Deco

Acordei umas cinco vezes com a gatinha pequena chorando, a primeira foi porque tava suja, a segunda com fome, e o resto, acho que nem ela sabe o motivo. As vezes ficava com os olhos fechados, eu ficava olhando esperando pra ver se dava em algo e aí ela começava a chorar do nada mermo.

Consegui cochilar por quase uma hora antes do dia amanhecer, porque ela já começou a meter o louco, então peguei ela e fiquei deitado no sofá, enquanto olhava o celular, ela tava no meu peito.

Deco: Qual foi Bryana, vai me sujar mesmo?— Resmunguei gastando ela enquanto sentia a baba dela escorrendo no meu peito.—Teu nome deveria ser Alana Bryana Deca da Lila.

Coloquei a frauda na boca dela e ela ficou quieta, me fazendo olhar pra ela, que tava com a boca meia aberta.

Deco: Melhor tirar esse ''Da Lila'', não ficou maneiro não.— Soltei uma risada sozinho.

Meu celular vibrou e eu olhei pra ele de novo, já que ela tava mais quieta, Gl perguntou se "O bagulho tá suave?" e eu falei que sim, ele perguntou se queria alguma parada e eu tava afimzão de um café da manhã, mas lembrei que quando o primeiro filho do vermelhinho nasceu, a mãe falou que visita só podia ir na casa pelo menos uma semana depois.

Mesmo que ela já tivesse três semanas de vida, as três foram no hospital, então eu queria dar paz pra gatinha, pelo menos até ela completar um mês, e aí já ia ser apresentada como a princesa de tudo.

Então falei que tava suave, larguei o celular e ia me levantar, mas a Bryana tava tão calma que eu enrolei por ali mesmo com a barriga cheia de fome, aproveitei pra descansar o sono porque bagulho tava me deixando igual zumbi atoa por ai.

Consegui até dar uma dormida maneira, mas na hora dela comer acordei, fui fazer os bagulhos dela na maior paz e quando me sentei pra dar o leite, um zumbi pior que eu apareceu na cozinha. Marília me olhou com cara de sono e parou pra amarrar o cabelo enquanto me observava.

Deco: Bryana não tava nem chorando pra te acordar.— Falei logo, antes de levar reclamação. Nunca espero bom humor dessa mulher quando acorda.

Marília: Minha irmã não se chama assim justamente pra evitar o bullying.—Arqueou a sobrancelha.—E eu só não consegui dormir mais.

Deco: Dahora, tô mermo morrendo de fome.—Assim que terminei de falar, senti que a Marília ia me dá maior esculacho, mas alguém batendo no portão me salvou.— Vai lá, Bry não pode sair no sol agora.

Marília: Para de chamar esse bebê assim, por favor.— Falou rindo e indo no quarto.

Soltei uma risada leve e olhei pra gatinha no meu colo, Marília voltou de roupa e abriu a porta, olhou e fechou, virando pra mim.

Marília: É a sua mãe.—Sorriu falso.

Deco: Avisa aí que depois eu desço lá.—Marília me ignorou como se eu tivesse falado um bagulho fora de realidade e riu.

Marília: Você é louco, louquinho.— Mandou beijo.

Ela veio pegando a gatinha mirin e eu me levantei ajeitando a bermuda, fui até o portão e a dona Ana tava com uma sacola na mão.

Ana: Tava aqui na padaria, trouxe comida... Fiquei sabendo que agora temos um bebê na família, queria conhecer.

Deco: Tu melhor que eu sabe que recém nascido tem que ficar um tempo sem receber visita né pô, principalmente a gatinha ai, parto dela foi complicado e uma pá de coisa. Daqui uma semana ela já faz um mês e aí cê pega uma visão dela.— Ela me encarou por uns segundos e confirmou com a cabeça.

Beijei a cabeça dela e ela deu tchau, entrei pra dentro de casa de novo e a Marília tava dando beijo da barriga da Alana, que tava segurando o cabelo da Marília com toda força que tinha.

Deco: Quer comer logo? — Ela olhou pra sacola e eu fui tirando os bagulhos de dentro.

Marília: Vou dar um banho nela, é o tempo de você comer.— Falou me dando um beijo na bochecha.

Meti uma dancinha felizão e meti a cara na comida, mas a felicidade logo deu uma travada quando Gl falou que tinha corre pra mim. Meti 15 xingamentos em menos dois segundos, perguntei se o filho da puta não tinha nada pra fazer mas ele falou que era papo de milhão, mermo assim fiquei bolado. Marília maluca do jeito que é, capaz de me amarrar no armário, só basta eu terminar de falar, vai vendo.