Coloridas são as luzes
Zack parou em frente ao portão da garagem, esperando por Kim. Ouviu passos vindo de trás da casa vizinha, era Tony. Usava um touca e tinha rifle no ombro.
- Oi. - parou ao seu lado.
- Oi. - ficaram quietos, esperando a garagem se abrir. - Que isto? - viu a lata em sua mão.
- Sardinha. Tava na casa da Ana, a Neiva me entregou. Achei que a Kim fosse se interessar ou algo assim.
- Ah. - olhou o relógio de pulso. - 7h30. - virou para Tony. - Falou com ela?
- Uhum.
- E?
- Prefiro manter para mim. É o que ela quer. Tenho que carregar isso.
Zack deu dois passos a frente e bateu no portão, o som ecoou por dentro.
- Kim, cê tá aí? - se entreolharam. - Vamo dar a voltar. - contornaram a casa. - Kim? - bateu na porta.
- As chaves estão no claviculário. Mas por que tá aberto? Se afasta - chutou forte ao lado da maçaneta, a porta escancarou.
- Kim! - Zack foi entrando, correu até os fundos. - Kim? - entrou na garagem.
Tony vinha atrás, ele viu Zack imóvel com o olhar penetrante. Ele negou com a cabeça várias vezes. Tony passou por ele, ficando frente a frente com o corpo de Kim. Seu olhar era de espanto, o buraco feito em sua testa escorria o sangue até seus olhos, nariz e boca.
Ele se segurou para não chorar. Viu Zack com os punhos fechados, cerrando os dentes. Ele tremia de tanta raiva.
- Zack... - Zack tentou acertar seu rosto, mas ele se esquivou na hora. Pegou seu braço e deixou Zack contra a parede, imobilizado. - Zack, eu sei como se sente. Tem que se acalmar.
- Me larga! - tremia.
- Esfria a cabeça. Sei que tá com raiva, mas a raiva nos deixa burro. Vamos pensar no que fazer em meio a isso, tá me entendendo? - Zack demorou para responder. - Zack!
- Tá! Tá bom! - Tony o soltou.
Ele ficou ali mesmo na parede, levou a mão ao rosto, querendo disfarçar as lágrimas. Deslizou na parede, ficando de joelhos. Socou a mesma repetidas vezes. Tony apenas se afastou.
- Vou avisar aos outros. - foi andando. Zack permaneceu ali, socando o papel de parede.
***
- Seja o que for, tem a porra de um psicopata nos observando a um tempo. - disse Tony com fúria. Alguns estavam reunidos na casa de Ana, agora de Neiva e Axel.
- Provavelmente a mesma pessoa que fez o buraco no muro - disse Han.
- Sem chance. - Sandra se pronunciou - Fiquei de olho naquele buraco a noite inteira, bem na frente.
- Vai ver o invasor entrou ontem, por isso os mortos vieram, e aqui ficou.
- Escondido em uma das casas?
- Não vamos levantar hipóteses agora. - Axel levantou da poltrona. - A gente tem que começar a agir e rápido.
- E por onde começamos? - perguntou Carter.
***
Na despensa o rastro de sangue até a porta da frente estava fresco. Neiva analisou o claviculário, havendo apenas quatro pinos. Um da chave da garagem, a da porta, uma reserva e a outra era o bule de chaves de Kim. As únicas presentes nos pinos eram a da garagem e a reserva.
Entrou na garagem, logo viu o bule no chão, perto do sangue. Pegou o bule e deixou no bolso da blusa escura. Continuou seu caminho, de onde estava pôde ver uma lata de milho no chão debaixo da prateleira. Voltou a porta da frente e deixou o bule no pino certo. Saiu. Vanessa esperava ao lado de fora.
- O que descobriu?
- O assassino foi bem cauteloso, não arrombou a porta. E ainda teve o cuidado de deixar a chave da garagem no devido lugar. Mas tem uma coisa.
- O que seria? - cruzou os braços.
- O botão para abrir a garagem estava fundo, ele usou. Ao invés de sair pela frente. Grande erro.
- E o que tem demais nisso?
- O portão só pode ser aberto se pressionado três vezes seguidas o botão. O assassino sabia disso. - Vanessa ficou pensativa.
- Quer dizer que...
- Está entre nós - completou. Em seguida olhou os arredores.
***
- Aí, seu broxa, eu trouxe uns CDs descentes pra você escutar naquilo que você chama de carro - Brian subiu a varanda da casa de Léo. Ao bater, a porta se abriu com o impulso. - Léo?
(...)
- Três pessoas, cada uma vai ficar na vigília - disse Sally - Tanto no portão, quanto no buraco feito.
- Será que não estão subindo pelo muro oeste? - Jack deduziu.
- É bem provável - disse Axel.
- O desgraçado ainda pegou um dos nossos carros. - disse Carter.
- Qual?
- A viatura. - Sally respondeu - Notamos no caminho pra cá.
- Pessoal - Brian chamou atenção deles - O Léo sumiu.
- Como é? - indagou Sally.
- Fui na casa dele, vasculhei o lugar todo, ele não tá. Dei uma olhada nos arredores e nada. Cheguei até a perguntar pro Don.
- Onde o viu pela última vez? - perguntou Axel.
- Eu não lembro. - olhou ao chão, esperando ter uma lembrança.
- Ele tava comigo. - disse Carter - A gente tinha tampado o poço lá fora e ele foi o primeiro a entrar em casa. Isso foi ontem.
- É. Eu não me lembro de vê-lo ontem a noite - disse Sally.
- Provavelmente, o mesmo que matou a Kim levou ele. - disse Jack.
- Vamos nos preparar! Se estão com ele, pretendem alguma troca, ou algo assim. - Axel colocou a arma no coldre - Vamos reunir um grupo de busca.
- Fecho. - finalizou Sally.
***
Carter se aproximou de Daniel, que estava no meio fio cheirando algo em sua mão. Ao seu lado, um pacote com farinha. Carter revirou os olhos, mas foi decidido.
- Ei, cheirado.
- Manda. - fungou.
- Fiquei sabendo que cê é bom de caça.
- Eu sei me virar. - o olhou com um sorriso estampado.
- O Axel tá separando um grupo de busca. Um garoto sumiu, não sei se você conhece, ele se chama Léo.
- Nunca vi mais gordo. Mas sendo um garoto, já deve estar morto.
- Você é realmente chato. O Axel me mandou tomar linha de frente junto com você, já que sabe rastrear.
- Como eu disse, já deve estar morto. É perca de tempo.
- Sabia que ia perder tempo com você. - foi andando.
- Ei, ei. Calma. - sorriu. - Não precisa se alterar. - levantou - Eu vou pegar minha menina.
- Te espero no portão.
***
Com toda força e rapidez Zack fincava a pá na grama e tirava um punhado de terra, jogando ao monte que já se fazia.
Jack e Brian o fitavam distantes. Brian tocou em Jack e sinalizou com a cabeça. Jack foi até ele, que repetia o processo sem cansar.
- Tô cansando de ter que enterrar pessoas. - disse ele. Zack permaneceu em silêncio, ainda cavando. - Sei como é, infelizmente, eu sei. Sei que quer encontrar o desgraçado e meter uma bala na cabeça dele, eu sei. Eu também quis. Por isso você vai ter essa chance. - Zack parou. - Alguém sequestrou o Léo, provavelmente, o mesmo que matou a Kim. A gente tá indo atrás dele. O Daniel sabe rastrear, talvez ele ache alguma coisa. Você vem?
- Depois de enterrar ela. - voltou a cavar.
- Certo. A gente se encontra no portão. - foi até Brian.
- Teria matado o Jone? - Jack parou - Se a Neiva não tivesse feito. - ele olhou por cima do ombro e confirmou com a cabeça. - É. A gente tá mudando. - continuou.
***
Axel se preparava para a saída. Neiva se aproximou. Se escorou na porta do caminhão militar.
- Lembra aquilo que o Jack nos contou?
- Cada palavra. - ajeitou o coldre.
- Ele sabe. Descobriu nossa historinha. Talvez seja ele. - encarava Carter enquanto se aprontava ao lado de Daniel. Axel bufou.
- E por que isso agora?
- O assassino da Kim sabia como a chave da garagem funcionava. - olhou de canto para o marido.
- Eu vou ficar atento a cada movimento dele. Não tem que se preocupar.
- Sei que não.
***
Saíram Carter e Daniel, indo até a parte quebrada do muro, pelo outro lado.
Logo Daniel avistou pegadas profundas no gramado. Apontou para frente, as pegadas desciam um pequeno morro, indo em direção a floresta. Seguiram as pegadas, indo floresta a dentro sem perceberem.
- Não podemos nos afastar muito do ponto de encontro. - disse Carter.
- Fique tranquilo.
***
A noite caiu, a lua iluminava a mata, ainda precariamente em alguns cantos.
Sentindo seus pulsos presos, Léo gritou através da mordaça, o grito saiu abafado, dificilmente alguém ouviria.
Teve a visão novamente quando retirada a venda de seus olhos. Ele fechou os olhos, sentindo ardência, abriu em seguida. Pôde ver ao lado direito o campo aberto, com a lua cheia no céu, iluminando todo o gramado. Estava escorado em uma árvore. A sua esquerda era só mato. O clima era tenso e frio. Seu coração estava acelerado.
A três metros de distância estava a sombra, que só tinha as costas iluminadas, estando elas viradas para a lua. A sombra alta e corcunda retirou a pistola, com silenciador, do coldre. Mirou na direção dele.
- Não. - saiu a voz abafada. Se sacudiu, tentando se livrar das cordas.
- Cala a... - virou o rosto ao ouvir um galho se quebrando, bem adentro da floresta. - Merda. - espalhou as folhas secas em que pisara. - Boa sorte com os mortos. - bateu em sua cabeça com a pistola. Léo apagou na hora.
***
O silêncio era ametrontador para Carter, que esperava sentado em uma cerca de madeira. Ouviu a os arbustos se remexendo a sua frente, levantou o braço, mirando para seja lá o que saísse dali. Daniel surgiu do matagal, tropeçando. Ao ver Carter, ele levantou as mãos.
- Eu me rendo. - sorriu. Carter colocou a arma no coldre. Se levantou.
- Eu disse pra gente se encontrar aqui. - saiu de cima da cerca.
- Eu tava ocupado.
- Com o quê?
- Isto. - pegou três coelhos pelas orelhas. - Eu trouxe o jantar.
- Espero que sejam bons.
- Isso assado é uma maravilha, colega. - ele mirou sua besta para Axel, assim que ele surgiu.
Atrás dele estavam o grupo de busca, composto por Brian, Erich, Jack, Marian, Sandra e Zack.
- Estamos aqui. - disse Axel.
- O que acharam? - perguntou Brian.
- Algumas pegadas, mas as perdi conforme a noite vinha. - respondeu Daniel, guardando os coelhos.
- Nos leve até aonde chegaram e nos dividimos. Afinal, o seu maninho aqui também sabe rastrear.
- Ele que disse? - riu.
- Vambora. - disse Erich.
Todos adentraram a mata. Daniel os guiou até onde vira as pegadas pela última vez. Paravam hora ou outra quando ouviam grunhidos ou passos distantes. Escutavam uivos de vez em quando. Andando enfileirados, todos se precaviam, até mesmo com o ranger de uma árvore.
***
Vanessa subiu a plataforma, era seu turno. Sally ainda estava ali em cima, sentada na cadeira de praia. A mesma se levantou assim que a viu subindo.
- Tá quieto. - disse Vanessa.
- Está. E o Harry?
- A Yuki tá de olho nele. Pode ir descansar, eu assumo daqui.
- Valeu. - lhe entregou o rifle - Já tava pregando os olhos aqui. Boa sorte aí, fazendeira.
- Tá bom. - sorriu. Viu algo chamativo bem a frente. - Tá vendo aquilo?
- Aquilo o quê?
Vanessa olhou pela mira. Aumentou em cinco vezes.
- Olha. - entregou a arma.
Um brilho esfumaçante, avermelhado, destacava-se na escuridão da floresta, parecendo um sinalizador.
- Não acha melhor averiguar?
- Vou chamar quem puder. - Sally desceu.
Sally reuniu Han, Tony, Don, Katrina e Newt. Todos no portão. Entraram na van de Don. Yuki abriu o portão e eles saíram.
Da janela de sua casa Harry viu eles se distanciando. Ele desceu, batendo os pés com força nos degraus de madeira, devido a pressa. Se virou para a porta dos fundos e saiu.
***
- Estamos andando a trinta minutos. - disse Carter. - Não me lembro de ser tão longe assim. - olhou no relógio novamente.
- Segura as pontas, chefe, tamo quase lá. - analisou o chão com a lanterna.
- O que tá fazendo? - perguntou Erich, cochichando.
- Procurando pelas pegadas. - retrucou.
- Não é o que parece.
Brian se aproximou de Zack, que estava mais atrás. Ele andava atento, segurando a M4 com força. Viu Brian se aproximando, ele logo retrucou.
- Só tenho dois pentes.
- Não vim falar disso. Cê sabe que eu não sou a melhor pessoa pra esse tipo de assunto. Na verdade... Não sou melhor pra nada. - Marian escutava a frente. - A única coisa que sei é que os cachorros não olham pra cima. - Marian segurou o riso, Brian a olhou. - Enfim, se precisar de alguma coisa, eu tô aqui por você, amigão.
- Valeu, Brian... - ele assentiu - Aliás, os cachorros olham pra cima, sim.
- Quem disse?
- Eu sei. - sorriu.
- É bom ver isso em você, parceiro. Se a gente tiver um tempo, procuramos um cachorro e perguntamos a ele. Certo, Marian? - aumentou um pouco a voz.
- Entendido. - sorriu.
- Quietos. - Axel sussurou - Não são só os mortos que estão por aí.
Pisões fortes esmagaram as folhas, o som veio da direita. Miraram para o ponto de onde vira os bichos. Três deles saíram das sombras, começando a correr depois de vê-los. Sandra disparou contra dois. Zack cuidou do último com um tiro certeiro.
- Sem problemas. - disse Axel.
Um zumbi saiu dos arbustos e pulou em Daniel. Outros surgiram na escuridão. Os grunhidos vinham de todos os lados da floresta. Jack se virou para disparar, mas um zumbi agarrou a arma ao tentar pegá-lo. Jack foi ao chão.
- Se protejam! - Axel gritou.
Daniel fez força com sua besta para afastar o morto-vivo de perto dele. Erich agarrou a gola e fincou a faca afiada na cabeça dele. A faca ficou ali, o corpo caiu para o lado.
Sandra ficou contra o tronco da árvore, deixando a M4 entre ela e mordedor. Outro veio atrás, agarrou seu braço. Ela se jogou para cima do que já estava a sua frente, assim o morto-vivo abocanhou um pedaço do tronco. Ela se levantou rápido e deu dois tiros no que estava ao chão.
Com um golpe certeiro no rosto, Axel desnorteou um deles que cambaleou sem parar até bater contra o tronco. Outro agarrou seu antebraço, sendo doloroso a forte pegada, Carter puxou o zumbi pelos cabelos e o jogou no chão. Disparou. Uma marca roxa ficou no antebraço de Axel.
Zack explodiu a cabeça de todos que entrarem a sua frente, tendo globo ocular, cérebro, tecido e diversos órgãos no ar a cada disparo. Quando seu pente acabou, e mais dois vinham a frente, Zack segurou a arma pelo cano e golpeou a cabeça de um, que caiu de imediato. O outro recebeu um golpe no queixo, caindo de barriga para cima. Esmagou sua cabeça com vários golpes. O zumbi que derrubara ficou de pé, indo até ele. Um furo no olho impediu o morto-vivo de arrancar um pedaço de seu ombro.
- Atenção. - disse Brian com a arma em punho.
Marian disparou contra o que ainda atacava Jack. Mais um grunhido atentou a todos, um deles vinham se rastejando. Em sua perna esquerda havia um armadilha de urso.
- É meu - Marian atirou, acertando o chão. Bufou. Mais outro tiro e o buraco na cabeça do rastejante se abriu.
- Tá todo mundo bem? - Carter olhou ao redor. Em seguida olhou para o relógio.
- A gente tá legal.
- Se recuperem e... - fogos de artifício coloriram o céu escuro. Mais grunhidos vieram ao redor da mata. - Fiquem atentos!
Fizeram um círculo de proteção, preparados para o que viesse. O fogos iluminavam a floresta, um vermelho, rosa e roxo foram as cores que piscaram em meio a toda tensão.
- Cuidado...
***
Geral suspeitando do Carter, deselegante. Zack tá alteradão. Brian continua sendo brother, mesmo na merda.
O réveillon chegou mais cedo e os bicho vão encher o bucho.
Abraço por trás, meu povo.
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