|21|♛|O Exército Dourado|
OI DE NOVO!
Originalmente este capítulo 21 conteria um 21.5 dentro dele, mas depois de concluí-lo, decidi dividi-lo em dois (21 e 22), porque senão seria uma leitura meio cansativa para vocês.
Deixa o votinhooo e tenha uma boa leitura💜
♛|O Exército Dourado|♛
Jimin não esperou por ele na sala do trono, nem se manteve quieto enquanto todos pareciam tão agitados e inseguros diante das notícias que o corvo pousado em seu braço havia trazido.
ㅡ Ei, mocinho, volta pra o seu cuidador. Eu preciso fazer uma coisa ㅡ murmurou ao pássaro que, após o pedido, planou até chegar ao ombro do adestrador. Em seguida, o rapaz se virou aos servos que sempre andavam perto dele. ㅡ Podem me ajudar a chegar no meu quarto, por favor?
Não precisaria ter pedido, pois os serventes do palácio estavam ali exclusivamente para auxiliá-lo, mas ele não gostava de dar ordens às pessoas, então sempre dizia "por favor" mesmo na mais urgente das situações.
E aquela com certeza era uma situação urgente.
Ele tinha que ver uma coisa. Tentaria obter mais uma vez alguma resposta ou ajuda do bendito livro que era mantido escondido no fundo do armário.
Desde o funeral de Min Yoongi o garoto não voltara a abrir aquelas páginas. Era inútil, afinal de contas. Tudo parecia confuso pois, como Jungkook não tinha noção do que se passava no Sul, e por ele ser o protagonista, a história que era narrada também acabava se mostrando rasa e sem sentido. Havia uma grande mancha invisível impedindo que os acontecimentos fossem contados inteiramente.
Jimin suspeitava que tinha relação com o que os espíritos andavam lhe informando.
"Os destinos estão sendo modificados", eles gritavam em seus ouvidos.
Porém, ainda assim, o ômega se dirigiu até o quarto e, quando chegou lá, pediu para ficar sozinho e procurou pelo livro. Folheou as páginas com o coração acelerado no peito e parou na última em que havia palavras escritas.
ㅡ Ah, que grande merda ㅡ resmungou quando leu o conteúdo. Não havia nada de inédito ali que ele já não soubesse. O último registro era sobre a chegada do corvo e o assombro que a mensagem do Sul trazia.
Nenhuma novidade, nenhuma... Até que a página vazia ao lado começou a ser preenchida sozinha por um nanquim mágico.
"Jungkook descobriu alguma coisa?", ele pensou, e teve a resposta em seguida, quando leu sobre o caixão do príncipe Min estar vazio.
Sentiu o sangue esfriar e a pressão baixar. A respiração falhou quando, logo abaixo do novo registro, uma ilustração brotou, e era abstrata feito uma memória ou um pensamento, como se tivesse sido criada por pinceladas de um bêbado.
No centro da imagem, a personificação de um rapaz loiro. Ao seu redor, flâmulas laranjas que pingavam em vermelho. No fundo do fogo, a figura borrada do que poderia ser um homem, ou algo humanóide... com caudas. Jimin não sabia dizer ao certo. Ele também não sabia se aquilo era um aviso do livro, uma ajuda depois de o objeto passar tanto tempo inútil, ou se Jungkook tinha visto algo além do caixão vazio de seu irmão. Ele não sabia de muitas coisas, e isso o preocupava demais.
Foi então que as vozes dos espíritos retornaram, chiando contra seus tímpanos subitamente.
ㅡ Esperem! Esperem! Não consigo entender vocês desse jeito! ㅡ Jimin apertou as mãos sobre os ouvidos, tentando ocultar parte do barulho incessante. Pela maneira como vinham se comunicando, as criaturinhas estavam cada vez mais desesperadas, e isso o deixava nervoso.
O garoto então devolveu o livro ao fundo do armário, se moveu até a janela do quarto, cambaleante com o corpo pesado, e tentou respirar o ar puro que o vento trazia da floresta congelada ao redor do castelo. Entrar em contato com a natureza às vezes o ajudava a entender melhor as vozes miúdas, e também o deixava mais calmo. No entanto, quando olhou para o horizonte com a visão aguçada de um ômega, ele avistou fumaça coroando as montanhas.
Jimin podia jurar, depois de semanas lendo e relendo mapas de Adaman, que naquele ponto se localizava uma pequena cidade. Uma das mais próximas à capital.
"Não podem estar tão próximos... certo?", o pensamento o atordoou, pois simplesmente não fazia sentido. Mesmo que aquele mundo existisse sob os moldes de um livro, os acontecimentos não deveriam ser tão rápidos. Era como se uma avalanche de eventos estivesse vindo na direção dele.
Os chiados então voltaram, gritos etéreos fervilhando ao redor dele. Jimin cerrou os olhos e contraiu o cenho, depois se agachou ao sentir uma dor nas laterais da barriga.
ㅡ Não, não... Fica quieto, Yeonjun. Eu 'tô num momento muito crítico aqui. ㅡ Pediu, tocando o ventre alto, mas a dor latejou mais uma vez. Não era muito forte, mas estava ali e fez seu coração acelerar ainda mais.
ㅡ Aigoo, não, não, não! ㅡ Suas mãos começaram a tremer de medo. Aquela não poderia ser a maldita hora do parto, não poderia ser a maldita hora de nada! Precisava falar com Jungkook e discutir o que fariam. Precisava alcançá-lo antes que o teimoso rei de Adaman decidisse fazer tudo sozinho outra vez.
Tentou se levantar, mas o nervosismo e todas as outras sensações fizeram suas pernas fraquejarem. A dor latejou pela terceira vez.
ㅡ Alguém me ajuda ㅡ balbuciou, angustiado. Não foi alto o suficiente, então acumulou fôlego para gritar: ㅡ Socorro!
E só nessa hora os servos adentraram os aposentos do ômega.
🌕🌖♛🌘🌑
Jeon Jungkook retornou ao castelo com sangue fervendo no olhar, feito um vulcão prestes a entrar em erupção. Seus feromônios eram a epítome da ira, e afastaram todos que passaram pelo seu caminho.
Dentro dele, uma profusão de tristeza e raiva eclodia.
ㅡ Onde está Soobin? ㅡ Foi a primeira pergunta que fez assim que novamente pôs os pés no piso do castelo. Ele se dirigia a um membro da guarda real. O soldado alfa tentou não tremer diante da presença do rei.
ㅡ O menino está com as outras crianças da corte, Majestade. Brincando no jardim de inverno central.
ㅡ Ótimo. A partir de agora nem ele e nenhuma outra criança tem permissão de circular longe da segurança do castelo.
ㅡ Sim, senhor.
ㅡ Levaram o corpo do príncipe Min debaixo de nossos narizes, bem ao lado de onde dormimos. ㅡ Jungkook sentiu os caninos ficarem pontiagudos em sua boca. ㅡ Intensifiquem as rondas e a vigília. Esse tipo de erro não pode passar batido.
ㅡ Sim, Majestade. ㅡ O soldado baixou a cabeça, sentindo o peso da responsabilidade. Seus colegas da guarda, que escutavam tudo ao lado dele, fizeram o mesmo.
Jeon Jungkook continuou seu caminho de volta à sala do trono, com Jung Hoseok e alguns membros da nobreza seguindo-o logo atrás. Seria um longo, torturante e cansativo dia, ele conseguia sentir.
E nunca esteve tão certo.
Mal atravessou o portal que levava ao grande salão antes de ser recebido pela Matriarca do clã Choi, que correu até ele na velocidade do vento.
Yoojung estava pálida e nervosa.
ㅡ Majestade! Sor Park... O Ômega de Prata, ele teve uma recaída eㅡ
Na metade da fala da jovem mulher, Jungkook já havia se transformado no grande lobo negro e disparado em direção às escadas, com seus instintos o guiando até os aposentos de Jimin.
No último degrau ele sentiu uma leve agonia, algo enviado pelo laço do vínculo. Suas patas aceleraram o ritmo, avançando pelo extenso corredor até avistar um amontoado de nobres e servos diante do quarto do ômega. O rei não gostou daquilo, daquela aglomeração sufocante em cima de Jimin.
ㅡ Dêem espaço ao rei! ㅡ exclamou alguém quando olhares o viram se aproximar. Rapidamente abriram caminho para a passagem do imenso lupino e encolheram-se diante dos feromônios agressivos exalados por ele.
A primeira coisa que Jungkook viu quando entrou no quarto foi Jimin meio deitado na cama, bebendo algo dado por um dos curandeiros. O fato de ele estar acordado e aparentemente bem tirou um pouco do peso no peito do jovem rei.
ㅡ Majestade ㅡ cumprimentou outro curandeiro, era o que liderava seu grupo já que Jung Hoseok não estava presente. O Alquimista tinha ficado para trás, imerso num choque do qual dificilmente sairia.
ㅡ Diga-me o que houve.
ㅡ Ele teve contrações, mas foi um alarme falso causado por algum estresse. Ainda não está na hora do nascimento, meu senhor.
ㅡ Estresse? ㅡ Os olhos lupinos se estreitaram.
ㅡ Jungkook! ㅡ Jimin chamou quando o reparou na porta. Estava óbvio, pela maneira como o ômega girou o rosto na direção dele, que uma leve tontura alterava os seus sentidos.
Jungkook voltou à forma humana e caminhou até se sentar ao lado do garoto na cama. Foi recebido com um abraço apertado ㅡ não tão apertado quanto deveria ser.
ㅡ O caixão está vazio... ㅡ balbuciou Jimin.
A agonia de antes retornou ao cerne do rei.
ㅡ Já lhe contaram?
ㅡ Eu fiquei sabendo. ㅡ O ômega o encarou com um semblante levemente ébrio. O cheiro de ervas medicinais tomavam seu hálito. ㅡ Jungkook, a sua mãe, os seus parentes...
O rei podia sentir que Jimin tentava abraçá-lo ainda mais forte do que conseguia. Ele queria agradecer por aquilo e se enfiar no colo do outro até que toda a amargura que subia até sua garganta se esvaísse, até que o nó no fundo da boca sumisse e que a dor parasse de tornar seus olhos tão pesados.
No entanto, limitou-se a acariciar o rosto do parceiro e encostar sua testa na dele.
ㅡ Ainda não temos certeza. Talvez ela... talvez alguém ainda esteja vivo. Não pense nisso, não fique afetado com essas notícias, por favor ㅡ disse, forçando alguma estabilidade na voz.
ㅡ Afetado? ㅡ Jimin o encarou como se dissesse "É você o mais afetado aqui. É com você que devo me preocupar". Chacoalhou a cabeça e puxou as correntes da capa de Jungkook, então disse, nervoso: ㅡ A janela. Eu vi fumaça pela janela. Fumaça perto das montanhas. Tem uma cidade lá, certo?
ㅡ Jimin, acalme-se.
ㅡ Não, não! Escuta! ㅡ Os dedos de Jimin se afundaram nos ombros de Jungkook. ㅡ Eu acho que são eles. Acho que já estão se aproximando daqui.
ㅡ Jimin, meu amor, isso é quase impossível. Podem ter derrubado Rangkee, mas levariam semanas para avançar do Sul até aqui.
ㅡ Não sabemos há quanto tempo as Fortalezas de Pedra caíram. Não sabemos nem quando a notícia chegou às pessoas que enviaram o corvo pra cá.
ㅡ Ainda assim, teriam que lidar com o ataque do General Kim e as tropas sob seu comando. Teriam que atravessar vilarejos e cidades com o nosso exército montando guarda. Já estaríamos recebendo notícias a esta altura.
ㅡ Mas e se desviassem desses lugares? E se pegassem uma rota bem longe de tudo isso? ㅡ A sugestão de Jimin era meio absurda, mas Jungkook foi inteligente o bastante para dar uma chance a ela.
ㅡ Tragam-me um mapa! ㅡ Ordenou aos servos.
ㅡ E bonequinhos! ㅡ Jimin complementou. Mesmo estranhando, ninguém o questionou sobre isso.
Minutos depois um mapa largo e pequenos soldadinhos de madeira foram colocados diante deles. Jimin pegou o conjunto de bonecos e os jogou em cima do desenho imenso, depois os organizou na região onde se localizava o clã dos Lobos Noturnos.
ㅡ A única rota distante e que poderia fazer um exército passar despercebido pelas patrulhas adamantinas seria a que atravessa esse corredor de montanhas. ㅡ Jungkook moveu os soldadinhos de madeira pela cadeia de montanhas desenhadas. ㅡ Elas separam o Sul e o Centro do reino do alcance do oceano e terminam bem ao Norte, quando inicia a região do clã Choi. É uma área perigosa de se percorrer, com pântanos congelados e montanhas semelhantes umas às outras que confundem até o mais experiente viajante. Tempestades e avalanches ocorrem diariamente lá dentro. É como um muro que nos envolve, que nos protege e que também nos prende. Um exército não poderia sair de lá inteiro, ainda mais um que não está acostumado com o nosso terreno.
ㅡ Mas ainda é uma rota. ㅡ Jimin insistiu.
ㅡ Sim. É uma rota.
ㅡ Então está aqui a resposta.
ㅡ Jimin...
ㅡ Pensa comigo, Jungkook. O cerco em Gwang, as raposas, os soldados hipnotizados... Tudo aquilo teve o objetivo de atingir nós dois e foi com magia. Depois de um bom tempo nada aconteceu, e então descobrimos que o corpo do seu irmão foi levado. Neste exato momento alguém está andando por aí com ele, com o rosto dele, e vindo pra cá com um exército inimigo, alegando que vai tomar o trono. É como se...
ㅡ Como se a pessoa por trás de tudo estivesse mudando seus planos para chegar em nós de um jeito ou de outro. Um indivíduo com capacidades formidáveis que não teria grandes problemas em atravessar um exército numa hostil cadeia de montanhas. ㅡ A clareza pairou sobre a mente de Jungkook.
ㅡ Exato. ㅡ Os olhos vermelhos de Jimin reluziram, e os de Jungkook queimaram.
ㅡ Tenho que fazer os preparativos. Descanse aqui ㅡ Ele se ergueu da cama, a capa balançando em suas costas com o impulso.
Jimin agarrou o tecido rubro.
ㅡ Prometa que não vai tomar decisões sozinho e nem fazer algo arriscado.
Jungkook acariciou a lateral do rosto dele e o encarou com sobrancelhas e lábios contraídos, num semblante tenso que dizia muitas coisas. O rei não conseguiria mentir para Jimin, mas também não poderia fazer tal promessa, não com a destruição em seu peito, com o luto que incentivava pensamentos impulsivos sedentos por um desejo amargo de vingança que lhe era estranho, mas que estava ali, corroendo-o. Então só lhe restou ficar em silêncio, beijar o ômega na testa e dar meia volta para sair do quarto, sendo acompanhado pelos líderes dos clãs.
No corredor, enquanto caminhava a passos firmes como se desde aquele ponto já estivesse se preparando para a batalha, começou a proferir ordens:
ㅡ Quero que deixem os cidadãos avisados sobre o que está por vir. Dêem a eles as opções: Evacuar para o extremo norte ou se refugiar dentro das muralhas de Adwan. Façam isso rápido, provavelmente temos poucas horas.
ㅡ Sim, Majestade. Enviarei mensageiros imediatamente ㅡ disse o representante substituto do clã Wang, um primo distante do rei que havia chegado no palácio há algumas semanas.
ㅡ Envie também uma patrulha pequena para averiguar a situação da cidade nas montanhas. A fumaça vista por Jimin pode ser uma mensagem para nós. Uma provocação, talvez. Preciso de informações sobre o inimigo para estabelecer uma estratégia.
ㅡ Farei isso, senhor.
O representante e seus auxiliares mudaram de percurso para acatar as ordens do rei, os demais líderes permaneceram ao lado dele porque sabiam que em breve teriam suas próprias tarefas para realizar.
ㅡ Majestade, vossa armadura está pronta ㅡ disse um servo ao se aproximar.
Jungkook acenou, num gesto célere de agradecimento. Em seguida, ele se virou para o grupo que o seguia e buscou a jovem mulher beta coberta por roupas azuis.
ㅡ Matriarca Choi, quero discutir algo com você.
A frase bastou para que todos se limitassem a ficar naquele ponto do corredor enquanto o rei e Choi Yoojung se dirigiam a uma das janelas para uma conversa privada, sem ouvintes.
ㅡ O que deseja, Majestade? ㅡ A moça não fazia ideia do que se passava na mente atualmente caótica de Jungkook.
ㅡ Quero elaborar um plano de fuga com a senhorita, pois envolve o clã Choi. Sua amizade com o Jimin e nossos laços políticos me fazem depositar em você uma confiança que prezo muito, Choi Yoojung.
ㅡ É uma honra, senhor. ㅡ Ela o reverenciou rapidamente. ㅡ Mas um plano de fuga para quem?
ㅡ Para meus principais aliados na corte, pois, na hipótese de acontecer algo comigo, eles sofrerão bastante. Para as crianças e os inválidos, que ficarão em risco se o castelo chegar a ser tomado. ㅡ Jungkook suspirou fundo, pois sua última fala lhe exigiria um alto custo. ㅡ E também para ele.
🌕🌖♛🌘🌑
Dois soldados foram enviados na direção da fumaça, uma espiã experiente e um batedor que era duas vezes o tamanho dela. Tinham apenas duas obrigações naquela tarde: Analisar o perímetro e o exército inimigo, e retornar com informações úteis. Deveriam ser rápidos, objetivos, passar despercebidos e evitar um encontro com o oponente.
Correram em suas formas lupinas durante duas horas, sem parar, até chegarem ao início da cadeia montanhosa congelada. Escalaram uma montanha baixíssima, quase um broto perto de suas irmãs que recheavam a cordilheira, e então avistaram a cidade e as nuvens cinzentas pairando logo acima.
Perceberam que apenas uma torre queimava sob um incêndio laranja, o resto ㅡ como casas, comércios e estabelecimentos militares da coroa ㅡ estava quase intocado. Mesmo com soldados adamantinos presos em correntes nos arredores da pequena cidade, sendo mantidos vivos como prisioneiros de guerra, não havia sinal de confrontos em larga escala. Pela forma como o exército inimigo estava estabelecido ali, caminhando em fileiras pelas estreitas ruas que eram facilmente vistas de cima do morro, colonizando o perímetro friamente, a chegada dele havia sido meticulosamente calculada para que não houvesse nenhuma perda de tempo. Nenhuma baixa, nenhum confronto desnecessário. Como sombras chegando no meio da noite, ocultadas pela negritude intrínseca à escuridão.
Apenas as chamas da torre entravam em contradição com essa metáfora, iluminando o cenário pálido com um dourado letal, gritando para o mundo o que estava acontecendo naquele momento.
E, no centro delas, saindo de dentro da torre como se o calor excessivo não o abalasse, um rapaz loiro surgiu. Ele lançou um olhar amarelo para o topo da pequena montanha, na direção dos soldados enviados ali por Jeon Jungkook.
A espiã e o batedor sentiram um fervilhar esquisito em seus âmagos. Tinham sido avistados? Suas presenças e cheiros foram captados, mesmo àquela distância? Poderia ser possível?
ㅡ Já consegui calcular os números deles. Vamos retornar. O rei tinha razão, as chamas são uma provocação, um aviso da chegada de Eliah ㅡ disse a soldado, já se virando.
O outro concordou, pronto para segui-la, mas seus instintos apitaram e enviaram eletricidade para todo seu corpo de lobo.
ㅡ Espere!
Nessa hora, a figura de um homem saiu de trás de árvores. Um homem com nove caudas e um cheiro que gritava "perigo".
ㅡ Isso. Corram para avisar Jeon Jungkook.
ㅡ O REI já foi muito bem avisado pelo nosso General, criatura estranha ㅡ rugiu o batedor diante da falta de respeito que o tom de voz do desconhecido esbanjava.
As nove caudas se agitaram porque o homem sorriu. Seus lábios carnudos se estenderam pelo rosto perfeito.
ㅡ Ah, você deve estar falando da mensagem enviada pelo corvo... Sinto muito por quebrar as suas ilusões, mas fui eu quem permitiu que aquela ave chegasse até aqui. Até facilitei o trabalho dela ao trazê-la para este ponto de Adaman e soltá-la bem pertinho da capital. Seria entediante chegar aqui do nada com vocês completamente ignorantes sobre o que está acontecendo lá no Sul.
Os dois soldados enrijeceram e se entreolharam.
ㅡ Enfim, chega de conversa. Quero que mandem um recado para Jeon Jungkook. Digam a ele que o verdadeiro rei de Adaman exigirá um duelo pela coroa.
Aquilo chocou os lupinos ao núcleo, a revolta transpassou o olhar selvagem de ambos.
ㅡ Um farsante não tem direito ao duelo real! ㅡ A soldado mostrou os dentes afiados.
ㅡ Min Yoongi provará que é verdadeiro assim que pisar em sua capital medíocre. ㅡ O homem balançou uma mão, indiferente à agressividade ameaçadora da loba. ㅡ É bom que façam o que estou dizendo, não faz muito tempo que visitei o braço direito de Jeon Jungkook na fronteira. Tive que deixá-lo lá por uma questão de deslocamento e praticidade, mas não vai demorar muito até Kim Namjoon passar pelos portões de Adwan, preso sob nossas correntes. E se o seu reizinho recusar ao menos o encontro com Min Yoongi, infelizmente o General não será poupado...
Os dois enviados se entreolharam novamente. Se estivessem em suas formas humanas, exibiriam rostos tensos e empalidecidos.
ㅡ Você fala pelo farsante? ㅡ perguntou a espiã.
ㅡ Não é óbvio? ㅡ O homem revirou os olhos. O movimento agitado de suas caudas revelava sua impaciência.
Hesitantes, os lupinos caminharam para longe dele e de sua presença esquisita, e então correram à toda velocidade de volta ao castelo em Adwan. Levariam aquelas notícias ao rei o mais rápido possível.
Não demorou nem um minuto antes de uma voz grave e profunda vibrar pelo topo do alto morro, sob a brisa gélida que transformava ecos em sussurros etéreos.
ㅡ Não só fala como também planeja, calcula e até pensa pelo "farsante". Não é mesmo, Seokjin? ㅡ Taehyung pisava no chão de neve com pés descalços e mal vestia calças e um manto escuro, um que revelava bem as veias cicatrizadas em seu pescoço. Não sentia frio, como a besta que foi um dia, mas também não era um monstro. Seu lado humano transparecia bem em seus trejeitos, olhares, falas, e também, para o azar do homem raposa, em seu raciocínio.
ㅡ Ele não conquistaria nada disso sem mim. Sem meus poderes. Min Yoongi deveria estar grato. ㅡ Seokjin arqueou uma sobrancelha, encarando Taehyung de cima, mesmo sendo apenas um ou dois centímetros mais alto que o garoto.
ㅡ Grato por ser uma marionete? ㅡ O outro rebateu, aproximando-se.
ㅡ Ah, pelo amor de Deus, Taehyung! ㅡ Seokjin eriçou as caudas, irritado. ㅡ Você também deveria estar grato, já que é um vilão neste lugar. Sem tudo isso, você estaria na merda igual àquele principezinho, antes de ele conseguir o corpo que tem agora.
ㅡ Sem tudo isso eu estaria em casa, e não vivenciando uma loucura.
ㅡ Acredite, trazer alguém como você pra cá nunca esteve nos meus planos. ㅡ Mal terminou de falar antes de perceber que havia esbanjado mais escárnio que o necessário em seu tom de voz, passando a falsa impressão de que desprezava Kim Taehyung. Mas não importou em corrigir o exagero, mal lançou um olhar culpado e arrependido para o outro porque estava cansado. Sentia que, se abrisse a boca, ofegaria.
"Parece que há um limite para as minhas capacidades, e estou perto de alcançá-lo", pensou, fechando o punho.
ㅡ Vamos logo para aquela merda de castelo ㅡ murmurou, movendo o corpo.
Nessa hora, teve o colarinho da camisa agarrado pela mão forte de Taehyung. Se desviasse poucos centímetros, ela poderia ter agarrado o pescoço do homem raposa.
ㅡ Meu amigo está naquele castelo. Estou te avisando... Se deixar alguma coisa acontecer com ele... ㅡ O garoto estreitou o olhar, afiando-o como faria com uma espada.
ㅡ Eu prometi que fisicamente não iria machucá-lo, e realmente não pretendo fazer isso. ㅡ A maneira calma como Seokjin falou deixou Taehyung despreparado para o avanço dele no segundo seguinte, quando também o segurou pelo tecido das roupas de cima. Com olhos dourados feito fogo divino, a raposa avisou: ㅡ Mas quando chegarmos lá, faça o seu namoradinho cooperar conosco, porque eu estou ficando cansado e só quero terminar tudo isso logo.
Largo-o e se virou de costas para encarar o horizonte.
Taehyung, estático e de cenho completamente franzido, balbuciou:
ㅡ Namoradinho!? ㅡ Ele se via incrédulo. Não conseguia acreditar que aquela discussão havia chegado a esse ponto, tornando-se esse tipo de briga, ainda mais num momento tão crítico. ㅡ Seokjin, vá à merda. Minha preocupação é sincera e constante só porque você é a porra de um maluco que vive mentindo pra mim! Não confunda as coisas aqui. Também não é hora pra isso!
ㅡ Eu não minto para você. Apenas... oculto detalhes. Detalhes fúteis e irrelevantes.
ㅡ Pois saiba que foi a falta desses detalhes que fez eu me afastar de você.
"Se afastaria muito mais se eu tivesse lhe contado cada um deles", Seokjin mentalizou.
Eles cruzaram olhares, numa troca silenciosa cheia de frieza e lamentação, com a brisa batendo contra seus corpos, tentando movê-los, mas só conseguindo balançar suas roupas e cabelos, pois eram como estátuas naquele instante.
Após um suspiro que quebrou o silêncio, e um olhar na direção do fogo, o homem raposa sussurrou:
ㅡ O nosso reizinho está vindo. Vamos marchar. Discutiremos depois.
🌕🌖♛🌘🌑
O Sol postava-se em zênite quando a corte adamantina recebeu as informações dos dois soldados. A pressão sufocava a sala do trono enquanto Jeon Jungkook e os membros da Mesa de Prata ordenavam o fechamento dos portões da capital e transformavam a cidade num celeiro militar, com soldados altamente armados espalhados por todos os cantos. Sobre as muralhas, lupinos estrategicamente posicionados uivavam pressentindo a chegada do inimigo e se preparavam para iniciarem um ataque por cima.
Os muros que envolviam Adwan eram os mais grossos e mais altos de todo o reino, portanto, batalhas corporais seriam um último recurso para quem estava dentro deles. Ou seja, uma vantagem enorme.
Mas Jungkook sabia que aquilo não bastava. Um exército que havia enfrentado uma perigosa cadeia de montanhas não seria barrado por uma parede grande. Outro que compartilhava da preocupação do rei era Jung Hoseok, que via as horas passando enquanto sentia os nervos à flor da pele. Os pensamentos do Alquimista Real giravam em sua mente, receosos e ansiosos, amedrontados e cheios de uma esperança que ele mesmo considerava absurdamente tola.
Em pouco tempo iria descobrir se aquele Min Yoongi era, de fato, um farsante ou não.
ㅡ As tropas inimigas pararam diante dos portões! ㅡ Hoseok quase sentiu sua alma sair do corpo quando ouviu o mensageiro da muralha gritar após atravessar as portas do salão.
A pressão atmosférica aumentou. Todos encararam o rei, que jazia sentado no trono com sua armadura negra e prateada reluzente.
Ele se ergueu do assento.
ㅡ A convocação para o duelo, a alegação de que meu irmão está vivo e liderando essas tropas, e a informação de que Kim Namjoon está sob as mãos de Eliah são assuntos sérios demais para que eu possa tratar esta situação com simplicidade... ㅡ Jeon Jungkook portava-se frio como uma lâmina afiada e embainhada, pronto para a luta, mas aguardando o momento certo de lutar. ㅡ Portanto, antes de me mover, eu darei caminho àqueles que se prontificaram para verificar a identidade do farsante.
Foi a deixa de Jung Hoseok. Ele e a Matriarca Min deram um passo à frente, destacando-se do aglomerado de nobres. Os dois tinham sido os primeiros a aceitar o papel de testemunhas e também os mais cotados para realizarem a tarefa, por conta da proximidade que tinham com o príncipe Min.
O Alquimista sabia da importância daquilo e definitivamente não seria levado por emoções quando olhasse na cara do farsante, mesmo se fosse idêntico a Min Yoongi. Hoseok não se emocionaria, mas talvez matasse o mentiroso ali mesmo.
O rei continuou a falar:
ㅡ Minha guarda os seguirá até os portões e os manterá seguros. ㅡ Jungkook assegurou, e, no mesmo instante, soldados rodearam Hoseok e a velha Min. ㅡ Chamas azuis queimarão sobre os braseiros da muralha quando nossas testemunhas provarem que ele não passa de um farsante, e então iniciaremos os ataques por cima. Mas se elas averiguarem que é realmente Min Yoongi ㅡ os olhos vermelhos do rei perderam o tom intenso momentaneamente ㅡ, chamas vermelhas queimarão, e então eu terei aceito o duelo.
Exclamações de choque e murmúrios perplexos cortaram o salão, a maioria dos líderes mostrou-se revoltada com a decisão de Jungkook e pelo menos três líderes tentaram convencê-lo a repensar naquilo. Hoseok, inclusive, foi um dos que não apoiaram aquela ideia, mas ele entendia que aquele era o caminho mais racional a ser tomado pelo rei de Adaman; pois, se fosse provado que Min Yoongi estava vivo e que pretendia subir ao trono que, tecnicamente, era seu por direito de nascença, por ser o filho primogênito da rainha anterior, a corte ficaria dividida e haveria questionamentos sobre a posição e o poder de Jeon Jungkook.
Ainda que o príncipe do clã dos Lobos da Alvorada estivesse liderando tropas eliahnas, agindo, por conseguinte, como um traidor, a verdade sobre quem ele era não poderia ser ignorada. E haveria aqueles que enalteceriam Min Yoongi por domar um exército estrangeiro. "Um príncipe valoroso que conquistou o Sul para recuperar os seus direitos como herdeiro do trono", histórias seriam criadas a partir disso e com certeza provocariam uma tensão na corte.
"Guerras já foram iniciadas por muito pouco", Jung Hoseok se lembrou desta frase.
Mal sabia o alquimista que, além disso tudo, o rei desejava ver o "irmão" de perto e analisá-lo com seus próprios olhos, ver o quanto ainda restava de Yoongi e se um duelo realmente seria necessário para resolver aquela situação. Jungkook queria entender o que estava acontecendo, de uma vez por todas.
ㅡ Estamos indo agora ㅡ disse Hoseok, sua voz superando o som da comoção. O alquimista ofereceu uma mão para a Matriarca Min usá-la como apoio. Depois, os dois partiram lado a lado para fora do castelo, em direção aos portões da muralha.
Quando sumiram por trás das portas do salão, Jungkook lançou um olhar para a figura feminina vestida em azul que aguardava num canto do recinto. Choi Yoojung compreendeu a mensagem, curvou-se numa reverência e se dirigiu à ala dos aposentos reais, onde Park Jimin descansava.
🌕🌖♛🌘🌑
Jung Hoseok sentia-se dormente, era como se o chão sob seus pés não existisse e o ar em seus pulmões fosse uma ilusão gasosa sem cheiro, algo para ocupar o receptáculo oco que era seu peito. Ele facilmente poderia se passar por um ébrio, dissociando e trotando enquanto movia-se no automático pela rua principal de Adwan até os portões da imensa muralha.
Ao seu lado, a velha Min mantinha-se calada, como de costume, mas sem sua serenidade típica. Os olhos brancos da cegueira encaravam o além, um horizonte impossível de se alcançar, mas todo o corpo dela estava ali e sustentava uma tensão palpável.
Um pouco antes de chegarem perto dos portões, ela eliminou sua mudez momentânea:
ㅡ Uma semente jogada fora pode brotar no submundo e retornar como rosas ou como espinhos.
ㅡ Mas rosas também têm espinhos. ㅡ Hoseok não compreendeu muito bem o que ela queria dizer com aquela metáfora.
ㅡ Sim, porém, elas são belas e nós a amamos demais, ainda que nos machuquemos. É difícil eliminá-las de nossos jardins.
O som das dobradiças dos grandes portões de metal e madeira vibrou nos ouvidos dos dois, abrindo uma passagem minúscula e cautelosa que apenas alguns escolhidos poderiam atravessar. Os guardas do rei foram na frente, preparando o terreno para proteger as testemunhas. Nos andares superiores da muralha, um batalhão de arqueiros se preparava para atirar ao primeiro movimento estranho vindo do inimigo.
Um minuto depois, foi a vez da anciã e do alquimista irem para o lado exterior. E quando isso aconteceu, o tempo parou na mente de Jung Hoseok.
O primeiro rosto que seus olhos viram foi o dele.
Havia muitas coisas a serem vistas naquele momento, como as fileiras intermináveis de soldados, estandartes com os símbolos do clã Min no lugar do brasão de Eliah ㅡ ainda que as armaduras das tropas fossem típicas do reino estrangeiro ㅡ, uma comitiva pomposa levando servos e pessoas estranhas, como um homem com nove caudas em suas costas e um rapaz coberto por um manto que tentava esconder veias em seu pescoço. Mas Jung Hoseok ignorou tudo isso e se concentrou apenas no jovem parado no centro, nos cabelos loiros que caíam até a mandíbula pálida, como fios de ouro em porcelana, no olhar amarelo estreito e caído, e nos lábios finos e tensos,
Ele estava diferente, é claro. Mais alto, mais robusto e com músculos marcando o tecido das roupas. E sua presença também havia mudado, antes era tímida com um assobio matinal de um pássaro, agora ela vibrava feito trombetas que despertavam um acampamento militar. Porém, nada disso modificava quem ele claramente era.
Com uma breve análise, Jung Hoseok soube. Com um piscar de olhos e um meio sorriso dele, o alquimista sentiu o peito sufocar e um soluço vir à tona.
ㅡ Hoseok... ㅡ A voz. A maldita voz, a mesmíssima vibração, até a maneira como a língua dele prendia-se no final do nome entoado.
O alquimista deu um passo hesitante até ele, depois outro e mais outro, diminuindo a distância aos pouquinhos como se ainda estivesse com medo, medo de alcançá-lo e descobrir que aquilo não passava de uma ilusão.
Impaciente, o jovem loiro também andou até ele, mas seu movimento foi tão brusco que um arqueiro da muralha lançou uma flecha.
Min Yoongi agarrou a ponta no meio do ar, como se ela não passasse de um simples inseto voando na direção dele em câmera lenta, e então avançou até Hoseok e o abraçou, erguendo-o do chão com sua nova força.
Jung o abraçou de volta, sentindo com as pontas dos dedos a extensão dos ombros e das costas do príncipe, a dureza daquele corpo estranho e tão estranhamente familiar, a suavidade que entrava em contraste com uma sensação bruta. Ele cerrou os dentes e chorou.
Alívio e gratidão. Medo e receio. Felicidade extrema e tormenta pelo futuro. Suas lágrimas eram a epítome do caos.
ㅡ Co-como isso é possível? ㅡ balbuciou, tentando engolir o nó na garganta. Virou-se para encará-lo novamente, tocou-lhe o rosto e tateou cada centímetro de pele. Cada toque lhe dava mais certeza de sua identidade, e o abalava numa progressão igual.
ㅡ Recebi uma segunda chance. ㅡ As íris do príncipe brilharam um pouco mais. De repente, Hoseok notou algo naquelas órbitas amarelas que fez seu lobo interno encolher-se levemente. ㅡ Fique ao meu lado e veja-me mudar as coisas.
ㅡ O-o quê?
Não obteve uma explicação, pois seus lábios foram selados pelos dele num beijo urgente e intenso, quase bruto, bem diferente dos cautelosos e delicados que os dois estavam acostumados a trocar entre si, mas definitivamente tão ou até mais apaixonados que os antigos. O ato durou longos minutos, num fervor constante que ofereceu alento e calor ao coração machucado de Jung Hoseok. Ele chorou enquanto apreciava o toque, e agradeceu em silêncio por poder senti-lo outra vez.
Separaram-se depois de algum tempo, numa parada brusca que fez os sentidos do alquimista bagunçarem momentaneamente. O príncipe abriu os olhos e franziu as sobrancelhas, atordoado e meio sem rumo, depois encarou Hoseok com um olhar vazio e distante.
Estranho.
Depois que Yoongi voltou ao normal ㅡ se é que seus novos trejeitos poderiam ser considerados normais ㅡ, ele se virou na direção da Matriarca Min e estendeu a mão para ela.
ㅡ Avó. ㅡ Havia algo errado nele, o alquimista reparou na maneira como girou o braço e conteve um tremor muscular. ㅡ Avó, seu neto sentiu sua falta.
A anciã, de alguma forma, parecia encará-lo. Não como uma pessoa comum faria se visse outra, mas da maneira peculiar que uma loba sensitiva como ela sempre fazia.
A Matriarca Min encarava a alma, a presença e talvez até mesmo o lupino escondido no corpo de alguém. Ela sentia os feromônios e os analisava, e era o que estava fazendo naquele instante.
O silêncio da velha resgatou a baixa temperatura do meio que os envolvia e abrandou o fervor criado pelo reencontro do casal de alfas.
ㅡ Matriarca Min? ㅡ Hoseok queria saber o que a mantinha tão quieta. Ele ainda estava atordoado demais para notar completamente as coisas esquisitas sobre esse novo Min Yoongi.
Levou mais um segundo para que ela finalmente falasse:
ㅡ O príncipe Min realmente retornou. ㅡ A anciã juntou as mãos na frente do corpo e abaixou o rosto. O alquimista podia jurar que ela tremia, mas não era de felicidade.
Yoongi sorriu. Em seguida, apertou o abraço ao redor de Hoseok, num tipo de carinho grosseiro que deixou o alquimista meio tonto.
ㅡ Agora diga, meu amor. Diga a eles que sou eu... ㅡ Murmurou contra o ouvido do amante, o hálito quente despertando chamas que há muito haviam sido apagadas do peito dele.
Tremendo, Jung Hoseok sussurrou de volta:
ㅡ O que está fazendo, Yoongi? Se eu disser a eles... Quando eu confirmar sua identidade, você e o seu irmão...
ㅡ Diga logo. ㅡ O súbito tom irritadiço e grosseiro preencheu a boca do príncipe. Por um segundo, seus caninos e olhos pareceram mais brilhantes, iguais aos de um predador furioso.
Mas essa atitude estranha sumiu tão rapidamente quanto veio. Ele encarou Hoseok um pouco arrependido e murmurou:
ㅡ Diga, por favor. Não se preocupe com essas questões. Deixe-me lidar com tudo.
A ternura naquele pedido não conseguiu tirar completamente o estado de choque em Hoseok provocado pela reação anterior de Min Yoongi. Levou um segundo até que o alquimista balançasse a cabeça, virasse o corpo cambaleante na direção da guarda real e dissesse:
ㅡ É ele. É realmente o príncipe Min.
Sentiu o sangue gelar quando os soldados se moveram para avisar aqueles sobre a muralha, sentiu um peso estranho no peito e também um pavor diante do futuro incerto. Hoseok observou a movimentação sobre o imenso muro sem se desprender de Min Yoongi.
Seu Min Yoongi, em carne e osso, vivo e saudável...
Ele mal conseguia acreditar que aquilo era real, e estava tão chocado e feliz que nem chegou a pensar em questionar sobre. Apenas focou em manter o braço ao redor do príncipe e uma mão entrelaçada à dele, só para evitar que sumisse de sua vista, que evaporasse como água.
No entanto, quando viu as chamas vermelhas queimando nos braseiros gigantescos sobre o topo da muralha, o Alquimista Real começou a questionar muitas coisas sobre si, sobre Yoongi e sobre qual rei iria servir dali por diante.
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#LoboDePrata
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