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Muito Mais do que Matéria

Estava frio, frio demais para as roupas que eu usava. De onde foi que eu tirei a ideia de vir para cá mesmo? Tenho certeza que se tivesse pensado melhor teria achado um lugar mais quentinho para fugir.

Mas depois de 47 horas passando de aviões para trens, tudo o que eu queria era um pouco de paz para dormir. A paz que eu não teria se tivesse continuado a me esconder na Rússia.

A minha ideia de continuar nos arredores da Pierovezer era que se eu me escondesse perto o suficiente deles, ninguém iria me achar. Não preciso nem dizer como eu estava enganada, após 3 meses saindo o mínimo possível, dei de cara com a secretária do meu chefe, agora ex-chefe, na fila para pagar o meu café.

A cara de surpresa dela e a reação direta em pegar o celular me fizeram sair dali correndo para o aeroporto, eu nem pensei em voltar para o apartamento, tudo o que eu precisava estava sempre comigo: meu computador e um Dtec. Eu não tive nem tempo de voltar pegar o meu casaco que estava na cadeira.

Um vento frio me fez parar de divagar e olhar ao meu redor. Ô ideia de jerico andar até uma floresta nesse frio. Ao menos não tinha ninguém ao meu redor.

O lugar era seguro o suficiente para eu usar o Dtec, mas não custava nada olhar para todos os lados mais uma vez e me certificar de estar mesmo sozinha. Eu sei que esse não é o objetivo do equipamento, nem deveria estar me arriscando usando ele assim... mas o frio decidiu por mim.

Ligue-o com rapidez e esperei enquanto ele lia minhas coordenadas. Assim que os números surgiram na minha tela, selecionei o primeiro contato.

E único.

Só existiam 2 Dtecs no mundo.

Um na minha mão, e que não servia para muita coisa quando sozinho,e outro estava na mão da única pessoa que eu confiava o suficiente para usar.

Digitei na tela 'Consegue desenhar um casaco super quentinho para mim?'. E enviei.

A resposta veio em poucos segundos:

'Noruega? O seu trabalho não é na Rússia?'. Meu coração apertou. Sim, era, e esse era estava no passado, mas quanto menos ele soubesse, melhor.

'Viajar é sempre bom, e aí, vai desenhar ou não?'

'Já vou começar, sua chata, quer algo específico?'

'Algo quente e rápido de desenhar basta para mim.'

'Ok.'

'Como estão as coisas no orfanato?'

'As coisas por aqui nunca mudam, A. E você sabe disso.'

Sim, eu sabia, mas a minha memória começava a falhar já, e parecia que cada dia que passava longe de N eu ia deixando de conhecê-lo.

'Para de ser dramático, N, eu fiquei sabendo do concurso de artes. Que VOCÊ ganhou por sinal. Valeu por avisar'

'Nem me lembre disso, eles enviaram os meus rabiscos e eu ganhei, imagino quão ruim eram os outros participantes para eu ganhar sem nem me esforçar. Agora deixa eu terminar de desenhar seu casaco.'

Eu sorri, eu sabia muito bem que ele tinha mandado mais do que uns rabiscos. N tinha o dom natural para desenhar. Antes mesmo de falar direito seus desenhos já eram muito reais e expressavam tudo o que ele via e sentia. Ele foi a minha inspiração para o Dtec, não conseguia imaginar alguém melhor para operá-lo do que ele.

Fechei o Dtec e esperei, buscando a quantidade de matéria o suficiente. Tinha deixado todos os blocos de matéria base em casa, então teria que improvisar. Eu só precisava de algo com matéria o suficiente para o casaco. Encontrei uma pedra grande e puxei um galho quebrado de uma árvore, teria que servir.

Os arrumei apoiados no chão e apontei o Dtec para eles. Em poucos minutos começaram a surgir os contornos de um casaco na minha frente, eu não me cansava de olhar os traços tomando forma. Sorri ao imaginar que se tivesse sido eu a desenhar, aquilo não passaria de linhas soltas.

'E aí, gostou do desenho?'

'Ficou perfeito, N' Eu digitei enquanto pegava o casaco e o vestia.

'É super quentinho' Eu completei.

'Até parece que tem como você saber se é quentinho, é só desenho, besta'

'Para você pode ser só um desenho, para mim...'

Esse era o meu dilema. Contar ou não contar sobre o que ele tinha em mãos? Aquele não tinha sido um simples presente de aniversário, era também o meu maior segredo.

Sim, para ele era só um desenho, mal sabia ele que estava com um Dtec criador nas mãos, uma das tecnologias mais avançadas e caras do mundo - e o motivo da minha fuga.

Alguns anos atrás, depois de muito estudo e tentativas, minha tese científica de rearranjo atômico através de ondas finalmente foi aprovada para mestrado. Por causa dela, tinha conseguido uma bolsa para doutorado em diversos países no mundo - mas escolhi continuar no Brasil com meu irmão. Eram 8 anos de diferença entre nós 2, faltavam ainda 3 anos para ele poder sair do orfanato - a justiça não tinha liberado a guarda dele para mim, a irmã, que, segundo a decisão do juiz, não tinha emprego estável. Pesquisadores no Brasil podem ganhar pouco, mas eu achava que era o suficiente para nos manter. Era melhor do que o orfanato, ao menos.

Mas não era o suficiente para conseguir tirar ele de lá.

Depois que defendi meu doutorado ano passado, diversas empresas ficaram interessadas na minha tecnologia e quiseram saber mais do que eu fiz.

Até uma empresa russa, a Pierovezer, me ofereceu um salário absurdamente alto para eu desenvolver melhor a tecnologia. O suficiente para em pouco tempo eu conseguir tirar N do orfanato.

E foi assim que fui parar na Rússia, em pouco tempo aprendi o mínimo de russo para me virar. Depois do período de adaptação, foi fácil começar a aplicar minha teoria - a ciência era a mesma para todos, independente da língua. O grande problema não era esse, também não era como rearranjar átomos e moléculas por ondas. O problema era como controlar isso para que o rearranjo saísse exatamente o que eu queria, na forma que eu queria.

A maior parte dos testes transformam a matéria base - um pequeno bloquinho feito com os átomos que constituem a maior parte dos materiais no mundo - em qualquer coisa que quiséssemos. A vantagem era que quase tudo podia ser feito com Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio e Fósforo. A desvantagem era que quase todos os testes resultaram em gororobas sem forma.

Foi assim que eu criei o Dtec receptor, o objetivo dele era, a partir de condições de matéria específicas, com contornos delimitados, dimensões, ele calculava o rearranjo dos átomos e emitia ondas capazes de reestruturar a matéria até a forma desejada

Os funcionários da Pierovezer ficaram animados quando o primeiro protótipo quase funcionou, mas sua operação era difícil demais, demorada demais.

Enquanto isso, em casa, eu fazia um projeto de mesa digitalizadora em alta definição de presente de aniversário para meu irmão, eu sabia como ele gostava de desenhar e dizer exatamente do que cada coisa era feita... logo criei o Dtec criador.

Com coordenadas, seleção de materiais e meu irmão desenhando, era a peça que faltava para o Dtec receptor funcionar.

No meu Dtec, o receptor, as informações geradas no Dtec criador, que estava com o meu irmão e emitia as ondas necessárias para criar o que ele tinha desenhado, de acordo com o material e tamanho com o que ele tinha feito.

Eu estava pronta para mostrar os Dtecs funcionando em harmonia para a Pierovezer, quando as coisas começaram a ficar estranhas. Os testes que faziam começaram a mudar. E um medo surgiu em mim: tinha se criado uma arma perfeita? Acho que o maior medo dos cientistas era que sua criação fosse usada para o mal. Como a pólvora. A bomba atômica. Os aviões.

E ali estava eu colaborando para entregar na mão de estranhos uma arma silenciosa. Um dispositivo que eu nunca tinha pensado que poderia ser uma arma.

No começo eu achava que era uma piada: " Já imaginou se o Dtec conseguisse transformar uma pessoa em um cadeira?"

A matéria era matéria independente se fosse um ser vivo ou não. O Dtec não diferenciava a matéria. Ele simplesmente enviava ondas direcionadas para o que quer que estivesse nas coordenadas programadas.

Então se alguém calculasse uma cadeira com a exata massa de uma pessoa, colocasse suas coordenadas... sim, uma pessoa poderia ser transformada em uma cadeira sem nem um vestígio de que tivesse sido uma pessoa antes.

Com a união dos meus Dtecs isso seria até simples. Simples demais.

Uma arma sem deixar vestígios.

Mas eu achava que era só uma brincadeira. Até ter a certeza que não era quando precisei ir de noite até a Pierovezer pois tinha deixado meu computador lá e encontrei algo que eu nunca esperava ver: coelhos enfileirados com o Dtec sendo apontados para eles. Cada um deles virando massas disformes e marrons. Sem vida.

Eu fiquei em um estado de choque tão grande que não consegui impedir aquilo.

Não consegui falar nada.

Só assisti a morte desproposital de cada um daqueles pobres animais.

Fui até o banheiro e vomitei.

E vomitei.

E decidi que não deixaria todo o meu esforço virar uma arma.

E bem, aqui estava eu, com o Dtec, fugindo.

Passei os últimos 3 meses tentando criar uma trava, para que quando o Dtec for apontado para um ser vivo ele não dispare. Mas é mais difícil do que eu pensava.

Se abrir o meu computador eu sei que as notícias ainda não mudaram: cientista brasileira rouba tecnologia avançada de empresa russa.

Eu só esperava que as notícias não saíssem da Rússia, que não chegassem aos olhos e ouvidos do meu irmão. Nem de nenhum juiz que pudesse impedir de novo eu ficar com sua guarda. Eu estou sendo acusada de roubar o meu próprio dispositivo.

Um bip do Dtec me fez voltar ao presente.

'Nossa casa está quase pronta, quer ver como está ficando?' Meu Dtec apitou.

Eu sorri.

'Claro que quero, me envie ela. Já decidiu onde quer morar?' Eu perguntei.

'Na praia, para sempre poder ver o sol nascendo no mar'

'Seu desejo é uma ordem, vou procurar uma praia tranquila para morarmos'. Eu ri, queria ter o pensamento simples e linear como ele.

Abri o arquivo e sorri, a casa era simples, mas era tudo que poderíamos querer: um teto sobre nossas cabeças que era nosso.

Essa era a nossa brincadeira mais antiga: desenhar nossa casa do futuro.

Mal ele sabia que dessa vez não seria só uma brincadeira. Eu faria aquela casa ser verdade. Nossa casa. Nosso porto seguro.

Eu e ele contra o mundo como sempre tinha sido.

Lágrimas escorreram por meus olhos quando percebi que com Dtec aquilo poderia ser mesmo real.

'Está perfeita, N' eu digitei.

Eu faria aquela casa para nós, nem que fosse a última transformação do Dtec.

O Dtec apitou dizendo que um novo arquivo tinha chegado.

Apontei ele para alguns galhos quebrados e esperei enquanto as ondas eram emitidas. Em pouco tempo surgia um cupcake com uma vela na minha frente.

'Feliz aniversário, A' a mensagem chegou ao mesmo tempo em que o pequeno bolo terminava de ser feito.

Hoje era meu aniversário, como eu podia ter esquecido disso?

A saudade que estava desse pestinha! De cutucar ele enquanto ele jogava. De ter discussões sobre mitologia. De reclamar da vida.

'Obrigada, N.' Digitei e guardei o Dtec.

Mordi o Cupcake e quase engasguei.

Tinha gosto de lama com açúcar.

Eu ri sozinha, parecia que eu ainda tinha algumas alterações para fazer no Dtec.

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