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|EXTRA 1|♛|A Marca de um Sonho|

EAÊ, CHIFRUDOS?! QUANTO TEMPO!

Vocês se recordam de quando falei que, por mais que EUVUO estivesse acabando, ainda teríamos extras e spin-offs? Pois é! Eu não os livraria tão facilmente do Reino de Adaman, ainda tenho algumas coisas para mostrar no universo desta fic... Este é o primeiro extra (sim, pretendo trazer outros, mas só daqui a algum tempo, porque, no momento, estou focada na publicação de dois livros meus - um compilado de contos chamado "Morpheus" e, claro, o físico de "Era uma Vez um Ômega" -, sendo assim, encontro-me meio MUITO atolada de trabalho, hahaha, mas vai dar certo!).

Okay, agora sobre este 1º extra: Ele tem umas 10k palavras e narra dois cenários diferentes, o cenário do mundo "real" e o do mundo dentro do livro, num flashback. Os Jikook dos dois mundos aparecerão, então vocês podem precisar de uns lencinhos... Espero que este capítulo possa matar um pouquinho a saudade de EUVUO, assim como fez comigo, e alegrar os leitores com alguns acontecimentos fofos.

Deixe o seu ⭐VOTO⭐ e COMENTE sempre que puder, eu agradeço muito!

❤️️Boa Leitura❤️️

#LoboDePrata

♛|Extra 1: A Marca de um Sonho|

Park Jimin encarou, pela nona ou décima vez, a própria imagem refletida no espelho de uma loja próxima, na tentativa de arrumar o colarinho da camiseta listrada que havia escolhido para aquele dia.

"Eu deveria ter vestido uma roupa que não me enforcasse tanto", pensou, angustiado e nervoso, e sentiu falta da época em que suas vestimentas eram feitas especificamente à sua medida, todas bastante soltas nas extremidades e, principalmente, ao redor do pescoço, para que um certo colar ficasse à mostra o tempo todo, balançando-se com os movimentos corporais.

Jimin desistiu de afrouxar o colarinho e respirou fundo, dando uma última olhada de soslaio em seu reflexo, apenas para ter certeza de que o resto parecia atraente de alguma forma.

ㅡ Relaxa, Jimin, ele e eu já saímos juntos antes... ㅡ murmurou para si, num breve instante de relaxamento, que logo foi substituído pela ansiedade do pensamento seguinte:

"Mas esta é a primeira vez que saímos a sós. Nas outras, nós tínhamos a companhia de conhecidos", seu coração acelerou.

ㅡ Ah, vamos lá... É só um encontro. ㅡ Ele encheu o peito, colocou as mãos na cintura, balançou a cabeça e forçou um sorriso desinibido. ㅡ Tecnicamente, eu tenho uns cem anos de idade. Já enfrentei todo tipo de coisa, então um passeiozinho num shopping não é nada, haha. É aquele garoto quem tem que ficar nervoso com o papai aqui. É isso aíㅡ

ㅡ Park? ㅡ A voz de Jeon Jungkook soou atrás dele, surpreendendo-o.

Por causa do susto, Jimin arfou de repente, o que o levou a se engasgar com o ar e começar a tossir como um idoso gripado.

ㅡ Nossa, você está bem? ㅡ Jungkook se aproximou rapidamente. Como a tosse não estava parando e o rosto de Jimin começou a ficar vermelho, ele se apressou para tentar ajudá-lo. ㅡ Park, eu vou comprar uma garrafa de água para você. Volto num instante!

E saiu em direção ao estabelecimento de venda de comida mais próximo.

Jimin se apoiou numa parede e tentou respirar fundo durante alguns minutos para controlar o engasgo. Passou a mão pelo rosto quente de vergonha e desespero, antes de erguê-lo outra vez e avistar o retorno de Jeon Jungkook.

O outro rapaz vestia calças escuras e uma camisa simples de botões que o deixava com uma aparência alinhada, mas informal o bastante para um encontro num shopping. Seus cabelos pretos estavam penteados para trás, deixando alguns fios caírem pelas bochechas do rosto bonito. Em sua mão, ele trazia uma garrafa de refrigerante.

ㅡ Era pra ser água, mas esse refrigerante foi a primeira coisa que eu achei na loja ㅡ disse, entregando a bebida a Jimin, que a aceitou com um sorriso constrangido.

Enquanto o garoto virava todo o conteúdo em sua garganta, Jungkook ainda acrescentou, sem jeito:

ㅡ Tive a impressão de que, se eu demorasse demais procurando por água, você iria sair correndo e sumir.

E novamente Jimin se engasgou, gorgolejando com o gás do refrigerante, pois Jungkook estava totalmente certo.

ㅡ Ai, que desgraça! ... Ich! ㅡ soluçou. Se antes estava rubro de vergonha, agora era a epítome da cor vermelha.

ㅡ Park Jimin, você está se sentindo bem? ㅡ Jungkook não sabia se podia rir, então tentou reprimir sua vontade de abrir um sorriso.

ㅡ E-estou... Ich! Foi mal. Que vergonha... Ich! ㅡ Ele bebeu os últimos goles do refrigerante para tentar controlar o soluço que havia substituído a tosse.

Quando acabou, jogou a lata no lixo mais próximo e se virou para o outro rapaz. Os olhos de Jungkook o encararam, meio divertidos, meio analisadores. Havia um brilho de curiosidade neles levemente enigmático e que existia ali, imutável, desde a primeira vez em que se encontraram, naquele mesmo shopping de Seoul, algumas semanas antes.

ㅡ Você chegou há muito tempo? ㅡ ele quis saber, mudando de assunto e desviando o olhar sutilmente.

ㅡ Nem tanto. Uns dez minutos. ㅡ Jimin deu de ombros, tentando passar uma imagem menos destrambelhada e mais normal dessa vez.

ㅡ Que alívio. ㅡ Jungkook suspirou. ㅡ Precisei deixar a minha mãe num local antes de vir para cá. Foi meio urgente.

ㅡ Aconteceu alguma coisa?

ㅡ O carro que ela usa teve que ser levado para uma oficina, então dei carona com o meu. ㅡ Ele lançou um sorriso singelo que ressaltou suas maçãs do rosto. ㅡ Desculpa pela demora.

Jimin comprimiu os lábios, sentindo uma nova onda de rubor. Seu coração bateu mais forte, apertado e cheio de um calor nostálgico, mas ele precisou reprimir essa reação.

ㅡ Está tudo bem. Obrigado pelo refrigerante, eu queria mesmo alguma coisa com açúcar.

ㅡ De nada. ㅡ Jungkook se virou para ficar lado a lado com ele e começar a andar. Depois de pensar por um instante, perguntou: ㅡ Aliás, isso significa que você está com fome?

ㅡ Um pouco. Mas acho melhor irmos logo ao caixa do cinema para confirmar os nossos ingressos. O filme de hoje provavelmente vai lotar muito. Podemos comprar um lanche depois.

ㅡ Tem razão. E pensar que estamos indo assistir a Avatar 2. James Cameron realmente me fez esperar mais de uma década por uma continuação.

"E eu que esperei um século", pensou Jimin, rindo baixinho.

ㅡ Tomara que seja tão bom quanto o primeiro filme. É um dos meus preferidos...

ㅡ Sério? ㅡ Jungkook o encarou pelo canto do olho enquanto acompanhava seus passos pelos corredores do shopping.

ㅡ Ah, sim. Eu adoro coisas assim de ficção científica, fantasia...

ㅡ Também gosto muito. Principalmente de fantasia. A minha especialização na área de Cinema é um pouco focada nisso, aliás.

ㅡ Isso é muito legal. Você pretende escrever um roteiro com esse gênero?

ㅡ Talvez um dia.

ㅡ Vou poder ler? ㅡ Jimin inclinou a cabeça para ele. ㅡ Ou melhor, vou poder ver um filme com o seu roteiro?

Jungkook se balançou, um pouco envergonhado, mas feliz, e disse:

ㅡ Acho que sim... Se acontecer.

ㅡ Correção. Quando acontecer, meu chapa.

Jungkook meneou a cabeça, não conseguindo controlar um sorriso grande.

ㅡ Está bem. Quando acontecer, você vai poder ler o roteiro e ver o filme.

Os lábios carnudos de Jimin se abriram num sorriso sinceramente alegre.

ㅡ E sobre o que vai ser? ㅡ O garoto estava muito curioso. Ele havia se tornado um obcecado por temáticas assim desde que retornara para aquele mundo. E nada mais interessante do que ler algo escrito pelo rapaz ao seu lado.

Foi a vez de Jungkook ruborizar. Ele passou um momento observando-o pelo canto do olho, como se estivesse decidindo se iria ou não responder àquela pergunta.

Acabou optando por manter o mistério.

ㅡ As minhas ideias ainda estão um pouco dispersas. ㅡ disse, virando o rosto para encarar um ponto distante. ㅡ Mas imagino cenários antigos. Torres... castelos... criaturas sobrenaturais...

Uma chama se acendeu no interior de Jimin.

ㅡ Que tal lobisomens? ㅡ ele sugeriu, como quem não queria nada.

ㅡ Lobisomens são fodas, mas prefiro vampiros.

A chama se apagou, mas, mesmo sentindo-se um pouco murcho, Jimin continuou envolvido com aquela conversa interessante.

ㅡ Vampiros? Gostei.

ㅡ Mas já há tantos filmes com esse tema... ㅡ murmurou Jungkook.

ㅡ Bem, sim, mas nunca é demais. Vampiro é tipo Zumbis, nunca satura. Eu, por exemplo, posso maratonar Crepúsculo mensalmente com facilidade.

O outro rapaz adquiriu um semblante divertido.

ㅡ Você é o primeiro cara que admite gostar de Crepúsculo na minha frente, sem vergonha nenhuma.

ㅡ Vergonha de quê? Essa saga formou a minha personalidade, e Edward Cullen definiu a minha sexualidade.

ㅡ Ah, é? Interessante... ㅡ O canto da boca de Jungkook se inclinou num sorriso entretido.

ㅡ O quê? Nunca teve uma quedinha por Robert Pattinson? ㅡ Jimin desafiou-o.

ㅡ Haha, tive sim. Mas é que eu sempre preferi garotos mais, hm... ㅡ O olhar do outro rapaz rolou em sua direção rapidamente, e ele pigarreou. ㅡ ... Garotos mais fofos e engraçadinhos. ㅡ Jungkook pigarreou novamente, enrubescendo um pouco. ㅡ Enfim. Eu também gosto dessa saga. Ela é meio boba em algumas partes, mas acho legal.

ㅡ Oh, sei...

Jimin balançou os braços ao redor do corpo, para soar descontraído, pois passou a sentir um rebuliço nervoso dentro do estômago depois das palavras que escutou e do olhar que recebeu.

Acabou encostando a mão na de Jungkook sem querer. O rápido contato aquiesceu suas peles e gerou um leve choque, e os lembrou de um fato: Nunca tinham tocado seus corpos, nem com um abraço ou com um aperto de mão, apenas cumprimentos à distância. Mas havia algo ali o tempo inteiro, desejando que os centímetros entre os dois diminuíssem.

Mas Jimin não queria pensar nisso. Por mais que ele estivesse tendo um encontro com aquele rapaz naquele momento, em seu peito havia uma incerteza se poderia dar um passo para avançar o que estava acontecendo entre os dois. O garoto tinha medo de que seu inconsciente estivesse esperando trazer de volta algo que deveria permanecer no passado, em outra vida. Em outro mundo.

Por isso, Jimin forçou uma risadinha e falou a primeira coisa não sentimental que atravessou a sua mente:

ㅡ Hahaha, olha essa estática. Esse choque pareceu um beliscão.

ㅡ Oh... Física? ㅡ Jungkook riu, encarando a mão que havia encostado na do garoto. Em passeios anteriores por Seoul, para mostrar a cidade, ele tinha reparado que Jimin gostava de fazer comentários aleatórios sobre ciências.

ㅡ Pois é... Estamos com cargas energéticas diferentes, por isso o choque.

ㅡ Hm, sendo assim... ㅡ Nessa hora, Jungkook o surpreendeu ao pegar a sua mão e entrelaçar os dedos aos dele. Em seguida, com um sorriso levemente sedutor no rosto, exibiu aquela junção. ㅡ Agora, vamos equilibrar essa energia, tudo bem?

Jimin ficou momentaneamente paralisado, sentindo apenas o sangue esquentar em sua cabeça e um sorriso meio bobo se formar em sua boca.

ㅡ Tudo bem... ㅡ murmurou, abaixando um pouco a cabeça, tentando esconder a face envergonhada.

Em outros tempos, os seus sentimentos teriam sido maculados pelo medo de exibir esse tipo de demonstração de afeto em público. Hoje, depois de tudo, ele já não se importava tanto assim.

Feliz e satisfeito com a sua reação, Jungkook o puxou para prosseguirem com a caminhada.

ㅡ Então... vamos lá. Vamos ao cinema.

🌕🌖♛🌘🌑

Com os ingressos em mãos, eles comeram pizza e batatas fritas enquanto aguardavam pelo horário do início do filme. Quando chegou o momento, os dois andaram de mãos dadas até os seus assentos na sala de exibição, e aguardaram as luzes serem apagadas para verem o tão esperado longa-metragem.

Nestes entrementes, Jimin reparou que a mão de Jungkook ainda o segurava, sem pestanejar. Os grandes olhos negros do rapaz sentado ao seu lado estavam concentrados na tela gigantesca, mas boa parte do corpo dele se inclinava em sua direção, numa proximidade confortável e doce.

Em determinado momento, a sua atenção ficou apenas nele e em seu perfil tão familiar, e o garoto sorriu, nostálgico. Em seguida, decidiu fechar um pouco as portas do passado e se fixou apenas naquele Jeon Jungkook. Naquele universo. Com isso, Jimin sentiu o coração bater com o broto de uma paixão nova, florescente.

Ainda bem que não tinha mais chifres, pois eles geralmente irradiavam com flores quando o garoto se perdia em sentimentos assim.

Estava tão distraído com essa ideia que não reparou quando foi flagrado pelos lumes intrigados de Jungkook. Eles rolaram pela sua face antes de um sorriso tímido surgir.

Algo de muito impactante devia estar acontecendo no filme naquele instante, pois uma grande sequência orquestrada retumbou pelos alto-falantes, e os espectadores começaram a exclamar e a vibrar.

Jimin disse a si mesmo que tentaria ver o filme outra vez, em outra sessão, porque já não conseguia se concentrar nele naquele momento. Seus olhos estavam apenas nos lábios de Jungkook, que se aproximavam tão desejosos. As órbitas negras daquele rapaz também observavam atentamente o movimentos de sua boca nervosa e indecisa, até que não restou mais espaço e um beijo se fez sob a escuridão da sala de cinema.

Jimin se entregou ao toque quente e contido, que logo se desenvolveu para algo mais energético. Ele conseguiu sentir o gosto daquele Jungkook e o cheiro de seu perfume por baixo da camisa de botões. Se tirasse apenas um botão, talvez aquele aroma preenchesse um pouco mais as suas narinas, que agora eram humanas, totalmente limitadas a um resquício do que poderiam ser.

Outro som gritou pelos alto-falantes da grande sala, assustando os dois rapazes e tirando-os de seu devaneio romântico, interrompendo o beijo.

Eles balançaram suas cabeças e riram, envergonhados por terem feito aquilo em público. Agradeceram pelo filme ter entrado numa sequência frenética de acontecimentos bem no momento em que saíram da linha, mantendo todos os espectadores plenamente distraídos e alheios ao que aconteceu entre os dois.

Voltaram suas atenções para o que era transmitido no telão e tentaram manter a civilidade pelo resto das horas seguintes. Quando o filme acabou, o casal se levantou para sair da sala de cinema junto com a multidão.

ㅡ O que achou? ㅡ perguntou Jungkook a Jimin enquanto esperavam pelo andar da fila no portão de saída. Eles ainda mantinham as mãos entrelaçadas.

ㅡ Eu gostei bastante. Acho que vou vir assistir de novo ㅡ "Até porque não consegui me concentrar em algumas cenas", pensou Jimin, meio sem jeito, e escutou o outro rapaz murmurar em resposta:

ㅡ Também tenho que fazer isso...

Ele lhe lançou um sorriso maroto, denunciando que também não havia prestado tanta atenção assim ao longa-metragem.

Quando a fila andou, Jungkook puxou Jimin para seguirem adiante, mas, lá fora, no corredor que precedia a verdadeira saída da área do cinema, ele o puxou para um canto isolado, atrás de uma pilastra, e o colocou contra a parede. Escondidos, encararam-se.

Suas respirações tocaram seus rostos, aquecendo-os ainda mais. A troca de olhares intensa durou apenas alguns segundos, antes que se entregassem a outro beijo quente, este mais longo e molhado.

As mãos de Jungkook seguraram o rosto de Jimin com cuidado e ardor, puxando levemente os fios castanhos de seu cabelo.

Jimin envolveu o pescoço de Jungkook com seus braços, inclinando-se para cima, para absorver os lábios dele. Seu coração estava acelerado e leve, flutuando dentro do peito cheio de sentimentos.

No início, não usaram as línguas, pois ainda estavam tímidos com aquele contato inédito. Porém, depois de alguns minutos, experimentaram ultrapassar alguns limites, e foi delicioso. O sabor de suas bocas e a textura macia os fez soltar arquejos baixos e formar sorrisos envergonhados, mas cheios de prazer.

De repente, sentiram vontade de continuar daquele jeito por longas horas, mas a movimentação no corredor indicava que deveriam sair dali o mais rápido possível, porque algum funcionário do cinema poderia se aproximar em breve.

Então, com as mãos reunidas, escaparam daquele canto e andaram pelo shopping apressadamente. Jimin se deixou ser guiado por Jungkook, que já conhecia aquele lugar há mais tempo por morar em Seoul. A ansiedade dele era palpável e um tanto fofa. Ela se refletia na forma como segurava o garoto, com dedos um poucos trêmulos, mas firmes e reconfortantes.

A dupla chegou ao estacionamento, que estava deserto e perfeito para uma nova rodada de beijos, mas Jimin continuou sendo puxado, passando por entre os carros até parar diante de um sedan branco estacionado.

ㅡ ... É meu carro ㅡ explicou Jungkook, puxando a chave do bolso e destravando o automóvel. Suas bochechas pareciam dois tomates.

Jimin então entendeu a sugestão implícita e umedeceu os lábios com a língua. Seu coração pulou para a garganta, aprovando a ideia.

ㅡ É um carro legal ㅡ disse, passando a mão por sobre o teto branco até descê-la para a porta traseira e alcançar a maçaneta dela.

Com um puxão leve, o garoto a abriu.

Em seguida, deu meia-volta na direção de Jungkook e o encarou com uma mensagem no olhar.

Nem precisou transmiti-la, porque o outro rapaz já pretendia se aproximar no momento em que Jimin tocou a maçaneta.

Com a porta aberta, ele o beijou e então o guiou para dentro do carro, segurando suas costas com uma mão enquanto usava a outra para fechar o automóvel e ligar o ar condicionado.

Jimin foi deitado no estofado macio, ficando por baixo do corpo alto de Jungkook. O espaço era estreito, mas, com um pouco de esforço e diversão, eles conseguiram se acomodar para voltar ao que estavam fazendo antes.

A privacidade os permitiu ser mais ousados, abusando o uso da língua e dos toques pela região superior de seus corpos. Acariciaram seus rostos, cabelos e pescoços, e arriscaram uma carícia por baixo do colarinho de suas camisas. Jimin finalmente desabotoou o tal botão de Jungkook para sentir melhor o perfume dele.

Era amadeirado, de um jeito que lembrava mel no final.

O garoto o lambeu ali, na ponte da clavícula, fazendo-o estremecer. Então foi encarado pelos olhos negros dele, que o absorveram com um semblante intrigado, quase atônito.

ㅡ O que foi? ㅡ perguntou, e reparou que estava um pouco ofegante.

ㅡ Nada... ㅡ Jungkook riu e balançou a cabeça. ㅡ É só que... ㅡ Ele o encarou de novo, desta vez com uma questão no olhar, com as sobrancelhas franzidas. ㅡ Não, esquece. Não faz sentido.

ㅡ O que não faz sentido? ㅡ Jimin inclinou o rosto e enlaçou o pescoço dele com os braços.

Aguardou por uma resposta, mas havia uma hesitação no ar. Notando isso, insistiu:

ㅡ Diz pra mim, Jungkook. ㅡ Usou apenas o primeiro nome do rapaz, e o disse de uma maneira informal, quase íntima. Isso o deixou ainda mais atônito.

Ele então saiu de cima de seu corpo e se sentou no banco.

ㅡ Você provavelmente vai me achar meio maluco, mas acho que sonhei contigo uma vez... uns anos atrás ㅡ sussurrou Jungkook, encarando as próprias mãos.

Jimin piscou, sentindo o coração perder o compasso, e continuou escutando as palavras do outro jovem com atenção.

ㅡ Sabe quando temos um sonho muito real, por mais que não haja nada de real nele? E quando... quando conhecemos alguém nesse tipo de sonho e o rosto dessa pessoa fica marcado? É mais ou menos isso... ㅡ Jungkook coçou a nuca, constrangido, e exibiu um sorriso torto. ㅡ Não faz sentido, mas, naquele sonho, acho que te vi. Sei que isso soa bizarro... Enfim, esqueça.

Depois de um instante imerso num silêncio que soou enigmático, Jimin se sentou ao seu lado e deitou a cabeça e seu ombro.

ㅡ Não é bizarro. É fofo ㅡ murmurou com um risinho.

Estando nessa posição, ele conseguiu esconder os olhos marejados e o pomo de adão que subiu e desceu ao tentar conter o sutil nó na garganta.

"Poderia este Jungkook ter se conectado com aquele mundo de alguma maneira?", pensou, emotivo.

Com sua reação positiva, o outro rapaz se sentiu mais confortável em assumir o que estava pensando:

ㅡ Às vezes eu me esqueço desse sonho. Pensei que já tivesse me esquecido totalmente dele, na verdade, até te ver no shopping alguns meses atrás... ㅡ Jungkook riu de si mesmo. ㅡ Eu devo ter parecido um esquisito quando me aproximei de você do nada. Foi mal.

Jimin riu. Os olhos ficaram um pouco mais pesados.

ㅡ Naquela hora, quando você, er, lambeu a minha clavícula e eu paralisei... ㅡ O rapaz apontou para o banco onde se beijaram. ㅡ Eu me lembrei de um detalhe do sonho que, sinceramente, não sei porque tenho a sensação de que é tão importante, já que é totalmente estranho. Sério, esqueça isso, Jimin.

ㅡ Apenas me diga o que é... Estou curioso. ㅡ O coração do garoto palpitava.

Jungkook suspirou fundo e cedeu.

ㅡ É como uma marca. Eu não sei explicar. Sinto que deveria ter uma marca sua naquele lugar. Só isso. ㅡ Ele colocou as mãos sobre o rosto vermelho. ㅡ Que vergonha... Vamos deixar essa conversa para lá, por favor.

O corpo de Jimin chacoalhou com uma risada, e ele ergueu a cabeça para depositar um beijo na bochecha do outro rapaz.

ㅡ Tudo bem ㅡ sussurrou, e viu os dedos de sua mão serem entrelaçados pelos da mão de Jungkook.

ㅡ Não me acha esquisito? ㅡ Os lábios dele acariciaram o conjunto de mãos unidas.

ㅡ Não. Fico feliz em saber que sonhou comigo.

ㅡ Será que sou algum tipo de vidente? O sonho deve ter sido um aviso de que você iria aparecer na minha vida...

A boca de Jimin se abriu num enorme sorriso corado.

ㅡ É, pode ser... Oh! ㅡ O garoto sentiu o celular vibrando em seu bolso. Quando o puxou, viu um alarme tocando na tela. ㅡ Preciso voltar para casa...

A face de Jungkook perdeu um pouco do brilho.

ㅡ Sério? Tem algo para fazer? ㅡ perguntou ele, meio entristecido.

ㅡ É que prometi ao Taehyung que iria alimentar o peixe de estimação dele enquanto ele estivesse em Daegu, buscando o resto das caixas de mudança ㅡ explicou Jimin, encolhendo os ombros. Porém, logo em seguida, ele arregalou os olhos e se animou com uma ideia. ㅡ A propósito, você ainda não viu como ficou o apartamento que escolhemos para alugar, não é? Quer ir lá ver?

ㅡ Sim, seria ótimo ㅡ disse o outro, sorrindo.

Eles ainda se beijaram mais uma vez antes de irem para os assentos corretos dentro do carro, com Jungkook no banco do motorista e Jimin no do carona.

A noite já reinava lá fora, transformando o trajeto pelas ruas de Seoul numa junção de luzes distantes que cobriam um horizonte de prédios altos enegrecidos pela escuridão noturna. Durante esse percurso, Jimin observou o motorista de soslaio e rolou os olhos até a clavícula que ressaltava por baixo da camisa colada dele.

"Sinto que deveria ter uma marca sua naquele lugar", dissera Jungkook mais cedo, totalmente alheio ao impacto dessas palavras.

Jimin ainda estava atordoado por causa delas, sentindo o peito se encher de um calor doce ao ser atravessado por memórias de um episódio ocorrido num período antigo de sua outra vida.

Ele se voltou para a janela frontal do carro e fechou os olhos por alguns minutos, apenas para reviver rapidamente o dia em que o rei de Adaman foi marcado pelo seu Ômega de Prata.

Aconteceu durante a viagem pelo reino, após a segunda coroação de Jeon Jungkook.

Eles tinham acabado de atravessar o Norte e agora iriam estacionar a caravana real num vilarejo localizado a algumas poucas milhas de distância dos Templos de Areia, para só depois vagarem pelo Oeste e descerem ao Sul do reino.

O Deserto de Sal imperava diante deles, com uma infinidade de dunas brancas tomando o cenário.

Aquela parada iria servir para o descanso da montaria e o reabastecimento das carruagens, e também para um breve momento de lazer depois de tanto trabalho realizado. Por isso, após se acomodarem numa boa estalagem no final do dia com os dois príncipes pequenos ㅡ que adormeceram no momento em que foram colocados num quarto confortável preparado para eles pelos servos da família ㅡ, Jungkook e Jimin saíram para um passeio em casal pela área comercial do vilarejo.

Eles se depararam com barracas de comidas exóticas e de jóias feitas pelas comunidades do deserto. Havia também comerciantes de ramificações do clã Wang vendendo tapeçarias tradicionais dos Lobos da Terra, todas verdes e cheias de padrões sinuosos que retratavam a vida árida do Oeste. Enquanto caminhavam ao lado dos produtos expostos, os olhos negros do rei observavam atentamente a variedade contida nas barracas, e Jimin se entretinha com o que via.

ㅡ Nossa! Aquilo é um espetinho de escorpião!? ㅡ exclamou o ômega, chocado, ao ver uma barraca repleta de comidas diferentes. Ele se aproximou para ver melhor.

ㅡ Vossa Magnificência, Vossa Majestade ㅡ o vendedor cumprimentou o casal com uma reverência. ㅡ Já experimentaram as especiarias do Deserto de Sal?

ㅡ Eu comi algumas coisas novas no tempo em que fiquei nos Templos de Areia, mas nunca me ofereceram escorpião ㅡ explicou Jimin, encarando os espetos com um olhar nervoso.

ㅡ Eu já. ㅡ Jungkook respondeu ao comerciante e então se virou para o marido. ㅡ É como comer frutos do mar, só que um tanto mais seco e mais crocante. Eu particularmente não gostei muito, mas você pode apreciar.

ㅡ É mesmo? Hehe... ㅡ Jimin tentou não fazer uma careta. Ele não queria ofender o povo daquela região que comia coisas assim com naturalidade. ㅡ Na volta a gente compra. Vamos, Jungkook.

E puxou o alfa para as barracas seguintes.

ㅡ Está com fome? ㅡ perguntou ele, enlaçando um braço ao redor das costas do ômega. ㅡ Podemos procurar por algo menos... exótico.

ㅡ Na verdade, estou morrendo de sede. Sinto calor ㅡ Jimin assoprou por baixo da gola da bata branca que vestia. O tecido dela era fino e fresco, mesmo que fosse cheio de bordados em prata, mas, ainda assim, o garoto estava começando a suar. ㅡ Desertos são realmente quentes, mesmo durante à noite, nossa!

ㅡ Hm, na verdade, deveríamos estar sentindo uma brisa fria. ㅡ O rei afrouxou um pouco o nó que fechava seu colarinho. Um brilho sutil em sua testa revelou que ele também estava aquecido demais. ㅡ Mas passei muito tempo longe daqui, devo ter me desacostumado com o clima desta região ou ele pode ter mudado depois do longo período frio.

ㅡ Ah, faz sentido. Então... será que tem algo com álcool por aqui? ㅡ O ômega lhe mostrou um sorriso maroto, e recebeu outro em resposta.

ㅡ Vou te apresentar o Arak, o néctar dos deuses. Muito apropriado para o meu Ômega de Prata. ㅡ O alfa murmurou contra o ouvido dele, provocando-lhe um arrepio e intensificando seu calor interno em alguns níveis.

ㅡ Haha, gostei disso.

Em seguida, Jungkook o guiou através das barracas e da multidão de pessoas ㅡ que se abria imediatamente à medida em que o casal real se aproximava ㅡ até achar um comerciante que vendesse a bebida.

No meio do trajeto, a sua visão periférica captou algo especial à venda num expositor. Isso o fez pensar em uma coisa.

ㅡ Amor, vá na frente e peça dois copos de Arak, um para mim e um para você. Eu volto num instante. ㅡ Ele beijou Jimin na bochecha e saiu andando pelo lado oposto antes de sua atitude repentina ser questionada.

ㅡ Ahn? 'Tá bom... ㅡ O ômega franziu o cenho, intrigado e um pouco incomodado com o afastamento súbito do alfa, mas seguiu adiante, acatando o pedido dele.

A alguns metros de distância, Jungkook andou até uma comerciante de jóias. Ele acenou após receber uma profunda reverência dela e rolou os olhos pelos produtos expostos na barraca até encontrar o que havia lhe chamado a atenção: Uma pulseira de prata com opalas azuis-esbranquiçadas e arredondadas. O brilho delas era colorido como o de um arco-íris. Ficaria lindo no pulso de Jimin.

ㅡ Venda-me este ㅡ disse à comerciante, apontando para o acessório. Foi rapidamente atendido com um sorriso.

Com o produto em mãos, retornou para o lado de Jimin. Quando o achou em meio ao movimento do comércio ㅡ o que não foi muito difícil, porque os chifres e os cabelos platinados do ômega se destacavam no horizonte tumultuado ㅡ, apressou-se para se aproximar dele por trás. Sentiu um pouco de dificuldade ao esconder seus feromônios para lhe fazer uma surpresa, mas imaginou que a leve perda de controle se devesse à ansiedade em mostrar o presente.

Assim que chegou perto, segurou uma risada ao escutar a peculiar conversa que Jimin estava tendo com o vendedor de bebidas enquanto virava um copo de Arak na garganta.

ㅡ Moço, entenda. Um comerciante inteligente atrai muitos clientes quando faz algumas promoções. Se colocar um anúncio na sua barraca, tipo "Arak, compre 1 copo e leve 2", isso aqui vai se encher de gente na mesma hora! Esse negócio já é muito bom, fazendo algo assim, o senhor vai ficar conhecido em toda a região!

ㅡ Oh, sim, Sua Graça! Oh, interessante! Sua Graça é genial! ㅡ disse o comerciante enquanto esfregava as mãos num gesto ambicioso e animado.

ㅡ Sim, sim, estou te dizendo, meu chapa! ㅡ Jimin virou o resto do conteúdo de seu copo na boca e suspirou alto, sentindo prazer com a bebida deliciosa. ㅡ Agora me vê outro copo. Vou ser o seu primeiro cliente dessa promoção.

ㅡ Claro, claro, Sua Graça! Claro!

E, assim, o ômega ganhou uma nova rodada de Arak.

ㅡ O que está fazendo com o comércio do reino, meu amor? ㅡ Jungkook murmurou no ouvido dele. Sua voz soou divertida e fez cócegas na orelha de Jimin.

ㅡ Ah, você voltou! ㅡ Ele se virou sorridente para o alfa e puxou um copo de bebida que estava sobre o balcão, esperando pelo rei. ㅡ Toma, esse é seu.

ㅡ Obrigado. ㅡ O marido bebericou o álcool. ㅡ E então? "Compre 1 copo e leve 2"?

ㅡ Nada como uma boa e velha arte de venda. ㅡ Jimin brindou seu copo com o do alfa e depois engoliu metade do conteúdo. ㅡ Agora me diz, aonde você foi?

ㅡ Hm... ㅡ Jungkook deixou a bebida no balcão da barraca e mostrou o punho fechado que guardava o presente. ㅡ Dê-me seu pulso.

Cheio de curiosidade, o ômega o obedeceu.

Logo em seguida, teve a nova pulseira presa ao redor de seu antebraço pelas mãos ágeis de Jungkook.

ㅡ Nossa, que lindo! ㅡ Os lábios dele se abriram num sorriso brilhante.

ㅡ Opalas. Há muito tempo eu disse que um dia iria lhe dar uma joia dessas, acabei de me lembrar disso.

Jimin forçou a mente para se recordar do que o marido estava falando, e se lembrou de que, em determinado momento no passado, bem antes da guerra de retomada do reino e de todas as outras coisas, o casal havia tido um momento na biblioteca do palácio onde conversaram sobre a região protegida pelo clã Wang e sobre as opalas que existiam nela.

Jimin corou de felicidade.

ㅡ Eu realmente amei muito isso, Jungkook. Obrigado... ㅡ Depositou um selinho na boca do alfa e encostou a cabeça no ombro dele. Sentiu a visão ficando meio turva e o calor interno se intensificando. Os cheiros ao redor deles também criaram um pequeno caos em seu interior, deixando-o levemente incomodado. ㅡ Acho que essa bebida é bem forte, estou me sentindo estranho. Quero ir para um lugar mais fresco...

ㅡ Eu também. ㅡ Jungkook o abraçou e o afastou da barraca. Havia vários outros alfas pelas proximidades, o cheio deles começou a irritar a sua mente de certa forma. ㅡ Há um oásis aqui perto. Quer correr até lá?

ㅡ Oásis!? ㅡ Os olhos do ômega reluziram, mas com hesitação. ㅡ É perto mesmo? Não quero ficar muito longe das crianças...

ㅡ Não se preocupe, o caminho é curto.

Então eles foram. Em suas formas lupinas, afastaram-se do vilarejo e cruzaram um trajeto pelas dunas pálidas iluminadas pelo luar. Mais adiante, avistaram um amontoado de florestas tropicais. Ao adentrarem a mata, seus sentidos sobrenaturais conseguiram observar a beleza do espaço mesmo sob a escuridão da noite, e os levaram a uma calma lagoa que havia ali no meio.

O olho d'água brilhava em tons turquesas por causa de algas bioluminescentes presas no fundo, oferecendo uma vista clara e impressionante dos peixes que nadavam nele.

Havia outros visitantes naquele oásis ㅡ o local era interessante demais para estar vazio, afinal de contas ㅡ, mas essas pessoas se encontravam distantes e, ao sentirem a aproximação dos reis de Adaman, começaram a se retirar por conta própria.

ㅡ E pensar que, no meio de um deserto, pode existir algo assim... ㅡ Jimin pensou alto, admirado, após voltar à forma humana. Ele afundou as mãos na água e fez algumas ondas, que brilharam com o reflexo das luzes.

ㅡ Sem nenhum rio ou nascente por perto, esse olho d'água deve ser alimentado por correntes subterrâneas ㅡ explicou Jungkook, também na forma humana. ㅡ Vou mergulhar um pouco. Estou me sentindo muito quente...

Ele começou a desfazer os nós em suas roupas. O sibilo do tecido provocou algo no íntimo de Jimin, fazendo uma onda de calor intensa correr pelas suas veias.

Quando o alfa se despiu totalmente, o ômega olhou para o corpo perfeito dele e arfou, segurando a respiração. Nessa hora, sentiu um latejamento diferente na região da virilha e deu um passo para trás, tremendo, todo enrubescido.

"Oh-oh...", pensou.

Jungkook imediatamente sentiu os feromônios do ômega no ar e arregalou os olhos na direção dele.

Seu interior também queimou, provocando faíscas que transformaram seus olhos negros em dois faróis escarlates.

ㅡ Você... ㅡ murmurou ele, num tom baixo, contido.

ㅡ Você também... ㅡ Jimin estremeceu e se encostou numa árvore. ㅡ Ah... ㅡ Sentou-se no chão de areia úmida e respirou fundo. O cheiro de Jungkook passou a tomar o seu cérebro. ㅡ Essa não... Eu não trouxe nenhuma semente de lobo comigo.

Aquilo não vai fazer efeito em nós. ㅡ O olhar do rei faiscou. A imagem dele dentro da água, todo nu, molhado e com a pele refletindo a profusão do brilho azul das algas com o vermelho de suas íris foi arrebatadora.

O corpo de Jimin passou a enfraquecer e sua respiração se tornou ofegante.

ㅡ O-o que eu faço? Estamos no meio de uma mata...

ㅡ Se quiser voltar para a estalagem, podemos fazer isso imediatamente ㅡ disse Jungkook. Ele tentava se manter controlado dentro da água.

Em resposta, Jimin balançou a cabeça de um lado para o outro, negando. Só conseguiu pensar na variedade de cheiros sufocantes que encontrou no vilarejo. Preferia passar a noite inteira ali, naquele oásis, do que arriscar atravessar a multidão caótica. E seu corpo já estava bastante rendido ao cio para conseguir fazer a caminhada de retorno, tudo culpa da presença e da visão maravilhosa de Jeon Jungkook. O rei não fazia questão de acalmar os próprios feromônios naquele momento.

ㅡ Você pode me abraçar um pouco? ㅡ pediu baixinho, respirando fundo. Era a segunda vez que passava por aquela situação, e ainda não se acostumara com as sensações em seu corpo. Sentiu-se perdido e inseguro, totalmente vulnerável.

Jungkook saiu da água devagar, vestiu a roupa íntima inferior e se sentou ao lado dele. Por fim, o envolveu num abraço apertado.

ㅡ E-e se nós fizermos, e acontecer o que aconteceu da última vez? Eu amo o Yeonjun, mas... não sei se quero aquilo de novo tão cedo ㅡ murmurou o ômega, prendendo a respiração.

ㅡ Você pode tomar chás anticoncepcionais. Creio que possamos encontrar alguns no meio daqueles vendedores.

ㅡ É totalmente seguro?

ㅡ ... Sinceramente, sempre há uma chance de não fazer efeito.

"Nem num mundo cheio de magia ainda não encontraram uma fórmula 100% eficaz contra gravidez. É foda, viu?", pensou Jimin, soltando a respiração e tremendo.

ㅡ Podemos voltar enquanto ainda é cedo e ainda temos certo controle. Vou solicitar quartos separados para nós e as sementes de lobo mais fortes que tiverem por aqui. Há chances de funcionar. Vai ser uma semana um pouco dolorosa, mas é uma maneira... ㅡ sugeriu Jungkook, soltando o ômega a contragosto. Não sabia se realmente iria conseguir controlar o próprio corpo caso continuasse o tocando daquela forma.

O afastamento rapidamente fez Jimin se sentir mal. Então, ele agarrou o pulso do alfa e o segurou com toda a pouca força que ainda tinha.

ㅡ E-eu... eu aceito o risco ㅡ balbuciou.

ㅡ Jimin... ㅡ A voz de Jungkook soou como num aviso receoso. ㅡ Meu amor, eu não sei se vou conseguir estabelecer limites... ㅡ Ele queria ser totalmente honesto com o ômega para evitar que os erros da primeira vez se repetissem. Não suportaria ter outro vislumbre de Jimin decepcionado e assustado.

O garoto reparou nisso e lhe mostrou um sorriso sereno, então o puxou para um beijo molhado.

ㅡ Tudo bem. Amanhã vou me esbaldar num barril de chá ㅡ murmurou com os lábios ainda colados aos do alfa.

Suas palavras fizeram Jungkook relaxar e sorrir, e o incentivaram a voltar com o abraço apertado de antes. Ele passou a beijar a curva de seu pescoço ㅡ passando por cima do colar matrimonial ㅡ, mordiscando devagar sua pele com os caninos enquanto abria a bata que o cobria, e os nós que sustentavam as calças folgadas por baixo dela, deixando-o apenas com as roupas íntimas.

O rei usou os trajes de ambos para montar uma toalha improvisada sobre a areia e se deitou ali com o ômega, aos beijos, tocando-o de cima a baixo.

Com o marido debaixo de seu corpo, envolvendo-o com as pernas que se cruzaram nas costas de seu quadril, Jungkook absorveu cada centímetro de pele dele, desde os lábios carnudos até a região próxima à virilha que ainda estava coberta pelas vestes íntimas. Seu corpo estava tão quente quanto a superfície de um vulcão entrando em erupção, e a mesma comparação podia ser feita com o estado do membro duro entre suas coxas musculosas.

Ele passou a se esfregar na região inferior do corpo do ômega enquanto brincava com os mamilos dele, usando os dedos e a boca. Os gemidos que ouvia ajudaram sua mente a se perder de vez.

ㅡ Me coloca de quatro ㅡ grunhiu Jimin, entreabrindo os lábios convidativos. Seu olhar também queimava em vermelho. ㅡ E-eu quero... de quatro.

Jungkook não ouviu direito, pois sua mente era puro instinto e luxúria. Talvez ele o colocasse de quatro daqui a pouco, mas, primeiro, iria devorá-lo com a boca. Estava louco pelo gosto dele.

Sendo assim, com os dentes, puxou a roupa íntima do ômega para baixo e imediatamente o engoliu até ter a garganta preenchida pelo pênis dele. Jimin se dobrou para trás com uma exclamação de prazer e enfiou os dedos nas roupas debaixo de seu corpo durante a sucção em seu membro sensível.

Com uma mão, o rei se aventurou entre as suas nádegas úmidas durante o boquete, sentindo o rio translúcido que escorria por ali, como numa convocação. Ele esfregou o dedo por sobre a entrada estreita, em movimentos circulares que imitaram os de sua língua pelo pênis do ômega, até enfiar um indicador e depois outros dois dedos, sem pestanejar, pegando Jimin de surpresa e roubando-lhe outro gemido alto.

ㅡ Eu vou... eu vou... ㅡ O ômega revirou os olhos e se debateu. Os dedos de Jungkook massageavam um ponto muito sensível dentro dele, e sua boca era molhada e habilidosa, não parava de absorvê-lo. Estava sendo totalmente consumido pelos dois lados.

Logo foi o seu fim. Ele se derramou na garganta do alfa, contorcendo-se de puro prazer.

Jungkook sorriu como uma fera sedenta. Os olhos dele faiscaram quando ele engoliu tudo e lambeu os beiços. A verdade é que o rei de Adaman era um homem muito lascivo na cama, e esse lado aflorava totalmente nos dias de calor.

Por falar em aflorar, a areia ao redor deles já não podia mais ser vista, porque grama e flores tinham nascido, preenchendo toda a margem do olho d'água.

Até o final daquela noite, o oásis provavelmente iria dobrar de tamanho, porque Jungkook ainda tinha muita energia, e Jimin só pensava em entregar tudo de si para ele.

O alfa finalmente se livrou de suas próprias roupas íntimas e virou o corpo de Jimin. Em seguida, com uma inconsciente e deliciosa brutalidade, agarrou os quadris dele, ergueu-os e os puxou para trás, para que a bunda macia do ômega batesse contra a sua virilha. O impacto o fez arfar e grunhir baixinho. Ele se esfregou mais um pouco. De seu membro duro feito pedra, já escorria o pré-gozo em gotas generosas.

Rá-rápido... ㅡ gemeu o ômega, cheio de desejo. Não aguentava mais aquela demora, precisava sentir toda a extensão de Jungkook dentro de si.

O alfa balançou a cabeça, tentando recobrar os sentidos pelo menos um pouquinho, porque ainda estava preocupado com a ideia de sair da linha e atar Jimin.

"Ah... não consigo", pensou, com a mente nublada. Seu cérebro estava caótico, apenas o lobo em seu cerne mantinha o controle pleno da situação.

Ele soltou o ar quente de suas narinas e empurrou com tudo para dentro do ômega.

Jimin arfou e sentiu as pernas bambas. Nem piscou direito antes de atingir outro orgasmo. O membro de Jungkook simplesmente acabou com seu corpo da melhor forma possível, e ainda nem tinha começado a se mover.

Os movimentos foram iniciados em seguida, rápidos, frenéticos e poderosos. O som de pele contra pele se somou ao barulho da umidade que os unia e aos gemidos vigorosos. Jimin estava muito molhado, ele se derretia no pau do alfa, sugando-o inteiramente. Jungkook abriu as nádegas dele para conseguir entrar mais, e as apertou, enchendo as mãos com a carne macia e rosada.

Pelos deuses ㅡ disse, entredentes, intensificando as estocadas, puxando o corpo do ômega para trás como se tentasse se mesclar a ele.

De repente, sentiu vontade de beijá-lo, de absorver os lábios carnudos dele, então o girou rapidamente e se enfiou com tudo outra vez.

Jimin inclinou a cabeça para trás com a intensidade do ato, mas rapidamente foi trazido de volta pela boca de Jungkook. Seus dedos meigos envolveram os cabelos do marido, e puxaram os fios negros com nenhuma força considerável. A pulseira de opalas era a única coisa, além do colar, que restava sobre o seu corpo despido. Esses acessórios ofereceram a ele um ar um pouco erótico.

Jungkook logo se viu imaginando envolvendo os pulsos e pernas do ômega com alguns laços, prendendo-o em algum lugar, talvez numa cama ou numa namoradeira... A ideia de cobrir Jimin com nós resultou em algo mais intenso, e isso veio em seguida, num ato inconsciente.

Estremecendo, o alfa inchou dentro do corpo do ômega, e o abraçou com força, ardendo.

Jimin arregalou os olhos, sentindo-se romper em seu interior. O incômodo tolerável o deixou momentaneamente paralisado e sem ar, e reduziu sua razão a cinzas.

Quando Jungkook extravasou e cravou os dentes na marca próxima ao pescoço do rei consorte, a ardência prazerosa fez Jimin gozar como nunca tinha feito antes, e o impulsionou ao ápice daquele momento: Seus caninos enfiados na clavícula do alfa, deixando uma marca que ficaria ali para sempre.

Depois que acabaram, exaustos e hipersensíveis, eles se aninharam num abraço romântico. Ainda tremiam de prazer.

ㅡ Você... você me marcou ㅡ sussurrou Jungkook, tocando a clavícula. Havia filetes de sangue nela, junto com o rastro dos dentes de Jimin.

O ômega piscou, assustado, ao perceber o que tinha feito. Ele encarou o marido com um pedido de desculpas no olhar.

ㅡ Isso dói? E-eu não pensei direito...

ㅡ Está brincando? ㅡ Um sorriso de genuína felicidade se fez nos lábios do alfa. ㅡ Você me marcou! Este é o terceiro dia mais feliz da minha vida.

Jungkook o abraçou com força e carinho, afundando o rosto em sua cabeleira prateada.

Jimin ruborizou e também sorriu feliz.

ㅡ Terceiro dia? E o que está nas duas primeiras posições da sua lista? ㅡ perguntou, interessado.

ㅡ O segundo dia mais feliz foi quando nós nos casamos ㅡ respondeu o outro ao beijar o topo de sua testa. ㅡ E o primeiro... foi quando descobri que você e os nossos meninos estavam vivos.

O coração de Jimin se apertou com paixão e melancolia. Pensar na dor que o marido havia sentido durante o período em que esteve distante, adormecido, fugindo... Isso também o machucava muito. O machucava de várias formas.

Sua mão tocou o peito de Jungkook, onde a superfície de marfim maleável acompanhava o peito dele subindo e descendo com a respiração, e traçou aquela área com a ponta dos dedos. Sabia que o alfa não sentia dor naquele local, e nenhum outro tipo de incômodo, mas Jimin ainda sofria com aquilo em silêncio, e tinha certeza de que iria sentir falta do pulsar do coração dele para sempre.

Não conseguiu controlar, então afundou o rosto no peito do outro e chorou baixinho, abraçando o tronco forte e caloroso.

Jungkook o abraçou de volta, acolhendo-o e transmitindo, através desse ato, o sentimento de que estava tudo bem e de que ele estava feliz. Plenamente feliz.

ㅡ Eu o amo ㅡ murmurou num tom profundo e sereno. ㅡ Sempre lhe digo isso, mas preciso continuar me declarando. É como se fosse uma necessidade minha. ㅡ Riu, acariciando o rosto do ômega.

Jimin conseguiu soltar uma risadinha. Depois de fungar, ele falou com a voz embargada:

ㅡ Eu te amo muitão. Muito, muito, muito.

O abraço dos dois se apertou. Ambos sorriam.

ㅡ Devemos voltar para a estalagem agora que estamos meio acordados? ㅡ perguntou o ômega.

ㅡ Hm, mas aqui está tão bom...

ㅡ Estou com medo de alguém aparecer e nos ver, igual àquelas pessoas de antes.

ㅡ ... Está bem. ㅡ Jungkook o encarou com um olhar ladino. ㅡ Nós vamos, mas somente se você conseguir se levantar e caminhar sozinho.

Jimin o encarou perplexo.

ㅡ Seu filho da mãe! ㅡ Jimin se desgrudou do abraço e começou a se mover. ㅡ Eu consigo sim, você acha que tirou tudo de mim? Haha, vai sonhando... ah... ㅡ Ele caiu assim que ficou de joelhos. Suas pernas não tinham força alguma, e a bunda parecia dormente. ㅡ Jeon Jungkook, devolva o meu corpo.

Seu marido gargalhou e o puxou para aninhá-lo outra vez.

ㅡ Não posso, ele agora faz parte de mim ㅡ murmurou, beijando-lhe na ponta da orelha. ㅡ Vamos ficar aqui esta noite. Pela manhã, veremos o que podemos fazer. Soobin e Yeonjun estão seguros na estalagem, há soldados por toda parte e os servos são responsáveis.

ㅡ ... Tudo bem. ㅡ Jimin desenhou círculos imaginários no peitoral de Jungkook. Após um tempo, seus dedos desceram, traçando uma linha sinuosa pelo abdômen definido até alcançar a origem de sua tentação.

Voltou a jorrar feromônios com intensidade, junto com aquele desejo latejante típico do cio.

O rei cruzou olhares com ele.

ㅡ Já quer outra vez? ㅡ murmurou, rouco.

Jimin acenou manhoso, confirmando.

O olhar selvagem retornou ao semblante do alfa, preenchendo cada ponto de suas íris negras com um fluido vermelho vibrante.

Com prazer, Vossa Magnificência.

E assim essa noite se desenrolou, fervorosa e apaixonada, provocando, alguns meses depois ㅡ mesmo sob a ingestão de chás anticoncepcionais ㅡ, a vinda dos gêmeos Yeji e Hyunjin, a primeira princesa e o terceiro príncipe daquela dinastia.

Jimin então abriu os olhos para sair de seu devaneio momentâneo, e voltou a encarar os prédios de Seoul enquanto se desfazia do sentimento nostálgico provocado pelas lembranças de sua mente.

Ao seu lado, o Jungkook daquele outro mundo movia agilmente o volante e atravessava o bairro onde se localizava o apartamento para onde estavam indo.

Chegaram poucos minutos depois a um prédio simples e agradável. Estacionaram o automóvel numa vaga disponível ao lado da calçada e adentraram o local de mãos dadas, balançando os braços numa brincadeira bobalhona.

Enquanto subiam os andares pelo elevador, Jimin sentiu borboletas no estômago ao ter um selinho roubado por Jungkook. Nervoso, mas com o peito flutuando, ele respondeu o gesto com um beijo mais longo, ignorando as câmeras que os observavam.

ㅡ Já vou avisar que ainda está bem bagunçado porque acabei de tirar as minhas coisas das caixas ㅡ falou Jimin assim que o casal chegou no andar do apartamento. Eles caminharam até uma porta branca no final do corredor. ㅡ Estou esperando o Taehyung chegar para dividirmos as tarefas e arrumarmos os móveis.

Ao seu lado, Jungkook deu de ombros

ㅡ Não me importo com isso. Mas posso te ajudar com alguma coisa, se quiser. Vou ter uns dias de folga na próxima semana. Seria legal... passar esse tempo com você.

A face do garoto queimou e ele agradeceu pela iluminação do corredor não ser tão boa assim.

ㅡ Gostei da ideia ㅡ disse, destravando a fechadura da porta e empurrando a maçaneta.

ㅡ Seu trabalho vai ser perto daqui?

ㅡ Um pouco. Tem uma estação de metrô na próxima quadra, eu vou conseguir me virar com ela até ter dinheiro para comprar uma moto ou um carro. ㅡ Jimin se apressou para acender as luzes. Enquanto os dois tiravam os sapatos na entrada do apartamento, perguntou: ㅡ A sua casa é algumas ruas acima, não é?

Ele se lembrava de Jungkook ter comentado sobre isso durante algumas trocas de mensagens pelo celular.

ㅡ Sim. ㅡ O semblante do outro rapaz se iluminou ao perceber que ele havia guardado essa informação. ㅡ É bem próximo daqui... Dá pra ir a pé, praticamente.

ㅡ É, eu sei... ㅡ Jimin levou alguns instantes para se dar conta de que estava deixando extremamente óbvio o fato de que havia sido influenciado pela ideia de morar próximo a Jungkook durante a escolha de apartamentos com Taehyung.

No momento em que reparou nisso, seu sorriso travou e ele desviou o olhar bruscamente.

Enfim... o peixe! Preciso alimentar o peixe!

Após um pigarreio nervoso, ele disparou a procurar pela ração que estava guardada em algum lugar dentro do armário da sala. Depois de achá-la, encheu um pequeno medidor e derramou a comida no aquário pousado sobre uma mesa de canto. O peixe lá dentro ㅡ uma coisinha comprida, fina e com listras horizontais amarelas e pretas ㅡ imediatamente se agitou.

ㅡ Que espécie é esta? Acho que nunca vi. ㅡ Jungkook apareceu ao lado do garoto, inclinando-se para observar bem o animalzinho. De soslaio, Jimin reparou nas bochechas coradas dele.

ㅡ A espécie... É raposa voadora. ㅡ O garoto riu como se contasse uma piada interna.

Bem, de certa forma era realmente uma piada interna. Entre Taehyung e ele, pelo menos.

ㅡ Raposa voadora? Não se parece com uma raposa ㅡ Jungkook arqueou as sobrancelhas.

ㅡ Não mesmo. Falei isso para o Taehyung, mas ele insistiu em trazer o bichinho.

ㅡ O peixe não se sente sozinho? Esse aquário é bem grande.

ㅡ Ah, não. Aparentemente, ele é solitário assim mesmo, e costuma atacar os da mesma espécie, então a gente deixa sozinho. ㅡ "Isso me faz lembrar de uma certa raposa. Como será que anda aquele maluco do Seokjin?", pensou Jimin, cruzando os braços sobre o peito.

ㅡ Entendo. ㅡ Jungkook passou a rolar os olhos pelo espaço e assobiou depois de uma rápida análise. ㅡ Aqui é bem espaçoso, e a vista, nossa... ㅡ Ele se aproximou da varanda que oferecia uma visão ampla do centro do bairro de Itaewon. ㅡ Vocês pegaram um local muito bom. Não tenho essa vista porque a minha casa é, bem, uma casa no chão. Sabe se há algum apartamento disponível nesta área?

ㅡ Da última vez que olhei, havia outro neste prédio, num dos andares superiores. Pretende se mudar?

ㅡ Eu pretendo já faz uns anos, mas a minha mãe se divorciou do meu pai, então não quis deixá-la vivendo sozinha. Aí, de repente, ela apareceu com um namoro sério... Acho que não preciso continuar me preocupando. ㅡ Jungkook sorriu e se balançou com as mãos nos bolsos da calça.

ㅡ Ah, que bom. E o namorado novo é legal com você?

ㅡ Bem... é namorada. E ela é uma policial bem gente fina.

ㅡ Nossa!

Os dois riram com o plot twist da história.

ㅡ Aparentemente, o meu meio-irmão e eu não somos os únicos LGBTs da família ㅡ Jungkook se apoiou no parapeito da janela. Ele estava alegre. ㅡ Agora entendo por que ela foi tão compreensível quando nós nos assumimos...

Jimin se aproximou e ficou ao lado dele na varanda. A brisa noturna os atingiu, misturando seus perfumes.

ㅡ Isso é muito legal, Jungkook, de verdade. Acho que eu sou o único da minha família que é meio diferente ㅡ murmurou, observando o cenário.

Jungkook envolveu suas costas com um braço e o puxou levemente para que ficassem mais próximos.

ㅡ Seus pais sabem sobre você? ㅡ perguntou, sereno.

ㅡ Sabem. Eles não falam disso, mas sabem. Minha irmãzinha é a única que com certeza, sem dúvida alguma, me apoia.

ㅡ A Park Yeseo? Pelo que me fala dela, ela parece ser uma figura. Posso conhecê-la?

ㅡ Haha, ela está louca para te conhecer.

ㅡ Então falou de mim para ela?! ㅡ Animado, Jungkook colocou mais um braço ao redor dele e o prendeu ali, para que o encarasse e não conseguisse escapar da pergunta.

ㅡ Ta-talvez... sim. ㅡ Jimin fechou os lábios num biquinho de vergonha. ㅡ Olha, eu juro que não estou apressando as coisas. Só comentei com ela porque a guria não acreditou quando eu disse que não havia nenhum crush em Seoul, e ficou enchendo o meu saco.

ㅡ Então eu sou o seu crush? ㅡ O outro jovem lhe lançou uma piscadela provocativa.

ㅡ Ah, Jungkook, vou morrer vergonha... ㅡ Jimin enfiou a cara no peito dele, buscando uma forma de se esconder ali.

Nestes entrementes, sentiu o corpo de Jungkook se mexendo com risadas e algo ali, por baixo do tecido. Algo que deveria ser natural a qualquer humano, mas que já não parecia mais comum à pessoa "Jeon Jungkook". Um pulso, um batimento forte, energético e quente, não o silêncio de um milagre mágico.

Um coração batendo, cheio de vida.

Jimin paralisou, tornou-se estátua, e se prendeu naquele abraço, controlando um engasgo e tentando reprimir uma onda de lágrimas.

Era a primeira vez, em décadas, que conseguia ouvir aquele som novamente. Ele tinha sentido tanta falta, uma falta tortuosa, quase letal. E ali estava, a pulsação que havia perdido no outro mundo.

ㅡ Jimin? ㅡ a voz de Jungkook ressoou, preocupada. Ele havia notado a sua paralisia repentina e agora sentia a umidade de suas lágrimas. ㅡ Jimin, você está chorando? Aconteceu algo? E-eu fiz alguma coisa?

ㅡ Não. Não fez nada. ㅡ balbuciou o garoto, chacoalhando a cabeça. ㅡ Desculpe-me. Só... só me deixa ficar assim por mais uns minutinhos, por favor.

Passou-se um momento de silêncio, e Jimin começou a ter certeza de que estava sendo visto como um esquisito. Ele deveria ter sido mais sutil, mas o desespero e a emoção gritaram mais alto do que tudo.

Até que sentiu a mão de Jungkook acariciando sua cabeça e um pequeno beijo sendo depositado no topo de sua testa.

Pode escutar à vontade ㅡ sussurrou o rapaz.

Jimin arregalou os olhos, atônito. Teria aquele Jungkook apenas reparado na sua urgente vontade em ouvir os batimentos cardíacos, ou as palavras que dissera traziam consigo um significado mais implícito?

E não foi apenas isso que chocou o garoto. O tom de voz, suave e sublime, absolutamente inconfundível...

Num impulso, Jimin ergueu a cabeça e o encarou, buscando a sombra de suas memórias. Mas ele só encontrou um rapaz doce e bonito que o observava com preocupação e gentileza.

Aquilo de antes tinha sido uma ilusão de sua cabeça?

ㅡ Você está se sentindo melhor? ㅡ Jungkook murmurou, acariciando-o na bochecha.

Jimin continuou em silêncio, analisando-o, até que se lembrou de uma das lendas mais lindas que conheceu em Adaman: A de que almas vinculadas iam para o mesmo lugar após a morte. E se elas fossem assim, em fragmentos, por meio de sonhos e estímulos automáticos? E se, talvez..., algo como um fio de memória adormecida estivesse ali dentro de Jungkook?

E se, no final das contas, jamais tivesse sido separado do homem que mais amou, e que aquele rapaz diante dele era não apenas uma versão de outro mundo, mas também o retentor de fragmentos da alma que o conheceu em outra vida?

Ele não sabia como reagir diante dessa possibilidade, mas seu coração estava batendo forte.

ㅡ Jimin, você quer que eu te leve a um hospital? Está pálido... ㅡ disse Jungkook. Sua preocupação era palpável.

ㅡ Não precisa, e-eu estou bem. ㅡ Jimin fungou e se apressou para limpar as lágrimas. ㅡ Nós estávamos falando sobre nossas famílias, acabei tendo uma recaída de saudade da minha.

Sua desculpa não foi uma completa mentira, mas ele não estava se referindo à família da Coreia do Sul.

ㅡ Foi mal pelo drama ㅡ acrescentou, terminando de enxugar o rosto.

ㅡ Não tem problema. ㅡ Jungkook umedeceu os lábios e olhou ao redor, depois encarou o relógio no celular. ㅡ Hmm, acho que já vou embora. Vai ficar bem sozinho?

ㅡ Vou sim. ㅡ "Não vá."

ㅡ Certo. Pode me ligar se precisar de alguma coisa. ㅡ Ele lhe mostrou o celular.

ㅡ Ah, obrigado. ㅡ "Fique aqui só mais um pouco."

ㅡ Então... ㅡ Jungkook deu um passo na direção dele e, num gesto meio inseguro, se inclinou para beijá-lo na bochecha. ㅡ Boa noite.

Teria soado super sedutor e deixado Jimin ainda mais aflito por dentro, se o estômago do rapaz não tivesse roncado de fome, transformando a situação em algo totalmente engraçado.

ㅡ Hahaha, você está morrendo de fome? Por que não me disse? ㅡ Jimin gargalhou e viu todo o sangue de Jungkook subir para o rosto dele.

ㅡ Não queria incomodar você com isso. Eu pretendia comprar algo no caminho para casa.

O garoto se apressou para ir à cozinha e começou a vasculhar os armários.

ㅡ Nem vem! Olha, eu não fiz muitas compras, mas tem uns lámens e umas verduras por aqui. Quer comer lámen comigo?

Silêncio.

Convidar alguém para comer lámen, na Coréia do Sul, podia ter um significado um tanto... erótico.

ㅡ Sem segundas intenções! ㅡ gritou Jimin da cozinha, fervendo de vergonha igual a Jungkook. ㅡ Mas você quer comer?

ㅡ Hm, claro! Obrigado... ㅡ O outro jovem pigarreou, aproximando-se e apoiando-se no balcão onde Jimin reunia os ingredientes. ㅡ Quer ajuda?

ㅡ Bem, pode cortar essas verduras, por favor?

ㅡ Sim, senhor. ㅡ Jungkook fingiu bater uma continência e se moveu até a pia, onde arregaçou as mangas da camisa até o topo dos antebraços e lavou suas mãos. Em seguida, colocou-se ao lado de Jimin e passou a cortar os vegetais que lhe foram entregues. O outro rapaz também se limpou para acompanhá-lo nesse trabalho.

ㅡ Seria bom se tivéssemos música... Eu colocaria algo para tocar da minha playlist no celular, mas estou com as mãos ocupadas e sujas no momento.

ㅡ Você tem uma Alexa. Não pode usá-la? ㅡ Jungkook apontou para o assistente virtual pousado sobre um canto de outro balcão.

ㅡ Não sei mexer naquilo. Nunca aprendi. Sou um velho por dentro. Eu estava esperando o Taehyung voltar para me ensinar.

O outro rapaz riu.

ㅡ Já está configurada?

ㅡ Não faço ideia.

ㅡ Vamos ver... Alexa, toque uma música aleatória.

Passaram-se segundos, antes de o eletrônico reagir à voz de Jungkook e ressoar um rock frenético ensurdecedor que o assustou.

ㅡ Nossa! ㅡ Ele olhou para Jimin com um semblante divertido. ㅡ Uou.

ㅡ É minha playlist. Taehyung deve ter conectado em algum momento. ㅡ O garoto abriu um sorriso sem jeito.

ㅡ Que música é essa?

Cruel, de uma banda americana dos anos 80.

ㅡ Gosta de punk das antigas?

ㅡ De todo o tipo de rock, na verdade.

ㅡ Ah... Eu curto os mais melódicos. ㅡ Jungkook cantarolou uma música de sua cabeça.

ㅡ Quer que eu mude essa?

ㅡ Não precisa. Gostei dela.

Eles terminaram de cortar as verduras. Jimin, que já tinha colocado água para ferver numa panela sobre o fogão, pegou todos os vegetais picados e o macarrão, e enfiou tudo lá dentro, junto com temperos.

ㅡ Ah, por falar em rock, eu soube que os ingressos do show dos Scorpions aqui em Seoul serão vendidos no final deste mês ㅡ disse, virando-se para Jungkook. ㅡ Foi você quem me avisou sobre a turnê pela Ásia, então precisa ir comigo.

ㅡ Com certeza. ㅡ Aproximou-se dele devagar, encarando os lábios de Jimin. Ficou a cinco centímetros de beijá-lo outra vez, mas não o fez. No lugar, convocou a assistente virtual novamente. ㅡ Alexa, toque uma música dos Scorpions.

A música anterior já estava acabando quando o eletrônico mudou de faixa e começou a tocar uma melodia que surpreendeu os dois rapazes.

ㅡ Que coincidência, logo a música que me aproximou de você naquele dia, no shopping... ㅡ murmurou Jungkook, meio enigmático.

Com o coração acelerado e a mente girando, Jimin se perdeu sob o olhar dele.

Havia algo, mesmo que sutil, pairando lá dentro das pupilas negras. Um véu de familiaridade, um sentimento de nostalgia. Jungkook definitivamente estava alheio ao significado disso tudo, e provavelmente tentava reprimir essas sensações sem sentido, sem fundamento, assim como havia feito com o sonho que relatara mais cedo, depois que se beijaram dentro do carro, no estacionamento do shopping.

Mas foi apenas com a fala seguinte dele que Jimin concluiu que toda a sua teoria não era apenas fruto de uma ilusão desesperada.

Send Me An Angel. "Envie-me um anjo", acho que alguém realmente me enviou um...

Não esperou ser beijado pelo rapaz. Rapidamente se impulsionou e tomou-lhe com a boca, unindo as línguas num beijo profundo. Envolveu as costas da cabeça dele com as mãos, enfiando os dedos na cabeleira negra.

"Eu te encontrei", pensou, querendo chorar.

"Não uma cópia. Não a inspiração de uma criação. Eu realmente te encontrei em meu mundo", seu coração batia com força, quase atravessando a barreira do peito para se juntar aos batimentos de Jungkook.

"Meu rei, meu amor."

Arfou sobre os lábios do outro jovem, sua garganta já não aguentava mais conter o nó dentro dela. Temeu soar como um completo maluco se voltasse a chorar, e, por isso, se segurou o máximo que pôde, até não conseguir mais e interromper o beijo. Já estava se virando para correr na direção do banheiro, pretendendo se trancar lá até retomar o controle das próprias emoções, quando abriu os olhos e viu lágrimas transbordando dos lumes entreabertos de Jungkook.

Ele piscou e tocou o rosto molhado. Franzindo o cenho, encarou as gotas que derramou.

ㅡ E-eu... Não sei por que estou assim. ㅡ Fungou, meio rouco.

Ainda segurando o nó na garganta, Jimin abriu um sorriso enorme e emocionado.

"É você", pensou, por fim, enchendo-se de felicidade.

ㅡ 'Tá com tanta fome que chorou? Haha! ㅡ Deu tapinhas nas costas de Jungkook para aliviar a estranheza da situação e deixá-lo à vontade. ㅡ Vamos comer, nosso lámen já está pronto.

Virou-se para desligar o fogão e colocar o conteúdo da panela em dois pratos fundos.

ㅡ ... Vamos ㅡ murmurou o outro rapaz, agindo com incerteza.

Jimin entregou a ele o lámen e lhe ofereceu um olhar acalentador.

ㅡ Vem cá. ㅡ Segurou sua mão livre e entrelaçou os dedos aos dele. ㅡ Da varanda do meu quarto dá pra ver as estrelas num ângulo legal. É o melhor lugar do apartamento para um jantar.

ㅡ Estrelas... ㅡ Jungkook curvou os lábios, formando um semblante misterioso. ㅡ O que tem de tão bom em olhar bolas de gás explodindo a milhões de anos-luz de distância daqui?

Jimin estremeceu e, com a face repleta de alegria, sussurrou:

ㅡ Vamos descobrir...

~♛🌕🌖🌘🌑♛~

#LoboDePrata

Deixe o seu ⭐VOTO⭐ antes de ir embora ^^

E aí? Curtiram o extra? Aos que não souberam teorizar o que aconteceu no Epílogo, quando o Jungkook do mundo "real" demonstrou ter reconhecido o Jimin de alguma forma, vocês conseguiram entender agora? Pseeee... Só quero que saibam que eu adorei todas as teorias que li nos comentários, e, se eu pudesse, teria deixado aquele final aberto daquele jeitinho, para que vocês usassem suas imaginações. Mas eu precisava decidir o que houve com o Jungkook para poder trazer o extra de hoje, porque senão ficaria sem sentido e vazio. Eu precisava mostrar a cena da marca e como eles "produziram" os bebezinhos gêmeos, Yeji e Hyunjin, e também o fato de que Jungkook nunca havia ido embora da vida de Jimin, no fim das contas.

Enfim, por hoje é isso! Obrigada pela leitura e pelo carinho de vocês (nossa, gente, quase morri de chorar quando li as mensagens que foram deixadas depois do final de EUVUO. Ficam dizendo que eu mato vocês, MAS É O OPOSTO PORQUE EU QUASE DESIDRATEI DE TANTO CHORAR). Obrigada também a duas amigas que foram leitoras betas deste capítulo,  mvixey e  AnnaD-2.

Até a próxima❤️️ (e espero que na próxima eu já possa trazer alguma informação concreta sobre o livro físico de EUVUO ^^)

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