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|2|♛|Mas ele não é um Ômega|

Oie gente, voltei❣

Fiquei muito feliz com os votos e comentários de vocês, alguns elogiando o plot da fic, alguns rindo das trapalhadas do Jimin, e isso acabou me incentivando a continuar... Não se assustem com o tamanho do capítulo de hoje, ele é grandinho assim mesmo sksksksks é o que acontece quando fico muito inspirada (e isso é culpa de vocês!). Por isso, pegue um suquinho, uma pipoquinha, e tenha uma ótima leitura :3

(Só lembrando, pessoal, que cada autor tem a liberdade artística para criar as leis e regras de suas fics ABO's💜)

~ Não se esqueça de deixar o seu VOTOpara ajudar esta fic a crescer ~


tag da fic: #LoboDePrata

|2|♛|Mas ele não é um Ômega|


Park Jimin podia jurar que tinha a face tomada por uma enorme careta.

Desde pequeno ele foi ensinado a tratar todas as pessoas, até as mais esquisitas e rudes, com muita educação e cavalheirismo. Por isso, eram raras as vezes em que o rapaz cometia o deslize de deixar estampado no rosto os seus verdadeiros pensamentos em relação a alguém.

No entanto, naquela situação, era difícil não demonstrar algum estranhamento. Não depois de ter escutado um discurso tão bizarro vindo de alguém mais bizarro ainda.

"Assim como as tábulas dizem: 'Ele virá sob a luz vermelha da noite, trazendo consigo o brilho da Lua e as vozes de seu exército espiritual. Ele virá para deixar a sua sabedoria celestial aos desprovidos e encontrar o seu lar. Ele virá para proteger, fortalecer, guiar e se unir ao Alfa soberano nos dias de tempestade que abraçarão Adaman'. É você... Os céus lhe trouxeram para mim... É o meu Ômega de Prata."

As palavras do jovem diante de Park Jimin ainda ecoavam dentro da cabeça deste último, girando como uma estrofe maçante de alguma música sem sentido. Parecia ser um tipo de premonição que muitas vezes Jimin encontrava em livros de fantasia e de mitologia, como Percy Jackson e Harry Potter, só que com um toque romântico que deixava a coisa toda um tanto desconcertante.

Mas o pior de tudo era refletir sobre a última fala.

O que caralhos seria "Ômega de Prata"? E como assim "o MEU Ômega de Prata"?? Um pequeno alerta no fundo da mente do jovem Park começou a apitar.

Vendo que o rapaz em sua frente o olhava com expectativa, Jimin coçou a testa e decidiu falar algo.

- Olha... Eu entendi um total de zero coisas do que você disse. As únicas tábulas que conheço são as dos 10 Mandamentos e a tábula rasa de algum filósofo que esqueci o nome. E o que é essa história de Alfa e Ômega? Você está ditando o alfabeto grego?

A expressão radiante do outro jovem começou a se desfazer, sendo substituída por um misto de hesitação e confusão.

- Vo-você... Quero dizer, Vossa Magnificência não conheces a profecia? - ele perguntou, murchando.

- Profecia? - Park Jimin contraiu o cenho ao máximo. A única coisa que o impedia de concluir que o outro rapaz tinha alguns parafusos a menos no cérebro era o fato de que ele parecia bastante lúcido, com olhos vívidos e centrados, cheios de uma energia atraente, mas não ébria.

Com isso em mente, os pensamentos de Jimin foram atrás do que poderia ser a última resposta cabível para aquela situação.

- Ei, isso aqui por acaso é algum tipo de floresta cinematográfica? Estão filmando pelas redondezas e você acabou me confundindo com um ator, não é? É por isso que está falando essas coisas absurdas com tanta seriedade... Você está treinando a sua fala comigo, agora eu entendi.

- An... "Cinemato...", an...? - o outro rapaz se via confuso.

- Amigo, eu realmente fiquei impressionado com as instalações deste lugar e com aquele lobo enorme em que você estava montado antes. Nem sabia que existiam lobos gigantes daquele jeito! Mas, olha, eu não sou nem ator, nem figurante, só 'tô aqui porque... Na verdade eu nem sei o porquê. Eu só quero ir pra casa, estou cansado, com frio e com fome - disse Jimin, forçando um sorriso.

Levou um longo segundo para o outro jovem conseguir dizer algo.

- Er, Vossa Magnificência diz coisas muito complicadas a mim, um mero mortal... Mas eu compreendo que desejas ir para um lugar onde possa se recolher. Espero que o meu palácio esteja à sua altura - ele disse, colocando uma mão no peito.

Park Jimin deixou escapar outra careta e suspirou fundo.

Okay, esse cara é totalmente lunático. Aqui está cheio de gente doida, ele pensou.

- Ceeerto... Quer saber? Seria mal educado da minha parte pedir para que você me mostre o seu... Palácio... Nós nem nos conhecemos, eu nem sei o seu nome, então vou pegar o meu próprio caminho e tchau - com um aceno de mão, Jimin deu as costas ao outro jovem e se virou para andar para longe dali.

- Espere! - o outro falou, aturdido, e correu para se colocar novamente diante de Jimin. Quando o fez, ele se ajoelhou mais uma vez e falou de modo apressado - Sinto muito pela ausência de decoro, e-eu deveria ter me apresentado adequadamente. Sou Jeon Jungkook, 5º filho do Clã Jeon e soberano de Adaman. Sinto-me honrado por ter sido escolhido pelos céus para ser o vosso guia no mundo mundano.

Essa foi a gota d'água. Park Jimin se desatou a gargalhar até curvar o corpo e sentir dor no estômago.

- Pffff! Cara, essa foi boa, sério... Você falou tão bonito que eu quase acreditei por um segundo, hahaha... - Jimin disse entre uma risada e outra.

Ainda ajoelhado, o jovem que se auto intitulou Jeon Jungkook piscou os olhos várias vezes e franziu as sobrancelhas. Tendo uma leve impressão de que não estava sendo levado a sério, ele se ergueu do chão e pigarreou.

- Tudo o que digo é verdade, não entendo o que o faz rir...

- Claro, claro. Haha... - Jimin limpou uma lágrima no canto do olho - Você é um rei e aquele lobo que apareceu antes é o seu fiel escudeiro, claro... Enfim, foi legal te conhecer, mas eu 'tô caindo fora. Boa sorte aí com o seu filme, você é um ator muito convincente - Jimin deu tapinhas no ombro de Jeon Jungkook e ajustou no braço direito o livro e o presente de Yeseo para poder iniciar a sua caminhada confortavelmente.

Porém, antes que pudesse se afastar, uma figura bestial saiu detrás da penumbra que permeava a floresta escura. Park Jimin arregalou os olhos ao rever o lobo cinzento de antes, a luz vermelha da Lua fazia com que os seus pelos brilhassem de um jeito bonito, quase incandescente, como flâmulas queimando em brasa.

Pelo fato de tê-lo visto apenas rapidamente momentos atrás, Park Jimin não conseguiu captar com precisão o tamanho do lobo e todos os seus outros detalhes peculiares. Ele de fato era bem grande, tinha a altura de um homem adulto mesmo estando em quatro patas, e seus olhos castanhos brilhavam na escuridão, como faróis em sépia.

- No-nossa...! - Jimin arfou e paralisou, pois o grande lobo se aproximou dele até alcançar a distância de um antebraço.

Ao seu lado, Jeon Jungkook ainda se encontrava pensativo por causa das palavras que Jimin havia dito antes.

- Bem, Vossa Magnificência quase acertou... Ele não é o meu "fiel escudeiro", mas, sim, o meu fiel General - Jeon Jungkook disse, e então se virou para falar com o lobo - Kim Namjoon, mostre respeito ao Ômega de Prata.

- Você 'tá falando com o lobo?? - a voz de Jimin se afinou, ele tremia por causa daquele quadrúpede enorme.

Com a ordem de Jeon, o lobo curvou levemente a enorme cabeça e, para o completo assombro de Park Jimin, começou a se metamorfosear até abandonar um corpo canino e adquirir o de um humano.

Jimin caiu de bunda no chão quando viu, diante de seus olhos, um jovem homem alto e forte tomar o lugar daquele lobo imenso. Esse homem também tinha olhos castanhos e cabelos acinzentados. O rosto era cheio de belos ângulos, e, dentre tantas curvas, as mais marcantes delas eram as de suas pálpebras, que se estreitavam de maneira intimidante. Ele também vestia uma armadura semelhante a de Jeon Jungkook, só que mais simples, mais discreta.

Park Jimin se esqueceu de como era respirar. Ele coçou os olhos e piscou inúmeras vezes para ter certeza de que não estava vendo coisas.

Eu devo ter batido a cabeça com muita força, o rapaz deduziu, mas todos os seus sentidos pareciam mais despertos do que nunca.

- Eu assustei Vossa Magnificência? Perdão - o lobo/homem/general Kim Namjoon se ajoelhou rapidamente, e curvou a cabeça até onde não podia mais.

- Precisas de ajuda para se erguer? - Jeon Jungkook encarava Park Jimin com sincera preocupação.

- E-ei... Ele era um lobo... E-ele virou uma pessoa... - Jimin apontava para o ex-lobo com um dedo trêmulo. Suor caía de suas têmporas, a sua mente estava presa num turbilhão.

- An, claro, Vossa Magnificência. Alfas adultos podem fazer isso facilmente, e Kim Namjoon é um honrado Alfa adulto - Jeon Jungkook disse com sorriso cheio de orgulho.

Park Jimin então se levantou num salto e agarrou o colarinho da malha de aço debaixo da armadura de Jeon Jungkook.

- E-ei, será que dá pra você parar de me chamar de "Vossa Magnifinãoseioquê" e focar na questão importante?? - Jimin chacoalhou Jeon Jungkook a apontou para o General ajoelhado - E-esse cara era um lo-lobo há menos de dois minutos, e todo mundo 'tá de boas com isso!??

Tanto Jeon Jungkook quanto Kim Namjoon encararam Jimin com as faces tomadas pelo desentendimento.

- Talvez Vossa... Quero dizer... Talvez você esteja confuso após ter sido enviado pelos céus? Afinal, é natural Alfas e Ômegas se transformarem. Eu até mesmo tive a oportunidade de vislumbrar alguns Betas raros realizando tal feito - a voz de Jeon Jungkook era calma, cheia de paciência e gentileza.

- Peraí! - Jimin soltou o outro de súbito e deu um passo para trás.

Aquela história de Alfas, Ômegas e Betas atravessou a sua cabeça como um raio. Dois pensamentos se formaram a partir daí: O primeiro viajou até o seu período escolar e trouxe de volta uma aula de biologia onde a professora ensinava que, numa alcateia, havia o lobo alfa, o beta e o ômega, e cada um fazia a sua parte no grupo. Já o segundo pensamento pescou uma lembrança mais recente, daquele mesmo dia, quando Park Jimin viu no livro de sua irmã algo sobre Alfas e Ômegas serem predestinados, vinculados e outro "ados".

Com um surto de eureka, Park Jimin assumiu posição de defesa e apontou para aqueles dois estranhos.

- Vo-vocês estão com a Yeseo! É isso, não é?? Aquela pirralha deve ter armado tudo isso, que nem na vez em que ela pagou um cara pra me chamar pra um luau. Aquele foi o pior dia da minha vida! - Jimin entrou em surto - Aquele lobo de antes era algum tipo de projeção holográfica, EU SEI! Vocês colocaram essa neblina toda aqui pra ficar mais difícil de reparar, haha!

Kim Namjoon encarou Jeon Jungkook com o rosto empalidecido.

- Majestade, será que ele não é mentalmente estável...? - o general sugeriu num sussurro.

- Ora, cuidado com o que diz, ele é uma entidade divina - Jeon Jungkook censurou o subordinado.

Eles dois então se voltaram para Park Jimin e o viram engatinhando pela relva.

- Onde estão os projetores? Eu sei que eles devem estar por aqui, aquele lobo foi muito realista! - Jimin dizia e gargalhava como um louco.

O rei e o general observaram aquela cena e logo voltaram a murmurar.

- Talvez, durante a vinda para a Terra, ele tenha machucado um pouco a cabeça... - Jeon Jungkook disse, rendido.

- Eu concordo com Vossa Majestade. Mais cedo, em minha forma de lobo, eu senti cheiro de sangue nele.

Jungkook arregalou os olhos e os virou na direção de Park Jimin. Pela primeira vez ele viu um corte na testa do outro rapaz, bem discreto e bastante ocultado pela escuridão da noite.

Com o maxilar cerrado, o jovem rei andou até ele e se agachou para que ambos ficassem na mesma altura.

Quando Jimin ergueu os olhos, lá estava Jeon Jungkook, a poucos centímetros de distância, encarando-o com uma intensidade desconcertante.

- O-o quê...? - o jovem Park foi pego de surpresa quando Jungkook pôs uma mão em sua testa, afastando algumas mechas de seu cabelo.

- Está ferido. Perdoe-me por não ter notado isso antes, o meu faro... - Jungkook cortou a própria fala e puxou um canto dos lábios para trás, para então prosseguir logo em seguida - Enfim. A sua chegada aqui deve tê-lo atordoado bastante. Infelizmente a capital está a algumas milhas de distância, mas tenho tropas acampadas aqui por perto. Lhe fornecerei todo o conforto possível, eu prometo.

A sinceridade nas palavras de Jeon Jungkook deixou Park Jimin paralisado durante longos segundos. Por mais que cada vírgula ou sílaba dita pelo outro rapaz fosse absurda e completamente surreal, naquele instante, elas não pareceram assim para o jovem Park. Principalmente porque, enquanto as dizia, Jungkook sustentava um olhar profundo em sua face.

As duas pupilas negras dele refletiam o vermelho da lua como se fossem espelhos.

Park Jimin então abaixou a cabeça e começou a bagunçar os próprios cabelos, pois se sentia perdido.

- Será que dá pra parar com isso?? Essa coisa... Isso não existe. Tipo, lobos não viram pessoas. E, se ainda estamos na Coréia do Sul, porque, pelos meus cálculos, ainda devemos estar, o único palácio que vou encontrar é aquele da era Joseon que, a esta hora, nem deve estar aberto para visitação!... Ai... - o rapaz estava começando a se sentir zonzo. Talvez por conta da queda, ou então pelo fato de ter se deparado com muitas situações estranhas num curto espaço de tempo.

Notando o desconforto do outro, Jeon Jungkook tomou uma decisão.

- Sinto muito pelo que farei agora, mas acredito que devo levá-lo a um curandeiro o quanto antes. Portanto, iremos para o meu acampamento militar - Jungkook falou, imperativo. Logo em seguida, sem antes avisar, ele passou os braços por baixo do corpo de Jimin e o colocou em seu colo com um único impulso, tão rápido que nem deu ao outro tempo para fugir.

- E-ei! - Park Jimin começou a se debater nos braços do jovem rei, usando o livro e o presente de Yeseo para bater na cabeça de Jungkook - Para onde está me levando!? Isso é sequestro!! Eu vou ligar pra polícia, seus lunáticos! Me solta!

- General - Jungkook disse numa ordem implícita, ignorando a histeria do jovem em seus braços.

Após um aceno de cabeça, Kim Namjoon se curvou e começou a se transformar, ganhando tamanho e pelos por todo o corpo, suas vestes sumindo durante a transformação. Park Jimin encarou aquela cena com assombro e começou a rir de desespero.

- I-isso só pode ser loucura, hahaha... - Jimin falou, antes de revirar os olhos e desmaiar, como a Bela Adormecida dos contos de fadas.

🌕🌖🌘🌑


Park Jimin teve uma noite de sono deveras conturbada. Momentos após perder a consciência, ele sentiu um solavanco ritmado vindo debaixo de seu corpo, como se estivesse montado num cavalo rápido. Desde então, a sua mente se viu bombardeada por sensações externas, como o gosto amargo de um líquido que fora colocado em sua boca, e toques sutis em sua testa ferida.

Ele despertou quando sentiu um cheiro de carne sendo assada em algum lugar. Aquele aroma temperado e saboroso fez o estômago do rapaz se agitar.

- Hmm - Jimin lambeu os lábios, que, por algum motivo, estavam cobertos por uma familiar camada amarga.

Depois, o jovem Park abriu os olhos devagar, deixando as suas pupilas se acostumarem com a leve luminosidade ao seu redor, até conseguir visualizar perfeitamente o cômodo em que se encontrava.

Na verdade, aquele lugar não era bem um "cômodo". Estava mais para uma grande tenda, igual àquelas de circo, só quem bem mais bonita e elegante.

Quando Park Jimin se sentou, ele se viu sobre uma cama arredondada, feita inteiramente de peles, e com travesseiros recheados de plumas. O chão era coberto por tapetes pretos, assim como a lona da tenda, e ambos carregavam bordados em vermelho e cinza que delineavam o corpo de um lobo com chifres de cervo. Por mais estranha que fosse essa combinação, o bordado do lobo era belo e dava uma sensação de misticidade, e também fez Jimin se lembrar das bestas de seus jogos de MMO.

- Onde estou...? -o rapaz se perguntou e então passou a mão pelos cabelos emaranhados, usando os dedos como pente, até tocar em algo alto sobre sua testa - Mas o que... Oh - após puxar o pequeno aglomerado que havia ali, ele viu que se tratava de um conjunto de folhas secas. Elas tinham um cheiro agradável e pareciam estar ali para curar o corte em sua testa.

Legal, mas as pessoas daqui não usam pomadas? Jimin pensou, encarando uma folhinha. Foi então que ele paralisou e se deu conta de que não era hora de ficar pensando em algo como aquilo.

Ele estava dentro de uma tenda estranha, sobre uma cama estranha, e a última coisa de que se lembrava era de ter visto um rapaz bonito que se auto intitulava rei, e um jovem homem que havia se transformado em lobo.

- A-aquele lobo só pode ter sido uma alucinação... - Jimin murmurou para si mesmo, e esfregou os olhos em agonia - Aigoo... Será que fui trazido até aqui por aqueles malucos?...

O rapaz varreu a tenda com os olhos e então visualizou os seus pertences - o livro, o presente de Yeseo e o celular - em cima de uma mesinha de madeira.

Bem, pelo menos eles não são ladrões, Jimin pensou com alívio, e começou a se arrastar para fora da cama.

Depois de guardar o celular no bolso das calças e de pôr o livro e o presente nos braços, Park sentiu mais uma vez o cheiro de churrasco que tinha lhe despertado. O seu estômago rugiu alto e ele suspirou fundo.

Devem estar assando carne... Jimin imaginou, sentindo a boca se encher de água. Ele começou a se inclinar para a ideia de pedir um pouco de comida.

- Não - Jimin se censurou rapidamente - Não conheço essas pessoas, elas são estranhas. Além disso, eu tenho que ir embora, papai e mamãe devem estar preocupados.

E foi assim que ele se dirigiu para fora da tenda.

Porém, no momento em que o rapaz puxou a lona para sair, um enorme lobo passou bem diante dele e caminhou até se aproximar de um grupo de pessoas que trajavam roupas estranhas, bem medievais e rústicas. Logo em seguida, a anatomia do mamífero quadrúpede começou a sofrer modificações. Os pelos foram sumindo, sendo engolidos por uma camada de pele clara que logo diminuiu de tamanho até modelar o corpo e as vestes de uma mulher alta. Park Jimin engoliu em seco e arregalou os olhos. Como a luz do Sol irradiava com força, ele conseguiu ver com clareza que aquela metamorfose não era nenhum pouco falsa ou feita de hologramas. Por isso, o coração de Jimin quase saiu pela boca e ele retornou para dentro da tenda na velocidade de um piscar de olhos.

- I-isso... Então o-ontem à noite, o que e-eu vi fo-foi real?? - o jovem Park tremia por inteiro. Ele começou a questionar se a comida que havia digerido um dia atrás tinha sido temperada com alguma erva peculiar causadora de alucinações severas.

Como um estudante de ciências naturais, presenciar a transformação de um mamífero canino em um humano, e vice-versa, era muito além de absurdo. Porém, todos os seus sentidos estavam absolutamente lúcidos, Jimin tinha noção disso e esse fato o assustava mais do que tudo.

Ele não estava alucinando, então o que tinha acabado de ver só poderia ser real.

Mas como!? Se existisse algo assim no mundo, os telejornais estariam indo à loucura e as pessoas definitivamente se assustariam. Porém, o grupo que Jimin viu no lado de fora da tenda tratou a transformação daquela mulher com muita indiferença e naturalidade.

Sentindo a mente dar giros e nós, Jimin andou de costas até tropeçar. Com a queda, as coisas que segurava em suas mãos acabaram caindo, e ele teve o vislumbre de mais um evento estranho.

O livro que Jimin havia encontrado no quarto de Yeseo caiu aberto bem diante dele, exibindo uma página onde só se via a figura em aquarela de um rapaz usando roupas medievais elegantes. O jovem Park arqueou as sobrancelhas quando reconheceu aqueles traços do rosto, aquela mandíbula belamente marcante, o nariz alto, os lábios finos e pequenos, os cabelos negros bem alinhados e os olhos grandes com pupilas profundas.

O desenho era idêntico ao rapaz que ele havia conhecido na noite anterior, o tal de Jeon Jungkook que não parava de falar coisas absurdas e engraçadas.

Por que o desenho dele está aqui? Jimin pensou, franzindo o cenho, e aproximou o livro para vê-lo melhor.

No final da página em que continha a figura, havia descrições sobre ela.

"Jeon Jungkook, Alfa puro, Rei soberano de Adaman, a Terra do Inverno de Prata, e 5º filho do Clã Jeon, o clã dos lobos noturnos."

- O que está acontecendo aqui...? - Jimin pensou alto, lembrando-se de Jeon Jungkook se apresentando para ele na noite passada, usando descrições quase idênticas àquela expressa no livro.

Park começou a passar as folhas, engolindo ansiosamente cada página, e se viu assombrado quando percebeu que o conteúdo do livro não era o mesmo de antes. Na verdade, nem havia mais conteúdo. A história inteira havia sido apagada, as centenas de folhas estavam brancas, sem nenhuma linha escrita, e apenas algumas páginas no início do livro continuavam preenchidas, mas mesmo elas pareciam ter sido modificadas.

Além da figura de Jeon Jungkook, havia duas folhas nas quais jazia a imagem de uma cidade medieval entre as montanhas, envolto por floresta de coníferas e um imenso rio, com um castelo alto no centro, rodeado por centenas e centenas de moradias medievais. Bem abaixo do grande desenho, Jimin leu a descrição que dizia "Capital do Reino de Adaman".

Noutra página, o jovem Park viu um tipo de glossário impresso em letras elegantes. Os seus olhos se concentraram nas palavras destacadas em negrito que iniciavam cada parágrafo, e ele se desatou a ler o que havia escrito.

"Alfas são pessoas que detêm corpos com algumas características superiores às de outros humanos, como maior força bruta, agilidade e capacidade sensorial. Tais atributos as tornam aptas à liderança e ao combate corpo a corpo, por isso, a cada geração, sempre deve haver um alfa sentado no trono de Adaman. Mesmo Homens cis alfas e Mulheres trans alfas sendo incapazes de gerar crianças em seus ventres, eles podem fecundar ômegas e betas, ainda que fora da época de seus cios, os quais duram 7 dias e ocorrem a cada quatro meses. Mulheres cis alfas e Homens trans alfas, contudo, tanto podem fecundar quanto possuem a capacidade de gerar crias; mas cada situação ocorre dependendo da sexualidade do parceiro. O instinto de dominância e de territorialidade age em ambos durante seus relacionamentos, por isso, algumas vezes é necessário monitorar as próprias ações."

"Ômegas são pessoas que detêm corpos menos aptos ao combate, por serem mais frágeis e delgados, contudo, têm resistência superior e possuem boa capacidade mental. Tais características os auxiliam na proteção da família e os tornam bons estrategistas; por isso, a cada geração, sempre deve haver um ômega sentado ao lado de um alfa no trono de Adaman. Todas as pessoas ômegas são capazes de gerar crianças em seus ventres, e entram num cio de 7 dias a cada dois meses, mas aquelas que forem Homens cis ômegas e Mulheres trans ômegas também podem fecundar um alfa, e somente alfa, que tiver útero."

"Betas equivalem à maior parcela da população humana. Essas pessoas têm capacidades medianas: Superam ômegas em força, mas não em inteligência, e somente podem gerar crianças aqueles betas que forem Mulheres cis ou Homens trans. Homens cis betas e mulheres trans betas podem fecundar, mas não entram em cio como alfas e nem possuem instintos que ligam estes últimos à sua família. Essas pessoas também não possuem a capacidade em se metamorfosear na figura de lobos, nem conseguem captar feromônios e muito menos podem se vincular a um parceiro eterno. Tais características, no entanto, dão a eles uma certa liberdade que alfas e ômegas jamais poderão obter."

"Feromônios são aromas naturais liberados por pessoas alfas e ômegas que causam efeitos diversos em terceiros, desde sedução até intimidação, ou também servem para marcar território. Durante a época do cio, tais feromônios ficam mais fortes e incontroláveis, principalmente em ômegas. Pessoas Betas são incapazes de sentir feromônios e nem podem ser influenciados por eles."

"Vínculos são raros e podem existir apenas entre ômegas e alfas. Ocorrem quando parceiros se identificam como predestinados ao se ligarem emocionalmente e de maneira profunda. Desse momento em diante, as duas almas trabalharão como uma só, o que uma sente, a outra também sentirá. Por fim, Vínculos costumam ser "registrados" instintivamente através da mordida do alfa no pescoço do ômega. A marca dessa mordida jamais sumirá, e isso é uma das provas da existência do vínculo."

- Okay, isso é bizarro, mas até que tem uma lógica biológica - Jimin pensou após terminar de ler. Ele gostava bastante de histórias onde o autor conseguia criar um universo com leis próprias e bem detalhadas. Para o jovem Park, tudo valia se fizesse sentido em algum contexto fantasioso.

Passando mais uma página, o jovem Park se deparou com o desenho de um indivíduo peculiar. Apenas parte de seu perfil era mostrado, impedindo o leitor de visualizar o seu rosto, mas havia outras características nele que conseguiam chamar atenção, como a pele branca como uma nevasca intensa, os cabelos bastante prateados e dois chifres de cervo que saltavam de sua cabeça. Nas pontas mais altas dos chifres brotavam flores vermelhas como sangue, envoltas por gavinhas escuras que caíam ao seu redor. Logo abaixo do desenho, Jimin leu um trecho.

"Nascido em Prata e concebido como Ômega, ele virá sob a luz vermelha da noite, trazendo consigo o brilho da Lua e as vozes de seu exército espiritual. Ele virá para deixar a sua sabedoria celestial aos desprovidos e encontrar o seu lar. Ele virá para proteger, fortalecer, guiar e se unir ao Alfa soberano nos dias de tempestade que abraçarão Adaman. Ele também virá coroado por fios argênteos e chifres de marfim onde brotam flores de sangue. E, assim, todos o reconhecerão no momento de sua insurgência."

- Espera um segundo... - o jovem Park engoliu em seco, lembrando-se mais uma vez das palavras do jovem rei que havia conhecido na noite anterior.

"É você... Os céus lhe trouxeram para mim... É o meu Ômega de Prata".

Park Jimin balançou a cabeça de um lado para o outro e gargalhou.

- Não, não, não... Isso não está acontecendo, Park Jimin, você não entrou num mundo mágico depois que desmaiou no parque, nem está rodeado de pessoas que se transformam em lobos e também não foi confundido com uma criatura mística bizarra. Você só está preso no sonho mais maluco e realista da sua vida, é isto - o rapaz falou com olhos cerrados e um sorriso forçado - Agora acorde - ele ordenou a si mesmo - Vamos lá, acorde, você tem trabalhos para entregar e um campeonato de MMORPG para ganhar. Acorde. Acorde. Acorde.

Assim que abriu os olhos, ele viu que nada ao seu redor havia mudado.

- Pelo amor de Deus, isso não pode estar acontecendo - Jimin esfregou o rosto com as mãos - Se eu aceitar que é real, então serei um louco...

Ele logo começou a pensar em maneiras de "acordar" e retornar à realidade.

Personagens de histórias geralmente voltam para o próprio mundo quando realizam as mesmas ações que fizeram para sair dele, Jimin refletia, então o que eu preciso fazer é voltar para onde caí e desmaiei.

Decidido a testar tal hipótese, Jimin juntou os pertences consigo, guardando no bolso o celular e colocando nos braços o livro e o presente de sua irmã, e saiu da tenda. Quando se viu fora, Jimin foi abraçado pela luz solar e, por isso, teve que estreitar os olhos para conseguir visualizar melhor.

Nesse meio tempo, algumas pessoas que estavam por ali o viram e soltaram murmúrios de surpresa.

- Aquele é o Ômega de Prata!?

- Ele é o ser da profecia??

Assustado e temendo ser abordado por algum daqueles estranhos, Park Jimin saiu correndo para longe. Ele se deu conta da existência de outras tendas em seu caminho, que não eram tão grandes e elegantes quanto aquela em que ele estava antes, e da presença de dezenas de pessoas, as quais vestiam roupas estranhas e medievais.

Este lugar parece um acampamento do século XVI, o rapaz pensou.

Park Jimin virava os olhos para todos os lados enquanto corria, tentando achar qualquer sinal de Seoul ou de uma civilização "normal", qualquer indício do parque pelo qual ele havia caminhado um dia atrás. Mas não havia nada. A visão dele captou apenas quilômetros e quilômetros de floresta e montanhas.

Aquele ponto em que ele estava se tratava de uma grande clareira, a qual era cortada por um rio perene tão limpo que refletia as nuvens do céu.

No fim, quando se aproximou das margens do rio, Jimin se deu conta de que não adiantava correr. Para onde ele iria, afinal? Adentrar a floresta poderia ser ainda mais perigoso, pois havia o risco de se perder e de encontrar uma fera selvagem ainda mais assustadora do que aqueles lobos enormes. Portanto, ele viu, com grande angústia, o seu plano de retornar ao local onde havia desmaiado ir por água abaixo.

O jovem Park, com o coração pulsando de modo agitado e a garganta seca como um deserto, se ajoelhou e enfiou a cara na água cristalina, numa tentativa de esfriar a cabeça. Algumas pessoas o viram fazendo isso e começaram a murmurar.

- O Ômega de Prata!? O que ele está fazendo?

- Será que é um ritual?

- Nós deveríamos imitá-lo, então?

Depois, quando tirou a face da água, Jimin viu que umas cinco ou seis pessoas o imitavam, enfiando e tirando as suas caras do rio.

- O-o que vocês estão fazendo?? - Será que tem alguém normal neste lugar? Jimin pensou, querendo chorar.

- Estamos seguindo os passos do Ômega de Prata - um deles falou com um enorme sorriso no rosto, e se curvou para Jimin. Os demais também se curvaram.

- Aigoo, parem de me chamar assim - ele balbuciou, a sua cabeça latejava.

- Por acaso Vossa Magnificência está se sentindo confusa e... Ah! - uma das pessoas interrompeu a fala porque, naquele instante, alguém emergiu no rio - O rei está de volta!

Quando Jimin virou os olhos para o centro do rio perene, ele viu a figura daquele rapaz que o abordou noite passada, Jeon Jungkook, atravessando o leito aquoso à passos lentos, mas equilibrados, enquanto carregava nas costas uma rede cheia de peixes recém-pescados.

Agora, com a luz diurna, era possível reparar em todos os detalhes de Jeon Jungkook, principalmente porque ele vestia apenas calças pretas que, por culpa da água, desenhavam cada centímetro de suas pernas fortes.

Com os raios solares delineando as curvas dos músculos de seus braços e abdômen, exaltando os gominhos que havia ali e o forte peitoral, sendo refletidos pela sua pele clara e pelos seus negros cabelos, o jovem rei era uma visão de tirar o fôlego. Park Jimin contou ao menos sete pessoas suspirando enquanto observavam Sua Majestade cortar o rio até alcançar a margem.

Essa foi a primeira vez, desde que chegara ali, que o jovem Park conseguiu compreender e compartilhar dos pensamentos daquela gente.

Um pouco antes de pisar em terra firme, Jeon Jungkook avistou Jimin e, por isso, hesitou antes de continuar a caminhada. Agora, o rei não desviava os olhos do outro rapaz para nenhum ponto diverso, e isso acabou assustando o garoto, que se sentiu intimidado e deu um passo para trás.

- Está acordado - Jungkook constatou, exibindo um sorriso.

- É-é hehe... - Jimin desviou o olhar e, com isso, viu que uma multidão de pessoas e de lobos os cercava, observando-os com um olhar contemplativo, cheio de expectativas e admiração.

- Majestade - Kim Namjoon surgiu no meio daquele amontoado e se aproximou do jovem rei. Foi só com a aparição do general que Jeon Jungkook parou de encarar Jimin - Sabe que não precisava fazer isso. Há servos para esse tipo de trabalho - Kim pegou a rede de peixe que Jungkook carregava e entregou a um dos lobos.

- Eu sei, mas quis nadar um pouco - Jeon Jungkook penteou os cabelos com os dedos e os jogou para trás, fazendo gotículas de água espirrarem ao seu redor - Como está a situação nos arredores do acampamento?

- Tudo normal até o momento.

- Que bom... - o rei suspirou, aliviado. Em seguida, ele voltou a encarar Jimin e disse: - Depois falarei com as famílias que foram afetadas. Peça para os cozinheiros prepararem os peixes que pesquei e distribua-os a todos. Não farei um banquete depois do que houve, mas devemos ao menos celebrar este.... Este momento - Jungkook disse, e Jimin viu que ele parecia bastante feliz, como se estivesse ansioso por algo.

O jovem rei então se aproximou do rapaz, tão perto que o deixou bastante atordoado.

- Temos que comemorar a sua chegada - Jeon Jungkook disse, em êxtase, exibindo um dos sorrisos mais belos que Park Jimin já tinha visto em toda a sua vida.

Vendo que não poderia mais fugir, Jimin esfregou os olhos, respirou fundo e agarrou o pulso do jovem rei.

- Precisamos conversar em particular - depois de dizer, Park saiu puxando o outro pelo caminho de volta à tenda. Jungkook se deixou levar em silêncio, pois estava perplexo demais para dizer alguma coisa.

As pessoas que assistiram à cena, incluindo o general Kim Namjoon, ficaram boquiabertas, em completo choque, e murmuraram "Eles dois já estão tão íntimos?", "O Ômega de Prata é bastante ativo, hehehe".

Quando chegaram à tenda, Park Jimin passou a mão pelos cabelos e bateu freneticamente um pé no chão.

- Olha, é o seguinte, eu... - o rapaz parou de falar quando se virou e viu que Jeon Jungkook estava com a face completamente ruborizada. Ele parecia muito envergonhado com algo - Ei, o que foi?

- É-é que isso foi um tanto repentino. Eu não sabia que Vossa... Você iria me chamar para... Para os seus aposentos tão rapidamente, sem ao menos termos antes uma cerimônia... - o jovem rei dizia. A sua voz, polida e clara, parecia vacilar a cada sílaba.

Park Jimin encarou o outro rapaz com um olhar confuso.

- An? O que... - foi então que ele se deu conta do mal entendido que estava acontecendo - Ah! Não, não! Olha, você é bem bonito e tudo mais, mas eu não te chamei aqui pra transar comigo.

A palavra transar fez os olhos de Jeon Jungkook saltarem das órbitas e intensificou o vermelho em suas bochechas. Park Jimin achou essa reação um tanto fofa.

Como um pigarreio, o rei Jeon tentou se recompor.

- Então... O que desejas tratar comigo? - ele quis saber.

- Para começar, eu não sou daqui.

- Ah, mas todos nós estamos cientes disso - Jungkook exibiu um belo sorriso - Infelizmente nos encontramos num momento complicado, mas assim que chegarmos à capital de Adaman, iremos agraciá-lo com uma enorme festa.

- Não, não. Não é isso. Eu estou dizendo que não sou deste lugar mesmo! Eu não sou esse... Esse ômega prateado aí que você fala. Foi um engano! - Jimin passou a mão no rosto - Aigoo, eu nem sei como estou falando isso tudo sem rir, porque esta situação é BIZARRA!

A expressão no rosto de Jeon Jungkook vacilou. O brilho nos olhos do rei de repente começaram a desaparecer.

- Mas... Você apareceu para mim como na profecia...

- Sim, eu 'tô ligado desse mal entendido.

- "Ligado"? - Jungkook franziu o cenho, estranhando o modo de falar de Jimin.

- Escuta, seu rei. Foi uma grande coincidência eu ter aparecido quando a Lua ficou vermelha, mas rolou um mal entendido quanto à parte da sua profecia que diz "ele virá com a luz da Lua e com a voz de seu exércitos" e bláh bláh bláh - Jimin tirou do bolso o celular e ligou a lanterna dele. Quando a luz pálida apareceu, Jungkook arregalou os olhos - Veja, não é a "luz da Lua", é só uma lanterna.

- "Lanterna"? - as sobrancelhas de Jungkook se afundaram um pouco mais.

- Sim. É luz artificial, não tem nada a ver com a Lua, vai por mim - Jimin deu tapinhas no ombro nu do rei. Com o toque, ele sentiu o quão quente e macia era a pele do outro jovem.

- Mas... E quanto aos rugidos ferozes que assustaram todos aqueles soldados inimigos? - Jeon Jungkook insistiu mais um pouco.

- Eu já ia falar disso - Jimin então abriu o aplicativo de música e buscou Back in Black do AC/DC em meio às músicas que tinha salvo. Quando achou, ele a pôs para tocar. O barulho dos instrumentos musicais fizeram Jeon Jungkook saltar para trás. Jimin se apressou para acalmá-lo - Não precisa se afastar, é só música. Eu tenho várias músicas salvas aqui dentro. Elas não têm nada a ver com "exércitos", veja.

Jimin pegou a mão do jovem rei e colocou nela o celular. Os olhos de Jungkook ficaram ainda maiores, cheios de um brilho admirado.

- Que ferramenta mágica intrigante! - ele disse com um suspiro.

No entanto, aos poucos, a face de Jungkook foi sendo tomada por uma aparente decepção. Com o sorriso murcho, ele devolveu o aparelho para Jimin.

- Então você é como um feiticeiro...

- Hmm... Até que eu mexo com um pouco de alquimia - Sou estudante de química, afinal de contas, Jimin pensou.

Vendo a tristeza estampada no rosto do jovem rei, Jimin mordiscou os lábios, sentindo que deveria ao menos dizer algo incentivador.

- Er, senhor rei de Adaman, não se sinta assim, okay? Aposto que deve haver vários... Ômegas por aí querendo você.

Jeon Jungkook curvou um canto dos lábios para cima, mas o seu olhar ainda era triste.

- Aprecio a sua tentativa de me fazer sentir melhor, mas isso não é necessário. Sou o único culpado pelas expectativas que foram criadas. Eu deveria ter ouvido o meu general nesta manhã quando ele me disse que não sentia em você o cheiro de ômega - Jungkook explicou e riu da própria tolice - Eu me iludi pensando que... Enfim, agora tudo está esclarecido.

- Hm, certo, não sou um ômega... - Jimin se balançou - Entãaao, se não for incômodo, eu gostaria de ser levado de volta ao lugar onde nós nos encontramos. Sabe, lá no meio da floresta. Eu preciso voltar para a minha terra mágica e tals.

Jeon Jungkook balançou a cabeça em compreensão.

- Claro. Depois de todo esse constrangimento, eu o levarei até lá por conta própria.

Jimin sorriu, aliviado, e pensou em como aquele estranho rei daquela estranha terra era bastante gentil. Essa gentileza meio que o deixava ainda mais bonito.

- Você gostaria de ir agora? - Jungkook perguntou.

- Sim! Claro que eu... - nessa hora, o estômago de Jimin roncou alto, deixando o garoto envergonhado até o último fio de cabelo.

Mas Jeon Jungkook apenas achou aquilo engraçado. Após se esquecer momentaneamente da decepção daquele dia, ele sorriu genuinamente para Park Jimin.

- Eu acho que antes devo lhe convidar para uma refeição.

🌕🌖🌘🌑


Mais tarde, após todo o acampamento saborear os peixes pescados pelo rei - que, aliás, estavam deliciosos -, Park Jimin ganhou um cavalo emprestado para ir até o local onde havia aparecido pela primeira vez naquele mundo.

Jeon Jungkook já montava um garanhão e aguardava pacientemente o outro rapaz subir na própria montaria, mas algo parecia estar impedindo Jimin de fazê-lo.

- Há algo errado com o cavalo, feiticeiro? Eu pedi ao general Kim que ele escolhesse o mais manso e obediente - o jovem rei disse.

- Na-não, claro que não. Está tudo bem! Está tudo bem... - essa última afirmação Jimin fez a si mesmo. Em toda a sua vida, ele nunca tinha tentado subir num cavalo, então não sabia como exatamente deveria agir com aquele animal quadrúpede e enorme.

Animais enormes o deixavam tenso, e essa era uma das principais razões que faziam Jimin ficar ansioso em voltar para casa. Aquele lugar estava repleto de criaturas imensas.

- Vamos lá, eu consigo - Jimin arrumou a sacola em suas costas, a qual ganhou de Kim Namjoon para colocar os seus pertences, depois pôs um pé numa das pedaleiras da sela e se impulsionou para cima. Quando viu que conseguia se equilibrar, ele tentou erguer a outra perna para passá-la por cima das costas do cavalo. Foi nessa hora em que tudo deu errado.

Na verdade, Park Jimin não havia se equilibrado nenhum pouco. Quando o rapaz ergueu a outra perna, o seu corpo inclinou totalmente para trás e ele se viu caindo, com as costas da cabeça indo rumo ao chão.

A queda teria sido terrível se Jeon Jungkook não a tivesse previsto alguns segundos antes e saltado até lá para salvar Park Jimin.

- Cuidado - o jovem rei arfou, enlaçando os braços fortes ao redor de Jimin. A respiração quente dele varreu os cabelos do outro rapaz.

Depois de ajudar Jimin a ficar em pé, Jeon Jungkook ainda falou: - Você poderia ter se machucado muito.

Park Jimin ficou cabisbaixo, envergonhado, e reprimiu o orgulho.

- Eu nunca fiz isso antes...

- Nunca montou num cavalo?

Em resposta, Jimin balançou a cabeça de um lado para o outro.

- Oh... Então você gostaria de ir comigo em meu cavalo? - Jungkook sugeriu enquanto se dirigia ao garanhão e montava em suas costas.

Vendo que aquela era a opção mais segura, Park Jimin aceitou o convite e se aproximou do cavalo do outro.

Jungkook ajudou o jovem Park a subir enquanto segurava firmemente a mão dele. Quando Jimin finalmente conseguiu se sentar de maneira segura na sela, o rei o envolveu com os braços para conseguir tomar posse das rédeas do cavalo.

Essa aproximação toda deixou ambos um pouco desconcertados, pois o calor do corpo do rei Jeon estava abraçando o do jovem Park, mesmo que o primeiro já estivesse usando roupas adequadas e secas, e o cheiro de Jimin estava inebriando as narinas de Jungkook, não como feromônios faziam, mas sim como se fosse um perfume agradável. No entanto, eles não comentaram nada a respeito disso e apenas seguiram viagem normalmente, trotando em direção à floresta.

Depois de algum tempo, Park Jimin começou a se sentir alegre quando reconheceu algumas árvores. Ele estava certo de que voltaria para casa no momento em que refizesse os passos do último dia. Por isso, quando desceu da sela com a ajuda do rei Jeon, Jimin não pensou duas vezes antes de se despedir do outro jovem e de se virar para ir atrás da trilha de pedras.

- Hmm, eu acho que foi mais ou menos... Ali! - Jimin avistou uma raiz exposta no centro do tapete verde de relva que cobria aquela parte do solo - Certo, agora eu devo cair... E lá vamos nós - o rapaz de posicionou perto da raiz e se jogou no chão dramaticamente.

A queda foi péssima. Park Jimin se machucou com as pedras escondidas pela grama e sentiu que havia deitado bem ao lado de um formigueiro. No entanto, ele se manteve quieto e com os olhos cerrados durante longos minutos.

- An... Feiticeiro? Você está bem? - era a voz de Jungkook. O jovem rei havia ficado para assistir ao que o outro iria fazer.

Ao se dar conta de que a primeira tentativa não havia funcionado, Jimin ergueu-se do chão, inspirou até encher os pulmões de ar e prometeu a si mesmo: Eu vou sair deste lugar estranho agora mesmo!

- Com licença, senhor rei. Eu vou me jogar até fazer um buraco no chão, se for preciso!!

Jimin então começou a cair de todos os ângulos possíveis: de costas, de frente, de lado, de bunda, de cabeça... Aquele espetáculo de quedas roubou algumas risadas do rei Jeon e o fez se sentar ali perto para ficar observando o estranho feiticeiro fazendo as suas maluquices.

Jungkook ria tanto que, em determinado momento, começou a pensar que seria divertido se aquele garoto engraçado fosse, de fato, o Ômega de Prata da profecia. Era uma pena ele não ser.

Quando a luz do Sol desceu um pouco no horizonte, e quando Park Jimin já estava a um passo de chorar para que alguma entidade divina o tirasse daquele mundo estranho, Jeon Jungkook notou algo estranho nas redondezas.

Ele se pôs de pé e andou alguns passos ao norte, tomando cuidado para não fazer barulho.

Park Jimin, que jazia deitado sobre aquela relva verde depois de ter caído pela centésima vez, notou a movimentação do jovem rei e o acompanhou com os olhos.

O que está havendo? Jimin quis perguntar, mas ele sentiu que deveria ficar calado.

Infelizmente o jovem Park obteve a sua resposta no instante seguinte, quando Jeon Jungkook desembainhou a espada da cintura e atacou uma fera que surgiu das sombras da floresta.

Tratava-se de um imenso lobo de pelagem dourada. Ele desviava das investidas de Jungkook com uma rapidez sobrenatural, e contra-atacava usando os caninos afiadíssimos. O jovem rei era deveras habilidoso com a lâmina longa, mas ficava em certa desvantagem diante do tamanho e da força daquele animal.

- FEITICEIRO! FUJA! DEVE HAVER OUTROS POR AQUI! - Jungkook exclamou entre um golpe e outro.

Que cara doido. Se ele acha mesmo que sou um feiticeiro, deveria pedir a minha ajuda, Jimin pensou, sentindo-se aflito e desesperado. Que droga que não sou um!!

Park começou a olhar para todos os cantos do chão, em busca de algo que pudesse ajudar Jungkook em sua luta. Ele então avistou um caule estreito e cilíndrico caído perto de uma árvore, e tentou puxá-lo para usá-lo como uma lança. Entretanto, a outra extremidade do caule parecia estar presa a algo muito resistente sob a terra.

- Vamos lá, me ajude... - Jimin disse com dentes cerrados de tanto fazer esforço.

Para o seu alívio, o caule se desprendeu do chão no mesmo instante. Em seguida, Jimin viu que a outra extremidade era pontiaguda e pensou que estava com sorte.

Ele segurou a lança de madeira com a mão mais forte e mirou no lobo que insistia em atacar Jeon Jungkook.

- Okay, você já fez isso em video-games... - Jimin murmurava para si mesmo, encorajando-se e tentando não surtar.

Claro que aquilo não era o mesmo que atirar em um personagem de jogo. Ele estava lidando com um animal real que, provavelmente, era uma pessoa real. Se Jimin enfiasse aquela lança na besta, ele poderia matá-la. Pensar nisso o angustiava terrivelmente.

Mas Jeon Jungkook está em perigo, Park pensou, engolindo em seco e apertando o caule até os dedos ficarem brancos.

- Por favor, lança, não mate o lobo, não mate... Não mate! - e arremessou a lança contra o lobo.

A ponta afiada da madeira perfurou a fera em uma de suas patas traseiras, tirando-lhe grunhidos de dor e forçando-lhe a recuar. Mas não a matou.

Jungkook aproveitou a deixa para puxar Jimin e arrastá-lo até o cavalo.

Eles montaram rapidamente e saíram em disparada floresta adentro, para longe daquele lugar.

- Pude sentir levemente o cheiro de outros alfas - o jovem rei disse enquanto atiçava o cavalo a correr - A sua ajuda nos permitiu fugir antes que eles aparecessem. Sou grato, feiticeiro.

- De nada, mas quem são eles!??

- Soldados de Eliah - falou, como se apenas isso bastasse para explicar tudo a Jimin.

- Será que Vossa Majestade pode ser um pouco mais didático? - Jimin disse, com uma pontada de sarcasmo - Eu não sou daqui, não sei quem é Eliah

- É o reino vizinho, fica ao sul do continente. Éramos parceiros econômicos no passado, mas, no último século, o nosso relacionamento político mudou negativamente - Jeon Jungkook disse e instigou o cavalo a correr com mais velocidade - Aquele alfa deve ter sido enviado para me rastrear quando eu estivesse distante dos meus soldados - Jimin não viu a expressão de Jungkook por estar de costas para ele, mas quase sentiu o jovem rei trincando o maxilar.

- Eles querem matar você?

- Sim... Noite passada eles aproveitaram a Lua de Sangue, que é um evento sagrado para nós, para invadir um vilarejo próximo à fronteira de Adaman. No início, imaginei que era sorte minha estar com as tropas pelas redondezas do vilarejo, pois assim eu poderia defender o meu povo daqueles bárbaros. Mas no momento em que entramos em combate, dei-me conta de que eram numerosos demais, então não poderiam estar ali somente para saquear alguns simples camponeses - as mãos de Jungkook apertaram as rédeas do cavalo até Jimin conseguir ver veias saltando - Eles estavam lá atrás de mim. O rei de Eliah deve ter descoberto sobre a minha viagem pelas cidadelas de Adaman.

- Então é por isso que aqueles soldados de ontem estavam atrás de você? - Jimin se lembrou das pessoas da noite anterior que perseguiam Jungkook com lanças e espadas.

- Naquele momento, eu já tinha recuado toda a população do vilarejo para um lugar seguro. Restava apenas salvar um garotinho cujos pais haviam morrido durante o ataque. Decidi ficar para trás, para resgatar a criança. Era o mínimo que eu poderia fazer depois do que houve... - o tom de voz do jovem rei era triste e angustiado. Jimin reparou que Jungkook se culpava bastante.

Então era um garoto o que ele segurava, o jovem Park pensou, lembrando-se do momento em que viu Jeon Jungkook surgir da escuridão da floresta com algo nos braços.

Foi a primeira visão que Jimin teve quando acordou naquele mundo.

- E por que está se culpando tanto desse jeito? - Jimin questionou - Você por acaso estava andando pelas cidadelas apenas para brincar?

- Na-não - Jungkook estava perplexo com a ousada forma de Jimin se dirigir a ele. Nunca antes alguém havia sido tão impetuoso com o jovem rei, por isso ele teve que pigarrear para se recompor, antes de tomar a palavra novamente - Eu visitava o meu povo para distribuir ração e produtos feitos pelo alquimista real para melhorar o solo e impulsionar o plantio. A época do inverno logo estará chegando, afinal de contas.

- Olha aí! - Jimin deu tapinhas no ombro de Jungkook e mostrou um polegar, num sinal de "legal" - Não tem motivos para você se sentir culpado. Fez um bom trabalho.

Mesmo desconhecendo o sinal de mão e não concordando totalmente com a afirmação do outro jovem, Jeon Jungkook se sentiu desconcertado com o elogio repentino.

Eles pararam algum tempo após a fuga, quando avistaram um riacho no vale entre duas colinas e quando constataram que parar ali era seguro.

Jeon Jungkook levou o cavalo até a margem para o animal beber da água, e Jimin se sentou pelas redondezas para pensar sobre o que faria dali por diante.

Em suas reflexões ele concluiu que tinha que aceitar o fato de que aquele lugar no qual estava não era fruto de um mero sonho, e nem mesmo de uma alucinação. A cada novo momento, as coisas ao seu redor ficavam mais e mais reais.

Mas o que exatamente tinha acontecido para Jimin aparecer naquele mundo tão distinto? Talvez a resposta disso pudesse lhe dizer também qual o jeito certo de sair daquele lugar.

Enquanto Park Jimin refletia intensamente sobre todas essas coisas, o jovem rei Jeon o analisava enquanto acariciava o pescoço do cavalo.

- Você é um feiticeiro interessante - Jeon Jungkook comentou.

- Eu não sou um feiticeiro, Jeon Jungkook, e nem um ômega. Eu só sou eu... - Jimin abaixou a cabeça e suspirou.

- Você me chamou pelo nome! - Jungkook arregalou os grandes olhos.

- Por acaso é um crime fazer isso?

- Sim - Jungkook sorriu.

Ah, pronto. Não tenho como ir pra casa, então só me resta ser condenado pelas leis deste lugar estranho, Jimin pensou, engolindo em seco.

Vendo a aflição do jovem Park, o rei sorriu ainda mais.

- Tudo bem, eu não ligo já que estamos a sós - ele deu de ombros.

Com isso, Jimin relaxou, mas logo em seguida um pensamento atravessou a sua mente.

- Er, senhor rei - Park Jimin chamou de repente depois de algum tempo.

- Pode me chamar de Jeon Jungkook, como fez antes - Jungkook disse.

- Okay. Então... Jeon Jungkook, se eu fizer um pergunta a você e ela te ofender, eu vou ser decapitado ou algo assim?

Jungkook riu.

- Só se a intenção da pergunta for, de fato, me ofender - ele respondeu, com um levíssimo toque de sadismo na voz.

- Certo. Então, quero deixar bem claro que eu NÃO tenho a intenção de ofender você... Mas você é rei mesmo?

- Eu não aparento ser um? - Jungkook não ficou com raiva, na verdade, ele até achou aquela questão muito engraçada. Ninguém antes tinha lhe feito uma pergunta tão ousada.

- Não é isso. É só que você é um rei meio estranho.

- Agora estou curioso em saber o porquê disso.

- Bem... Você não age como um. Tipo quando pescou aqueles peixes, e quando me trouxe até aqui para eu poder voltar à minha casa. E também tem aquilo que você me contou sobre visitar as cidadelas do seu reino para levar ração e tal... Geralmente os reis só ficam no trono, mandando os súditos fazerem as coisas por eles. Pelo menos foi isso o que eu li nos livros de história - Jimin explicou.

Jeon Jungkook então compreendeu o que o outro rapaz queria dizer.

O rei se moveu até se sentar ao lado de Jimin, estendendo os braços na frente do corpo e apoiando-os sobre os joelhos dobrados. Depois, ele exibiu um sorriso fraco e jogou uma pedra na superfície do riacho.

- Os livros de história que leu retratavam reis preguiçosos, não concorda? - Jungkook murmurou.

- É, pode ser... - Mas acho que não é isso, Jimin pensou, sentindo que havia algo que Jungkook não queria dizer.

- E então,... O seu feitiço para voltar para casa não funcionou? - o jovem rei mudou rapidamente de assunto, com uma destreza labial incrível - Por um momento eu realmente pensei que o veria afundando o chão de tanto cair.

Park Jimin forçou dramaticamente uma risada.

- Hahaha! Nem me lembre disso, eu não sei o que vou fazer a partir de agora, já que não consigo voltar para casa... - o pobre rapaz se encolheu, emburrado.

Jeon Jungkook novamente o achou engraçado e reprimiu um sorriso, colocando uma mão fechada sobre os lábios.

- Após a sua ajuda com os soldados inimigos na noite passada, eu terei o prazer em lhe prover um lugar para passar os seus dias aqui em Adaman, até que consiga voltar para casa, Feiticeiro - disse o jovem rei, tão gentil, tão polido; e ele ainda tirou algumas folhas presas ao cabelo de Jimin, de maneira cavalheiresca, como sempre agia.

O jovem Park de repente sentiu que deveria desviar os olhos para um ponto que não fosse o rosto de Jeon Jungkook. Os trejeitos do outro rapaz começavam a distraí-lo.

- Eu já disse que não sou um feiticeiro... - Jimin disse, fazendo um biquinho com os lábios.

- Desculpe-me, mas é que não sei qual outra forma de me dirigir a você.

- Meu nome é Park Jimin.

- Oh... Park Jimin. Soa agradável - Jungkook sorriu, exibindo uma fileira de dentes brancos e dois dentucinhos.

Por que ele sorri tanto? Jimin pensou, desviando os olhos mais uma vez.

Querendo mudar de assunto - e mudar o foco de seus pensamentos -, Park jogou uma pedra sobre a água, fazendo-a pular algumas vezes antes de afundar, e abriu a boca para dizer uma pergunta.

- Jeon Jungkook, o seu general é um alfa e, por isso, ele se transforma num lobo, certo?

- Sim. Kim Namjoon é um dos alfas mais habilidosos e fortes de Adaman - o jovem rei mostrava sentir orgulho pelo general Kim.

- Então você, que é alfa, também se transforma? E sente esses... Esses... Esses feromônios? - Jimin se sentia muito curioso com tais peculiaridades que só existiam naquele mundo.

Porém, para a sua completa confusão, a expressão do jovem rei se esfriou num segundo, e o olhar dele, que até aquele momento se mostrou ser tão vívido e brilhante, ficou sombrio como uma noite sem Lua.

- Eu... - Jungkook murmurou, e então se ergueu do chão - Eu devo retornar ao acampamento de minhas tropas. Já estou fora há muito tempo.

O rei andou até o cavalo e começou a ajustar as fivelas da cela, que estavam um tanto frouxas.

Por que ele ficou assim...? Eu não deveria ter feito essa pergunta? Jimin não conseguia entender.

Foi então que uma movimentação intensa nos arbustos próximos chamou a atenção dos dois. Jungkook puxou a espada e Jimin ficou alerta, ambos esperando pela aparição de outro soldado de Eliah.

No entanto, quem acabou aparecendo foram duas pessoas usando emblemas de Adaman em suas roupas. Uma delas era uma soldada das tropas reais, e ela se encontrava toda ferida, com cortes no rosto e braços, e uma flecha presa no ombro. A outra Jimin identificou ser trans. Elu vestia uma túnica vermelho-vinho, da mesma cor de seus cabelos em trança.

- O que houve!? - Jungkook logo viu que algo estava errado.

- Majestade - ambas se curvaram rapidamente para o rei. Em seguida, a soldada se apressou para falar, esforçando-se para não rugir de dor - Os inimigos de Eliah estão atacando o acampamento.

- Desgraçados... - o jovem rei subiu em seu cavalo com um salto e se virou para a pessoa de túnica - Curandeiro, cuide dela, por favor. E Park Jimin... - Jeon Jungkook encarou o outro rapaz - Conversaremos em outra hora. Fique aqui, é mais seguro...

- Majestade, espere! - a soldada se colocou diante do cavalo do rei com certa dificuldade - O general Kim acredita que a estratégia deles é atraí-lo para capturá-lo quando o senhor se aproximar do local da luta.

- Bem, parece que vão conseguir me atrair. Mas não deixarei que me peguem - Jungkook disse, com um olhar obstinado, e instigou o cavalo a correr.

O coração de Park Jimin estava saltando, quase alcançando a sua garganta. Ele se viu paralisado até depois de Jeon Jungkook ter sumido entre as árvores da floresta.

- Urgh, Keran! - Jimin ouviu a exclamação da soldado. Ela parecia estar sendo tratada pelo curandeiro, mas ele tremia um pouco - Se você não se concentrar, eu vou morrer não porque atiraram em mim, mas sim porque você não para de pensar no general Kim.

- De-desculpe-me, Miho... - Keran comprimiu os lábios e se concentrou na flecha presa ao ombro da soldada. Jimin quis desviar o olhar quando o curandeiro Keran puxou cuidadosamente a ponta enfiada na pele de Miho e então pegou um jarro em sua túnica para jogar sobre a ferida o líquido transparente que havia dentro dele. A mulher se contorceu de dor nesse momento.

- E-ei - Jimin se aproximou dos dois, e eles, assim que repararam no rapaz, arregalaram os olhos e curvaram suas cabeças.

- Ômega de Prata! - Keran e Miho disseram em uníssono.

- Na-não... - Jimin balançou a cabeça, mas não perdeu tempo explicando que não era o ser das profecias. Ele tinha algo mais urgente para pensar no momento - Me digam, a situação está muito séria lá?

- Sim, Vossa Magnificência. O general Kim propôs recuar pelo desfiladeiro que há ao norte, para diminuir a área de combate e dar tempo de fuga aos civis do acampamento - a soldada explicou, sua voz tomada de exaustão.

- Um desfiladeiro...? - disse Jimin, pensativo e preocupado - Vocês acham que o Jun... Que o rei e suas tropas conseguirão vencer? Sejam sinceros.

Miho e Keran trocaram olhares. Quem respondeu foi o curandeiro.

- O general Kim acha que, mesmo formando uma barreira na entrada do desfiladeiro, eles não conseguirão segurar por muito tempo. Eu o escutei dizer - Keran parecia extremamente ansioso. Seus olhos azuis estavam cobertos por uma camada opaca de preocupação.

Park Jimin cerrou as pálpebras e começou a roer a unha do polegar direito. Ele não estava gostando daquela situação. Por algum motivo, o rapaz sentia que não poderia ficar parado ali, apenas esperando por notícias. Talvez elas nunca viessem, já que Kim Namjoon havia falado palavras tão pessimistas a respeito da luta.

A parte mais profunda do âmago de Jimin sussurrava ao rapaz que ele deveria se mover e agir.

Mas como? Eu não sou forte, não posso lutar, isso seria loucura...Jimin dizia a si mesmo, ansioso até a ponta dos fios de seu cabelo.

Até que algo surgiu em sua mente e ele abriu um sorriso energizado.

- Eu não sou forte... Mas o inimigo não sabe disso - o rapaz murmurou, formulando uma ideia louca.

Em seguida, ele se virou para Keran e Miho.

- Vocês! O rei me disse que estavam levando para as cidadelas suprimentos e produtos feitos por um alquimista. O que são esses produtos?

Após um segundo de hesitação, a soldada Miho respondeu.

- São misturas estranhas, senhor... Acho que sais e metais...

- Metais! Quais metais!? - o peito de Jimin agitava-se.

- E-eu não tenho certeza, senhor... Talvez Keran saiba melhor, ele é discípulo do grande alquimista real.

Agora Keran era o centro das atenções, Jimin e Miho olhavam para ele com expectativa.

Reprimindo a timidez e tentando controlar o nervosismo, o curandeiro respirou fundo antes de falar.

- A-acredito que magnésia e...

- PERFEITO! Haha! - Jimin esfregou uma mão na outra - Como vocês dois vieram pra cá?

- Miho veio montada em mim, Vossa Magnificência. Sou um ômega - disse Keran.

- Você consegue me levar rapidamente até os depósitos de magnésia do acampamento e depois ao desfiladeiro?

- Si-sim, mas o que Vossa Magnificência está planejando fazer...? - Keran franzia o cenho.

Os lábios de Jimin então se abriram num grande e brilhante sorriso.

- Estou planejando dar um show pirotécnico aos soldados de Eliah - ele disse.

Após Keran se metamorfosear em um lobo de pelagem escarlate, Park Jimin subiu em suas costas - usando uma coragem tirada da adrenalina que corria em suas veias - e os dois saíram em disparada, rumo ao acampamento, que era a sua primeira parada.

Espere só um pouco, Jeon Jungkook. Hoje eu irei ser o seu Ômega de Prata, Jimin pensou.

~♛🌕🌖🌘🌑♛~

#LOBODEPRATA


Ei, você aí... Antes de ir embora poderia, por obséquio, deixar o seu VOTO? Votos ajudam as histórias a crescerem e incentivam o autor a continuar a escrever💜

O que acharam do capítulo de hoje? Vocês se divertiram? Estão gostando do rei Jeon Jungkook? O que será que ele esconde? E esse final... Jimin está planejando um "show pirotécnico" , hehehe... No próximo capítulo vocês irão ver o que esse doido pretende fazer!!

[Vos apresento dois personagens que já foram citados e que, talvez, vocês não conheçam: Keran e Yeseo. Lu Keran, na vida real, é integrante de um grupo C-pop chamado Fanxyred. Que eu saiba, Lu Keran não é um homem trans, mas, nesta história, Keran será ELE. Já Yeseo é uma integrante do grupo coreano Busters, ela é uma das idol's mais novas do K-pop]

Por hoje é isso, gente😘 Se está gostando da história, compartilhe ela com os seus amigos fanfiqueiros e use a tag #LoboDePrata para comentar sobre a fic no Twitter, eu adoro conversar por lá :3.

Muito obrigada pelo carinho e apoio! Estarei voltando logo, juro juradinho💜

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