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|6|♛|Sangue Azul, Vermelho e Cinza|

Cavaleiros de Adaman, bem-vindos de volta💜

Obrigada, obrigada, obrigada e obrigadaaaa!! Gente, vocês são muito preciosos, eu agradeço muito por estar ganhando leitores tão legais e carinhosos. Infelizmente, o tempo não é muito meu amigo, ele sempre corre tão rápido quando preciso fazer várias coisas importantes; por isso eu queria ter a capacidade do Naruto e criar vários clones meus para conseguir responder cada um dos comentários de vocês... Mas saibam que eu leio todos, sempre com um sorriso idiotão na cara!🥰

VOCÊS ESTÃO ESCUTANDO A PLAYLIST DA FIC?? 👺👺 Vou bater em quem não estiver muahahaha (o Link da playlist tá no meu perfil galera: K_M_R_Leda). Se você não tiver Spotify, escute as músicas Noble Blood e Remembrance da Fleurie em qualquer app que você tiver💕 pois essas duas canções são, para mim, a trilha sonora deste e do outro capítulo!!

Peraí! "Deste e do outro capítulo"?? Quer dizer que hoje são dois?? SIM, att dupla, pessoal😍 De início eu não pretendia postar dois caps de uma vez só, mas acabei escrevendo muito e decidi dividir o capítulo. Agora temos dois, cada um com umas 10 mil palavras ashuashuahsua🤪🤪 BOA LEITURA💜

#LoboDePrata

♛|Sangue Azul, Vermelho e Cinza|

Park Jimin acompanhou o percurso de Lu Keran pelos cantos do palácio real, atravessando salões e corredores extensos, até chegar aos jardins deslumbrantes da ala Norte. Enquanto caminhavam, eles avistaram grupos de nobres conversando ao ar livre e se divertindo com jogos de tabuleiro, sentados às mesas de pedra próximas aos chafarizes e roseiras.

As roupas bufantes e cheias de cores vivas daquelas pessoas, as suas transformações lupinas que vez ou outra davam as caras, a fonte que espirrava água metros acima e os arbustos repletos de flores em seu completo desabrochar, tornavam aquele ambiente um cenário digno de um filme medieval fantasioso.

Park Jimin quase sorriu ao ver tantas coisas bonitas ao mesmo tempo, se ele não tivesse reparado nos olhares reprovadores que recebeu assim que pisou nos jardins.

Nem todos os nobres o encaravam assim, é claro, mas aqueles que o faziam deixavam claro que não gostavam de sua presença.

"Veja só, o enganador", Jimin escutou um deles falar, e, acompanhado deste, outro disse: "Por que ele ainda está aqui, mesmo depois de ser desmascarado?".

O rapaz decidiu ignorar, suspirando fundo. Ele não tinha vontade de começar outra confusão, porque no fim, mesmo se repetisse milhares de vezes que as suas intenções naquele lugar eram outras, aquelas pessoas que o julgavam não o escutariam. Elas só olhariam para Park Jimin como um concorrente que disputava um lugar no harém do rei.

Quando o semblante indiferente sobre o rosto do garoto quase se desfez, após ele escutar uma outra ofensa dita entre murmúrios, Lu Keran apontou para um conjunto de flores azuis ao lado de Jimin e exclamou, ocultando qualquer sussurro desagradável.

— Senhor, olhe isto! Acho que elas podem ser úteis para a sua invenção — Keran colheu uma das flores e puxou a maior pétala dela — São rosas oceânicas, foram um presente do clã Choi para a Grande Rainha. A cor delas é muito forte e tinge bem. O senhor vai precisar de algo bem colorido para os seus fogos, não é mesmo?

Park Jimin achou a atitude do jovem curandeiro bastante gentil, e, por isso, voltou a sorrir como antes.

— Valeu, mas, se foram um presente pra rainha de vocês, acho melhor não tocarmos nelas... Fora que o clã Choi não parece gostar muito de mim — disse o garoto, lembrando-se do modo como o patriarca Choi Kangson o tratou um dia atrás.

— Ah, não, senhor. Essas flores são usadas por todo o reino, até pelos mais humildes. Aqui elas nascem de maneira abundante. Não será de forma alguma desrespeitoso — Lu Keran explicou, já dobrando as mangas da toga vermelha para começar a colher mais algumas rosas azuis.

— Ah, então... Bem, a cor dos fogos de artifício não funciona exatamente como você pensa, mas não custa nada tentar experimentar algumas substâncias novas. Talvez essa cor azul da flor vire um roxo durante a explosão no céu — Jimin pensou alto, passando os dedos sobre as pétalas macias. Rosas oceânicas realmente se pareciam com rosas comuns, mas, além da cor única, elas tinham uma diferença peculiar: em seu centro havia miúdas hastes brancas que terminavam em espirais e soltavam pólen. Uma graça.

— Roxo...? Nossa! Deve ser estupendo, senhor! — os olhos de Lu Keran estavam cobertos por uma camada de brilho sonhador. O curandeiro rapidamente encheu os bolsos com as flores azuladas.

— É, hehe... Er, Lu Keran, você não precisa ficar me chamando de "senhor"... Não ficou sabendo sobre o grande vexame de ontem? — Jimin coçou a nuca e balançou o corpo.

Cada vez que os seus olhos piscavam, a imagem da árvore sagrada atravessava a sua mente, intrigando-lhe de uma maneira estranha. Park podia jurar que havia sonhado com ela na noite anterior, com as suas folhas vermelhas e com o seu tronco grosso e pálido. Havia algo realmente misterioso naquela planta, ele só não conseguia entender o quê. Talvez se o deixassem analisar as suas propriedades químicas...

— Eu não me importo, senhor — Keran respondeu de repente, trazendo de volta à realidade os pensamentos de Park Jimin — Não me importo se o senhor é ou não o Ômega de Prata. Eu o trato com respeito porque sinto que devo fazê-lo. Estaríamos em apuros se o senhor não tivesse usado a sua inteligência para ajudar-nos a todos. Algumas pessoas também deveriam levar isso em conta antes de proferirem palavras tão ruins...

O curandeiro estreitou os olhos para dois nobres que encaravam Jimin com grande desprezo.

— Infelizmente alguns nascidos em berços de ouro não costumam olhar muito além de seus próprios narizes... — Keran arrumou as mangas da toga e juntou as mãos. Em seguida, ele lançou um sorriso complacente a Jimin — Eu sei o que o senhor está passando neste momento, eles também me olhavam assim quando fui apadrinhado pelo mestre Jung. Nunca seremos considerados dignos por essas pessoas... Mas isso não quer dizer que as opiniões delas realmente tenham alguma relevância.

O sorriso na face de Park Jimin se abriu por inteiro, e ele ainda conseguiu soltar uma pequena gargalhada.

— Uau, Lu Keran! Valeu mesmo, haha... — o rapaz disse, sem jeito, mas extremamente aliviado. Ele não era considerado como um indigente por todos daquele lugar, no fim das contas.

— O senhor tem um vocabulário curioso — Keran observou, com um olhar confuso.

— Ah, hahaha... Eu quis dizer "obrigado" — Eu tenho que mudar um pouco o meu jeito de falar neste lugar, o garoto pensou — Enfim,... Ainda falta muito para vermos o Alquimista real?

— Ah, não, é logo ali, veja! — o curandeiro apontou para um horizonte próximo. Park Jimin ergueu o olhar e, mais uma vez, sentiu o queixo cair.

No fim do jardim, em meio a duas macieiras, havia uma estrutura muito semelhante a de uma estufa, pois tinha paredes feitas de vidro fosco que se curvavam em arco até o teto alto, e era do tamanho de uma pequena casinha.

Jimin e Keran rapidamente caminharam até lá, aproximando-se da grande porta de vidro e metal cinzento. O curandeiro girou a maçaneta com cuidado, evitando fazer barulhos desnecessários enquanto abria o portal para possibilitar a passagem.

Lá dentro, o jovem Park respirou o ar puro promovido pelas plantas raras e delicadas que cresciam nos vasos adubados, os quais estavam enfileirados pelo espaço. Ele sentiu o calor úmido que pairava ali por conta do ambiente fechado pelo teto de vidro, que facilitava a entrada de luz, e que, ao mesmo tempo, impedia o escape da luminosidade e de suas propriedades na velocidade de um sopro. Aquele lugar de fato se assemelhava a uma estufa, e talvez realmente fosse uma, mas com algumas diferenças notáveis.

Entre as fileiras de plantas e arbustos, e depois de um grande caule verde que crescia e se retorcia no centro do lugar, do qual brotavam gavinhas que se uniam ao teto, havia um espaço cheio de armários, livros, bugigangas rústicas, vidraças com conteúdos esquisitos e uma escrivaninha de madeira completamente bagunçada, com papéis e canetas de penas espalhados em sua superfície.

— Hm, durante a manhã, o mestre Jung geralmente fica em sua mesa, lendo as anotações que ele faz na noite anterior — Lu Keran explicou, encarando a escrivaninha enquanto franzia as sobrancelhas.

— Talvez ele ainda esteja dormindo... — Jimin sugeriu, sem querer perder as esperanças de encontrar o alquimista.

Lu Keran, contudo, rapidamente negou com a cabeça.

— O Grande Alquimista acorda junto com o Sol, senhor... A não ser que... — Keran se virou e andou até uma porta localizada nos fundos da estufa. Jimin o seguiu logo atrás, curioso com a atitude do curandeiro.

Os dois rapazes se aproximaram silenciosamente do portal, com os ouvidos a postos, e paralizaram quando ouviram duas vozes masculinas e sussurrantes vindas do cômodo do outro lado.

— Sinto-me incomodado em deixá-lo descansar em minha cama, aqui não é confortável o suficiente para você, meu príncipe... — o timbre suave era de Jung Hoseok, o alquimista real. Ouviu-se um barulho de tecido farfalhando e de um riso anasalado.

— Já fizemos amor aqui tantas vezes, por que não seria confortável para mim? — o dono da segunda voz era Min Yoongi, o irmão mais velho de Jeon Jungkook. O seu tom carregava um filete de sensualidade mesclado aos feromônios de alfa que pareciam inundar aquele quarto fechado a ponto de transbordar para fora dele, tornando aquela conversa bastante íntima e sedutora.

Eles são dois alfas? Jimin se questionou em pensamentos, sentindo-se intrigado enquanto corava ao ouvir tal conversa. Ao seu lado, Lu Keran ganhava a cor de um tomate maduro.

— Mas não posso lhe dar tanta atenção nesta manhã, você sabe disso... Eu tenho que fazer o seu tônico antes do fim do dia — Jung Hoseok disse, ele parecia entristecido — Você precisa estar forte para o baile desta noite.

— Um beijo seu me renova as energias muito mais do que aquele remédio horrível que você faz com minhocas — Yoongi resmungou, o que tirou uma pequena risada do alquimista.

— Se beijá-lo realmente fosse tão eficaz quanto as substâncias das "pelos de ouro", então eu já teria perdido os meus lábios para você há muito tempo, meu príncipe — o alquimista murmurou, e então ouviu-se sons de beijos, molhados e cálidos, imersos numa intensidade arrasadora.

Jimin e Keran se entreolharam e engoliram em seco.

— É melhor voltarmos mais tarde — o curandeiro murmurou com o rosto em chamas. Jimin balançou a cabeça afirmativamente, concordando com o outro rapaz e corando por completo.

Porém, um segundo antes de darem o primeiro passo para longe dali, a voz do príncipe Min ressoou bem alto.

— Se irão espiar, espiem até o final, como dois ótimos bisbilhoteiros — Sua Alteza parecia estar se divertindo.

A porta foi aberta por Jung Hoseok logo em seguida. O alquimista primeiro encarou o discípulo Lu Keran com uma sobrancelha arqueada. Depois, ele virou o olhar para Park Jimin e o analisou dos pés à cabeça.

— Mi-mil perdões, mestre! Eu não queria, er... — Keran curvou o tronco em noventa graus, um filete de suor molhava a sua testa.

— Pois é, desculpa aí interromper o lance de vocês, haha... — Jimin pôs a mão sobre a nuca enquanto se afastava de ré — Muito bonito o casal, hahaha. Felicidades! Agora, com licença...

— Espere um segundo, sor Park Jimin — o alquimista agarrou o colarinho da camisa do garoto, antes que esse corresse para longe — Eu estava mesmo querendo vê-lo para discutirmos sobre algo.

— Tem certeza? — Jimin olhou para dentro do quarto, onde Min Yoongi jazia deitado numa cama estreita, encarando toda a cena com um sorriso ladino nos lábios.

— Ah, não se preocupem comigo — o príncipe Min balançou uma mão magra devagar — Eu só vim aqui para distrair Hoseok e para dormir. Este é o único local do palácio onde os servos me deixam em paz.

— Realmente... Eles têm medo de mim, por algum motivo — o alquimista Jung pensou alto, coçando o queixo anguloso.

— Talvez porque o senhor sempre ameaça transformá-los em cachorros — Lu Keran sugeriu com um sorriso nervoso.

— Ah, é... Seria incrível se eu de fato pudesse realizar tal façanha — Hoseok ponderou, balançando as trancinhas que caíam de seus cabelos — Enfim... O meu discípulo não viria até aqui a esta hora por conta de fracas razões. Em que posso ajudá-los?

Lu Keran e Park Jimin trocaram olhares antes deste último tomar a palavra.

— Fiquei sabendo que hoje é o aniversário do rei... Quer dizer, hoje é a noite luar dele. Por isso... Eu queria fazer um presente... Mas, para construir esse presente, vou precisar de algumas coisas difíceis de conseguir — Jimin mudou o peso de um pé para o outro — Como você é um alquimista, imaginei que pudesse me ajudar a encontrar algumas substâncias... Se não for te incomodar...

Os lábios de Hoseok se abriram num grande sorriso divertido.

— Aaaaah — o alquimista então se virou para encarar Yoongi — Ouviu isso, Alteza? O seu futuro cunhado é bem romântico, hmmm...

— E-ei! Não é nada disso... — Jimin sentiu o sangue queimar em suas bochechas.

— An? Hoje é a noite luar do Jungkook? — Min Yoongi se revirou na cama, piscando sonolento.

— Meu príncipe, não estava ciente? — o alquimista olhou para o parceiro com incredulidade.

— Eu sempre me esqueço, e ele também sempre se esquece de minha noite luar. É uma reciprocidade comum entre irmãos — Yoongi deu de ombros enquanto se erguia da cama lentamente — No entanto, é bom descobrir isso antes do baile. Agora irei atrás de algo bom para presenteá-lo.

O príncipe se colocou de pé devagar, tomando cuidado para se manter equilibrado, e então arrastou o corpo até a saída, apoiando-se nos móveis e, por último, apoiando-se em Jung Hoseok, que lhe ofereceu a mão com todo o prazer.

— Chamarei um servo para ajudá-lo, meu amor... — o alquimista murmurou para Yoongi, acariciando a mão que ele havia segurado.

— Não é necessário. Eu mesmo encontrarei um no meio do caminho — o príncipe sorriu e soltou a mão do alquimista para se afastar. Quando chegou perto de Park Jimin, ele inclinou a cabeça levemente para o lado, curioso com o rapaz — Eu não me apresentei adequadamente a você, sor Park. Sei que já deve saber, mas o meu nome é Min Yoongi. Eu espero que possamos ser amigos no futuro, já que o meu irmão o estima tanto.

Apontar este último fato fez Jimin desviar o olhar, levemente constrangido. Parecia que todo o reino de Adaman já estava ciente sobre a maneira como Jeon Jungkook vinha tratando o seu novo e desconhecido convidado ômega.

— Ah, é... Seria legal, hm... Alteza — Jimin falou, tentando soar educado.

O príncipe do clã Min riu mais uma vez, mostrando um sorriso gengival branquíssimo, e então partiu para fora da estufa à passos lentos e pesados.

No instante seguinte, o alquimista real pigarreou, chamando a atenção dos intrusos em seu local de trabalho.

— Não vai me dizer do que se trata o seu presente, sor Park? — Jung cruzou os braços na frente do corpo.

— 'Tá certo... Eu quero fazer uma coisa que voa para o céu e explode colorido. De onde venho, isso é chamado de Fogos de Artifício — Jimin tentou explicar enquanto gesticulava com as mãos.

— Intrigante. Verdadeiramente intrigante! — o alquimista franziu o cenho, imaginando os fogos de artifício em ação — Se realmente for capaz de criar isso, então Sua Majestade ficará bastante impressionada.

As palavras de Jung Hoseok despertaram uma ansiedade escondida dentro do peito de Park Jimin. O garoto então começou a se agitar, animando-se cada vez mais com a ideia.

— Po-posso criar sim! Eu só preciso de papel, pólvora, alguns sais e também compostos de uma substância chamada potássio... Eu não sei se você sabe o que é isso...

— Potássio... Potássio... Hmmm, eu faço constantes experimentos com rochas e minérios, então acabo encontrando algumas substâncias bastante interessantes durante certos processos. Algumas até guardo em minhas vidrarias — Hoseok andou até as estantes ao lado de sua escrivaninha bagunçada e apontou para as vidraças expostas ali — A sua conversa me chamou a atenção, então eu lhe dou permissão para que use o que quiser do meu arsenal... Enquanto isso, estarei concentrado em meu próprio trabalho. Com a sua licença...

O alquimista inclinou levemente a cabeça e então deu as costas para Keran e Jimin. Em seguida, ele limpou a superfície de sua escrivaninha, tirando do meio os papéis e livros que tomavam o local, e colocou em cima dela uma jarra cheia de minhocas "Pelos de Ouro".

Pelo visto, ele vai fazer o remédio para o príncipe... Park Jimin constatou, observando-o rapidamente.

— Obrigado, alquimista real — o garoto disse, virando-se para analisar cada um dos vidros da estante.

— Senhor... — Lu Keran se aproximou de Park — Se não for precisar de algo a mais, então eu voltarei a fazer a minha invenção.

— Ah, claro. Desculpa aí por tomar o seu tempo.

— Não há problema — o jovem curandeiro balançou o corpo e se virou para ir embora.

Agora sozinho, Park Jimin se concentrou único e exclusivamente nas substâncias de Jung Hoseok. Depois de verificar o cheiro e a reação de algumas delas, o rapaz sorriu, completamente satisfeito.

— Estou começando a gostar de verdade deste lugar — ele murmurou, reunindo em seu colo um conjunto de vidrarias que continham tudo aquilo que seria necessário para fazer o show daquela noite.

🌕🌖🌘🌑

A engenharia para se fazer fogos de artifício é relativamente simples. Basta ter papel necessário para construir a estrutura, onde serão colocados organizadamente todos os substratos que irão definir o efeito de explosão colorida. O único problema é que, ao mesmo tempo em que aparenta ser um processo fácil, ele também é extremamente delicado. Um erro na estrutura poderia provocar uma explosão antes da hora certa e, consequentemente, ferimentos graves ou até mesmo a morte de alguém.

Park Jimin estava bastante ciente disso. Em suas aulas práticas na universidade, ele quase testemunhou um acidente do tipo com um de seus colegas de sala. Devido a isso, desde então, Jimin sempre fazia testes prévios com os explosivos. O garoto criava mini-fogos de artifício para testar a sua qualidade.

O alquimista real, Jung Hoseok, testemunhou quando Jimin fez o primeiro teste. Até aquele instante, ele estava bastante concentrado em unir o óleo obtido com as minhocas "Pelo de Ouro" às vitaminas retiradas de frutas e legumes; criando, assim, o remédio que daria ao príncipe Min.

Entretanto, a sua atenção foi capturada por um som de rasgo, por um BOOM e por um arquejo surpreso. Em seguida, Hoseok sentiu o cheiro de fumaça.

— Opa — Jimin murmurou, atordoado. O teste com o mini-fogo de artifício tinha dado errado.

O alquimista se virou para ver o que havia acontecido, e, quando viu o estado de Park Jimin, ele se segurou para não gargalhar alto.

— O que houve, garoto? Pffff... — Hoseok cobriu a boca, impedindo o riso histérico que insistia em lhe acometer.

Park Jimin estava decadente. A explosão conseguiu espalhar os sais e a pólvora para todo lado. Por conta disso, da parte de cima de seu peito até o último fio de cabelo havia uma densa cobertura de cinzas. As suas mechas estavam arrebitadas, como se Jimin tivesse levado um choque, e a sua face tinha cor de fuligem, como uma criança suja após brincar na areia molhada.

Mas, mesmo estando tão sujo, a concentração do garoto o impediu de notar este fato. Então, quando Jimin viu o alquimista real se segurando para não rir, ele pensou que o outro homem estivesse rindo de sua falha.

— E-eu vou consertar, 'tá bem? Não é pra ser assim! Eu acho que misturei o propelente errado e ele queimou antes da hora — o garoto se apressou para fazer outra estrutura cilíndrica de papel, onde novamente colocaria sais e substâncias explosivas.

— Haha, muito bom... — disse Jung Hoseok, já recuperado do surto de risos — Quando as notícias sobre a sua aparição chegaram em Adwan, eu tive um bom pressentimento.

— Sério? — Jimin sorriu.

— Seríssimo. Eu pressenti que você fosse completamente insano!

O sorriso na face de Park vacilou.

— Haha, eu aprecio pessoas insanas, sor Park. Tanto é que fiz questão de trazer Lu Keran para o meu clã — Jung explicou enquanto terminava de fazer o remédio se Sua Alteza, Min Yoongi.

— Mas o Lu Keran parece ser bem normal... — Jimin murmurou, enrolando um papel grosso para criar a estrutura de um novo fogo de artifício.

Foi então que o alquimista real saltou bem diante de Park e lhe deu um peteleco na testa.

— Estou me referindo à maneira de pensar, meu caro. O Lulu é apenas um pouco tímido, mas ele tem ideias adoráveis e é bastante curioso, então está sempre tentando fazer coisas novas — Jung saiu girando, passando a mão na superfície das plantas que brotavam dos vasos da estufa — No mundo em que vivemos, quem se desvencilhar da normalidade, do que é convencional, é alguém insano. Ou seja, são pessoas geniais. E eu sou atraído por elas.

— Oh... Obrigado, eu acho — Ele conseguiu me elogiar enquanto me chamava de maluco, legal, Jimin pensou enquanto soltava um risinho anasalado.

Depois de pensar um pouco, e de encher o rolo de papel com as últimas substâncias necessárias, o jovem sentiu uma curiosidade impetuosa subir pela sua garganta e formar palavras em sua boca.

— O príncipe Min também é insano para você? É que vocês parecem, er... Atraídos um pelo outro — Jimin encarou o alquimista de soslaio, observando a reação dele, rezando para que a pergunta não o ofendesse de alguma forma.

Para o seu alívio, a face de Jung Hoseok foi tomada por um sutil sorriso, e os seus olhos ganharam um brilho adorável.

— Ele não é insano... Mas rouba-me cada parcela de minha pouca sanidade — o alquimista murmurou, sua voz estava distante e pensativa.

— Nossa — Jimin deixou escapar, piscando os olhos rapidamente.

— O quê? — Hoseok achou graça do semblante surpreso de Park.

— Ah, er... Hm — Jimin pigarreou, voltando os olhos para o cilindro de papel que logo seria explodido — É só que, neste lugar, vocês parecem ter muita certeza sobre os seus sentimentos... Sei lá, é tudo tão... Intenso.

O alquimista refletiu sobre a fala de Jimin durante alguns segundos enquanto o garoto lacrava o cilindro cheio de sais e o posicionava cuidadosamente numa janelinha da estufa, para que, desta vez, os fogos explodissem do lado de fora.

— Estás dizendo isso não apenas por causa de meu envolvimento com o príncipe, não é verdade?... Eu vi a maneira como você e Sua Majestade se entreolham — Jung Hoseok caminhou até ficar ao lado de Jimin. Seus olhos se estreitavam numa expressão de concentração, como se estivesse fazendo esforço para desvendar um mistério — Havia uma certa hesitação, principalmente em você...

Park Jimin suspirou fundo e desviou o olhar, tentando fugir daquela questão. Em seguida, o jovem se apressou para acender o pavio do cilindro e deu vários passos para trás, puxando o alquimista consigo.

Os dois silenciosamente aguardaram pelo resultado do segundo teste. Eles engoliram em seco, ao mesmo tempo, quando o fogo queimou todo o pavio e chegou ao propelente. Em poucos segundos, a explosão se iniciaria. Se desse errado, outra nuvem de fumaça iria cobrir a estufa.

O segundo teste, contudo, foi completamente bem sucedido. A queimação fez os explosivos impulsionarem o cilindro para fora da janela, e ele subiu até alcançar alguns metros no ar, onde se desfez em um brilho laranja no formato de uma flor com longas e finas pétalas.

Park Jimin fechou as mãos em punho e as ergueu no ar enquanto pulava, comemorando o resultado.

— O que achou, alquimista Jung!? — o garoto queria saber como as pessoas daquele mundo reagiriam aos seus fogos de artifício.

— Foi incrível! Isso à noite ficará magistral, definitivamente. Depois me explique como funciona, certo? — Jung Hoseok batia palmas, sinceramente impressionado. Ele então cutucou Jimin com o cotovelo dobrado e lhe lançou uma piscadela — Se pretende deixar o rei boquiaberto, então você com certeza conseguirá fazê-lo.

— A-ah, que bom... — Park coçou a nuca. O garoto sentiu o rubor tomar as suas bochechas ao imaginar Jungkook olhando para o céu noturno e vendo as explosões brilhando para ele.

Jimin voltou a reunir os materiais para começar a fazer os fogos de artifício que seriam usados naquela noite. Desta vez, eles deveriam ter um tamanho maior e uma maior potência, para que o céu pudesse ser coberto pelo seu brilho explosivo.

Enquanto calculava a quantidade de sais e propelente necessários, o rapaz se viu pego em um outro devaneio. Após comprimir os lábios carnudos e pensar várias vezes nas palavras que diria em seguida, ele finalmente as soltou.

— Alquimista Jung, você pode me tirar uma dúvida?

— Hmm, fique à vontade — Hoseok analisava o remédio do príncipe Min. Ele queria ter certeza de que aquele medicamento estava suficientemente adequado para a ingestão.

— Até onde os feromônios interferem nos sentimentos das pessoas?

Eu finalmente perguntei, Jimin pensou soltando o ar.

— Hmmm... Eles não interferem — o alquimista disse, ainda sem tirar os olhos do vidro de remédio.

Park Jimin quase se engasgou.

— An? Como assim "não interferem"?? E a questão do vínculo...? E esses cios... — Pensar nisso fez o rosto de Jimin esquentar — Vo-você, como um homem da ciência, um pesquisador, não acha que essas coisas mexem com a cabeça das pessoas??

— Claro que mexem — Jung contraiu o cenho, como se estivesse falando um fato extremamente conhecido — Espere um instante... Sor Park, você realmente não sabe sobre isso?

— Eu não sou daqui... — E tudo o que sei sobre este mundo vem de um livro de uma garotinha de doze anos, Jimin completou em pensamentos.

— Curioso... Bem, respondendo à sua questão: Mexem sim, mas não sentimentalmente. Você pode sentir vontade de se deitar com alguém bonito, mas isso não significa que aquela pessoa é o amor da sua vida — o alquimista balançou os ombros, alegando o óbvio.

— Ah, claro, realmente, olhando por esse ponto... — Jimin contraiu a boca e se aproximou do alquimista real — Mas eu li sobre os cios, e sobre os envolvimentos entre ômegas e alfas... Eu queria saber se... Se você e o... Er... — ele não sabia como terminar a fala sem parecer extremamente invasivo.

Mas o alquimista não esperou pelo garoto para dar a sua resposta.

— Você está curioso sobre a minha relação com Sua Alteza, Min Yoongi? — Jung Hoseok exibiu um sorriso divertido — Sim, nós dois somos alfas e estamos desafiando todos os nossos instintos primitivos... E, já que quer saber tanto, em nossos períodos, nós somos suficientes um para o outro.

— Oh... — Jimin processou as palavras do jovem homem e virou os olhos para encarar o chão.

— Isso lhe é estranho?

— Ah, não mesmo! — Jimin se apressou para dizer, balançando as mãos freneticamente — Eu só estava pensando que... Bem, pra mim, o relacionamento de vocês é, talvez, um dos mais sinceros que podem existir neste lugar, já que não precisam de vínculos ou de instintos para quererem um ao outro...

Após ouvir as palavras do menino, Jung Hoseok voltou a estreitar os olhos e o encarou durante longos segundos, até erguer o indicador da mão direita e exclamar:

— Aha! Sor Park Jimin, eu acredito ter compreendido onde você quer chegar com esta conversa... — os lábios dele se curvaram para cima — Estás receoso com os supostos sentimentos de Vossa Majestade!

— Haha, sentimentos? Que nada, hahaha... — com suor pingando de sua testa suja de cinzas, Jimin rapidamente virou o corpo para se afastar do alquimista — O-obrigado por tirar a minha dúvida, agora eu vou terminar de fazer...

— De fazer o presente para o rei? É, parece que realmente o assunto envolve sentimentos... — uma sobrancelha de Hoseok se arqueou — Do que tem medo, garoto? Tem medo da vida no palácio? De se tornar um rei consorte? Ou, talvez, levando em conta tudo aquilo que discutimos há poucos segundos, você teme que o rei esteja lhe iludindo de alguma forma?

— É... É por aí mesmo — o garoto murmurou, parando de andar — Alquimista Jung... Essa é uma dúvida que você ainda não me tirou: Os vínculos forçam as pessoas a ficarem juntas?

— Jamais — o semblante de Hoseok era solene — Vínculos se formam apenas quando duas pessoas estão envolvidas profundamente.

— Então, no fim, a ideia de eu estar vinculado a ele é realmente impossível. Mal nos conhecemos...

— Você não entendeu, garoto — Jung deu outro peteleco na testa de Jimin — Pode ter durado somente um ano, um mês, uma semana, um dia, um minuto ou até mesmo um único segundo; mas, se houver nesse meio tempo algo real, algo que conecte o âmago de ambos da maneira mais harmônica possível, então significa que o vínculo pode acontecer. E isso não é forçar uma relação, pois é como se ocorresse somente entre aqueles que, de um jeito ou de outro, irão ficar juntos até o fim. Infelizmente não há uma forma racional para explicar esse evento, eu já tentei analisar, mas é realmente complicado. Então estou lhe dizendo essas afirmações com base em experiências transcritas pela história de nosso povo.

Park Jimin ficou paralisado, sem voz, enquanto a sua mente absorvia cada vírgula e sílaba dita pelo Grande Alquimista. No instante seguinte, um calor envolveu o seu peito, intensificando o pulsar de seu coração impetuoso e contraditoriamente medroso.

Um misto inquilino de agitação e felicidade pairou sobre o rapaz, e ele não tinha noção de como agir diante daquilo. Não quando apenas metade de seus problemas se encontravam resolvidos. Park Jimin realmente não sabia o que fazer com aquela sensação de leve esperança e alívio que começava a acorrentá-lo, e, ao mesmo tempo, ele temia fragmentá-la em milhões de pedaços, assim como seriam os sentimentos do vencedor do primeiro round de uma partida que, após vibrar pela vitória, acabava perdendo no segundo round.

Mas o questionamento não havia chegado ao seu fim. Ainda existia uma pergunta coçando debaixo da língua de Park.

— Alquimista Jung... É possível alguém se vincular mais de uma vez? Com pessoas diferentes? — o garoto precisava saber, senão as coisas que se passavam em sua cabeça não fariam sentido.

— Hmm... Existem relatos antigos que confirmam a tese de que é sim possível alguém passar por isso mais de uma vez. Mas é tão difícil, tão absurdamente difícil de acontecer, que a maioria das pessoas não acreditam nessa possibilidade — Jung Hoseok guardou o frasco de remédio que seria dado ao príncipe Min numa pequena caixa de madeira — Porém, eu me guio por estudos e análises, então, se os meus estudos apontam a possibilidade, logo a minha resposta para a sua questão é: Sim.

— Ah... Mas por que é tão difícil assim de acontecer? — Jimin inclinou a cabeça para o lado.

— Pelo simples fato de que o vínculo, quando ocorre, dura a vida inteira. Então, para que alguém consiga se vincular a outra pessoa, o seu parceiro primeiro teria que morrer. E quando morre, essa morte dói nas duas almas — o alquimista explicou enquanto colocava debaixo do braço a caixa com o remédio de Min Yoongi.

Depois de arrumar o casaco escuro e de passar a mão nos cabelos trançados, Hoseok se virou uma última vez para Park Jimin, com a intenção de finalizar aquela conversa.

— Um exemplo conhecido por todos de Adaman é o da Grande Rainha, Wang Nara. Quando a ômega Min Hyuna, que era a mãe de Min Yoongi, faleceu, a guerreira forte e imponente que existia dentro de Nara morreu juntamente com a amada. A rainha viveu somente mais alguns dias após o funeral de Hyuna — Jung disse com um suspiro pesado, carregando um olhar distante, como se estivesse revendo aqueles fatídicos e fúnebres dias — Para se ganhar um novo vínculo, primeiro você deve ser forte o bastante para conseguir superar a perda do anterior.

O alquimista deu tapinhas leves nas costas de Jimin e caminhou em direção à saída da estufa.

— Preciso entregar esse remédio para o príncipe Min. Nos vemos no baile, sor Park — ele acenou sem olhar para trás.

Assim que ficou sozinho, Park Jimin se sentou no caule da planta que tomava o centro da estufa e se aninhou ali, entre as folhas e as gavinhas que caíam ao seu redor. Ele então se encolheu, abraçando as pernas dobradas enquanto suspirava fundo.

— Hipótese número... Droga, não me lembro de quantas hipóteses eu já fiz — o garoto balbuciou, fungando — Enfim, hipótese número X: Eu sou o second lead e estou aqui para guiar o protagonista até chegarmos a um certo momento da história onde... — a voz dele tremeu — Onde eu irei morrer e o nosso vínculo será quebrado. Assim ele vai passar pela "perda" e ficará mais forte. Depois disso, o protagonista se encontrará com o Ômega de Prata e o arco principal da história será iniciado — Jimin engoliu em seco, e exibiu um sorriso forçado em seguida — É... Nada como a boa e velha "Jornada do herói". Harry Potter, Percy Jackson e Luke Skywalker passaram por isso, faz sentido o Jeon passar também... É, hehe... Vai ficar tudo bem, eu vou pra casa quando isso acontecer... Tudo bem.

Jimin voltou a ficar em pé e respirou profundamente, enchendo os seus pulmões de ar puro, na tentativa de acalmar o seu peito dolorido e nervoso.

— Que merda, eu adorava a jornada do herói... Nunca mais vou olhar para os secundários do mesmo jeito que antes — o garoto esfregou a mão nos olhos fechados e relativamente molhados.

Depois de bufar e de se recompor, ele balançou a cabeça de um lado para o outro e tomou uma decisão:

— Uma coisa de cada vez, Park Jimin... Primeiro, eu preciso terminar esses fogos de artifício, já que o baile vai começar daqui a pouco — o rapaz voltou a enrolar os papéis para formar a estrutura de um novo explosivo. Mas ele parou logo em seguida, pois pensou em algo importante — Qual cor eu deveria escolher para brilhar no céu durante a explosão? Aaaaaaa... Eu deveria ter perguntado ao alquimista Jung qual a cor favorita do Jungkook! Que meeeerda!

Park Jimin fechou os olhos e bagunçou os cabelos.

— Agora só existe um jeito de eu saber sobre isso...

Ele pôs as mãos nas laterais do quadril e bateu freneticamente o pé no chão de pedra, enquanto refletia sobre o que deveria fazer em seguida.

Por fim, o jovem Park puxou as mangas da camisa, como se estivesse se preparando para uma luta, e começou a andar para fora da estufa, com um olhar determinado.

Ele iria perguntar pessoalmente a Jeon Jungkook qual a sua cor preferida, e logo depois retornaria para finalizar a construção dos fogos de artifício. Seria conciso e rápido, simples assim.

Park Jimin ignorou todas as pessoas que atravessaram o seu caminho por acreditar que os olhares delas sobre ele eram apenas de desprezo, como aparentavam ser naquela manhã. Mal sabia o rapaz que a sua aparência era o que mais atraía a atenção dos nobres que passeavam pelos entorno do castelo. Jimin estava engraçadíssimo, carregando uma face cheia de cinzas e um cabelo arrebitado, completamente sujo. Visto de longe, qualquer um o confundiria com uma criança maltrapilha e emburrada.

Ele só parou de andar quando se deparou com a figura arrogante e super bonita de Choi Ren, o ômega que havia intervido a discussão da Mesa de Prata em favor de seu avô, o Patriarca Choi Kangson, e que parecia ter adorado provocar o rei no último dia com os seus aromas sensuais.

Choi Ren encarou Park Jimin dos pés à cabeça e segurou um pequeno riso de deboche em seus lábios tão finos e rosados como uma pétala de flor.

— Sor Park Jimin, é esse o seu nome, certo? — o nobre perguntou, girando um dos botões do blazer azul de cauda longa.

— É sim. E o seu é Choi Ren, não é? Prazer — Jimin quase revirou os olhos. Ele não ia com a cara daquele ômega, por isso não perdeu tempo antes de tentar desviar o caminho — Agora, com licença...

— Deixe-me adivinhar... Você está à procura do rei — Choi Ren se colocou no caminho do outro jovem, impedindo-o de prosseguir.

— Sim, estou. Então, poderia me deixar passar?

— Você sabe onde ele está, sor Park? — havia um "quê" de sarcasmo na fala de Ren toda vez que ele usava o "sor" para se referir a Jimin.

— Não, eu não sei. Mas posso encontrá-lo por conta própria. Então, de novo, com licença — Jimin tentou desviar mais uma vez de Choi Ren. No entanto, o jovem nobre se moveu para continuar em seu caminho.

— O rei está na sala do trono, junto aos seus súditos mais importantes e aos líderes dos principais clãs de Adaman. A reunião é aberta, pois estão tratando sobre o baile desta noite e sobre a noite luar de Sua Majestade. Entretanto... — os lábios de Choi Ren saltavam, jorrando as palavras de um jeito que, na mente de Park, parecia-se com a entoação de um encantamento maligno.

— ... Todos aqueles que vêem o rei neste dia se mostram minimamente apresentáveis. Sor Park Jimin, você ao menos sabe o que é estar "minimamente apresentável"?

Jimin franziu o cenho e quase fez uma careta.

Do que esse cara 'tá falando? O garoto pensou. Eu tomei banho e peguei uma roupa bonitinha do armário que tinha naquele quarto. Se quer reclamar com alguém por causa das minhas roupas, reclame com o rei!

Um segundo antes de Park iniciar uma discussão com aquele garoto de cabelos compridos, os quais eram quase tão grandes quanto a sua arrogância, uma jovem um pouco mais velha do que Choi Ren se aproximou e jogou um leque de renda nas costas da cabeça dele.

— O que está fazendo aqui, Ren!? Quanto lhe custa se manter em seu quarto, descansando, ao invés de estar aqui, criando mais problemas diplomáticos para o nosso clã!? — a garota começou a se abanar, estupefata. Ela também havia comparecido à reunião da Mesa de Prata no dia anterior. Era uma moça linda, com cabelos cacheados, um rosto oval, bochechas fofas e lábios miúdos como os de Choi Ren.

— Problemas diplomáticos? Com esse... Indigente!? — Ren apontou um indicador para Jimin.

— Eu ainda estou aqui, obrigado — Park bufou.

— Isso mesmo, Ren, não fale das pessoas assim e... Ah! — a garota arregalou os olhos quando finalmente encarou Park Jimin — Pelos deuses... Você está bem?

— Estou, agora adeus! — Jimin rapidamente deu as costas e saiu correndo para longe deles.

Cor preferida do Jungkook. Cor preferida do Jungkook. Esses eram os únicos pensamentos que importavam na mente do rapaz naquele momento, nada mais lhe tiraria a atenção.

Daquele rápido aborrecimento com Choi Ren, Park Jimin conseguiu obter ao menos alguma vantagem: Agora ele sabia aonde ir para encontrar Jeon Jungkook.

Naquela manhã, Lu Keran havia lhe mostrado alguns lugares do palácio enquanto se dirigiam ao local de trabalho do Alquimista Real, então foi fácil de achar o salão em que Sua Majestade estaria.

Quando chegou lá, Park Jimin viu que as grandes portas do recinto denunciavam a importância daquele ambiente. No interior, havia altíssimas colunas em fileira feitas de concreto cinzento, as quais sustentavam um teto arqueado coberto por mosaicos coloridos. Cada mosaico retratava uma cena histórica do reino de Adaman, de maneira magnífica.

Um imenso tapete vermelho cortava o meio do grande espaço, e, no final, ele se dividia em dois para então cobrir as duas e arredondadas escadarias laterais que levavam a um pódio. Nesse pódio se localizavam dois tronos unidos um ao outro que pareciam ter sido esculpidos no tronco de uma árvore de prata. Essa árvore crescia por toda a parede, num monumento gigante e glorioso.

Park Jimin se sentiu pequeno como uma formiga assim que pôs os pés naquele lugar.

— "Qual sua cor preferida?". "Qual a sua cor preferida?". "Ah, é essa? Então obrigado e até logo!" — o rapaz murmurou repetidas vezes as falas pré-programadas que diria a Jungkook, enquanto se arrastava velozmente pelo tapete, sempre mantendo os olhos no chão em sua frente, para evitar tropeços humilhantes.

Jeon Jungkook estava sentado em seu trono, com a cabeça apoiada sobre um de seus punhos fechados, ouvindo os seus súditos lhe parabenizando pela sua noite luar, pelo seu retorno à Adwan, pela vitória sobre Eliah e pelo projeto de distribuição de alimentos aos camponeses de Adaman durante o período invernoso.

O foco em Sua Majestade era tão grande que eles só notaram a aparição da estranha e bizarra figura de Park Jimin quando o garoto surgiu logo atrás deles, como um fantasma atormentado.

— Pelos deuses! — os súditos exclamaram e saltaram para longe, alguns deles se transformaram em lupinos apenas por conta do susto.

Jeon Jungkook então ergueu o olhar e piscou várias vezes enquanto sentia os cantos de seus lábios se curvando para cima, formando um sorriso feliz e divertido.

Ele se colocou em pé e balançou a cabeça de um lado para o outro, incrédulo, assim que reparou no estado de Park.

Você é mesmo impressionante, Park Jimin, o jovem rei pensou, sentindo uma grande vontade de gargalhar.

— Park Jimin, o que houve? — Jungkook usou um tom de voz alto o bastante para que pudesse ser ouvido pelo outro rapaz, que se encontrava um pouco distante do pódio do trono.

Okay, não fale nada errado na frente dessa gente, Jimin pensou, reparando nos olhares estranhos que todos os presentes naquele recinto lhe lançavam.

Ele respirou fundo, ergueu a cabeça e falou em alto e bom som:

— Majestade, po-posso fazer uma pergunta? — infelizmente a sua voz falhou na metade da frase, o que causou risinhos entre os súditos do do rei. Isso deixou Park Jimin ainda mais nervoso e deslocado.

Jeon Jungkook, ao contrário de todos, só conseguia achar o outro rapaz extremamente doce e fofo.

— Pode perguntar — disse o jovem rei. Em seguida, ele começou a se mover para fora do pódio, descendo uma das escadarias com o seu jeito calmo e elegante de agir.

Vendo que Jungkook se aproximava, o coração de Jimin deu um salto. Park sentiu uma grande vontade de correr para longe daquele lugar. Tudo parecia extremamente constrangedor naquele momento.

Ele teve que respirar fundo mais uma vez para então conseguir formar palavras em sua boca. Mas, para o seu completo desespero, isso foi tudo o que o rapaz conseguiu fazer.

— Gostar é sua cor qual? — Jimin sentiu um neurônio morrer.

Jeon Jungkook segurou outro riso e encarou o garoto com o cenho franzido.

— Pode repetir, por favor? Eu acho que não compreendi...

— Er... — Jimin olhou de soslaio e engoliu em seco. Havia muitas pessoas naquele lugar, e todas pareciam engolí-lo com os olhos — Cor. Gostar. Sua... A sua cor!?

— A minha cor? Eu não entendo... — Jungkook parecia quase tão perdido quanto Jimin — Você está se referindo à cor de meu clã?

Park Jimin balançou a cabeça, agoniado. Ele queria chorar ali mesmo.

— Então à cor da minha roupa? — o rei tentou mais uma vez, olhando para a camisa que usava. Ela era branca, tinha mangas longas e renda preta ao redor do colarinho.

— Não, eu... Gosta... À que vo-você gosta... A sua preferida — Jimin encolheu os ombros, aliviado. Ele finalmente tinha conseguido fazer a pergunta.

— Ah... A minha cor preferida? — Jeon Jungkook não conseguiu mais reprimir o grande sorriso que já vinha lhe querendo tomar o rosto há alguns minutos.

Assim que terminou de descer as escadas e se aproximou daquele rapaz nervoso, Sua Majestade ficou perto o suficiente dele e começou a pensar em qual resposta daria.

O jovem rei nunca tinha parado para decidir a cor que lhe agradava mais, nem mesmo quando se tratava de suas roupas, pois todas elas sempre foram feitas com base nas cores de seu clã: Preto, branco e vermelho. Não era algo de sua escolha pessoal.

Depois de tanto refletir, Jeon Jungkook encarou a face suja de Park Jimin. Havia uma camada muito engraçada de pó sobre ele, como se o garoto tivesse ficado diante de uma lareira que havia lhe espirrado cinzas.

— Cinza... Eu gosto da cor cinza — o rei falou, por fim.

— Oh... Então, e-eu já vou. Não vou mais interromper as suas coisas — Jimin se balançou para girar o corpo e ir embora. Porém, antes que o fizesse, Jungkook falou rapidamente.

— Não está interrompendo — o rei colocou as mãos nos ombros do garoto e se virou para falar com os seus súditos — Eu vou me retirar agora. Espero vê-los no baile desta noite.

As pessoas se entreolharam e rapidamente curvaram os seus corpos para se despedirem do rei. Jungkook acenou para elas com a cabeça e, no instante seguinte, arrastou Park Jimin para fora dali, sem soltá-lo.

— Graças aos Deuses você apareceu. Eu estava cansado de ouví-los — o jovem rei murmurou, sentindo-se agitado com a presença revigorante que o outro garoto emanava.

Ao seu lado, Park Jimin reprimia um sorriso alegre, também sendo afetado pelos feromônios.

A dupla caminhou até chegar a um pátio pequeno, localizado no final de um corredor vazio. Havia um jardim naquele espaço, com duas árvores altas de coloração amarela e roseiras espalhadas de um jeito bonito. No centro, podia-se ver também uma pequena fonte de água, cujo chafariz tinha o formato de dois lobos dançantes.

— Nossa, parece que não existe nenhum lugar feio neste seu castelo — Jimin murmurou após um assobio admirado.

— Você gosta daqui? — Jungkook quis saber, havia um brilho em seu olhar.

— E tem como não gostar? Olha esse chafariz, cara... — Jimin se aproximou da fonte e analisou melhor a escultura dos dois lobos. Eles estavam em pé, sobre as patas traseiras. No ar, os dois uniam as patas dianteiras, e de suas bocas água era espirrada para cima.

— Eu também gosto daqui... Foi construído antes de eu nascer, sob ordens de minha mãe, Wang Nara, para presentear a minha mãe ômega, Jeon Haerin, em sua noite luar. Os lobos as representam — Jungkook explicou num suspiro — Pelo que sei, este lugar era o preferido de Haerin. Mas hoje ela o evita. Então... Eu tomei a liberdade para me apropriar dele. É uma das poucas lembranças que tenho da Grande Rainha.

— Oh... — Park então se lembrou da história que havia escutado do alquimista Jung sobre os romances de Wang Nara — Por acaso a razão de Jeon Haerin não vir aqui tem relação com a mãe do seu irmão mais velho? A ômega do clã Min?

Jeon Jungkook ponderou por um momento.

— Eu acredito que sim. Jeon Haerin amava muito Wang Nara, e vice-versa, mas... Nada é mais forte do que um vínculo. Nem mesmo toda a atenção de minha mãe ômega foi suficiente para reconquistar todo o coração da Grande Rainha.

— E você já teve algum ressentimento por causa disso? — Jimin perguntou ao notar a expressão melancólica na face do outro rapaz.

— Não... Eu nunca odiei Min Hyuna ou o meu irmão por causa disso. Porque, afinal, não é culpa de ninguém.

Park processou aquela informação e contraiu para baixo um canto dos lábios.

— Quantos anos você tinha quando Wang Nara morreu?

— Ah, eu era um adolescente. Foi logo depois de retornarmos à capital, quando Nara finalizou a sua campanha pela fronteira nortenha. Enquanto nós lutávamos contra bárbaros invasores, Min Hyuna era atacada por uma besta estranha que apareceu de repente nos entornos do castelo — a expressão de Jungkook ficou sombria — Ninguém viu quando aconteceu, Hyuna simplesmente havia desaparecido da vista de todos. Ela foi encontrada morta a algumas milhas de distância do palácio, no dia seguinte. As notícias chegaram a nós, na fronteira, apenas três dias depois. Mas, quando penso nisso agora, Wang Nara já sabia. Ela sentiu quando Hyuna morreu. Eu me lembro de tê-la visto cair em sua tenda e murmurar o nome da ômega.

De repente o ar sobre o jovem rei começou a ficar mais denso. Uma melancolia dolorida o envolvia profundamente.

— A minha mãe alfa viveu apenas para retornar à Adwan e rever a face morta de Min Hyuna. Logo em seguida, ela se foi deste mundo...

— Eu sinto muito, Jeon... — a voz de Jimin saiu fraca.

— Obrigado, mas está tudo bem — Jungkook acariciou o ombro do garoto — Nós acreditamos que casais vinculados vão para o mesmo lugar após a morte... Eu lamento apenas pela minha outra mãe, Jeon Haerin. Ela nem mesmo pôde se despedir de Nara, foi tudo tão rápido...

Park Jimin encarou o rei ao seu lado e mordiscou os lábios enquanto um pensamento atravessava a sua mente.

A hipótese de número X que ele havia criado naquela tarde de repente veio à tona. Se ela se mostrasse ser a correta, então Jeon Jungkook provavelmente iria enfrentar tempos um pouco difíceis após a morte de Jimin.

Com essa ideia latejando em sua cabeça, o jovem Park proferiu o seguinte pedido:

— Prometa que você vai ser muito forte.

— An...? — as sobrancelhas de Jungkook se uniram, contraídas.

— Só... Prometa que você será muito forte e que viverá muito, não importa o que acontecer — Você é o protagonista, então precisa terminar esta história com um final feliz, Park Jimin completou em pensamentos.

Jeon Jungkook piscou várias vezes, ainda sem entender o ponto do outro rapaz.

— Eu prometo... Mas por que está falando isso?

— Hmm, nada... Você é rei, não é? Então tem que ser forte pra conseguir comandar um reino tão grande. Imagina só quantos problemas você deve resolver... — Jimin balançou os ombros — Ah, e por falar em problemas, que tipo de besta é essa que matou Min Hyuna?

— Não temos certeza, pois ela evaporou como água sob o Sol logo após a morte de Hyuna. Contudo, alguns plebeus afirmaram ter visto um desconhecido alfa lupino subindo a muralha que envolve a capital. Obtivemos apenas dois relatos, e em ambos essa criatura foi descrita como um monstro horrendo — o jovem rei explicou, o seu olhar encarava um horizonte longínquo.

Park Jimin sentiu todo o seu corpo se arrepiar. Antes, a ideia de estar num mundo onde criaturas mágicas existiam não parecia ser tão assustadora para o garoto. Agora, após saber que monstros também poderiam caminhar por aquelas terras, essa ideia havia se tornado tão ruim quanto um pesadelo.

Vendo o semblante nervoso na face do outro rapaz, Jeon Jungkook puxou uma mecha do cabelo dele para trás e lhe lançou um sorriso calmo, cheio de confiança.

— A segurança em Adwan foi reforçada desde aquele dia. Você não precisa se preocupar... E eu sempre estarei por perto — a voz do rei era suave, e transmitia a mesma serenidade que os seus feromônios de alfa, algo que rapidamente relaxou os nervos fervilhantes de Park Jimin.

Aos poucos, as bochechas sujas do rapaz começaram a esquentar, ganhando uma fina camada rubra. Sem conseguir sustentar o olhar de Jungkook por mais tempo, Jimin virou o rosto novamente na direção da fonte. Porém, desta vez, por estar cabisbaixo, ele viu o seu reflexo na superfície límpida da água.

— AH! — Park exclamou e tocou o próprio rosto — Aigoo! Eu não acredito... Parece até que um raio caiu em cima de mim!!

Jeon Jungkook sorriu ao seu lado.

— Não sabias que estava desse jeito?

— Não, né... Eu sei que sou estranho neste lugar, mas não sou maluco a ponto de sair por aí assim — Jimin balbuciou, encolhido.

— Mas ninguém lhe avisou enquanto você caminhava até a sala do trono?

— Não... Quer dizer, as pessoas ficavam me olhando de um jeito estranho. Mas, de qualquer forma, desde que coloquei os meus pés neste lugar, quase ninguém foi com a minha cara... — Jimin revirou os olhos e se sentou na beirada de concreto da fonte.

O jovem rei se sentiu frustrado com aquela declaração de Park. Com os punhos cerrados, ele se sentou ao lado do garoto, tirou um lenço do bolso da camisa e o mergulhou na água. Em seguida, Jungkook segurou com carinho o rosto de Jimin e começou a limpá-lo delicadamente, demorando-se em suas bochechas macias.

Jimin sentiu a mente girar com aquele toque tão cálido e carinhoso de Sua Majestade. E, para piorar tudo, os feromônios do alfa marcavam muita presença.

— Perdoe-me por isso. Eu lhe prometi conforto, mas o meu lar só lhe entregou o oposto... — os olhos de Jungkook estavam caídos — Diga-me quem fez isso com você, e eu o punirei imediatamente.

— Isso...? A-ah, você está falando desta sujeira?

— Sim. Imagino que algum salafrário tenha sido ousado o bastante para incomodar o meu ô... Di-digo... Para incomodar o meu convidado — Jungkook pigarreou.

— Ah, não! Eu fiquei sujo deste jeito no local de trabalho do Alquimista Jung...

— Hmm — Jungkook fechou os olhos num ar reflexivo — Vou ter que pedir desculpas ao meu irmão...

— An? Por quê?

— Porque punirei Jung Hoseok por ele ter feito isso com você! Eu irei agora mesmo atrás dele! — Jeon Jungkook ficou em pé num salto, decidido a fazer o que havia dito.

Park Jimin se alarmou e rapidamente agarrou o braço do rei, puxando-o. Essa sua atitude repentina forçou Jungkook para trás, desequilibrando-o e levando-o a cair em cima de Jimin. Este último mal teve tempo de pensar antes de ser atingido pelo peitoral do rei. Os dois rapazes acabaram afundando na água da fonte por conta da força do encontro.

Depois de se debaterem no pequeno reservatório de água, Jimin e Jungkook trocaram olhares e riram até os seus pulmões perderem o fôlego.

— Por que fez isso? — o jovem rei perguntou após cuspir a água que havia entrado em sua garganta.

Por ter caído bem em cima do corpo de Park Jimin quando os dois mergulharam na fonte, Jeon Jungkook usava a força dos músculos braçais para apoiar o próprio tronco, impedindo, assim, que todo o peso de seu corpo pressionasse o outro jovem.

Depois de recuperar o fôlego, Park se remexeu debaixo do rei em busca de uma posição confortável que lhe permitisse respirar direito.

— Po-porque você não entendeu... — Jimin respondeu, passando a mão pelos cabelos para puxar os fios molhados para trás — O alquimista Jung não me sujou. Na verdade, Jung Hoseok foi uma das únicas pessoas que me trataram bem, e ele ainda me ajudou com um assunto... Fui eu mesmo que me enchi de pólvora e cinzas.

A expressão na face de Jeon relaxou e tomou um ar de compreensão.

— Agora estou curioso... Por que esteve mexendo em pólvora? — ele voltou a sorrir.

Park Jimin imediatamente selou os lábios e virou o corpo para escapar das garras do rei. No entanto, Jeon foi mais rápido e o prendeu ali, entre os seus braços.

— E-espere! Park Jimin, o que está havendo? Por que não me responde? — o jovem rei buscou o olhar do outro garoto — Poderia estar planejando outra encenação com fogo? Park... Se estiver mexendo com coisas perigosas para impressionar os meus súditos e, com isso, ser melhor aceito, por favor, não o faça...

— Nã-não é nada disso! — Jimin encheu as bochechas de ar, frustrado — É o seu ani... Sua noite luar! Estou tentando fazer algo legal para te dar de presente... Aqueles seus súditos não me incomodam de verdade.

Jeon Jungkook ficou sem fala durante alguns segundos, e os seus olhos adquiriram um brilho negro que parecia reunir as estrelas.

— Estás criando algo para me dar? — o jovem rei sorriu, sentindo-se estranhamente e absolutamente feliz.

— É-é, 'tô sim — Jimin desviou o olhar para todos os lados possíveis, a sua face queimava — Mas, se não fosse pelo Lu Keran me avisando sobre a sua noite luar, eu nem levaria nada para te dar. Por que não me contou sobre isso?

Jungkook contraiu os lábios.

— Ontem eu o submeti a uma situação constrangedora na frente dos lordes. Eu fiquei incomodado demais com o que houve com você e não ousei falar algo sobre comemorações — ele explicou, soltando o ar.

O seu hálito tinha cheiro de mel. Sentí-lo tão próximo fez Park Jimin desejar experimentá-lo para saber se o sabor de Jungkook seria igualmente doce.

Com as faces tão próximas, os dois rapazes foram novamente imersos numa nuvem invisível de calor e perfume. Aquela sensação não parecia tão gritante quanto antes aos sentidos de Park, mas, seguindo pela via oposta, os seus efeitos se viam mais intensos.

O jovem rei então curvou os lábios fechados, formando um sorriso comedido, e passou uma mão úmida sobre a lateral do rosto de Jimin.

— Agora você está completamente limpo, Park Jimin — Jeon murmurou, tirando os últimos resquícios de cinzas da pele do garoto.

— É, limpo e encharcado — Jimin riu num sussurro cálido.

A temperatura entre eles se elevava cada vez mais. Os seus olhares estavam cravados em suas bocas, analisando cada movimento dos lábios molhados e das línguas ansiosas. A respiração dos dois jovens começou a ficar pesada e instável, assim como a pulsação de seus corações. Jeon Jungkook estava pronto para diminuir a distância entre eles e só esperava a permissão do teimoso e hesitante Park Jimin.

E essa permissão veio antes mesmo de o rei se dar conta disso.

Foi Park Jimin quem se inclinou para selar o primeiro beijo. O toque dos lábios do rapaz despertou algo dentro dele e de Jeon Jungkook que, até o momento, permanecia adormecido.

Os lobos acorrentados em suas almas se balançaram, despertando, reconhecendo-se mais uma vez.

Jungkook seguiu o ritmo do ômega e se aventurou naqueles lábios carnudos e macios. A timidez daquele gesto e os receios que envolviam os dois jovens mantiveram reprimido o verdadeiro ardor que poderia ter sido liberado, mas não evitaram a sensação prazerosa do beijo que, inclusive, conseguiu roubar gemidos baixos das gargantas de ambos.

Park Jimin se xingou em pensamentos por não ter cedido um pouco antes, pois aquilo era como estar nas nuvens. Beijar Jungkook era o mesmo que tocar no céu e flutuar.

O beijo durou longos e arrastados minutos, cheio de toques contidos e arquejos baixos. Ele se desvincularam apenas quando, da torre mais alta do palácio, um sino soou, anunciando o fim de uma tarde. O pôr do sol no horizonte se desfazia em vermelho e laranja, e o céu era tomado pela cor anil escurecida.

— O que aconteceu? — Jimin perguntou, um pouco sem fôlego, após notar a expressão dividida de Sua Majestade.

— Eu deveria estar me aprontando para o baile, pois os meus súditos e convidados em breve estarão me aguardando no salão... Mas não quero me afastar de você — Jungkook abaixou o olhar para os lábios de Jimin e os tocou com dois dedos — Não quando finalmente eu o tenho... Temo que isto seja uma miragem.

O coração de Park Jimin bateu tão forte em seu peito que o garoto teve medo de ter sido escutado pela ótima audição de Jeon Jungkook.

— Não é miragem... — Jimin sussurrou, erguendo uma mão para acariciar os cabelos de Jungkook.

Eu só estou aproveitando o momento, se caso a minha hipótese estiver correta, o rapaz pensou. Em seu exterior, um sorriso sutilmente lamentoso se fez presente.

— É melhor você ir, eu também tenho que voltar para terminar o seu presente — Park se arrastou para trás e inclinou o corpo para ficar sentado.

Jeon Jungkook o acompanhou, e colocou-se de joelhos dentro da fonte para conseguir sair dela num impulso.

— Você irá mostrá-lo no baile de hoje? — o rei quis saber. Ele sentia que havia retornado aos doze anos de idade, quando a ideia de receber presentes lhe deixava extremamente animado.

— Vo-vou tentar deixar ele pronto até lá — Jimin pôs a mão sobre a nuca e escondeu o rosto corado.

Após sair da fonte, espirrando e pingando água pelo chão de pedra do pátio com as roupas encharcadas, Jeon Jungkook, numa expressão leve e feliz, segurou cuidadosamente o alto da cabeça de Park Jimin e depositou um pequeno beijo na testa do outro jovem.

— Estou ansioso — o rei disse.

Em seguida, Jungkook se afastou e sumiu corredor afora, levando consigo o seu prazeroso perfume e todas as certezas que Park Jimin poderia ter naquele mundo.

~♛🌕🌖🌘🌑♛~

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