O mundo que viveremos
Na traseira da caminhonete o vento vinha forte contra o rosto de todos ali, assoprado cabelos e obrigando-os a manterem os olhos entreaberto.
- E aí, como se chamam? - Jack perguntou para os três presentes.
- Marian - a mulher a sua frente respondeu. Cabelo dread, negra e olhos castanhos - Esse é meu irmão, Tony.
- E aí - era barbudo e musculoso. Estava com um boné de beisebol.
- É um prazer, sou Jack - estendeu a mão.
- Igualmente - ela tocou em sua mão com o punho - Do seu lado é o Léo.
Jack o olhou. Léo apenas assentiu com a cabeça. Cabelo longo e com pouca barba, aparentando uns 22 anos.
- Ele não é de falar muito - disse ela - Aquela no volante é a Sandra. Ela é indiana, antes que pergunte.
Jack olhou para a motorista, só pôde ver através do vidro seu cabelo preso com um rabo de cavalo e, no retrovisor, seus olhos pretos focados na estrada.
- O asiático ali você já conhece. É daqui mesmo, Jack?
- Sim. Nasci e cresci. Nunca saí.
- É uma pena. Eu e o Tony já fomos para tudo que é lugar. Né não, maninho? - tocou em seu ombro. Ele sorriu.
- O que faziam?
- Eu era professora de história. O Tony, um segurança de estacionamento.
- Parece que tinham uma boa vida. Quer dizer, só por viajar.
- A gente sobrevivia.
- Cara, se você deixar ela vai falar o dia todo - disse Tony.
- Dá licença, tô socializando com o cara - Marian diz.
Jack riu.
- Eu vou tomar cuidado - disse Jack - Aquela mulher que você estava falando - se dirigiu a Tony - Sua esposa?
- Não, é minha namorada. Casamento é para os fortes.
- Pelo menos você tem alguém - Marian encostou no capô - Eu tô na seca desde que nasci.
***
Através do vidro, Yuki percebeu que a cama aparentava estar vazia. Abriu a porta e na hora deu falta de Rafa. A janela estava aberta. Suas roupas, antes na cadeira, não estavam mais ali.
Ela saiu as pressas da enfermaria e seguiu o rastros das roupas que ele estava usando. A sua frente estava o portão de entrada entreaberto.
- Yuki? - uma voz veio de trás.
- Vanessa.
- Tudo bem?
- Você viu o Rafa?
- Não. Por quê?
- Quem estava de vigia agora?
- A Sally. Falei com ela a uns dez minutos atrás.
- Pode me dizer para onde ela ia?
- Acho que para a casa.
- Tudo bem, obrigada. Feche o portão. E não faça perguntas, depois eu explico - correu.
***
Zack acordou ao ouvir barulhos no andar de baixo. Um estrondo soou de lá. Ouviu algo metálico cair.
- Brian!? - se sentou na cama - Jack!? - sem resposta. Se levantou e pegou a pistola dentro da gaveta. Foi para o corredor.
Desceu e deu de cara com a porta da frente escancarada.
Espreitou a varanda, nada. Fechou a porta.
Percebeu algo frio em seu pé, ao olhar para baixo viu a maçaneta no chão. Destravou a arma e se virou devagar. A porta debaixo da escada rangia, aberta.
- Eu tenho uma arma! - caminhou até porta.
Mirou para baixo, vendo apenas o lance de escada clareada pela luz do sol que atravessa a clarabóia.
Verificou atrás da porta, por precaução, nada. Desceu. A cada degrau a madeira rangia. Chegando no piso, mirou para a sua direita. Não havia ninguém.
Subiu de volta e no primeiro degrau, deu de cara com a porta, que se fechara sozinha. Zack caiu rolando escada a baixo.
- Porra - sua visão ficou embaçada. Viu uma figura descendo os degraus com algo na mão. Enfim conseguiu vê-lo, não o conhecia - Quem é você?
O homem puxou a faca
Zack se jogou para o lado, de imediato, em direção a pistola, que caiu distante na queda. O desconhecido fincou a faca em sua perna. Se agachou e apertou seu pescoço com força.
- Vocês querem me matar? É isso?
- Eu... Não... Te... - a força era tanta que nem conseguia falar e muito menos respirar.
Brian entrou em casa, juntamente com uma sacola de papel cheia. Colocou-a na mesa.
- Zack, vem aqui! Peguei algumas coisas do estoque - tirou a blusa - Pra minha surpresa, a gostosa de lá me deixou pegar algumas coisas! - olhou para o chão, vendo a maçaneta. - Que merda você fez com a porta?! - logo a frente viu a porta do porão aberta.
Foi em direção a ela. Ele brecou quando as três batidas soaram da varanda.
- Quem é? - foi até a porta da frente e abriu.
- Oi - um homem baixo com tatuagem no pescoço abriu um sorriso.
- Te conheço?
- Não, eu sou novo. Me disseram pra conhecer o lugar - colocou a mão no bolsa da blusa - Me chamo Jone.
- Brian.
- Brian? - pareceu surpreso.
- É.
- Ótimo - tirou do bolso um canivete e foi para cima dele, raspando seu pescoço.
Ambos caíram, Jone caiu por cima. Logo tentou fincar o canivete em seu peito. Brian fez força, segurando os dois braços que Jone usava para obter mais força. Ele o jogou para o lado e correu até a escada, mas Jone se jogou agarrando suas pernas.
- Socorro!
Ao ouvir a voz, Rafa, que estrangulava Zack, olhou para trás assustado. Zack aproveitou e socou sua costela. Rafa caiu para trás. Zack se arrastou até a arma, Rafa esmagou seu pulso com o pé, impedindo-o de pegar.
- Hoje não, otário - se agachou para pegar a pistola.
Zack usou dessa brecha e retirou a faca da perna e cortou a barriga de Rafa, que já pegara a arma
- Desgraçado! - Rafa recuou pressionou a ferida. Bateu em uma estante velha cheia de baldes de tinta.
Zack se levantou com dificuldade e avançou. Rafa só precisou chutar seu abdômen para fazer o loiro ir ao chão novamente.
Pelo impulso, estante caiu sobre as costas de Rafa. Na colisão com o chão, o estalo de um osso quebrando soou.
- AHHHH!
Lá em cima, Jone segurava as pernas de Brian com força, o mesmo chutava para que ele soltasse.
- Me larga, cuzão. - elevou o joelho até seu queixo o que fez soltar na hora. Se levantou e deu de cara Zack se arrastando para cima.
Quando olhou para o lado, Jone estava com o canivete em punho pronto para atacar.
No mesmo instante um estampido alto ressou. Nome caiu para o lado e Brian também.
- Que porra é essa? - Brian ergueu a cabeça do chão e viu Sally mirando com uma M9, da porta. Ao seu lado, Yuki.
- Você está bem? - perguntou Yuki, se aproximando.
- Tô legal.
- Eu não - Zack chegou ao topo.
- Vamos, vou levar vocês a enfermaria.
- Quem é este? - Brian apontou para o homem, que agora pressionava o ombro.
- Não faço idéia. Sally, leve-o.
***
A caminhonete parou na calçada, em frente a uma placa.
- "Ofertas, só na Bechico" - Tony leu.
- Peguem o que precisem e rápido - disse Han - Temos que voltar antes do amanhecer.
- Isso não é roubo? - perguntou Léo.
- A gente tá se garantindo, cara - disse Marian - Relaxa - foi em frente.
- Tá, mas...
- Você veio ajudar ou só para encher o saco? - disse Tony.
- Tanto faz.
- Eles sempre são assim? - Jack perguntou a Han.
- Eu os conheço a pouco tempo, mas imagino que sim.
Pararam em frente a porta principal, que normalmente se abrira sozinha por movimento, mas nada.
Um morto, com a cabeça explodida, estava encostado no vidro, todo torto. Na direita deles haviam uma escrita enorme na parede, parecendo uma pichação.
- "A mordida mata" - Sandra leu.
- Pena por quem descobriu - disse Jack
- É, uma pena.
- Tem que ter um jeito de abrir isto aqui - Marian colocou o pé de cabra entre o vão de uma porta e outra - Como você entrou aqui, Han?
- A porta estava aberta - se aproximou - Vai ver tiveram mais quedas de energia.
- Vou checar os fundos - disse Sandra.
- Vou com você - disse Jack.
- Tá.
Seguiram pelo beco estreito logo depois da pichação. O local se fechava entre a parede da loja e uma cerca que levava para a floresta.
Os lixos estavam revirados. Um carro logo a frente estava com o capô amassado, sangue jorrado no chão e bosta de cachorro em cima de alguns corpos com as cabeças explodidas.
- Este lugar fede para caralho.
- É - Jack bloqueou o nariz.
- Opa, espera - o parou sinalizando com o braço. Encostou na parede de tijolos. - Olha - apontou para dois mortos ajoelhados, almoçando algum pobre coitado. Ao lado deles a porta dos fundos estava aberta.
- Deve ter mais deles lá dentro - sussurrou.
- Talvez. Me ajuda? - puxou um estilete
- É o melhor que tem?
- Isso aqui me salvou durante esses dias de merda, não vou abrir mão dele. Vem?
- No seu sinal - pegou o machado.
- Lembre-se, tem que ser na cabeça - correu até os mortos. Chutou as costas de um e fincou o estilete na nuca dela. Retirou-o com um puxão.
Jack acertou o machado bem na cabeça do outro, que ainda comia. Posteriormente, se esgueirou para dentro, vendo o corredor totalmente sujo e mal cheiroso.
Sandra passou sem hesitar.
- Toc Toc - disse ela. Lá na frente viu o resto pessoal tentando abrir a porta. Dirigiu-se até lá. - Oi - sorriu para eles. Colocou a faca entre o vão - Ei, vai ajudar? - olha para Jack ainda no fundo da loja.
Ele se aproximou e colocou os dedos a baixo. Todos puxaram para lados opostos, conseguindo, enfim, abrir a porta.
- Bingo - Tony caiu para frente ao abrir.
- Com calma, grandão - Sandra o ajudou.
- Tá bom - começou Han - Já sabem o que fazer - todos se espalharam.
Léo foi para o corredor de bebidas, passando por prateleiras com uísque, vodka, tequila e afins. Parou em uma delas, olhaou ao redor antes de pegar a última garrafa de uísque.
- Vai por mim, guri - disse Tony passando com um carrinho de compras -, não é das boas.
Léo respirou fundo, olhou para a garrafa e a colocou de volta. Seguiu seu caminho. Ao sair do corredor, Tony deu a volta, abriu a mochila, e colocou a garrafa dentro.
Marian estava ajoelhada em frente a uma máquina de refrigerante, pegando tudo que cairá. Ao mesmo tempo que colocava tudo na mochila, comia um Chokito que pegara na máquina de doces em pedaços. No mesmo corredor estava Han, pegando rolos de papel higiênico e socando tudo em sua mochila.
- Tem que pegar o necessário - disse ele ao vê-la.
- É o que eu tô fazendo - mastigou - Precisamos de hidratação. - guarda uma Coca-Cola na mochila.
No caixa, Sandra fazia a limpa nos produtos que ali ficavam. Um corpo estava ali, sentado com a cabeça baixa. Ela chutou seu pé, nenhum movimento. Se agachou. Pegou uma chave que estava no bolso da camisa.
- Obrigada - balançou a chave.
- Onde vai? - perguntou Jack.
- Ao escritório dele - foi para os fundos do balcão.
Jack passou por cima e a seguiu.
Sandra entrou em um cômodo cheirando a cigarro.
- Por que aqui? - Jack se escorou na porta aberta.
- Escritórios são úteis - vasculhava as gavetas - Olha só - pegou uma caneta - Canetas são importantes.
- Caneta? - sorriu.
- O mundo está morto, mas a caligrafia não, meu amigo.
Um grunhido emergu de longe.
Jack olhou para o corredor a frente. Um para a direita e esquerda, o outro em linha reta, formando uma cruz se visto por cima.
Um morto veio se arrastando do corredor esquerdo, com o braço de nódulo branco exposto e o tronco que se esfregava no chão, deixando as tripas a mostra.
O morto se arrastou com mais vontade ao vê-los. Sandra pegou o abajur de longo cabo do escritório e golpeu a cabeça dele, de forma certeira. A coisa deu de cara com o carpete de sangue. Mais um golpe foi o suficiente para esmagar sua cabeça como melancia.
- Credo - olhou com nojo para o cabo e jogou no escritório - De onde ele veio? - seguiu o rastro.
- A trilha vai até o banheiro. - disse Jack.
O rastro de sangue ia até o último box do banheiro. Sandra foi até lá lentamente. Jack abria cada porta por precaução. Ela chutou a porta e deu de cara um zumbi sentado na privada.
- Jesus - olhou crescendo um sorriso.
- O quê? - Jack viu o morto sentado e as pernas em osso puro.
- Que merda - tentou não rir.
- Acha isso engraçado?
- E você não? - riu - Olha só para ele, o cara morreu cagando. O pobre coitado tava tirando uma água e o bicho veio e comeu as pernas dele. Eu não podia morrer sem ver isso. - saiu.
Todos estavam reunidos no centro da loja.
- Já vai escurecer - disse Han - Vamos voltar. O que conseguiram?
Tony colocou desodorantes em cima do balcão e duas panelas. Sandra; três cremes dentais e uma escova. Léo; uma caixa de bolinhos e dois analgésicos. Jack; umas frutas em sacolas e um policial de brinquedo. Marian; salgados, refrigerantes, absorventes e doces.
- Absorventes?
- O que foi, japa? Eu não tô nem perto da menopausa.
- Já terminamos - Tony pegou suas coisas. Ele parou por um instante ao ver Sandra o encarando com um sorriso lascivo. - Vamos embora.
Saindo da loja, Léo se aproximou de Jack, demonstrando curiosidade em que carregava.
- Tem filhos? - olhou para o boneco em sua mão.
- Não. É para um conhecido.
- Maneiro - subiram na caminhonete.
- Pode ir! - Marian bateu na traseira e em seguida subiu.
***
Neiva se dirigiu a enfermaria as pressas.
Subiu as escadas da varanda e bateu com força na porta. Com a demora ela bateu novamente. Yuki atendeu.
- Com licença - passou por ela - Como estão? - se dirigiu aos dois enfermos.
- Melhorando - disse Zack.
- E o homem que os atacou?
- No quarto ao lado do Rafa. Nunca vi ele por aqui.
- É porque ele invadiu - Yuki cruzou os braços - Rafa deixou ele entrar. Parece que são parceiros, não sei.
- Quero vê-lo. Sally, se encarregue de que Rafa não vá mais sair daqui.
- É pra já - entrou no quarto.
- Você - virou para Brian - Quero que volte para sua casa e lá permaneça.
- Tá bom - disse ele, estranhando.
Neiva foi em direção ao quarto em que estava Jone.
Ele estava amarrado na cama com um o ombro direito enfaixado. Seu queixo tinha um bandege, a gengiva estava cortada. Ela puxou a cadeira ao lado e sentou.
- Sei que está acordado.
- Vai me matar? - permaneceu com os olhos fechados.
- Eu não mato.
- Mas quando preciso...
- Quem é você? E o que quer?
- Eu queria uma entrada - abriu os olhos e olhou para ela - Rafa disse que seu eu o ajudasse teria uma. E aqui estou eu.
- Não - ela negou com a cabeça - Isso não é uma entrada. Se puder você vai morrer aqui.
- E o que te faz pensar nisso, senhora?
- Eu só sei.
- Achei que não matasse - se ajeitou.
- Não disse que seria eu.
- Sou amigável.
- Tem certeza? - levantou e deu a volta na cama - Você sabe que podia entrar e você fez. Entrou, mas sem que soubéssemos. Tem algo a mais, eu sei. O que pretendia fazer?
- Nada - olhou fixamente - Nada.
- Tem mais pessoas lá fora? Pessoas como você?
- Eu nunca... - ela pressionou seu ombro - Ahhh. Vadia - Neiva pressionou mais forte - Sou só eu. Só eu! - respondeu, enfim.
- O que você e o Rafa pretendiam fazer?
- A gente ia dominar o lugar. É só isso. Eu juro.
- Continue ou...
- Esperaríamos que Carter voltasse com seu marido e os outros. Juntos a gente dominava o lugar. E fazer o que todo mundo sempre quis.
- Fazer o quê?
- O que quisermos. - respirou ofegante - Fazer o que a gente bem entender. É o que é lá fora, o novo mundo. Não há leis, não tem nada. E aqui é o lugar perfeito pra começar.
- Aqui não tem nada para vocês. Podiam ter aproveitado o imenso mundo lá fora do que aqui.
- Foi minha escolha - ergueu a cabeça.
- E essa escolha te trouxe até aqui - se dirigiu a porta.
Saiu.
Yuki estava parada a frente da porta.
- Então?
- Ele será punido.
***
Han assumiu o volante. No passageiro, Marian dormia. Atrás, Tony fazia o mesmo, com a cabeça encostada na traseira. Léo passava o tempo com cruzadinhas de uma revista que encontrara na loja.
- O que você fazia antes, Jack? - Sandra brincava com o estilete
- Nada de importante.
- Vamos lá. Eu tô tentando quebrar esse silêncio.
- Eu era professor.
- Que merda. Não tô querendo ofender. Sei que tem gente que gosta - desviou olhar - Só acho chato ter que ensinar a mesma coisa a cada ano.
- Dava para viver. Mas e você?
- Eu era corretora. Cara, eu via cada merda. Um cara me pediu ajuda depois que o fogão dele foi roubado pelo irmão. Fiz o que tinha que fazer e no dia seguinte o irmão dele me procurou dizendo ter perdido um fogão e queria minha ajuda.
Jack deu uma breve risada.
- Diferente.
- Mas estranho - Sandra olhou para Léo - E você?
Ele levantou a cabeça.
- Eu? - ela assentiu - Trabalhava na oficina com meu pai. Mas a maior parte do tempo eu ficava jogando no computador.
- Sua vida era uma aventura.
- Seu pai ainda está vivo? - perguntou Jack - Desculpe, fui muito direto.
- Não, tudo bem. Eu espero que sim. Me perdi dele a caminho da cidade. Tony me ajudou a procurar por ele quando a gente se conheceu, mas não o achamos.
- Você parece bem. Digo, pelo que aconteceu.
- Só tô fazendo o meu. Não vou me lamentar todos os dias por ele não estar aqui. Se ele estiver vivo, vai ser bom, mas se for o contrário, a vida segue.
- Entendi. - Jack desviou o olhar para Sandra. Ela fez o mesmo, franzindo a testa - Ainda quer encontrá-lo?
- Tanto faz - voltou para a revista.
- Acho que eu vou tirar uma pestana - Sandra foi se deitando até levar um impulso pela forte curva feita pelo veículo.
Tony caiu para fora, todos atrás se seguraram. A caminhonete saiu da estrada, descendo para a ladeira. Parou ao bater contra a árvore.
- Que merda, japa - Marian pressionava o braço.
- Foi um acidente - olhou para o retrovisor. Um cachorro descia a ladeira, passando direto pelo carro em direção a floresta. Sumiu no meio dos arbustos.
- Tá brincando comigo. Um cachorro. Você quase nos matou por causa da porra de um cachorro - os arbustos ficaram agitados, os mortos saíram da floresta. O cachorro voltou as pressas - Pessoal? - não tinha ninguém atrás.
Marian e Han saíram do veículo, se afastando dos mortos que ficaram presos nos galhos. Na estrada estava Jack, Sandra e Léo.
- Tony! - correu em direção ao seu corpo
Os mortos sobem rapidamente.
O primeiro a chegar no topo avançou em Jack e recebeu um golpe no centro da testa. Outros vinham. Jack tentou tirar o machado da cabeça do zumbi, mas estava muito fundo.
Léo se aproximou e atravessou o pé de cabra no pescoço de um fazendeiro..
- Droga - o zumbi ainda estava de pé tentando mordê-lo, mesmo com o objeto no pescoço. Outra vinha subindo, estava em trajes menores - uma adolescente. Ela avançou em Léo, assim ele e os dois corpos rolaram ladeira abaixo.
- LÉO! - Sandra desceu.
Han acertou a nuca do que tentara morder Jack, que estava com o machado preso na cabeça
- Ajudem - Sandra tirou a mulher morta de cima do amigo.
Levantaram ele.
Os quatro subiram, Sandra golpeu a cabeça de um que se aproximava de Marian.
- Vamos logo - Han pegou Tony - Ajuda aqui - disse com dificuldade. Jack e Léo ajudaram, enquanto Marian e Sandra davam assistência.
Os seis fugiam dos mortos pela estrada. Percebendo os andarilhos mais perto, eles desviaram para a floresta.
As mulheres assumiram a linha de frente, enquanto Han cobria Jack e Léo, que estavam entre eles carregando Tony. Iam em passos rápidos, seguindo um caminho aleatório. Se estivessem longe daquelas coisas já era o suficiente. Elas avistaram um rio logo a frente.
- Podemos despistá-los aqui - disse Marian que entrou na água rapidamente - É um pouco fundo, tenham cuidado.
Atravessaram sem dificuldade. Seguiram por mais uns trinta minutos, apenas se afastando. A noite chegou, a floresta estava iluminada pela luz da lua. Os grunhidos estavam distantes, haviam despistado eles.
Pararam para recuperar o fôlego, exceto Sandra que persistia em continuar.
- Estamos perto dos trilhos. Podemos continuar - ela apontou.
- Estamos exaustos, Sandra - disse Han.
- Não podemos ficar dando sopa aqui fora. E você sabe muito bem disso, Han. Eles não cansam.
- Mas nós sim. Pode esperar?
- Vocês podem, eu não - seguiu adiante.
- Ela é durona - disse Léo com as mãos no joelho.
- Eu o levo agora - Han pegou Tony.
- Eu ajudo - disse Jack.
Ouvindo seus companheiros de longe, Sandra avistou uma cerca. Ela se aproximou aos poucos, vendo o estacionamento. Pulou por cima da cerca, percebeu que os outros vinham em passos lentos. Não havia nenhum veículo no local, ela deu um giro de trezentos e sessenta graus, nada.
- Pegue a perna dele - ouviu Jack. Tentavam atravessar Tony para o outro lado - Pode puxar ele? - viu Sandra do outro lado.
Ela se aproximou, mas parou ao ouvir algo metálico bater as uns metros de distância, logo se virou.
- Esperem. Eu vou checar - foi em direção.
- Sandra, não vá - sussurrou Marian.
- Deixa comigo - Han atravessou a cerca. Em seguida, puxou Tony com cuidado.
Sandra reparou que a porta, a sua direita, estava entreaberta. Ao abrir, um facão desceu no mesmo instante. Ela se jogou para o lado, quase grudando com o batente da porta. O facão veio e voltou. Havia uma corda amarrada no punho do objeto.
Da escuridão saiu uma pessoa que a empurrou para fora.
Han viu de longe. Correu em direção a eles de imediato, puxando sua pistola. Ao mirar outro alguém bateu em sua mão e o arremessou para dentro da escuridão.
Com uma faca, o estranho tentou acertar Han, que se deslocou para o lado rapidamente. Correu em direção ao diáfano da lua na janela.
Pegou o primeiro objeto que vira a sua frente, um porta lápis. Ao se virar o estranho desviou o golpe e se jogou para cima dele. Ambos caíram sobre a janela.
Estilhaços voam em torno da dupla que cai na calçada da rua. Alguns mortos se aproximaram ao vê-los. Han se levantou, e ao ver o estranho fazer o mesmo, o acertou no saco e depois no rosto.
Um zumbi foi para cima de Han, quase mordendo seu ombro. Ele o interviu, mas o mesmo insistia mordendo o ar inutilmente.
O homem se aproveitou e colocou a mão sobre a nuca do zumbi, aproximando sua cabeça até o rosto de Han. Um disparo interrompeu a briga, Marian acertou o olho do morto, que caiu para o lado. O estranho levantou as mãos na mesma hora.
- Calma aí, dona - disse o desconhecido.
- Você e seu amigo deviam prestar mais atenção na quantidade de pessoas - continuou apontando a arma - Han, temos que ir - viu os mortos saindo das lojas, casas e da floresta.
Han deu uma coronhada na nuca do estranho, que desmaiou instantemente.
- O que tá fazendo? - Marian franze a testa.
- A gente não vai deixar ele aqui.
- Ele tentou te matar.
- Tudo mundo tentou - pegou os braços - Vai me ajudar?
- Que droga - guardou a arma e pegou os pés do homem.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro