chama?
- Lydia. É aqui - abriu a pequena porta de uma cerca. Ele passou - Ela parece grosseira, mas vai por mim, ela é um amor de pessoa - abriu a porta.
Um jazz clássico soou. Lá estava Neiva, olhando para a janela, com os braços para trás.
- Toc Toc - Lydia bateu na parede.
Neiva se virou e esboçou um breve sorriso. Tinha os olhos verdes e cabelos longos e grisalhos. Foi até a vitrola e tirou o pino do disco, parando o som.
- Obrigada, filha.
- Nada - saiu.
Jack a acompanhou com o olhar, surpreso.
- Filha?
- É - Neiva sentou na poltrona - Sente-se.
Ele deu uma olhada rápida no disco, na capa havia o nome "Mercy, Mercy, Mercy".
- Eu gosto de um bom Jazz. É de Joe Zawinul.
- Tem uma boa melodia - disse Jack. Sentou na poltrona a frente - Neiva, certo?
- Isso. Eu conversei com seus amigos, Brian e Zack. Eles... São agradáveis.
- Eu não diria isso, mas foram uma boa companhia lá fora.
- Entendo.
- O Han me disse que tinha um soldado no comando. - contou ele.
- Meu marido Axel. Ele não estando aqui sou quem tomo as rédeas.
- Uau - olhou em volta, um pouco desconfortável.
- Vou fazer algumas perguntas. Se importa se eu filmar? - mexeu na câmera, já montada no tripé.
- Tudo bem.
- Ótimo - cruzou as pernas - Qual era sua profissão?
- Minha profissão...
- Seja sincero.
- Professor. - apertou o punho.
- De que escola?
- A escola na comunidade do norte - suspirou.
- A que fica no centro?
- Isso. - apenas concordou.
- School City. Aquele lugar foi tomado, sinto por você.
- Era um bom lugar, com ótimas pessoas - desviou o olhar.
- Bem, o que gosta de fazer?
- Várias coisas. Acho que não tenho uma preferência.
Neiva desencostou do sofá, notando o desconforto do entrevistado.
- Tudo bem, Jack?
- Sim. Por que não estaria? - recuou as alguns centímetros.
- Pode fazer alguma pergunta, se quiser.
Para quebrar o silêncio constrangedor ele perguntou a primeira coisa que lhe veio a cabeça.
- Por que Central 69?
Ela continuou a lhe encarar.
- Antigamente o governo erguia centros aos montes. Assim, eles numeraram todos que foram concluídos. Este é o sessenta e nove. É mais fácil falar assim do que "Comunidade Compartilhada do Estado" - encostou no sofá - Aliás, foi uma boa pergunta.
Jack pareceu aliviado.
- Tem outra experiência além de educador? Não temos tantas crianças aqui e abrir um escola tão cedo, seria inútil, enquanto as pessoas lá foram estão trabalhando na cura.
- Sinceramente, eu acho isso não vai acontecer. Os centros de refugiados foram tomados. Acho que não tem ninguém lá fora a procura de algo pra reverter tudo isso.
- Alimento minha esperança. Começou tem pouco tempo, Jack, vamos conseguir. Eu e meu marido aceitamos acolher as pessoas aqui pelo tempo que restar.
- Não acha perigoso? Quer dizer, alguém pode estar contraindo a doença.
- Nos garantimos. Mas então, tem outra experiência?
- Eu atiro bem - percebeu ela franzir a testa - É um país livre - sorriu. - Treinei pela minha segurança.
- Tudo bem. É o bastante - desligou a câmera - Foi um prazer. - estendeu a mão.
- Igualmente - retribuiu.
Jack levantou e foi em direção a porta. Percebeu, olhando por cima do ombro, que ela o encarava a caminho da saída. Saiu de pressa. Na varanda estava Lydia sentada na escada. Ela o olhou, rindo.
- O que achou dela?
- Assustadora.
- Venha - levantou. - Vou te mostrar o lugar.
(...)
Caminharam por cada canto, mostrando onde era enfermaria, a despensa e o arsenal, que estara trancado.
- Aqueles são Price e Sally, fingindo que estão vigiando - apontou.
- Pra quê uma plataforma?
- Minha mãe é bem precavida. Ela exigiu que construíssem mais.
- E aquele? - apontou para a garagem aberta atrás dela, onde estara um menino.
- É o Harry - ela o olhou. - Perdeu os pais logo no começo. Acho que ele tem uns dez, onze anos.
- Ele não tem nenhum parente?
- A Vanessa fica de olho nele, às vezes. Mas é, não tem ninguém.
Jack ficou quieto e abaixou a cabeça.
- Acho que ele vai gostar de ter um novo amigo - sorriu. - Vou deixar você em paz. Aproveita, tá livre - deu um tapinha nas costas e saiu.
***
Brian entrou no cômodo que até naquele instante era desconhecido. Os enlatados nas prateleiras estavam organizados alfabeticamente. Em outra prateleira, tudo organizado pelas cores.
- Tão garantidos - pegou uma lata de milho, olhou em volta, e guardou- no bolso de sua blusa.
- Posso ajudar? - escutou uma voz suave.
- Merda - se virou.
- Desculpa, não quis te assustar - se aproximou - O que faz aqui? - perguntou ela.
- Tô conhecendo o lugar - colocou o braço na prateleira, seguido de um sorriso.
- Você é novo aqui?
- Sim. Brian, a propósito.
- Kim.
- Então - se virou -, o que faz aqui?
- Fazendo meu trabalho - apontou para a caderneta que segurava.
- Faz sentido - colocou as mãos nos bolsos - Eu vou te deixar em paz - se dirigiu a porta.
- Ei. - Brian parou - Pode devolver o que você pegou?
- O quê?
- Ora, vamos. Não quero ter que levar isso até a Neiva - estendeu a mão.
- Tá. - revirou os olhos. Entregou a lata.
- Fácil, não? - sorriu - Agora, isso vai ficar entre nós, tá bom?
- Concordo - acenou com a cabeça.
- Tá - os dois se olharam - Pode ir.
***
Price acompanhava Jack e Zack até os fundos da comunidade, levando-os até os construtores.
- Olha. Estão vendo aquele moleque ali? O magrelo altão? - Price apontou.
- Acho que sim - Zack procurava.
- O ruivo, porra. Aquele que tá mexendo com as toras.
- Sei.
- Ele é o chefe. Se quiserem ser úteis é aqui que começa.
- Vamos lá - disse Jack - Ei, você.
- E aí - o ruivo se aproximou.
- Você é quem comanda os construtores, certo?
- É, quase isso. Por quê?
- Somos novos - Zack começou - Querem que façamos as coisas por aqui, sabe? Pra contribuir.
- Novatos. Tudo bem. Não são os primeiros. Podem ajudar com as escadas. Não tem muita coisa hoje, a maioria tá com o trabalho pesado.
- O que tiver serve. - Zack foi indo.
- Espera, você não.
- Por quê?
- Você tá ferido. Bem na perna, pelo que eu vejo. Não queremos ter que te socorrer só por pegar em um martelo.
- Por que não descansa, Zack? - Jack deu um tapinha no ombro dele.
- Tá - bufou.
- Aliás, me chamo Newt.
- Zack - saiu em seguida.
- Jack.
- Tá. Vamos ao trabalho.
Jack remendava a escada para uma nova plataforma de vigia. Pregando degrau por degrau. Através da abertura entre um degrau e outro, viu Brian e Zack de longe. Estavam carregando um saco enorme, só dava para perceber que estava cheio. Zack entrou e logo Brian percebeu o amigo lá de longe. Acenou, rindo, e entrou.
Logo atrás vinha Lydia, anotando algo em uma pasta. Ele a acompanhou com o olhar e começou a andar, sem tirar os olhos dela. Sem olhar para a direção esbarrou nas costas de um desconhecido.
- Foi mal - olhou para o homem não muito alto, musculoso, com cabelo comprido e amarrado.
- Olha o que fez - se virou, mostrando sua camisa toda molhada, em sua mão um copo agora vazio.
- Foi sem querer.
- Sem querer - pegou-o pela gola da camisa. Jack apertou o martelo que segurava.
- Ei - Newt apareceu - O que tá rolando?
- Ele me molhou - não tirou os olhos dele.
- Foi um acidente - disse Jack.
- Acidente?
- Qual é, Rafa? O cara disse que foi um acidente. Acreditando ou não, você não fazer drama por uma camisa molhada, certo? Quer dizer, tá todo mundo suando aqui - mostrou ao redor, segurando uma serra.
- Tá - olhou para Newt e depois para Jack. - largou o sujeito.
- Valeu. - agradeceu ao ruivo.
- Ao trabalho. - Newt mandou, voltando aos seus afazeres.
(...)
Escureceu, algumas casas já haviam desligado as luzes. O pessoal volta para suas casas. Alguns construtores também.
- Aí. Tá na hora de ir - disse Newt.
- Até que enfim - Jack colocou o martelo na caixa de ferramentas.
- Até que você se saiu bem.
- Não precisa mentir.
- É tem razão - riu - Nunca viu alguém com tanta dificuldade para pregar uma escada.
- Foi a tensão. Eu fico nervoso quando tô com muita gente ao redor, entende?
- Sei - ambos caminhavam pela rua que esvaziava aos poucos.
- Aquele Rafa é sempre temperamental?
- As vezes. Mas fazer o quê? Ele é um dos melhores.
- Ele é um babaca.
- É - riu - Toma cuidado, se Carter te encontrar junto com ele, você já era.
- Carter?
- É o irmão dele.
(...)
Jack foi indo até o caminho de casa. Vira uma luz ainda ligada na varanda de uma das casas. Han estava sentado na cadeira de balanço, parecia estar para baixo.
- Tudo bem? - Jack se aproximou.
- Não vi você chegando - levantou a cabeça.
- Aproveitando que estou aqui eu queria te agradecer, de novo.
- Não precisa, cara. Só fiz o que tinha que ser feito.
- Mesmo assim, eu agradeço. Mas então, o que houve?
- Tava pensando.
- Em? - se sentou no degrau.
- Na minha família. Minha mãe e minhas irmãs - abaixou a cabeça - Elas estão na Europa. Último contato que tive foi há dois dias. Só queria garantir que elas estão bem.
- E estão, eu garanto.
- É? - franziu a testa.
- Se são tão corajosas quanto você, elas estão bem. Vai por mim, as mulheres tendem a ser mais sábias que os homens.
- Assim eu espero.
- Coincidentemente, meu irmão mais velho também está na Europa, não em um lugar específico, mas... Quer dizer, a última vez que falei com ele, ele estava lá.
- E isso não te afeta? Deu a entender que vocês não se falavam tanto.
- Afeta. Afeta, sim. Mas eu tô tentando colocar minha cabeça no agora. Aliás, ele sempre foi o durão - sorriu.
- Isso é um bom ponto - sorriu também.
- Eu vou deixar você dormir - se levantou - A gente se vê?
- Claro. Boa noite.
- Durma bem - saiu.
***
Um barulho acordou Brian, que ouviu mais nitidamente por estar próximo. Se levantou, nauseado e com uma dor de cabeça insuportável. Esquadrinhou a casa, forçando os olhos. Ouviu o barulho novamente. Parecia algo esfregando em um ferro.
Seguiu o som até a janela da cozinha. Nela, avistou um homem escalando o muro do local.
- Merda - foi até o quarto de Jack, o mais próximo - Ei, acorda.
- O que é? - Jack esfregou os olhos.
- Vem - o puxou pelo braço.
- Espera. O que foi?
Brian o arrastou até a cozinha, parando na janela.
- Olha - apontou.
- Mas o quê? - Jack abria e fechava os olhos.
- Um invasor? - cochichou.
- Não pode ser, ele tá saindo ao invês de entrar.
- E a gente deixa?
- Não é da nossa conta - se afastou.
- E se ele estiver aprontando alguma?
- Tipo o quê?
O barulho veio novamente. Os dois voltaram para a janela, rapidamente.
O homem estava no topo, ele se esgueirou pelo outro lado, pegou uma M4 e jogou no chão, que por a caso tinha um saco cheio.
- É ladrão. - Brian foi até a varanda, no caminho pegou uma garrafa.
- Espera.
Brian não hesitou, assim que saiu jogou a garrafa na cabeça do homem, que caiu na mesma hora em cima do saco.
- Porra - disse Jack. Ambos foram até o corpo. A cabeça estava sangrando - Rafa?
- Conhece esse cara? - Brian estranhou.
- Ele é um dos construtores.
- Rafa? - uma voz que vinha de cima soou.
A dupla olha para cima.
Um homem com o rosto escuro e encapuzado fitou-os por uns segundos e pulou para o outro lado na mesma hora. Os dois correram para dentro, trancaram a porta e fecharam as cortinas.
- Que merda era aquela? - Brian olhava pelas arestas da cortina.
- Não faço idéia. O que eles estavam fazendo?
- Vou lá saber.
- A gente vai deixar ele lá? - se entreolharam.
(...)
- Pega a perna, moleque - disse Brian.
Pegaram o corpo, caminharam em direção aos fundos da casa quando foram interrompidos por uma voz.
- Aí, vocês dois - disse a voz feminina.
Ao ouvirem, jogaram o corpo dentro do arbustos ao lado.
- Por que não estão em suas casas? - era uma das vigias.
- Te pergunto o mesmo, doçura - disse Brian, mordendo o lábio ao vê-la.
Morena, cabelos longos, o corpo parecia de uma modelo, usando calça legging, boné e uma blusa branca. Em seu quadril, um coldre.
- Uau. Tô saindo da minha vigia, coroa. E vocês?
- A gente só estava tomando um ar - disse Jack.
- Sei. Como se chamam?
- Eu sou Jack. Esse é o Brian - apontou.
- Ok. Sou Sally. Bem, respeitem as regras, o mundo foi pro saco mas elas ainda existem - saiu.
- Claro.
Esperaram ela se afastar. Logo foram até o arbusto, vasculharam a planta, tirando vários pedaços até encontrarem o pé e os braços. O levaram para dentro, caminharam para a porta do porão.
- Abre a porta - disse Brian - Eu seguro ele - disse, aguentando as pernas do corpo.
- Tá - ao tocar na maçaneta o braço de Rafa bateu contra o chão - Porra. Segura ele.
- Tá bom. Tá bom - entraram.
Desceram com dificuldade, mas conseguiram. Aterrissaram o corpo cuidadosamente no meio do porão. O sangue estava jorrando.
- E aí? A gente fala que encontrou ele ao amanhecer...
- Não vai colar - interrompeu Jack.
- Por que não?
- Vai saber se aquele cara não estava com ele.
- Se estivesse, ele teria entrado.
- Beleza. Mas e a Sally? Ela nos viu e se ela contar, em quem você acha que vão acreditar?
- Tá bom. Vou pegar alguma coisa para estancar o ferimento - Jack foi subindo.
- Ele não já morreu? - Brian ficou sem resposta - Que droga - levou as mãos a cabeça.
***
Amanheceu. Brian e Jack ficaram acordados, sentados na sala esperando por Zack, enquanto pensavam em algo.
- A gente pode levar o corpo durante a noite - Jack propôs.
- Para onde?
- Um lugar distante.
Ouviram Zack descendo.
- Bom dia - bocejou o loiro.
Os dois o acompanharam com os olhos, vendo sua trajetória até a geladeira. Pegou uma vasilha e uma caixa de leite, juntamente com cereal. Ao perceber que ambos o olhavam, ele parou.
- O que foi? - olhou assustado.
- Tem um corpo no porão - disse Brian.
- Eu não teria sido tão direto. - Jack menciona.
Zack bateu na porta da enfermaria, acharam melhor que ele fosse pois já esteve lá e de certo, conhecera a atentente.
Uma mulher o tanto velha, com cabelo grisalho e olhos castanhos atendeu a porta. Logo atrás vinha uma jovem, cabelo curto e moreno, alta e de olhos verdes.
Pressionava o antebraço, especificamente na veia cubital.
Zack olhou para a jovem por alguns instantes até a mais velha lhe chamar atenção.
- Garoto - Zack desviou o olhar - O que quer?
- Não sei se lembra de mim... -
Suas palavras esvaem quando acompanha a garota que vem até a porta.
- Obrigada, Yuki - disse a jovem - Volto mais tarde.
- Claro, Vanessa - voltou a focar em Zack. - Sim, eu me lembro de você. Devia estar em repouso.
- É, eu sei, mas... Bem, eu preciso de uma ajuda.
- Os pontos abriram?
- Não. É uma coisa lá em casa - apontou - e eu preciso que faça a consulta lá mesmo.
Yuki franziu a testa.
- Isso é código para sexo?
- Não! Óbvio que não!
- Garoto, se soubesse as coisas que eu já ouviu. Muitos jovens se amarram em coroas. Não é assim que chamam?
- Eu só preciso que você venha até a minha casa.
Ela sorriu.
- Tá bom - fechou a porta.
A porta se abriu, entrando Zack e Yuki na casa.
- Bem, espero que isso seja de extrema importância. - Yuki adiantou.
- Mas é. - disse Brian.
Os três a acompanharam até a porta do porão, entraram e deixaram que ela fosse primeiro.
A cada degrau para baixo ela se sentia estranha na presença deles, todos meio hesitantes. Não demorou para ver o corpo de Rafa no chão. Yuki desceu rapidamente.
- O que aconteceu?
- Tivemos um pequeno imprevisto - disse Brian, ainda na escada.
- O que fizeram? - se agachou e pegou uma bandagem em sua bolsa.
- Brian acertou ele com a garrafa - Zack contou.
- Valeu pelo sigilo, loirinho.
- Vamos. Me ajudem a levá-lo - Yuki levantou o corpo.
Uma breve explicação ajudou ela entender tudo.
***
Neiva estava em sua sala, na poltrona assistia ao vídeo da entrevista com Jack.
"Qual era sua profissão?
Minha profissão...
Seja sincero.
Professor"
Neiva deu um breve sorriso enquanto assistia. A batida na porta fez ela fechar o visor da câmera.
- Entre!
- Ocupada? - Yuki foi entrando.
- Não - olhou para ela - Estava dando uma olhada nos recém chegados.
- Vim falar sobre eles, aliás.
- Sente-se.
- Não, estou bem. Zack e os outros vieram até a mim. Viram Rafa escalando o muro ontem a noite. Por impulso, imagino, Brian o acertou com uma garrafa de vidro.
- Onde está o Rafa? - ela se levantou.
- Na enfermaria.
- Avise-me quando ele acordar, certo?
- Está bem - foi até a porta.
- Yuki, obrigada.
A enfermeira assentiu.
***
Jack viu Han e outras pessoas desconhecidas perto do portão, se preparando para algo. Se aproximou, alguns já estavam entrando na caminhonete. Han parou ao ouvir Jack o chamando.
- A onde vai? - indagou Jack.
- Uma busca. Quando te encontrei acabei dando de cara com uma lojinha, quase intacta. Eram muitas coisas, por isso a caminhonete e o pessoal.
- Eu posso ir?
- Não leva a mal - olhou para o veículo - Já tem gente demais para arriscar.
- Olha, eu não só de extrema importância. Aliás, não tenho muito coisa pra fazer.
Han bufou.
- Sally! - olhou para cima, vendo ela na plataforma - Pode avisar para Neiva que já fui? E que levei Jack comigo.
- Tá legal.
- Vamos lá, maluco.
No caminho para a caminhonete, Jack ouviu a conversa do casal ao lado.
- Não demora.
- Pode deixar - respondeu o homem alto e negro. Ele falava com Kim. - Não me espere acordada. - entrou na caminhonete.
- Vambora. - Han apressou.
Jack subiu a caçamba da caminhonete.
***
Através da vidraça da porta, Rafa viu Neiva e Yuki se aproximarem.
- Rafa? - Neiva abriu a porta devagar
- O que aconteceu comigo? - perguntou com a voz lente.
- Você levou uma bancada forte na cabeça - foi até ele - Graças a Deus está bem.
- Como aconteceu? - tentou se levantar.
- Fique deitado - disse Yuki, deitando ele calmamente.
- É uma longa história - Neiva sentou ao lado - Você se lembra do que aconteceu? Digo, do que estava fazendo?
- Não - negou com a cabeça, olhando para as duas.
- Sabe o que está acontecendo? - perguntou Yuki - Com o mundo?
- Sei. Eu sei.
- Vou ser direta - disse Neiva - Brian e Jack te viram ontem a noite em cima do muro, pegando armas e as jogando para dentro da comunidade.
- Eu não me lembro disso. Quem são Brian e Jack?
- As pessoas novas que Han encontrou. Mas é isso, eles te viram.
- Me desculpe, não consigo me lembrar - olhou para Yuki - De nada mesmo.
- Nem mesmo do homem que estava com você? - ele negou - Certo. Descanse, talvez lembre de alguma coisa.
- Certo. - engoliu em seco.
- Te vejo mais tarde - saiu.
- Vou buscar alguma coisa para você comer - disse Yuki antes de sair em seguida.
- Tudo bem - olhou ao redor, desconfortável.
Quando sozinho, Rafa percorreu o olhar por todo o quarto. Ao seu lado havia uma tesoura. Encarando o objeto, ele desviou os olhos para porta, ninguém vinha, respirou fundo, esticou o braço e então pegou.
***
A rapaziada encontrou um lugar de paz. Só esperem pra ver que um simples arremesso pode ocasionar.
Valeu aí pela galera que votou. Espero que tenham curtido.
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