"Três As Não Fazem Um Baralho"
— Vai Cadence, fala, fala, fala!!!! — Doja e Dustin implorava a irmã mais velha, como dois projetos de abutres fofoqueiros.
— A vida do Alex diz respeito a ele. — a morena respondeu, não convencendo nem um pouco seus irmãos.
— Ah, qual é! Que papo é esse? Você também não sabe de nada, né? — Doja disse, frustrada. Como sempre suas falas sendo acompanhadas por gestos expressivos, que faziam com que a cabeleira loira que a menina compartilhava com seu gêmeos Dustin, ficasse completamente bagunçada, ao menos na medida que a sua tiara permitia.
— É claro que eu sei, eu sei de tudo nessa casa! — Cadence afirmou.
— Sabe do que? — a Alex menina perguntou, surgindo pela porta dupla da sala de estar acompanhada por seu gêmeo — O que tem o Alex?
— Esses dois fofoqueiros mirins só estão tentando saber sobre a Angélica. — Cadence explicou.
— Então esse é o nome da sua namorada? — Doja questionou o Alex, em um tom zombeteiro.
— Ah, e o que vocês tem a ver com isso? Não posso ter amigas?
— Não vem que não tem. A Brenda já me disse que vocês estão saindo juntos todos os dias pra almoçar, e que você sempre leva ela para casa. Eu vi vocês no clube, esqueceu que é enfrente ao estúdio onde eu faço as minhas aulas de dança? Vocês tavam se beijando!!! — Doja era o tipo de pessoa que se entusiasmava facilmente, mas ainda assim era óbvio que aquela ocasião em particular a estava deixando completamente animada.
— Calma, não é para tanto. — Alexandra disse de modo rabugento.
— Como não? — Dustin se pronunciou, estando completamente animado também — O Alex é o primeiro de nós a ter uma namorada, é o começo de algo. Vamos poder dar conselhos românticos de séries para ele, e pegar no pé dos dois quando ela vier visitar!
— Melhor ainda, vamos ter uma nova irmã, ajudar eles a escolher roupas combinando, depois arrumar as coisas para o casamento, e aí vamos ter sobrinhos fofos. Será que vão ser gêmeos também??? — Doja quase perdeu o fôlego enquanto detalhava seus planos para o relacionamento do irmão.
— Parem com isso! — Candece começou — É por conta disso que ele não nos apresentou a ela, vocês ficam pressionando o coitado.
— Ah, gente vocês tão dando muita atenção para isso. — o Alex disse.
— É, as vezes pessoas mais velhas tem amigos idiotas que beijam quando estão carentes ou entediados. Eu acho coisa de desocupado, mas deixa o Alex. — Alexandra disse com desdém. Ela definitivamente não estava fazendo o mínimo de esforço para disfarçar a repulsa pelo relacionamento do irmão.
— Também não é assim! — Alexei disse em defesa de sua companheira — É só que a gente só se conhece a tipo uma semana.
— Qual é o motivo da gritaria dessa vez? Já viram as horas?! — Bruce disse, reclamando, enquanto terminava de entrar pela porta, e encarava irritado seus irmãos que fofocavam no corredor entre a sala de estar e a sala de estudos.
— Por que você tá chegando só agora? — os Alexs perguntaram simultaneamente. O menino em um tom de preocupação e a menina em um tom de acusação.
— Então essas crianças podem ficar acordadas até às 23:30h, mas eu não posso ir da uma voltinha?
— Essas criança, diferente de você, não estão claramente bêbadas! — Alexandra disse, furiosa, então tentou agarrar as orelhas de Bruce, mas Alexei a barrou e segurou suas mãos.
— Tudo bem, calma aí... — O Alex começou a dizer para controlar sua irmã — Bruce, o que eu te disse sobre beber? Você é menor de idade!
— Eu tô sofrendo! — tudo bem, isso não servia de justificativa para todas as outras dezenas de vezes que apareceu bêbado, mas dessa vez lhe parecia uma motivação digna.
Ele era o Bruce Davergas, O BRUCE DARVEGAS!!! Como era possível que tivesse sido rejeitado daquele jeito? Ele pensou que ela mudaria de ideia, mas já fazia uma semana e nada. É claro que tinha outras opções, já teria esquecido se fosse apenas uma questão de não se dar tão bem com ela, mas o que ela o disse na cafeteria e a forma como o tinha tratado na aula foi revoltante. Qual era o problema dela? Como era capaz de ser tão idiota ao ponto de rejeitar alguém como ele? E pior, por que isso o fazia querer passar mais tempo com ela?
Droga de instinto mimado, que o fazia querer sempre aquilo que sente que não pode ter.
— Te garanto que não vai achar a cura para a depressão no fundo de uma garrafa de vodka. — Cadence disse em um tom sério.
Credo, parecia que todos ali o estavam julgando. Bem, isso até era normal, mas dessa vez não tinha o tom um tanto brincalhão que costumava ter.
— Tá, querem saber? Eu vou dormir.
— Vai é tomar um banho frio. — o Alex menino ordenou — Ou tá achando que vai passar a dia acabado amanhã?
— O que tem amanhã? — a Alex perguntou curiosa, ao mesmo tempo que obviamente sentida por não estar ciente dos planos do irmão.
— Só vamos ir ao zoológico. A Brenda estava falando sobre os morcegos albinos, ou algo do tipo, durante o almoço e a Angélica e eu achamos interessante. Nós quatro marcamos de ir.
— Eram morcegos vampiros. — Brenda disse, corrigindo o seu irmão — E não esquece que o Marly, o Rúlio e o Pablo também vão.
— Pera, cê tava aqui o tempo todo? — Cadence questionou surpresa. Dessa vez nem ela notou a presença da garota.
— Sim, eu estava me misturando as sombras. É bom sentir que não existo.
— Taaaaaa.....legal, *esquisita. — a Alex disse, disfarçando a última palavra com uma falsa tosse — Mas por que não me convidaram?
— Porque você tá me ignorando a semana toda! — o Alex menino argumentou.
— O que? Não tô não!
— Você fica estranha e da um jeito de ir embora toda vez que eu tô com a Angélica.
— Se eu não tô nem conseguindo falar com você, então isso mostra que você tá passando tempo demais com ela. —a Alex argumentou.
— Ou você poderia parar de ignorar ela. Vem com a gente para o zoológico.
— Posso ir??? — Doja e Dustin perguntaram em sincronia.
— Sai do pé jacaré, ninguém vai ficar de babá dois sábados seguidos não. Amanhã vocês são responsabilidade dos nossos pais. — Bruce declarou
— Mas eu já tenho doze anos! — Doja protestou.
— E você acha que isso significa alguma coisa? — Bruce disse zombando.
— E você acha que ter quinze significa? — Alexandra perguntou em tom retórico — Mas chega dessas discussões, todo mundo para a cama que aqui não é casa da mãe Joana.
— Sim general! — Bruce, Brenda, Alexei, Cadence, Doja e Dustin disseram de forma debochada, juntando os braços com o tronco de seus corpos e aproximando as pernas, como soldados. Eles saíram marchando em fila.
[...]
— Camilly, que filtro você acha melhor? — Fran perguntava para a filha, enquanto mostrava a tela de seu celular, onde estava a foto que acabava de forçar a família a tirar.
Não seria tão irritante se não tivessem levado quase vinte minutos para fazer isso, já que Freddy e as gêmeas bizarras (also: Gwendolyn e Gwenivere) não paravam quietos. O café da manhã já tinha mais do que esfriado. Essa era uma das desvantagens de ter uma "mãefluencer".
— Mãe, você já colocou os lanches e os agasalhos na van? — a Alex perguntou a Fran, que apenas balançou a cabeça e continuou testando os filtros para por na foto. Estava claro de quem Camilly havia herdado seu vício em celular — Tá, esquece. — ela declarou, lembrando que era inútil esperar comprometimento de sua mãe — Pai, cê já cuidou de tudo?
— Acho que sim, querida. — Jake respondeu depois de terminar de mastigar um pedaço de seu omelete com arroz frito.
— Você "acha" que sim?!! — Alexandra questionou indignada. Ela realmente teria de fazer tudo? Bem, isso não era exatamente uma novidade.
— Vamos checar juntos. — Alexei propôs, terminando de dar uma boa mordida em sua torrada com abacate e então dando uma golada em seu suco de limão com gengibre.
— Certo, vou ver se as fatias de laranja e a água estão na caixa térmica. — Alex menina começou a dizer para seu braço direito — Vai checar se os casacos e os protetores solares estão na van.
— A gente só tá indo para praia, não precisa de tudo isso. Nem sei para que os casacos. — Camilly protestou, como sempre só largando seu celular para poder reclamar.
— Nós duas sabemos do tamanho das chances de vocês acabarem ficando fora até anoitecer, e você sabe que a praia começa a esfriar muito rápido ao fim da tarde. Melhor ficarem preparados, porque não vou estar lá para servir de babá.
— Então você vai vir para o "z-o-o-l-ó-g-i-c-o" com a gente? — Alex menino perguntou animado.
— É, mas só para garantir que a Brenda não roube um "m-o-r-c-e-g-o" e traga na mochila.
— Por que cês tão soletrando? Isso é mania de nerd? — Bruce disse, levando a mão a cabeça como sinal de desconforto. Tava com uma ressaca do caralho.
A resposta dos Alex foi desviar o olhar para Fanny, deixando tudo claro. Aquela pirralha era obcecada por animais, nem precisavam estar saindo, a casa Davergas em si já era praticamente um zoológico.
[...]
— Como fazem os animais ficarem quietos para as fotos? — Pablo perguntava para o resto do grupo, enquanto observava um cartaz na entrada do zoológico.
— Você não sabia? Zoológicos conseguem controlar os animais usando ondas eletromagnéticas. — Rúlio respondeu, e se não conhecesse o amigo, ficaria surpreso ao perceber que ele realmente acreditou.
— Pronto, já peguei os lanches. — o Alex declarou, estendendo uma de suas mãos, com a qual ele segurava uma barra de chocolate com amendoim, em direção ao grupo. Angélica e Alexandra, que estavam paralelas ao Alex, estenderam as mãos para pegar o doce e se lançaram olhares ao perceberem a situação. Angélica, com sua face ruborizada e deixando claro o constrangimento, e a Alex, com uma feição de irritação, como se realmente sentisse que aquilo era uma espécie de competição.
— Então....— Alexei começou a dizer, enquanto pegava uma barra de chocolate com coco na sacola e logo em seguida estendia suas duas mãos ao mesmo tempo, cada uma com um dos doces, para ambas as garotas — Vamos ver os tais morcegos?
— Calma aí apressadinho. — Marly disse, em um tom quase tão apático e preguiçoso quanto o de Brenda — Não é assim que funciona, precisamos de uma preparação mental para apreciarmos melhor eles. Primeiro vamos ir ver as cobras.
— Para que? Já temos uma bem aqui. — Alexandra disse entre dentes.
— Alex! — Alexei reclamou com sua irmã em sussurros.
— Está falando de mim? — Brenda questionou — Puxa, muito obrigada.
— Você seria uma ótima cascavel! — Marly afirmou para sua amiga, que pareceu apreciar o comentário.
— Credo, até a Brenda tem um esquisito para fazer companhia. — Bruce reclamou, em seguida se aproximou de Alexandra e disse em um quase sussurro — É, parece que somos os únicos solteiros. Que tal uma troca? Você conhece todos os alunos, me indica a mais gata que eu te apresento um amigo. De preferência, me arruma uma loira.
— Eu já tô cansada de vadias loiras. — a Alex declarou enquanto fuzilava Alexei e Angélica, que caminhavam de braços dados em direção ao viveiro das cobras, com o olhar.
[...]
— Essa aqui disse o meu nome! — Pablo afirmou de forma boba, enquanto apontava para o réptil sonolento que dormia encima de uma pedra em seu enorme terrário de vidro que simulava um local desértico.
— Eu acho que ela tá sonhando em comer os filhotes das suas adversárias. — Brenda comentou.
— Isso parece o tipo de coisa que você sonharia. — Rúlio zombou, em seu tom de bullying padrão.
— Nossa, estão mesmo se esforçando para me elogiar hoje. — a garota respondeu.
— O que vocês fumaram para ouvir cobra falando? Dividam aí, talvez ajude com a minha ressaca. — Bruce disse de forma irônica, e em seguida levou uma mão ao ouvido, para enfatizar a ideia de dor.
— Eu tenho uns brownies com cogumelo, se você quiser... — Marly informou ao garoto, e em seguida começou a vasculhar na sua pochete, retirando um saco plástico fechado a vaco com algumas fatias retangulares de brownies dentro.
— Marly, para de oferecer drogas para o meu irmão! — Brenda reclamou com o amigo, deixando a indignação quebrar seu semblante de apatia.
— Cogumelos são drogas? Por que vendem isso no mercado? — Pablo questionou, como sempre se mostrando um bobo distraído.
— Ei, que papo é esse de drogas? — a Alex perguntou, deixando de lado o casal distraído que até então ela vigiava feito uma maníaca.
— Também vai querer? Eu tenho o bastante. — Marly ofereceu tranquilamente, com algo próximo a um sorriso podendo ser visto por baixo da sua cabeleira negra bagunçada, que cobria boa parte de seu rosto pálido.
— Larga o brisadeiro! — Alex gritou irritada, enfim chamando a atenção de Alex e Angélica, que estavam até agora ocupados vendo os filhotes de cágados.
— Lá vem a fiscal de diversão...— Bruce disse de forma irônica e estressada.
— Onde? Só tô vendo a gente aqui. — Pablo disse, confuso.
— Isso lá é diversão? Não consegue aproveitar um tempo com a sua família estando sóbrio? E não vem falar da sua decepção com a tal Júlia ou sei lá o que. Vai ficar jogando a culpa das suas merdas para o primeiro rabo de saia que ver?
— Marly, onde você pegou isso? — Angélica e Alexei perguntaram simultaneamente de forma harmoniosa, até o tom de preocupação e reprovação na voz dos dois era o mesmo.
— Chega! — a Alex disse, pegando o saco com os brownies de Marly de forma bruta e se virando para o Alex — Eu achei que seria um dia para nos divertimos, o que obviamente incluiria você me ajudar a evitar que algum desses bebezões fizesse merda. Nós dois somos os responsáveis aqui! Mas pelo visto ficar de graça com essa sem noção ai é mais importante.
— E-eu.... — Alex tentava dizer.
— Olha, seu irmão já tá meio grande para ter uma noção do que tá fazendo, e a diferença de idade de vocês nem é tão grande. Não faz sentido se irritar tanto, ou culpar a qualquer um de vocês pelas besteiras que ele e o Marly fazem. — Angélica declarou de forma decidida.
— É, não sou a merda de uma criança. Pode parar de bancar a babá.
— Já que você é tão maduro e responsável, então vai pagar pelos seus atos. — Alexandra começou a dizer, ainda irritada — Alex, leva o Marly para casa e deixa o Bruce com os nossos pais para ficar de babá dos pirralhos. Eu vou acompanhar a Brenda, o Rúlio e o Pablo, já que incrivelmente parecem os únicos minimamente corretos aqui. Pode levar essa loira de Taubaté junto com você.
— Quem você tá chamando de loira de Taubaté? E por que tá achando que pode mandar assim no Alexei?
— Não se mete garota! — Ela respondeu irritada, parecendo se segurar para não levar aquela discussão para algo físico.
— Você só sabe ficar irritada, é isso? O que eu fiz para você ficar assim? Por acaso é naturalmente uma vaca escrota?
— Que tal cortamos isso e irmos ver os morcegos? — Brenda sugeriu enquanto bocejava, mas logo sua expressão de sono foi quebrada ao ver Alexandra depositando um tapa em uma das bochechas de Angélica, cujo o som ecoou por todo o viveiro de répteis.
— Alex, o que deu em você? — Alexei questionou revoltado, se colocando entre ela e Angélica, mas logo a loira o jogou de lado e partiu para cima de Alexandra, agarrando o curto cabelo da garota.
— Me solta, sua puta de 1,99! — a morena gritava enquanto tentava agarrar o pescoço de Angélica.
— A única puta que eu conheço é a sua mãe! — a loira respondeu.
— Ei!!! — Bruce e Brenda protestaram, ofendidos.
— Cara, que show. Se eu ainda tivesse os meus doces... — Marly disse animado enquanto via as garotas se estapearem.
— Parem com isso! — Alex tentava intervir, mas foi segurado por Bruce e Pablo.
— Não se mete em briga de mulher não, deixa elas resolverem.
— O que está acontecendo aqui? — um velho que usava um uniforme azul perguntou confuso.
— Essas duas tão dando a louca. Sabe como é, coisa de garot... — antes que Bruce conseguisse terminar a última palavra, sentiu Brenda lhe dando um tapa no abdômen.
— Já chega, vou chamar a polícia. — o homem declarou.
— Essa não, não posso ser preso outra vez! Tchau Brendinha, a gente se vê na segunda. — Marly declarou, enquanto aproveitava a confusão para fugir.
— Olha o que você fez! — Alexandra acusou Angélica, que agora assim como ela se encontrava no chão. Enfim parando de forçar seu joelho contra a direção do estômago da garota, e começando a se levantar.
— Eu? Você é que parece tá com a doença da cadela louca!
— Eu não quero saber quem fez o que, isso vai ser explicação para darem a polícia.
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Curiosidade...
Marly pertence a uma comunidade indígena conhecida como "ciganos" (sem relações com ciganos reais) que tem uma forte ligação cultural com a natureza e com a espiritualidade. Membros dessa comunidade tem alguns direitos especiais em respeito a sua cultura, incluindo o direito de cultivar e consumir alucinógenos naturais.
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