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|18|♛|Prelúdio da Queda|

OLHA SÓ QUEM VOLTOU?!

Gente, estamos nos aproximando da parte mais tensa da história, então fico revendo constantemente o que devo colocar nela (palavras, frases, parágrafos inteiros, ...). A cada novo capítulo a minha curiosidade para saber qual a reação de vocês diante de certos acontecimentos aumenta. Por conta disso, neste eu terei especial interesse pelos vossos comentários, assim como tive bastante no anterior (vocês sabem o porquê, hehe). Sendo assim, COMENTEM MUITO, POR FAVOOOOR!! E não me matem também, pelo amor de Deus, eu sou sensível.

Deixe seu ⭐VOTO⭐ , leia as notas finais e use a tag #LoboDePrata, cada uma dessas ações são muito importantes para mim e para história😚

BOA LEITURA, GOSTOSÕES💜

♛|Prelúdio da Queda|

As botas escuras de Jeon Jungkook pisavam no chão de verniz que revestiam os corredores da ala dos aposentos reais, causando ecos enquanto ele se dirigia ao próprio quarto após ter enfrentado uma longa noite de reuniões com seus guardas e com representantes de diferentes clãs do reino que estavam ali presentes.

Havia passado dois dias desde o grande caos, dois dias de trabalho frequente tendo que reorganizar a ordem e a segurança local, enviando cartas e mensageiros para diferentes pontos de Adaman avisando sobre os últimos acontecimentos e despachando ordens, debatendo com conselheiros e nobres sobre o que fariam a seguir, entre outras várias coisas. E como se não bastasse haver tantas questões a tratar, o jovem rei ainda tinha que lidar com cada uma delas sem demonstrar o vazio que o corroía silenciosamente.

As circunstâncias simplesmente não tinham lhe permitido um momento para pensar no irmão morto. Um instante de luto que fosse digno.

Jungkook não podia revelar o que se passava por baixo de sua face polida e sublime diante de seus súditos. Como soberano daquelas terras, ele deveria agir friamente e sem fraquejar, para que inspirasse e guiasse adequadamente os seus seguidores.

Manter a ordem e a calma era outra de suas responsabilidades. Esse foi um dos últimos ensinamentos deixados por Wang Nara antes de ela partir para o além vida.

Sendo assim, por ter mantido a pose gélida durante tantas horas, só notou o peso da exaustão quando avistou as portas de seu quarto.

Depois que passou pelos guardas do corredor, Jungkook se permitiu diminuir o ritmo imponente das passadas e exalou um suspiro longo e trêmulo.

Tocou a maçaneta da porta e a girou com cuidado, evitando fazer barulho, pois não queria chamar a atenção de quem estava ali dentro, em sua cama, debaixo de suas cobertas quentes.

"Faltam poucas horas para o Sol raiar, ele já deve ter adormecido há algum tempo...", pensou, e adentrou o cômodo amplo. Logo viu que estava certo.

Após fechar a porta atrás de si, ele observou o rapaz que dormia numa das extremidades da cama. A face adormecida tinha recuperado um pouco do rubor costumeiro, mas ainda parecia pálida demais. Os olhos se mexiam por baixo das pálpebras fechadas e os lábios rosados e cheios comprimiam-se levemente, denunciando um sonho agitado. Park Jimin estava mergulhado num sono profundo, em algum universo que Jungkook temia que fosse distante demais.

Quase não reparou em dois servos que ainda esperavam pelo retorno do rei. As faces cansadas, porém determinadas, pareciam ansiosas para realizarem suas obrigações.

ㅡ Majestade. ㅡ Reverenciaram-no num tom de voz baixo e se apressaram para despi-lo. Tiraram-lhe a capa vermelha, os acessórios de prata que revestiam o peitoral, depois o sobretudo negro, as calças e as botas, e o deixaram apenas com as roupas de baixo.

ㅡ Preparamos o vosso banho, senhor ㅡ disse o servo mais velho, um homem de meia idade que cuidava dele desde a adolescência, e apontou para a banheira no canto mais afastado do quarto.

Jungkook notou o vapor de água se elevando na atmosfera e pensou que um banho quente seria muito bem-vindo naquela noite tão congelante.

ㅡ Obrigado. Podem ir, farei tudo sozinho.

Dispensados, os servos curvaram-se numa reverência e saíram dos aposentos reais, tão silenciosos quanto sombras. Agora, sob a quietude do quarto, Jungkook tirou as vestes íntimas e mergulhou na banheira quente. Seus músculos tremeram de prazer quando sentiram a alta temperatura atravessar os poros da pele, a água condensada roçando no pescoço forte, no rosto e nos cabelos com fios que já atravessavam a mandíbula. Em breve teria que convocar um cabeleireiro para corrigir sua aparência.

Ao pensar nisso, ele olhou para o próprio reflexo sobre a superfície da água e analisou o que via.

Exaustão, olhos fundos, palidez e pontos de tensão pelo rosto. A luz dos braseiros fazia questão de destacar o cansaço que ele carregava na face.

Jimin ficará preocupado se acordar e ver isso, pensou, melancólico.

Depois de lavar-se com um sabonete e com líquidos aromáticos deixados pelos servos, Jungkook emergiu da água e pingou pelo quarto até alcançar um roupão pendurado num suporte. Enxuto e limpo, ele decidiu se metamorfosear no lobo negro, pois aquela forma iria esconder as suas feições castigadas.

Moveu-se até a cama e, num movimento quase imperceptível, arrastou-se pelos cobertores, parando ao lado de Jimin e deitando a cabeça lupina num travesseiro desocupado. Ainda que estivesse cansado, não resistiu aos próprios anseios e decidiu ficar mais algum tempo acordado para poder observar o ômega adormecido. Era estranhamente prazeroso fazer isso, principalmente após terem ficado distantes um do outro durante meses. Zelar por aquele garoto, ter certeza de que ele dormia bem e de que nada iria afetá-lo durante o sono acalmava o peito do jovem rei.

Essa calma viu-se momentaneamente maculada quando Jungkook notou que, mesmo com braseiros espalhados pelo quarto e com a lareira ardendo próximo à cama cheia de grossos cobertores, Jimin ainda sofria com o frio da noite invernal. Suas mãos contraíam-se em espasmos, e seus lábios e unhas estavam arroxeados .

Com um grunhido baixo de frustração, o alfa se aproximou do garoto e colou o corpo lupino ao dele para que ficasse aquecido. Depois de alguns instantes, percebeu que aquela tinha sido uma boa ideia. Jimin agora dormia calmamente, sem tremores ou espasmos, e seus lábios quase sorriam durante o sono.

Jungkook ficou satisfeito, e isso fez com que seu rabo balançasse atrás dele, batendo suavemente na cama.

"Certo, está na hora de dormir", era a sua consciência falando, dando um conselho para si mesmo. Pretendendo obedecê-la, deitou a cabeça no peito de Jimin e fechou os olhos. Em seguida, concentrou-se no som dos batimentos cardíacos do parceiro para mergulhar no sono rapidamente. Isso teria acontecido se um segundo batimento cardíaco, vigoroso e agitado, não tivesse atravessado suas orelhas peludas e pontudas.

Hm? — Os olhos vermelhos do jovem rei seguiram a origem do som até paralisarem sobre o ventre alto do ômega. Suas pupilas dilataram quando ele se deu conta de quem era o responsável por aquele pulsar misterioso.

O rabo passou a balançar com mais força.

Com o focinho úmido, ele cutucou a barriga inchada e a acariciou, esperando que o ser lá de dentro pudesse senti-lo de alguma forma. Quase uivou de animação quando obteve uma resposta em forma de chutes que balançaram o ventre.

Acabou acariciando novamente a barriga de Jimin, dessa vez sendo movido completamente pela euforia e ignorando o fato de que o garoto ainda dormia. Era sua primeira vez entrando em contato com o filho, afinal de contas!

E os chutes continuaram, agitando o ventre como se o bebê estivesse se comunicando por meio de um código morse bem irregular. Jungkook não era o único que se divertia naquele momento.

A brincadeira só acabou quando escutou-se um arquejo de susto.

Quando o jovem rei virou a cabeça, encontrou o rosto de Jimin branco como se tivesse visto um fantasma, e os olhos arregalados saltando das órbitas.

ㅡ Caralho, Jungkook! Eu quase tive um derrame aqui! ㅡ exclamou o ômega, soltando o ar que havia prendido.

Por que seu coração está batendo tão rápido? Teve um pesadelo? ㅡ Parecia haver um tambor no peito de Jimin.

ㅡ Não. Acontece que eu não 'tava preparado pra encontrar um cachorrão peludo em cima de mim quando acordasse.

Oh... ㅡ Jungkook lembrou-se de que estava na forma lupina e viu que Jimin tinha razão. ㅡ Desculpe-me.

ㅡ O que estava fazendo? De repente comecei a me sentir dentro de um liquidificador.

Outra palavra estranha do estranho vocabulário do ômega, mas Jeon Jungkook já estava acostumado com aquele jeito esquisito de Jimin se expressar.

O bebê se mexeu. Ele sentiu-me, Jimin. ㅡ Seus olhos brilharam instantaneamente, deixando o parceiro atordoado com a felicidade contida neles.

E como se soubesse que era o assunto da conversa, o bebê moveu-se mais uma vez.

ㅡ Misericórdia, ele bateu na minha costela! ㅡ Jimin fez uma careta e inclinou um pouco a coluna para o lado.

Jungkook latiu uma risada e pôs a cabeça sobre a barriga.

Pare de machucar o papai, pequeno ㅡ murmurou com a voz profunda, dirigindo-se à criaturinha dentro do ventre.

O casal não sabia como, mas, de alguma forma, o bebê compreendeu o pedido do alfa e se aquietou, oferecendo um momento de paz às costelas de Jimin.

ㅡ Ah... ㅡ Suspirou o garoto. Suas mãos alcançaram o ventre quieto e acariciaram as laterais. Seu cenho ficou franzindo enquanto encarava a elevação que puxava o tecido das roupas de dormir. ㅡ É tão estranho... Ter uma pessoa dentro de você, é estranho. Mas ele me fez companhia durante todo o tempo em que você esteve fora. O Soobin também esteve comigo, mas é diferente porque ele ㅡ apontou para a barriga, referindo-se ao bebê não nascido ㅡ ficou comigo vinte e quatro horas por dia, literalmente. Então estar neste estado não me assusta mais. Só é... estranho.

Jeon refletiu sobre as palavras do garoto durante alguns segundos e voltou a deitar a enorme cabeça lupina em seu peito.

Eu queria ter voltado antes. Sinceramente tentei.

ㅡ Sei disso, não estou te culpando, nem nada do tipo.

Ainda assim... ㅡ Jungkook grunhiu baixinho e exalou ar pelo focinho. ㅡ Foram os dias mais angustiantes de minha existência. Não posso afastá-lo de mim outra vez.

O jovem Park encarou-o nos olhos, vermelho no vermelho.

ㅡ Volta pra sua forma humana, por favor. Eu quero ver o seu rosto, Jungkook ㅡ pediu, comprimindo os lábios carnudos.

Por exaurir as pretensões iniciais do jovem rei, o pedido demorou alguns instantes para ser cumprido. Jungkook metamorfoseou-se de volta à forma humana, exibindo o corpo despido recém-banhado, a pele dos músculos fortes ainda corada e brilhante por causa da água quente, e os cabelos negros agrupados em mechas úmidas.

ㅡ Por que você 'tá pelado? ㅡ As sobrancelhas de Jimin se arquearam.

ㅡ Acabei de tomar um banho.

Silêncio. Olhares longos e observadores foram oferecidos.

ㅡ Não faz isso, é injusto... Sabia que gravidez aumenta a libido? Eu 'tô sofrendo aqui porque os malditos curandeiros disseram que não posso fazer nada. ㅡ O ômega bateu as mãos na cama e agitou as pernas por baixo das cobertas. A cara emburrada, com um biquinho nos lábios e cenho franzido, fez-se presente.

Os ombros de Jungkook vibraram com a risada que ele soltou. Sua mão ㅡ que era quente, cuidadosa e suave, mesmo com todos os calos dos anos de treino com espada ㅡ acariciou a barriga do garoto.

ㅡ Sim, porque, afinal... faltam poucas semanas para conhecê-lo ㅡ murmurou o alfa.

ㅡ Saber que gestação de ômegas dura tão pouco não me deixa nenhum pouquinho mais relaxado ㅡ balbuciou Jimin. Logo depois, num ato travesso, ele se arrastou para o lado, aproximando-se do corpo de Jungkook, e pôs as mãos sobre o peitoral despido. Sentiu o outro tremer no instante em que suas peles se tocaram.

ㅡ Pare, Jimin... ㅡ O rei tirou as mãos dele devagarinho e lhe mostrou um olhar tristonho. ㅡ Estou há meses longe de você. Isso só deixa a minha situação mais complicada.

ㅡ Eu sei. Desculpa, só quis brincar. Queria te distrair de algum jeito. ㅡ Jimin encostou a testa na curva do pescoço alheio e suspirou fundo. ㅡ Você 'tá cansado. Muito cansado. Eu consigo ver e sentir, sabia? Virei tipo um telepata quando o assunto é Jeon Jungkook. Não adianta se esconder atrás daquela cabeçona de lobo.

O rei poderia ter rido, mas, se o fizesse, o nó que tentava sustentar em sua garganta iria se desfazer. Então, ao invés disso, mergulhou num profundo silêncio engasgado.

Ao seu lado, o ômega se remexeu e segurou suas mãos.

ㅡ Jungkook... meu amor ㅡ Jimin experimentou chamá-lo assim ㅡ, de onde eu vim, a melhor forma de lidar com os problemas, principalmente com os sentimentos, é conversando com alguém que te escute. Eu 'tô aqui te escutando.

Passou-se mais um instante de silêncio. O alfa planejava em sua mente alguma resposta simples sem muita carga emocional para entregar ao parceiro. Algo que o livrasse de ter aquela conversa.

Jimin, no entanto, claramente não iria deixá-lo fugir do assunto. Aqueles olhos puxados, caídos e vermelhos o encaravam com uma determinação palpável.

"Não vou permitir que você se afogue no meio de toda essa merda", pareciam dizer.

Então, cedendo a ele, Jungkook sussurrou palavras:

ㅡ Se minha chegada em Adwan tivesse sido menos tardia, eu poderia ter lutado ao lado dele para matar o monstro. ㅡ O nó doía no topo da garganta. Falar de Yoongi era excruciante. ㅡ Nunca lutamos juntos num embate real. Nunca... Poderia ter sido nossa primeira vitória como irmãos. Se eu ao menos tivesse notado a armadilha a tempo... Fui um tolo. Um rei tolo. Um irmão tolo.

ㅡ Não. Não foi. Nada disso é culpa sua. ㅡ Os olhos de Jimin ficaram sombrios. Ele queria xingar e dizer que aquele mundo era o verdadeiro culpado, que as circunstâncias os levaram àquele ponto porque, muito provavelmente, estavam seguindo um roteiro para chegarem ao final da história. Que algo grande e desafiador ainda viria. Que Jungkook não era o culpado de tudo, mas, sim, uma vítima do próprio destino.

Ele queria gritar sobre o livro que guardava no fundo mais fundo da estante de seus aposentos, sobre a história que era gravada naquelas páginas sempre que um acontecimento grande surgia, sobre o futuro que parecia cada vez mais incerto ao longo dos parágrafos grifados. Mas não o faria, principalmente agora, pois com que cara diria a Jeon Jungkook que a morte do irmão dele foi fruto de um jogo narrativo?

Além disso, se havia alguém com real carga de culpa ali, era o próprio garoto. Jimin era o único que sabia que as coisas iriam seguir por um caminho difícil, e ele tinha um livro mágico em mãos do qual poderia tirar ao menos uma pequena informação, por menor e aparentemente inútil que fosse.

Mas esse era outro detalhe que também não poderia ser dito. Então, sem argumentos para oferecer, Jungkook assumiu sua negativa como um ato de simples bondade e preocupação. O gesto de um amante que não queria ver o outro na miséria.

Após um suspiro longo, o jovem rei se virou na cama, cobriu-se com o cobertor e se deitou próximo a Jimin, oferecendo-lhe o ombro para que apoiasse a cabeça ali. Em seguida, balbuciou:

ㅡ Eu não pretendia ser rei. Em minha infância, ainda que todos me dissessem que um dia a coroa seria minha, eu ainda acreditava que Yoongi iria ascender ao trono. Ele sempre foi meticuloso e um bom aprendiz, características perfeitas para um chefe de Estado exemplar. Até minha décima primeira noite luar acreditei que, no futuro, iria me tornar o general de meu irmão, com Kim Namjoon guiando as tropas do reino comigo. Eu seria a mão direita de Yoongi. Ainda acreditei nessa possibilidade durante um bom tempo, antes de a Grande Rainha falecer. ㅡ Interrompeu a própria fala no final, e um sorriso melancólico curvou seus lábios. ㅡ Sei que estou parecendo um irmão caçula que idolatra o mais velho.

ㅡ Hm, eu acho que isso é normal de acontecer. Só mostra que se gostavam muito. ㅡ Jimin acariciava as mechas úmidas do cabelo de Jungkook, brincando com as gotas de água. ㅡ Sabe... Quando te conheci, percebi que você agia como se não se sentisse digno de carregar uma coroa.

O alfa foi pego de surpresa, e virou os olhos como uma criança que tentava esconder um pequeno crime. Jimin continuou jorrando seus pensamentos:

ㅡ Eu pensava que era porque você não era um alfa completo. Mas agora acho que tem mais motivos por trás. Isso que me contou são esses motivos.

ㅡ Pare de ler a minha mente, Vossa Magnificência. ㅡ Jungkook conteve uma risada.

ㅡ Você é digno. E Yoongi também achava isso. ㅡ Jimin não sorria. ㅡ Com o pouco tempo que passei com ele e com as poucas conversas que tivemos, eu consegui perceber... Yoongi te respeitava muito.

O semblante do rei se fechou, perdendo o sorriso e a compostura.

Pairou sobre eles outros segundos de silêncio.

Pelo canto do olho, o ômega pôde ver uma lágrima caindo pela lateral da face do alfa. Sentiu um aperto no peito, um pouco mais agudo e corrosivo que os outros que vinha sentindo nos últimos dias.

ㅡ Quando amanhecer, colocarão a estátua sobre o túmulo dele. ㅡ Foi tudo o que saiu da boca de Jungkook após a prolongada quietude.

ㅡ Dessa vez eu vou contigo até lá, e vou segurar sua mão.

O jovem rei deveria dizer ao ômega que não, que ele ainda não podia sair do quarto porque precisava manter o repouso absoluto, que poderia fazer isso sozinho, assim como no enterro. Mas não conseguiu. No lugar disso, balbuciou um "Obrigado" e deixou outra lágrima cair.

🌕🌖♛🌘🌑

Foi a vez de Jimin deixar uma flor sobre o túmulo do príncipe morto. Aproveitou que a terra que cobria a cova ainda se encontrava exposta, sem lápide e sem estátua.

Devagar, para homenagear o falecido, ergueu-se da cadeira onde estava sentado até aquele momento ㅡ que havia sido preparada especialmente para ele, devido à sua condição ㅡ e se aproximou de seu objetivo.

Com uma mão entrelaçada à de Jeon Jungkook, tendo-o como apoio e também oferecendo apoio a ele, inclinou-se para entregar a flor ao chão. O peso do corpo tentou tirar-lhe o equilíbrio, mas o parceiro, num movimento sutil, o ajudou a se reerguer e voltar à cadeira.

Havia mais pessoas naquele dia do que na primeira cerimônia de enterro, a maioria era formada por membros de clãs de Adaman que tinham vindo das regiões vizinhas à capital para prestar suas condolências ao rei e demonstrar respeito à família real. Um gesto de generosidade e também de lealdade.

Os mais próximos, aqueles que de fato conheceram Min Yoongi, tentaram trocar algumas palavras com o alquimista Jung Hoseok, cuja figura parecia vazia de qualquer tipo de brilho enquanto assistia ao segundo dia da cerimônia fúnebre. Além deles, alguns parentes do clã Jung também se aproximaram num gesto solidário. Hoseok, contudo, afastou todos. Ele queria ficar sozinho.

Depois de alguns cânticos e orações aos deuses, servos moveram-se para a montagem da lápide. Quando finalizaram, fixaram sobre ela a estátua com a face do príncipe Min.

O Alquimista Real, ao contrário dos demais, preferiu abaixar a cabeça. Ele não queria se lembrar do rosto de Min Yoongi daquela forma, estático no mármore cinzento.

Ainda não.

Que precisasse olhar para a maldita estátua somente quando estivesse se esquecendo das características do príncipe. Talvez dali a algumas décadas ele viesse a agradecer pela existência daquela coisa. Por enquanto, Hoseok só queria chutá-la.

ㅡ Senhor Jung ㅡ chamou uma voz. Em outros tempos ela seria vibrante como a de um adolescente hiperativo, mas agora hesitava e parecia tão melancólica quanto o clima daquela manhã.

ㅡ Park Jimin... ㅡ murmurou sem energia. Os olhos castanhos como âmbar repararam na cadeira estranha debaixo do ômega. Ela tinha rodas e o ajudara a se mover até ali. ㅡ Cadeira curiosa a sua.

ㅡ Ah, é... Eu pedi aos ferreiros do castelo pra que fizessem pra mim o mais rápido possível. ㅡ Jimin acariciou os apoios de mão. ㅡ Não queria deixar de vir.

ㅡ Interessante. Vocêㅡ corrigiu-se rapidamente ㅡ Vossa Magnificência nos apresenta coisas inéditas desde o princípio. ㅡ Seu tom era indiferente e frio. Se estava realmente impressionado com a cadeira de rodas, não pareceu. Park Jimin também sentiu lá no fundo a mudança de tratamento.

Aparentemente a breve amizade que tinham formado morrera com o príncipe Min.

Com sentimentos pesados transbordando no peito, Jimin voltou a abrir a boca para falar:

ㅡ E-eu... eu queria ter tentado naquele dia. ㅡ As palavras que estavam entaladas na garganta do ômega finalmente jorravam, saíndo num murmúrio engasgado que tentava reprimir o nó da garganta. ㅡ Hoseok...

ㅡ O que aconteceu depois que Vossa Magnificência fugiu da besta? ㅡ Jung questionou de repente, ignorando as palavras do outro. ㅡ Não consigo parar de pensar nisso. O encontramos inconsciente no alto de uma das torres do palácio... Se a besta o perseguia, como conseguiu escapar dela desmaiando? ㅡ Sua voz ficava cada vez mais acusativa. ㅡ Ela veio atrás de você, não estou certo? Não é isso o que estamos especulando desde a primeira aparição dela?

Jimin engoliu em seco e selou os lábios. Ele já estava prevendo onde aquela conversa iria parar.

O alquimista ainda acrescentou:

ㅡ Perdão, mas... Quando o encontramos, vimos também uma árvore semelhante aos brotos que você criou naquele dia para matar as raposas que estavam nos enfeitiçando. Mas essa árvore era bem maior que os brotos. Ela não foi feita para segurar uma pequena raposa, senhor Park Jimin, porque eu analisei o interior e vi somente um vazio. E mais! Nesse vazio, as paredes da árvore eram moldadas como se tivessem a intenção de prender uma criatura enorme. Procurei por arranhões e por algo retorcido que pudesse indicar que a tal criatura tinha conseguido escapar da prisão por conta própria, mas, no lugar, encontrei uma abertura grande feita de modo natural com a madeira do tronco. Uma porta de saída para o prisioneiro. ㅡ A cada conclusão, os olhos dele ficavam mais afiados, e seus feromônios mais agressivos.

Aquilo e a profusão de sentimentos culpados imprimiram ao ômega uma tensão instantânea, um tremor causticante. Os olhos castanhos que o observavam estavam tomados por luto e desconfiança.

ㅡ Será que Vossa Magnificência é capaz de me explicar como escapou, em sua frágil condição, das garras daquele monstro? O que exatamente aconteceu naquele dia? ㅡ Cada palavra proferida por ele era como uma lâmina sendo enfiada no peito de Park Jimin.

O garoto manteve-se calado, imerso na mudez dos que se assumem culpados.

"Eu libertei a besta. A besta é o meu amigo. E porque o libertei, o meu amigo matou o meu outro amigo.", o raciocínio atravessou sua mente, arrasando tudo pelo caminho.

Poderia ter mantido Kim Taehyung preso. Poderia ter tentado convencer a todos de que não fazia sentido aquele garoto ser o tal monstro que matou a mãe de Min Yoongi, infernizou a vida de cidadãos de Adaman e que invadiu o castelo na noite luar de Jeon Jungkook. Simplesmente não fazia.

Talvez faria se o monstro não tivesse aparecido durante a festa do rei, tentando atrair Jimin com seus feromônios estranhos; porque, naquele momento, se Taehyung fosse a besta, ele já poderia ter reconhecido o amigo e interrompido suas próprias ações. Mas não houve interrupção, e sim um quase massacre, uma luta sangrenta que mudou o rumo de tudo.

Além disso, a figura dos dois monstros eram diferentes. O primeiro que surgiu parecia mais um demônio, com braços e pernas completamente deformados e um rosto desfigurado e pútrido. Já o segundo, Kim Taehyung, quase poderia se passar como um alfa normal se não fosse a anatomia humanóide demais e as patas um tanto desproporcionais.

Não poderia ser a mesma criatura, definitivamente. Mas, naquele dia, quando viu Taehyung inseguro, tremendo e falando coisas sem nexo, Jimin ficou tão atordoado e pensou em tantas coisas ao mesmo tempo que não conseguiu raciocinar sobre o futuro, sobre as consequências de deixá-lo ir embora.

E as consequências vieram como um soco no estômago. Um murro com punhos de metal cheios de pregos pontiagudos incrustados.

Jung Hoseok viu todos os sentimentos atravessando os olhos caídos de Park Jimin e tirou as próprias conclusões a partir dessa análise, sem esperar pela resposta do ômega à sua pergunta, pois sabia que nada sairia dos lábios dele naquele momento.

Engoliu a raiva, a decepção e a frustração, mas não conseguiu engolir suas próximas palavras.

ㅡ Vossa Magnificência permitiu que a besta fugisse?

Foi como um baque, e quem estava próximo o bastante para conseguir escutar a conversa também o sentiu. Inclusive Jeon Jungkook, que tinha se aproximado após ter sentido os feromônios agressivos se intensificando ao redor de Park Jimin.

O passo do rei hesitou. Sua respiração ficou presa.

ㅡ Veja bem o que está supondo, alquimista Jung. Tome cuidado com as palavras que profere. ㅡ Ele deu um aviso.

A pressão da atmosfera aumentou com o choque de feromônios agressivos. Agora todos conseguiam perceber que havia um conflito ali.

Os olhos de Hoseok foram do ômega para o rei, estreitos e pesados por causa das lágrimas que seguravam. Após um segundo, ele se deu conta do que estava fazendo. Estava acusando o Ômega de Prata, que também era noivo do monarca de Adaman, de um ato vil. E o fazia em público, sem escrúpulos.

"Eu acho que estou ficando louco", pensou ele, e suas pernas cederam, caindo no chão de joelhos.

ㅡ Perdão ㅡ balbuciou como um derrotado. ㅡ Eu falei coisas sem sentido para Vossa Magnificência.

ㅡ Senhor Hoseok, por favor, não faz isso. Eu... ㅡ "Eu não mereço seus pedidos de desculpas", Jimin não conseguiu completar, porque já estava no limite.

A cerimônia acabou. ㅡ A voz imperativa de Jeon Jungkook alcançou não só eles como toda a multidão, sem precisar elevar o tom, mantendo-se profunda e atordoante.

Após gestos de respeito e reverências, as pessoas começaram a se retirar, algumas lançando breves olhares para trás, observando a discussão dos três. Apenas a guarda real e os servos pessoais de Jimin permaneceram com o trio, prontos para realizar qualquer trabalho que fosse exigido.

Com um semblante sombrio tomando a face, Jungkook aproximou-se de Jimin e segurou as costas da cadeira de rodas, dando a entender que o arrastaria para longe dali.

Antes que pudesse fazê-lo, porém, o ômega saltou da cadeira e se ajoelhou no chão diante de Hoseok.

Cabisbaixo, balbuciou em lágrimas:

ㅡ Eu não sou o deus que vocês precisam. Não sou. Não sei o que fazer, nem mesmo sei controlar os meus poderes direito... Eu queria ter tentado, eu realmente queria ter salvado o Yoongi. Eleㅡ O fôlego escapou num engasgo de lamúria ㅡ ele também tinha se tornado alguém importante pra mim, não só por ser irmão do Jungkook, mas também por ter virado meu amigo. Se eu pudesse... Se eu puder... quero mudar tudo isso, senhor Jung. Sinto muito. Sinto muito, de verdade.

O alquimista nada falou, apenas manteve-se quieto e encarando o chão congelado com neve. Parecia um boneco vazio, uma estátua tão imóvel quanto a da lápide do príncipe Min. Era difícil encará-lo e ver que metade de sua alma vibrante havia se tornado cinzas.

Park Jimin teria continuado ali, diante dele, no meio do frio, se Jungkook não tivesse se aproximado e o erguido, colocando-o de volta à cadeira com cuidado. Empurrou-o até retornarem ao castelo, o silêncio pesado os perseguindo junto com os servos e a guarda real.

Quando atravessaram os portões da entrada principal e subiram os andares até a ala dos aposentos reais ㅡ com Jeon Jungkook carregando Park Jimin pela escadaria para que ele não se exaurisse com as dezenas de degraus ㅡ, o rei parou e ficou estranhamente quieto durante alguns segundos. Sua voz ressurgiu com ecos causados pelas paredes altas e lustrosas.

ㅡ Eu também vi a árvore naquele dia, quando o encontrei caído. E igual a Jung Hoseok, também a analisei e criei algumas teorias..., mas preferi anular todas elas. ㅡ Um suspiro entrecortado que, para os ouvidos de Jimin, parecia uma terrível premonição. ㅡ Por quê? Apenas... diga-me um porquê. Aceitarei qualquer explicação.

"Por que libertou o monstro?", foram as palavras que ele se recusou a proferir.

Não adiantava mais fugir da verdade.

ㅡ O monstro que apareceu desta vez não é o mesmo que matou a mãe do seu irmão. Ele... Por trás daquele corpo horrível, tem uma pessoa, e essa pessoa é um amigo do mundo de onde vim.

Uma pausa para que Jungkook pudesse processar as informações lançadas. O semblante do alfa estava ilegível e sombrio.

Com a garganta seca, Jimin prosseguiu:

ㅡ Não sei como ele veio pra cá, assim como não sei como eu vim pra cá. Virei esse... Ômega de Prata sem ter feito nenhuma escolha, e ficou óbvio pra mim que ele também virou aquilo sem querer. Taehyung nunca faria mal a uma mosca...

Um brilho afiado cruzou o olhar do rei.

ㅡ Taehyung... matou o meu irmão. Ele também fez isso sem querer?

ㅡ E-ele... ㅡ As palavras morreram na boca do ômega, deixando um sabor amargo que revirou seu estômago. ㅡ Eu não entendo...

ㅡ Também há muitas coisas que não entendo.

Jungkook colocou o garoto de volta à cadeira de rodas ㅡ que havia sido trazida por um dos servos ㅡ, deu um passo para longe dele e se virou, ocultando a visão de seu rosto. Entre os dois, um muro de gelo invisível foi erguido.

ㅡ Irei ver o Soobin ㅡ disse ele, por fim, num murmúrio repleto de amargura, e saiu andando pelos corredores imensos até sumir completamente da vista de Park Jimin.

Deixado para trás com alguns servos e soldados, o ômega se encolheu na cadeira e abraçou o próprio colo. Sentia-se péssimo, culpado e débil. As lágrimas que caíam silenciosas ensopavam o colarinho da camisa bege que ele usava. Um servo foi gentil o bastante para arranjar um lenço e enxugá-las cuidadosamente com ele. Quando sentiu as bochechas secas de novo, Jimin balbuciou um agradecimento e pediu para ser ajudado a chegar aos aposentos pessoais. Foi prontamente atendido.

Trancou-se lá no momento em que entrou no cômodo.

Encarou o armário branco de madeira entalhada que ocupava uma parede inteira do aposento e o revirou até encontrar o maldito livro que gravava toda a história daquele mundo. Com ele em mãos, buscou uma borracha na gaveta de uma escrivaninha que havia ali, depois folheou as páginas até chegar àquela onde a morte de Min Yoongi fora traçada e tentou apagá-la.

Pensou na possibilidade de que, se apagasse, aquilo poderia ser desfeito de alguma forma.

Não funcionou. Usou tanta força que sua mão direita ficou vermelha e com calos, e a borracha se esfarelou. As palavras continuaram gravadas na folha amarela, num preto vibrante que parecia rir da cara de Park Jimin.

Ele então tentou arrancar a página. Puxou e puxou, pretendeu rasgá-la, mas parecia ser feita de aço maleável. Procurou uma tesoura e a usou para cortar as cordinhas que prendiam as folhas, mas mesmo elas eram impossíveis de serem rompidas.

ㅡ Droga! Droga! ㅡ Chorando de ódio, Jimin arremessou o livro de volta ao armário e caiu no chão, desistindo de uma vez por todas.

🌕🌖♛🌘🌑

Jung Hoseok quase achou engraçado o fato de que provavelmente iria ser o último a sair do cemitério do palácio. De novo. Uma repetição proposital do dia anterior, como se em vinte e quatro horas nada tivesse mudado.

Bem, de fato, nada tinha mudado. E como poderia, afinal de contas?

Dessa vez, contudo, ainda havia os coveiros. Eles permaneceram para cuidar dos últimos detalhes da lápide, fixando um pouco mais a base no chão que estava endurecido pelo gelo do inverno.

Enquanto trabalhavam, trocavam conversas num tom de voz alto.

O alquimista os encarou com um suspiro. Geralmente gostava de multidões e do barulho delas, dos falatórios vibrantes e das risadas agitadas. Naquele momento, porém, tudo o que ele queria era o silêncio, pois parecia que cada mísero som tinha a capacidade de lhe atingir os tímpanos como irritantes alfinetadas.

"Acho que retornarei mais cedo para a minha estufa", pensou ele, apertando as têmporas com as pontas dos dedos.

Já estava virando o corpo para caminhar em direção à saída do cemitério, quando algumas palavras soltas dos coveiros chamaram a atenção dele.

ㅡ Estou falando a verdade, garoto. ㅡ O coveiro mais velho, na casa dos cinquenta anos, falava com um rapaz que parecia ser seu ajudante. ㅡ Quando chegamos aqui, a terra da cova do príncipe Min estava praticamente limpa de neve.

ㅡ Sim, é verdade! ㅡ Outro coveiro interveio. ㅡ Nesses tempos, quando cai nevasca durante a noite, costumamos madrugar para limpar a camada de neve que é criada. Veja bem como fica fundo. ㅡ Ele apontou para o chão do cemitério, que estava completamente coberto por densos centímetros de gelo esbranquiçado. ㅡ Mas apenas na cova do príncipe não havia neve alguma!

Todos os trabalhadores se encaravam com olhares assombrados. O ajudante de coveiro engoliu em seco e empalideceu.

ㅡ Poderia ser que os deuses não permitiram que nevasse no local de descanso de Sua Alteza? ㅡ sugeriu inocentemente. Essa ideia fez os demais relaxarem os semblantes.

Jung Hoseok, que escutou cada palavra dita, viu-se intrigado com aquela informação. A intuição dele dizia que havia algo além, uma resposta com mais lógica, talvez. Não compreendia direito e nem sabia o que era aquele sentimento, mas estava ali, sendo mastigado pela sua mente confusa e perdida.

Lembrou-se da figura coberta por um manto que viu no dia anterior, num canto afastado do cemitério, enquanto ia embora; e imaginou se ela estaria relacionada ao estranho caso da cova do príncipe.

Em outros tempos, Jung Hoseok teria se animado com uma situação como aquela e ido atrás de respostas. Ele teria feito perguntas aos coveiros e aos vigias noturnos do cemitério para descobrir a identidade do espectro que tinha visto, entre outras maluquices que surgissem em sua cabeça.

Naquele instante, no entanto, o alquimista não sentia vontade de mover sequer um dedo.

"Estou cansado", pensou ele. Então virou-se e caminhou para longe de tudo aquilo.

🌕🌖♛🌘🌑

Reino de Eliah

Fortalezas abandonadas do Norte

Ele encontrou Kim Taehyung sentado no parapeito da janela quebrada, abraçando as pernas dobradas e apoiando o rosto sobre os joelhos unidos. Tinha os olhos fixados em algo lá fora, talvez na floresta de coníferas que rodeava a torre, cujo verde se escondia debaixo de um véu de neve.

Aproximou-se devagar, fechando a porta do quarto atrás de si. O som da maçaneta enferrujada saiu estridente o bastante para denunciar sua presença, mas Taehyung já havia sentido o cheiro dele antes mesmo de sua chegada ao cômodo.

ㅡ O que você quer? ㅡ A voz do garoto saiu num murmúrio baixo e distante. Ele não se deu o trabalho de virar o rosto para recepcionar o visitante.

ㅡ Ver a ferida no seu ombro.

ㅡ Ela já cicatrizou há um bom tempo, Seokjin.

ㅡ Eu sei, mas não é como se estivéssemos nos comunicando direito desde o dia em que saímos do território de Adaman. ㅡ O homem contraiu um canto dos lábios, formando um semblante de descontentamento, e andou alguns passos para se aproximar de Taehyung. ㅡ Foram cinco semanas desconfortáveis de viagem, e a ferida daquela adaga não foi uma perfuração comum. Eu tenho que ver como ficou o seu ombro.

ㅡ Diz isso como se não fosse o culpado.

ㅡ E você se comporta como se estivesse arrependido de ter me ajudado a reviver o príncipe.

Cruzaram olhares afiados, que depois se tornaram culpados e constrangidos.

Taehyung voltou a encarar algo além da janela, afastando-se.

— Você fala que o reviveu como se tivesse feito um favor pra mim, um ato solidário, mas eu sei que só fez isso por causa dos seus próprios planos.

ㅡ Claro que sim, eu nunca disse o contrário. Mas seu choro naquele dia me influenciou a tomar uma decisão que ajudaria nós dois.

ㅡ "Seu choro". Você é um filho da puta. ㅡ Taehyung resmungou.

ㅡ Hm, aparentemente as coisas que fiz deram certo. Você até está me xingando sem parecer um drogado.

ㅡ An? Como assim? ㅡ O garoto se virou novamente para o homem raposa, e o encarou com o cenho franzido.

ㅡ Não notou, raio de sol, que suas crises pararam? Que sua consciência está quase como a de uma pessoa normal? ㅡ Seokjin cruzou os braços e lançou um sorriso cínico. ㅡ Antes, você mal conseguia dormir por causa dos efeitos da maldição. Precisou constantemente de meus poderes para conseguir ficar em paz... ㅡ Inclinou-se lentamente para aproximar os lábios do ouvido do garoto e murmurar: ㅡ E até deixei que fizesse coisas comigo para que se sentisse bem.

O rosto de Taehyung ficou lívido. Era a primeira vez que entravam tão diretamente naquele assunto.

ㅡ E-eu não...

ㅡ Eu sei que você não conseguiu controlar. Tudo bem. Não tenho a intenção de discutir isso, até porque, pra mim, tanto faz o que fizemos... ㅡ mentiu, mas foi uma mentira tão bem proferida que, por um segundo, até mesmo ele se questionou sobre o que realmente se passava dentro de sua mente. ㅡ Enfim, o que quero dizer é que você está consciente de novo, ou bem mais do que antes, porque parte da maldição foi para o príncipe Min Yoongi. E eu fiz questão de transferir a maior porcentagem da insanidade e selvageria pra ele também. A partir de agora você está livre, de certa forma.

Taehyung arregalou os olhos, e Seokjin achou o castanho daquelas íris muito semelhante à cor de mel puro.

ㅡ I-isso... ㅡ O garoto se atrapalhou com as palavras, a respiração perdendo o compasso. Estava aliviado com a informação, mas um receio inevitável logo surgiu. ㅡ Você não tem remorso? O príncipe vai sofrer todas as consequências.

ㅡ O príncipe não é uma pessoa real.

ㅡ Parece real pra mim. Tudo sobre ele é, na verdade. ㅡ Taehyung pensou no homem que viu no cemitério quando sorrateiramente tentou visitar a cova de Min Yoongi, sua vítima. Ele parecia arrasado como se tivesse perdido o mundo inteiro.

Voltou a encarar Seokjin, e, nesses entrementes, reparou na frieza indelével que existia na face perfeitamente esculpida dele.

Sem macular o semblante, o homem raposa murmurou:

ㅡ Pra mim, a pessoa real aqui é você. ㅡ As nove caudas de raposa serpentearam em suas costas, num movimento hipnótico que deixou Kim Taehyung mais atordoado do que ele poderia admitir.

Seokjin parecia dizer que, para ele, quem realmente valia a pena ser salvo era Kim Taehyung, mas o garoto preferiu não se abalar muito com isso porque tudo o que envolvia aquele homem era inconstante e de pouca confiança, e suas palavras sempre saíam numa inexpressividade que, de certa forma, as esvaziava.

ㅡ Acredite... Na minha situação, usando essa lógica, a lógica mais racional, é muito mais fácil lidar com os eventos deste mundo. ㅡ Seokjin acrescentou logo em seguida, com o mesmo tom de voz.

O garoto fechou a cara.

ㅡ Quando vai me dizer o que realmente pretende fazer com tudo isso, Seokjin? Estou consciente, e, por isso, eu não vou continuar te seguindo como um cachorrinho cego daqui por diante, mesmo que você tenha tirado parte daquela maldição desgraçada de mim. Agora quero entender o que está acontecendo. ㅡ Enquanto falava, os dentes afiados brilhavam sob seus lábios.

O homem raposa o encarou fixamente e em silêncio durante um longo instante.

Os segundos se arrastaram, formando minutos cheios de quietude. Seokjin comportava-se de uma maneira tão estranha que, por um momento, Taehyung pensou que a conversa iria acabar ali, que aquele homem iria lhe dar as costas sem uma resposta para os seus questionamentos.

Ele, contudo, fez algo que o garoto jamais teria imaginado.

Primeiro, sentou-se ao seu lado no parapeito, havia espaço suficiente para os dois e para as nove caudas que se balançavam pomposas. Depois, esvaziando os pulmões com um suspiro e analisando a vidraça quebrada da janela velha com os olhos brilhantes, murmurou:

ㅡ Eu vou te contar o que aconteceu comigo... Como vim parar aqui e o porquê de algumas coisas. ㅡ Era a primeira vez que Seokjin exibia aquele tipo de expressão no rosto, a qual mesclava constrangimento e melancolia e que fazia seus olhos perderem a confiança costumeira.

Taehyung ficou tão intrigado que se ajeitou no parapeito, entregando-lhe a atenção.

ㅡ Certo. ㅡ Seokjin exalou outro suspiro. ㅡ Eu vim do outro mundo. Da Coréia do Sul, em específico. Mas essa parte você já sabe...

Como um narrador de histórias, ele detalhou cada parte de sua vida que achou importante trazer à tona. Fez isso sem cruzar olhares com Taehyung, pois queria estabelecer uma distância entre eles. Já se sentia exposto o suficiente.

A conversa durou algumas horas. Enquanto isso, uma tempestade de neve caía lá fora. O frio congelante foi parcialmente barrado pelas grossas paredes da torre, mas a ventania por vezes conseguiu entrar pelas velhas janelas quebradas que adornavam os andares de cima a baixo. Seokjin e Taehyung não se incomodaram muito com a baixa temperatura, tanto por causa dos corpos que tinham quanto porque estavam concentrados demais em cada palavra que era dita.

Do meio para o fim, a face do jovem Kim perdeu a cor e seu coração murchou no peito. Ele precisou se segurar algumas vezes para não interromper o falatório do homem raposa, pois não queria correr o risco de irritá-lo e nunca mais ter a chance de ouvir o final daquela história.

Por isso, esperou.

E quando acabou, ele já não sabia direito o que deveria falar. Precisou de alguns minutos para processar o que tinha ouvido.

"Então essa e a razão de ele ser assim", concluiu em pensamentos.

ㅡ Boa parte do que está fazendo é por rancor. Sabe disso, não é? ㅡ Sussurrou, atônito. Era outra conclusão obtida após tamanho relato.

ㅡ Não me importo. Não tenho nada a perder ㅡ disse o outro, sem hesitar. A pose fria e arrogante estava de volta.

ㅡ Seokjin hyung...

ㅡ Olha só, voltou a me chamar de "hyung". ㅡ Seokjin soltou uma pequena risada e pulou do parapeito. ㅡ Esqueça isso, garoto. Eu não deveria ter dito nada, mas você realmente estava me irritando com essa história de querer me entender.

Taehyun comprimiu os lábios. Ele não queria terminar aquela conversa assim.

Reparando em sua reação, Seokjin revirou levemente os olhos e, determinado a mudar de assunto, disse:

ㅡ Enfim, será que agora eu finalmente posso ver o estado do seu ombro?

O garoto abriu e fechou a boca, depois corrigiu a postura e deu de ombros.

ㅡ Pode olhar. Tanto faz.

Sem mais palavras, o homem raposa aproximou-se dele e começou a desabotoar os botões de sua camisa, abrindo-a e revelando um peito corado e forte. Não era a primeira vez que o via, mas sempre achava um tanto impressionante.

Encontrou a sombra da perfuração no centro do ombro, uma fenda estreita cuja cor destoava do tom bronzeado das outras áreas do corpo, e passou o dedo sobre ela para analisá-la. Percebeu que Taehyung se arrepiou e enrubesceu com aquilo, e, internamente, gostou dessa reação.

"Realmente está bem curada. Isso é bom...", pensou Seokjin, e quase suspirou.

Em seguida, parou de tocá-lo e voltou a cobrir o ombro alheio com as vestimentas. Após um segundo de pausa, disse num sibilo:

ㅡ Taehyung, apenas... quando eu arrumar um jeito de tirar você deste lugar, cumpra o que prometeu naquele dia.

O garoto piscou duas vezes, o corpo enrijecendo.

ㅡ É sobre as flores que eu ia te dar? ㅡ Ele sentiu um aperto no fundo da garganta.

ㅡ Isso. Nem pense em quebrar a promessa. ㅡ Mesmo que aparentemente indiferente, era possível notar no fundo do olhar de Seokjin que suas palavras carregavam consigo um grito mudo de desespero e urgência.

O aperto então se intensificou, quase formando um nó. Taehyung sentiu o amargo gosto da agonia e da frustração, e tentou empurrá-lo para alguma parte funda e inabitada de seu cerne, mas acabou sendo influenciado por ele.

Sendo assim, num impulso desenfreado, puxou Seokjin pelas vestes e o beijou intensamente, pegando-o de surpresa e o desarmando de imediato.

Enfiou a língua entre os lábios macios e carnudos dele, saboreado e sugando, pedindo para que o outro tornasse aquele ato recíproco. Depois de alguns instantes, foi o que aconteceu.

Entre beijos e arquejos, com as mãos acariciando os cabelos e pescoços, Seokjin murmurou, sem tirar os lábios dele:

ㅡ O que está fazendo? ㅡ Sua voz saiu como numa melodia torpe.

ㅡ Também não tenho nada a perder.

O beijo foi interrompido.

ㅡ Não. Você ainda tem muito o que perder, garoto. ㅡ O dourado reluziu nas íris de Seokjin.

Taehyung estreitou os olhos e resmungou, irritado com a forma como aquele homem sempre arranjava um jeito de afastá-lo. Isso estava começando a deixá-lo muito desconfortável, principalmente agora que sabia de toda a verdade que movia as ações dele.

ㅡ Está bem, eu vou ser um dos seus vilões dessa história maluca ㅡ disse, por fim, segurando um pulso de Seokjin e encarando o fundo dos olhos dele. ㅡ Mas você precisa jurar que não vai machucar o meu amigo ou qualquer outra pessoa real que estiver neste mundo.

As caudas se debateram nas costas de Seokjin, revelando nervosismo e tensão. Ele refletiu sobre aquele pedido, calculando o que perderia e o que ganharia se o acatasse.

Tocar em pessoas reais era completamente diferente de mexer no destino de meros personagens, mesmo que até pouco tempo atrás ele preferisse ignorar esse detalhe, pois, quando dizia que não tinha mais nada a perder, falava muito sério. Agora, porém, passava pela sua cabeça que talvez ele realmente não quisesse sujar as mãos daquela forma, ainda mais com Taehyung o lembrando constantemente do outro mundo e das pessoas que viviam nele. Mas...

ㅡ Machucadas elas serão, Taehyung. Você mesmo viu que o seu amigo já está envolvido sentimentalmente com alguns personagens deste lugar, personagens que estão no meu caminho. O que posso jurar é que não irei ferir nenhuma pessoa real e nem armarei para que isso aconteça.

ㅡ Então jure. Jure pelo menos isso. ㅡ Taehyung pôs-se de pé, diante dele, cara a cara, numa distância tão pequena que seus lábios quase se tocavam.

ㅡ Eu juro.

Após concluir que havia palpável sinceridade na voz dele, Taehyung o envolveu fortemente num abraço quente. Os seus feromônios agora pairavam pelo ambiente, num aroma denso e vibrante que parecia levemente afrodisíaco ao olfato de Seokjin.

ㅡ Sério... o que está fazendo, Taehyung?

ㅡ Eu já falei que não tenho nada a perder aqui.

ㅡ Que garotinho irritante ㅡ resmungou, mas fechou os olhos momentaneamente e aceitou o abraço, apoiando a testa no ombro alheio. Sentia falta daquilo.

ㅡ Pare de falar, hyung. Pare de mentir para si mesmo o tempo todo.

Eles voltaram a se encarar, palavras silenciosas pairando entre os dois.

ㅡ Tenho a leve impressão de que este mundo te trouxe pra mim pra confundir todos os meus planos ㅡ sussurrou Seokjin, soltando o ar pelo nariz.

Com um fraco empurrão, afastou Taehyung e arrumou a camisa que havia ficado levemente abarrotada com o último contato físico.

ㅡ Preciso ir ㅡ disse.

ㅡ O que vai fazer agora?

ㅡ Lidar com o príncipe problemático que está preso num dos quartos lá embaixo. Eu vou trazê-lo para o meu lado, de uma vez por todas.

ㅡ Como? ㅡ O garoto se aproximou, a face tomada por curiosidade.

ㅡ Apenas dizendo a verdade para ele. Não preciso mentir... A história de Min Yoongi sozinha é suficiente para torná-lo o vilão que preciso.

ㅡ Vou contigo.

Taehyung já se dirigia até a porta, quando sentiu a mão de Seokjin em seu ombro e o escutou dizer:

ㅡ Você e ele são alfas, e compartilham a maldição, ele principalmente. Há risco de se estranharem e se atacarem. Prefiro que fique aqui.

ㅡ Se ele 'tá mais louco do que eu, então quem vai proteger você?

O homem raposa soltou uma risada debochada.

ㅡ Eu não preciso de um garotinho me protegendo. Eu não precisei quando você virou um alfa completo.

ㅡ Ainda quero ir.

Chacoalhou os ombros.

ㅡ Enfim, se insiste tanto, então me siga.

Saíram do quarto lado a lado, e caminharam um atrás do outro pelo espiral de escadas estreitas que descia pelo centro da torre, levando a todos os andares dela. Na metade do caminho, enquanto pisavam os degraus perigosamente escorregadios por causa do musgo, Taehyung aproveitou o silêncio e o fato de que voltara a falar com Seokjin para trazer um pensamento à tona.

ㅡ Ei... Naquele tempo, quando você me contou a versão original da história deste lugar, disse algo sobre o Ômega de Prata não ter acompanhado o rei durante a guerra porque carregava o filho dele. ㅡ Pausou brevemente para tentar pôr em ordem as palavras que queria dizer, mas, mesmo após fazê-lo, elas ainda lhe pareciam sem sentido e constrangedoras. ㅡ Quando entrei no castelo e encontrei o meu amigo, e vi que ele era o tal Ômega de Prata, eu acho que ele estava... Ele tinha a barriga... Não. Talvez eu tenha visto errado. Minha cabeça não 'tava muito normal, não é?

Do outro lado, avançado em alguns degraus, Seokjin reprimiu uma curta risada e o encarou de soslaio.

ㅡ Mais tarde eu vou ter que te ensinar algumas coisas sobre este mundo, Taehyung. Por agora... ㅡ Ele parou na frente de uma porta e tocou a maçaneta. ㅡ Concentre-se e mantenha o autocontrole.

Quando abriu o portal, ambos foram envolvidos por uma redoma de feromônios intimidantes carregados por uma ira selvagem.

Sentado numa poltrona nos fundos do aposento, como se já aguardasse aquela visita, jazia o príncipe revivido.

Min Yoongi os observava com olhos afiados que prometiam a morte.

🌕🌖♛🌘🌑

As brasas da lareira refletiam em seus cabelos loiros e a ventania que entrava pela janela balançava-os, dando a ilusão de que os fios eram feixes de luz solar em movimento. A pele clara também brilhava com a iluminação, mas boa parte dela estava coberta pelas sombras do quarto, intensificando as feições do rosto, principalmente aquelas que o tornavam ameaçador.

Taehyung se surpreendeu ao notar o quão diferente Min Yoongi estava desde o primeiro encontro que tiveram. Quando se viram pela primeira vez, ele era mais magro e baixo, com uma anatomia franzina. Isso mudou assim que foi revivido, e, aparentemente, continuou a mudar durante as últimas semanas, pois agora o príncipe encontrava-se mais alto e com músculos saltando por baixo das roupas.

O jovem Kim não esteve ao lado dele durante a viagem até as terras de Eliah, Seokjin fez questão de colocá-los em carroças bem separadas o tempo inteiro. Por isso, as mudanças pareciam gritantes aos seus olhos.

ㅡ Você. ㅡ O olhar do príncipe recaiu sobre o garoto no instante em que ele adentrou o cômodo. O brilho contido neles se afiou como lâminas. ㅡ Você tem o cheiro daquela besta.

"Ele ainda se lembra do nosso encontro no castelo", pensou Taehyung, mas foi Seokjin quem respondeu em seu lugar:

ㅡ Depois falaremos sobre esse detalhe, Sua Alteza. Tenho muitas coisas para dizer a você. ㅡ A raposa caminhou pelo recinto calmamente até se sentar numa outra poltrona que havia ali, a alguns metros de distância da de Min Yoongi. Taehyung seguiu logo atrás e ficou à espreita, observando tudo.

Quando o príncipe finalmente tirou os olhos dele e se concentrou no homem com nove caudas, sibilou com os dentes cerrados, os caninos afiados se exibindo:

ㅡ Seokjin... Esse é o seu nome, estou certo? É a única informação de que tomei ciência desde que fui arrastado para cá pela sua pessoa.

ㅡ Sinto muito. Estávamos numa situação conturbada até poucos dias atrás, e você, bem, não andava muito consciente para conseguir compreender alguma palavra minha.

O semblante de Yoongi ficou sombrio. De repente uma brisa adentrou o quarto e balançou as chamas da lareira, movendo a iluminação do ambiente. Isso possibilitou melhor visibilidade aos arranhões nas paredes, a alguns objetos quebrados no canto escuro e aos grilhões amarrados aos braços do irmão do rei de Adaman.

ㅡ Quem são vocês? O que está acontecendo aqui? ㅡ perguntou numa voz profunda de arrepiar os pelos do corpo.

ㅡ Primeiro, qual a sua última lembrança, príncipe Min? ㅡ Seokjin arqueou uma sobrancelha.

ㅡ Eu... lutei com a besta que invadiu o castelo

ㅡ E depois disso?

Yoongi contraiu o cenho, esforçando-se para se lembrar, mas estava claro que sua mente não conseguia distinguir muito bem o que era real do que era ilusão.

ㅡ Vou dizer a você, então. Sua Alteza real foi morta naquela luta, com um rasgo imenso na barriga. ㅡ As caudas o homem raposa se agitaram.

ㅡ Eu fui morto? Isso não é...

ㅡ É possível e foi o que aconteceu. Se quiser uma prova, olhe para si mesmo e veja a cicatriz do rasgo. Ela ainda está aí. ㅡ Seokjin deu de ombros. ㅡ Semanas atrás foi feito um funeral para você, há até mesmo uma lápide e uma estátua com sua cara no cemitério do castelo de Adwan. Foram colocadas um dia depois de eu tê-lo tirado da cova e te ressuscitado.

Os olhos do príncipe saltaram das órbitas. Memórias difusas atravessaram sua mente, confundindo-o e dificultando o raciocínio.

Foram necessários alguns minutos para que se acalmasse e continuasse a dialogar com o estranho visitante ㅡ que aparentemente também era seu carcereiro.

ㅡ Como poderia reviver os mortos? És um feiticeiro?

ㅡ Algo assim. ㅡ Seokjin acenou com uma mão, num movimento indiferente. ㅡ Mas não fiz isso apenas com meu próprio poder. Agradeça a ele por ter lhe entregado parte da vitalidade. ㅡ Apontou para Taehyung.

ㅡ Por que esse cavalheiro entregou-me tão precioso presente? ㅡ A voz de Yoongi transbordava desconfiança.

ㅡ Em parte porque foi ele o responsável pela sua morte.

Silêncio. A tensão pesou na atmosfera, fazendo os corpos de todos, exceto o de Seokjin, enrijecerem.

Primeiro, ouviu-se o som dos grilhões se movendo num tilintar. Depois, num relance de luz, Min Yoongi surgiu bem diante da dupla, com as mãos erguidas e as garras saltando afiadas, mirando em suas gargantas e prontas para estilhaça-los. A única coisa que o impediu de fazê-lo foram as correntes, que limitava sua mobilidade pelo quarto. Porém, mesmo o aço sentiu dificuldade de contê-lo.

Ele é o monstro e você o controla!? ㅡ O príncipe rugiu com a voz estridente. Seus olhos estavam injetados de ódio e ira insana. Taehyung precisou reprimir os instintos para não saltar em cima dele e revidar o ataque surpresa.

ㅡ Acho que estamos no meio de um equívoco aqui, Alteza. ㅡ A raposa não parecia nenhum pouco intimidada. ㅡ Seu ódio é pela besta que assassinou Min Hyuna, não por ele.

E não seria ele o mesmo assassino de minha mãe!?

ㅡ Não. Não são os mesmos, e eu também não sou o responsável pelo plano que levou a concubina de Wang Nara à morte, príncipe Min.

ㅡ Plano? ㅡ Yoongi anuviou-se, sua ira momentaneamente interrompida, mas ainda presente no fundo de seus amarelos.

Seokjin aproveitou a nova atenção que recebia dele para colocá-lo em sua rede.

ㅡ Nunca lhe passou pela cabeça a ideia de que alguém armou para que você e sua mãe fossem eliminados? ㅡ Palavras bem calculadas ditas num tom de voz que inspirar a revolta em seus ouvintes. Pela expressão que cruzou a face do príncipe, o homem raposa viu que aquele caminho seria fácil de se ganhar. ㅡ Bom, foi por isso que eu te trouxe aqui, para contar tudo a você. Desculpe-me pelos grilhões, mas, por enquanto, até que tenha compreendido tudo, eu terei que mantê-los por uma questão de segurança.

ㅡ Então conte. Veremos se irei compreender. ㅡ Yoongi guardou as garras afiadas e, num movimento bárbaro, sem nenhum resquício de sua típica elegância real, andou de volta à poltrona e se sentou mais uma vez. Havia um tique nervoso em uma de suas têmporas, isso somado ao véu transparente de entorpecimento que o cobria, denunciava que sua estabilidade mental não existia mais.

A raposa pigarreou, iniciando o falatório:

ㅡ Vou começar com uma história antiga do seu povo, a de Jeon Siwoo, o Insano, o alfa que manchou o nome de todos os alfas após ter tratado seu ômega, Jung Young, como uma propriedade pessoal e enlouquecido.

ㅡ Eu conheço a história dele. Qual a razão de trazer isso à tona? ㅡ Min Yoongi estava impaciente.

Seokjin prosseguiu:

ㅡ O clã Jeon afirma que Siwoo perdeu totalmente a razão depois do suicídio do parceiro e sumiu para sempre. Mas essa é só a meia verdade. Na realidade, um pouco antes da morte de Young, o antigo rei entrou em contato com magia proibida para tentar se vincular à força ao ômega. Isso acabou não dando certo e trouxe consequências horríveis para ele. Ao invés do vínculo, Siwoo criou uma maldição no próprio corpo que, com o passar do tempo, o transformou numa criatura monstruosa. O alfa amaldiçoado. ㅡ Ele ergueu o olhar para analisar a reação do espectador. Sentiu satisfação quando notou uma sombra atravessar o semblante dele. ㅡ Vejo pelo seu olhar que já está interligando as coisas, príncipe Min.

ㅡ Prossiga. ㅡ disse com uma voz profunda e assustadora.

ㅡ Jung Young se recusou a aceitar o novo estado do rei, que via-se cada vez mais agressivo e louco, e escolheu o suicídio. Para esconder a vergonha do clã, os Jeon fingiram o sumiço de Siwoo e tentaram matá-lo, mas descobriram que a maldição passa para o assassino da pessoa amaldiçoada e viram que a única forma de se livrarem da besta é aprisionando-a para sempre num local isolado do mundo. Como não queriam sujar o nome do clã e nem arriscar serem associados de alguma forma com o que estava acontecendo, eles enviaram a criatura para a Mata Fúnebre, localizada aqui, em Eliah. Ela ficou por lá durante umas boas décadas.

Pausou brevemente para fazer surgir, com mágica, uma taça de vinho tinto em sua mão direita, e bebericou o conteúdo antes de continuar a falar.

ㅡ Agora voltemos para o presente. "Jeon Joonwook", reconhece esse nome? ㅡ Balançou a taça na direção do príncipe.

ㅡ O antigo patriarca do clã Jeon, pai da consorte Jeon Haerin e avô do rei. ㅡ Min Yoongi parecia cada vez mais instável e imerso na escuridão.

ㅡ Certo, deve se lembrar muito bem dele, não é? Um homem severo, arrogante e cruel, o patriarca mais odiado e também mais respeitado da Mesa de Prata, um alfa com uma reputação tão grande quanto seu poder e influência. E quem ousou quebrar a paz dele? Isso mesmo... A herdeira do clã Min. Sua mãe, Hyuna, era bem corajosa.

ㅡ Sim. Ela era. ㅡ Um breve toque de felicidade na fala de Yoongi.

ㅡ Mas a coragem não foi suficiente para barrar as artimanhas de Joonwook. ㅡ Seokjin não teve piedade. ㅡ Não preciso dizer que você e ela eram uma pedra no caminho dele, correto? ㅡ Viu o príncipe contrair os dentes afiados. ㅡ Ótimo... Você foi poupado, por ser fraco e por ser jovem, mas ela não. Hyuna era cheia de vitalidade e tinha a Grande Rainha em suas mãos. Se quisesse, ela poderia tentar ter outros filhos depois, ou poderia convencer Nara a colocá-lo no trono, mesmo com sua doença terminal. Com um pedido, você teria a coroa em sua cabeça. Joonwook odiou essa possibilidade, então agiu para que ela deixasse de existir.

ㅡ Está acusando o clã Jeon de ter soltado aquele monstro no castelo real para matar a concubina da rainha. ㅡ Não era uma pergunta. Na verdade, parecia quase o desejo de obter uma confirmação para as suspeitas que tinham se acumulado dentro do âmago do príncipe durante os seus anos de vida.

ㅡ Correção: Estou acusando o clã Jeon de traição no mais último grau à coroa de Adaman. E Sua Alteza sabe que não digo absurdos, pois durante todos esses anos esteve atrás de respostas e sempre desconfiou dos Lobos Noturnos.

ㅡ Qual é o seu objetivo comigo, feiticeiro?

ㅡ Oferecer-lhe o trono de Adaman, que é seu por direito. Darei a você um exército, conselhos de guerra e muito poder.

Silêncio reinou por um instante.

ㅡ Está sugerindo que eu traia o meu irmão após ouvir acusações de um desconhecido que me sequestrou. ㅡ Os sentimentos que tinha para com Jeon Jungkook ainda pareciam irritantemente presentes, mas Seokjin sabia que, no estado em que Yoongi se encontrava, bastava um pequeno empurrão no local certo para que tudo se estilhaçasse.

ㅡ Correção: Após ouvir a verdade, e com provas testemunhais. ㅡ O homem estalou os dedos, criando no ar uma raposa pequena feita de névoa laranja. Uma minúscula serva que cumpriria as ordens dadas por ele. ㅡ Traga o prisioneiro.

A raposa atravessou a parede do quarto e sumiu. Minutos mais tarde, a porta foi aberta por um grupo de pessoas. O vento externo fez as chamas da lareira diminuírem bastante, deixando os aposentos ainda mais escuros e cheios de contrastes agudos; no entanto, os olhos de Seokjin e dos alfas ainda conseguiram distinguir quem havia entrado no cômodo por último.

Chang Sun, o rei de Eliah, movia-se mecanicamente e sustentava um semblante inexpressivo. Em seus olhos, um feixe de luz laranja denunciando um feitiço de entorpecimento. Em suas mãos, correntes que terminavam nas pernas e nos pulsos do homem que o seguia logo atrás, como se fosse o carcereiro dele.

O outro beta era um ancião, e, além das correntes que limitavam sua movimentação, ele também tinha uma mordaça sobre o rosto. Porém, o que mais chamava a atenção em seu corpo eram as vestes características do clã Jeon.

Os dois homens betas moveram-se com certa dificuldade pela escuridão até pararem no centro do quarto. A iluminação reduzida não incomodava Chang Sun em sua hipnose, mas atormentava o prisioneiro acorrentado.

ㅡ Obrigado por trazer o convidado até aqui, querido Chang Sun. Você fica muito mais útil nesse estado. ㅡ Seokjin acariciou a cabeleira do rei de Eliah como se ele fosse um cachorro adestrado. ㅡ Agora vamos falar com ele ㅡ Arrancou fora a mordaça do prisioneiro do clã Jeon.

Depois de cuspir, o ancião berrou:

ㅡ Demônio de Eliah! Como ousa capturar-me!? Sou o tio-avô do rei! Você está assinando sua sentença de morte!

ㅡ Reverendo Jeon Bongha. ㅡ A voz de Yoongi cortou o estardalhaço do velho, emudecendo-o e empalidecendo-o.

Com dificuldade, Jeon Bongha tentou ver através da escuridão, que parecia estranhamente mais profunda ao redor do príncipe Min, e saltou para trás num susto quando captou a face dele.

ㅡ Min Yoongi? Co-como isso é possível!? O reino inteiro pensa que está morto!

ㅡ Aparentemente, saber que é um engano não o deixa tão feliz. ㅡ Observou o príncipe.

Do outro lado, Seokjin sorriu e disse:

ㅡ Imaginei que Sua Alteza estivesse familiarizada com o rosto desse homem. É bom ter a confirmação, porque torna tudo mais simples.

ㅡ Ele passava muito tempo na capital de Adaman, sendo a mão direita de Jeon Joonwook e seguindo suas ordens. Atualmente é o terceiro mais importante na hierarquia do clã. ㅡ Explicou o príncipe. ㅡ Como conseguiu trazê-lo para cá, Seokjin?

Enquanto conversavam, Jeon Bongha os observou, irado.

ㅡ O príncipe Min está de conluio com essa criatura e com o rei de Eliah!? ㅡ Berrou outra vez, mas foi ignorado. O homem raposa preferiu responder à questão de Min Yoongi:

ㅡ Aproveitei a viagem até aqui para fazer uma visita às terras do clã Jeon. Não foi muito difícil capturar um velho caquético que mora nas extremidades das fortalezas dos Lobos Noturnos, ainda mais com a principal alcatéia do clã estando bem longe da região.

ㅡ Eles notarão o meu sumiço! Na verdade, já devem ter notado! ㅡ Bongha gritou mais alto e se debateu. ㅡ A comandante Sirah e o rei virão caçá-los! E você, Min Yoongi, enfrentará um julgamento por traição!

ㅡ E quando o clã Jeon será julgado pelas traições que cometeu? ㅡ Seokjin aproveitou o momento perfeito para trazer o assunto que queria à tona. Sua jogada foi tão bem feita que estabilizou Bongha.

ㅡ O que essa criatura estranha está dizendo? ㅡ questionou o velho, inseguro.

ㅡ Não se faça de desentendido. Fale para nós sobre a sensação de enviar um monstro descontrolado para matar a concubina Min Hyuna.

Bongha olhou de um para o outro com escárnio e puxou um canto dos lábios num sorriso debochado.

ㅡ Eu sabia que isso um dia iria acontecer ㅡ Suas palavras agora eram direcionadas exclusivamente ao príncipe Min. ㅡ Você sempre desfilou por aí com o corpo fraco, passando a impressão de que nunca iria revidar nada, de que nunca iria pensar em agir como uma serpente ladra, assim como fez aquela vadia do clã Min quando roubou o lugar da consorte Haerin. Mas Joonwook e eu sempre soubemos que você era tão ardiloso quanto ela. Tal mãe, tal filho. ㅡ Cuspiu no chão. ㅡ E agora está recorrendo ao inimigo, aliando-se a Eliah, usando uma... coisa com nove caudas para sequestrar pessoas do clã que você odeia.

ㅡ Então de fato enviaram o monstro para matar minha mãe? ㅡ Yoongi estava assustadoramente calmo e imóvel.

ㅡ Eu teria enviado para te matar também, bastardo!

ㅡ E por que não o fez?

ㅡ Porque Jeon Haerin interveio. Mesmo sendo traída da pior forma, ela ainda fez questão de poupar o enteado.

Aquela informação quebrou parte da falsa calmaria do príncipe.

ㅡ Ela sabia o tempo todo sobre esses planos?

ㅡ Todos nós sabíamos. Talvez não o rei, porque não é o tipo de informação de que ele precisa. O trono já tem problemas demais para lidar... ㅡ Bongha deu de ombros, fazendo as correntes tilintarem. ㅡ Mas mesmo se ele soubesse, você realmente acredita que Jeon Jungkook iria trazer isso à tona e pôr a cabeça da própria mãe na corda da execução? Manchar uma linhagem inteira de Lobos Noturnos? Eu não tenho nenhum medo de dizer-te essas coisas, menino, justamente porque sei que nada acontecerá. Você é um indigente fraco e sem apoio verdadeiro em Adaman. Quem está usando a coroa é um Jeon, e ele logo se casará com uma entidade divina. Enquanto isso, o príncipe bastardo Min já começou a ser esquecido pelo povo.

Aquela foi a gota d'água. O explosivo caído dentro de um rio de lava. Anos de angústia e frustração acumulados, anos sendo tratado como um inválido, como o fruto de um megera ambiciosa e calculista, e como o resultado de um relacionamento que só trouxe o inferno para a harmonia entre os clãs. Tudo isso somado à profusão de raiva e insanidade que eclodia dentro do cerne do príncipe revivido.

Os sentimentos fraternos que ainda o ligavam à sanidade, relembrando-o dos momentos felizes que passou com o irmão caçula, agora se transformavam numa ponte em chamas incapaz de se manter erguida. Na mente de Yoongi, apenas o ódio se fazia presente, o sentimento mais selvagem que o novo corpo conseguia compreender plenamente.

E com esse ódio, deu o primeiro passo em sua nova e sangrenta fase. Agarrou Jeon Bongha pelo pescoço e, com os caninos afiados saltando de sua boca, proferiu:

O "príncipe bastardo Min" não é mais um fraco. ㅡ Enfiou as unhas pontudas na jugular do ancião, estraçalhando-o. ㅡ E o povo se lembrará de meu nome assim como se lembram do próprio.

Lançou o corpo ensanguentado no chão, como faria com um inseto, e encheu os pulmões de ar, inflando o peitoral e rugindo baixo.

ㅡ Creio que agora somos aliados, Alteza. Ou melhor, Majestade. ㅡ Seokjin ainda jogava o próprio jogo, reverenciando Yoongi e tratando-o como rei. ㅡ Qual a sua primeira ordem?

ㅡ O que me aconselharia, homem raposa? Digamos que estou bastante interessado na sua oferta.

ㅡ Acredito que Sua Majestade tem a intenção de, assim como eu, fazer uma visita às terras do clã Jeon para pagar algumas dívidas. ㅡ Seokjin caminhou ao lado dele, as caudas balançando no ritmo lento de sua voz sedutora. ㅡ Isso seria muito bom porque eles não são atingidos pelos meus poderes. Existe algo no sangue dos Jeon que é realmente um empecilho... Se os eliminarmos primeiro, estaremos nos livrando de um problema maior no futuro desta guerra.

A sugestão agradou os ouvidos de Min Yoongi.

ㅡ Pois que seja feito. ㅡ O amarelo em seus olhos brilhavam como dois sóis. ㅡ Derramarei até a última gota desse sangue maldito.

Satisfeito, Seokjin quebrou os grilhões que o prendiam e o reverenciou enquanto se retirava do quarto, com Taehyung e Chang Sun o seguindo logo atrás.

Nas escadarias, a raposa murmurou sorridente:

ㅡ Ele está completamente fora de si, e não vai parar até conquistar a coroa. Isso é bom.

Ao seu lado, Taehyung discretamente exalou um suspiro trêmulo.

ㅡ Não acha que está pegando pesado demais? ㅡ Desde o início da conversa que Seokjin teve com Min Yoongi, o garoto se sentiu perturbado pela maneira como o homem raposa lidava com as coisas, manipulando as reações e os sentimentos alheios, traçando caminhos na mente daqueles que queria controlar para tê-los em suas mãos.

Era incrível e assustador, e o deixava inseguro de várias formas.

Além disso, o jeito como Seokjin tratava a morte de "meros personagens", com tanta naturalidade e indiferença, também o incomodava bastante.

Ao contrário do outro, Taehyung provavelmente iria ficar repassando na cabeça, pelo resto dos dias, a imagem de Jeon Bongha morto.

"Ele não era real. Ele não era uma pessoa real", tentava se convencer.

ㅡ Taehyung ㅡ Seokjin tirou o garoto de seus devaneios. ㅡ Não faz nem duas horas desde que prometeu que ficaria ao meu lado, e, em troca, jurei que não machucaria o seu amigo. Eu jurei e irei cumprir. ㅡ O dourado chamuscou em seus olhos. Um pingo de decepção pôde ser visto no fundo deles. ㅡ Agora só falta você parar de ficar sentimental com tudo o que acontece aqui dentro e cumprir suas próprias promessas.

"Em que momento de sua vida ele perdeu uma parcela tão grande de empatia?", esse questionamento atravessou a mente de Taehyung naquele momento.

ㅡ Eu vou cumprir minha promessa ㅡ disse com sinceridade, porque sabia que aquela era a única forma de manter um homem tão imprevisível como aquele sob controle.

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Agora vamos lá... DEDO NO CU E GRITARIA, MEUS AMORES. Minha nossa, eu estava louca para chegar nesta fase, pois adoro construir vilões, e Min Yoongi de EUVUO nasceu para ser um (No sentido de a história do livro tê-lo construído para se tornar o tipo de personagem que cede ao lado sombrio da força). Como já notaram, ele está um pouco fora de si, e isso será desenvolvido mais adiante. Ele não se esqueceu de quem é e nem de seus sentimentos antigos, mas a raiva, o rancor e o ódio estão tomando boa parte da mente dele; então, tudo o que no passado o feriu, agora irá ferir mais e reinará sobre suas decisões.

Estou MORRENDO DE CURIOSIDADE para saber o que deve estar se passando nas cabeças de vocês agora, e também estou com medo skskskksksk Espero estar oferecendo uma reviravolta instigante e vilões bons, do tipo que faz a gente questionar se gostamos ou não deles. Eu AMO esse tipo de vilão (Alguém aqui conhece o Darkling de Sombra e Ossos? Sim, assisti à série e sou cadela dele).

Por fim, os Jikook e o desentendimento que eles tiveram entre si e com o Hoseok. Ah, gente... O clima vai ficar um pouco pesado pra o nosso casal, o Ji se culpa bastante, o Jungkook tá bem confuso agora, e o Hoseok, só o caquinho. Mas quando eles descobrirem que Min Yoongi está vivo e retornando, hahaha... Veremos nos próximos capítulos! 

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• Agora, para nos despedirmos (por enquanto): Criei um IG exclusivo para falar das fanfics, onde postarei informações sobre a história e sobre os personagens, citações, avisos de novos capítulos (e talvez de surpresas futuras, hehe), entre outras coisas. O perfil é @kaka.leda, você pode encontrá-lo no meu Carrd (link no mural do meu perfil).

Por hoje é isso, gente! Muito obrigada pela sua leitura, pelo voto e pelos comentários💜 Desejo um ótimo final de semana pra todo mundo! Até a próxima💜💜💜

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