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REINO DE NOVAM

No alto da muralha vários soldados atalaias vigiavam dia e noite. Chegaram à imensa ponte partida no meio que dá acesso ao portão oeste, em baixo um profundo rio que rodeava a muralha uma verdadeira proteção natural. Yan aproximou e disse:

- Sou Comandante Yan do reino de luz, em missão de busca decretada pelo próprio terceiro grande Arcanjo Miguel. Coloque a ponte para que meus soldados passem. - Ordenou.

Os soldados que guardavam a entrada do portão eram diferentes, suas armaduras eram de bronze e prata, sobre um acabamento bem desenhado. Sua postura era ereta e indiferente, lembrava um robô, seu elmo que cobria todo o rosto possuía quatro faces de animal, leão, lobo, urso e último dragão. Um deles estendeu a mão em direção a parte que faltava na ponte, sem dizer nada à terra começou a mover-se surgindo uma rocha sólida que formou a outra metade da ponte, em seguida tocou no portão de ouro maciço de dez metros de altura e um metro de espessura, onde no metal tinha esculpido dois querubins de quatro asas com escudos, eram semelhantes aos guardas. O Querubim se posicionou ao lado do portão que subiu e sumiu na parte superior da muralha, liberando a passagem para que Yan passasse com sua tropa.

O reino de Novam era bem maior do que Max imaginava. Com uma engenharia que nenhum homem sonhou antes, arquiteturas esplêndidas e monumentos inacreditáveis no estilo medieval moderno. Grandes mansões se misturavam na natureza, a cada esquina um lindo jardim e lago de água cristalina, as ruas eram feitas de placas de ouro comum com desenhos lapidados e pedras preciosas. Celestes e anjos, andavam com túnicas e roupas humanas. As aparências físicas eram bem diversificadas possuindo várias etnias, era nítido perceber o quanto eles eram diferentes dos trabalhadores fora da muralha. Muitos se amontoavam nas ruas curiosos para ver o lendário filho do Arcanjo Gabriel, que passava.

Max no centro da cavalaria e Soffi ao seu lado, cavalgavam em direção ao palácio do reino. Após uma hora de caminhada chegaram no centro do reino, havia vários campos de treinamento e muitos soldados treinando várias categorias de atividades, arco e flecha, luta e luta com armas.

Os celestes e anjos, faziam atividades sociais diárias semelhantes aos humanos, cada um com sua função, porém o foco do reino era ter o maior número de soldados bem treinados. A religião é um fator predominante no reino de Novam, no alto da colina a leste do Palácio, tinha o maior templo de adoração ao Autor, tão antigo quanto o próprio reino que foi reconstruído após a guerra dos céus. Seu piso era feito de ouro celeste que possuíam um brilho cintilante, o local era sustentado por sete enormes estátuas feitas de mármore maciço cada uma simbolizava um dos sete grandes Arcanjos, não havia teto dando a impressão que as estátuas seguravam o céu. No altar o pedestal lapidado no cristal concedia a forma de um anjo ajoelhado com as asas semi abertas onde ficava o livro proibido do bem e do mal, escrito pelo próprio Deus. Na escadaria do templo um gato se banhava ao sol.

O reino era repleto de animais que os humanos consideravam selvagens.

Ao chegarem na entrada do Palácio se depararam com um imenso e lindo jardim com flores exóticas e cercas vivas, alguns excomungados trabalhavam ali. As torres do Palácio eram tão altas que dava para ver o reino quase todo. O rio que passava no meio do reino e entre o Palácio, deságua a Leste no mar doce. As paredes exteriores eram feitas de mármore polido, com longas janelas e varandas. Por dentro o local era bem aconchegante e iluminado. No salão principal que dava acesso a todos os andares, o chão de vidro dava para ver parte do rio que passava embaixo do Palácio, no meio uma árvore de tronco grosso e folhas azuis-turquesa. O local não possuía escadas nem elevadores para subir para os andares superiores, o que fez Max pensar como faziam para subir até os últimos andares. O recinto estava movimentado, era a principal entrada e o lugar que dava acesso aos andares e todas as zonas do Palácio.

- Guerreiros, vocês cumpriram sua missão e estão dispensados. Levaremos o garoto ao Arcanjo Miguel. - Os soldados fizeram a saudação com a mão no peito e foram para o centro de treinamento.

- Enfim, em casa! - Disse Soffi suspirando com um sorriso de canto, mesmo que ali nem sempre fosse seu lá. - Venha Max.

O garoto estava distraído olhando através do vidro o rio que passava embaixo dos seus pés.

- Oi! Gracy - Soffi comprimento a árvore, que pareceu responder com um leve balanço de galhos.

- Onde ficam as escadas - disse Max curioso, quando acompanhava Soffi e Yan até os vãos quadrados nas paredes que subiam a todos os andares.

- Ver esse símbolo no chão Max?

Ele confirmou com a cabeça, quando ela explicou.

- Significa subir e o outro ao lado significa descer, compreende?

Um garoto desceu flutuando como se não houvesse gravidade.

- Entendi, como faço para subir - falou empolgado.

Yan observava com seus olhos sombrios.

- Vem comigo - disse Soffi, o local era feito para uma pessoa de cada vez, então ficou apertado com os dois. - Segure nos meus ombros.

Max segurou apoiando na armadura dela. Os dois ficaram face a face por um instante, dava até para sentir o calor da respiração, admirou as profundezas dos olhos dela. Ela começava a sentir uma profunda admiração por ele, mesmo que seu rosto estivesse completamente melado de barro seco e seu cheiro não fosse dos melhores. Soffi o apreciava por ser tão corajoso.

- Eu não tenho o dia todo - disse Yan irritando, retirando elmo.

- É só dizer Subt - falou Soffi, o símbolo abaixo dos seus pés iluminou-se e os dois flutuam lentamente até o topo do palácio. - A velocidade é para parar, você controla com o peso do seu corpo.

- Incrível - ele ficou boquiaberto - deve ser a mesma sensação de voar.

- Não é não, voar é dez vezes melhor - ela sorriu.

O Arcanjo Miguel era conhecido por ser rígido e justo, não tolerava erros. Ele próprio criou as leis parciais após a guerra dos céus para punir todos os culpados. Não costuma sair do palácio a luz do dia, quando sai vai até o tempo para fazer suas orações noturnas ao Autor. Ele com o conselho, julgam todas as causas de crimes, política, religião e economia dos reinos.

Max caminhava com pernas bambas com a expectativa de conhecer o irmão do seu pai, isso ainda era estranho para ele, mas queria saber tudo sobre seu passado e seus pais. Estava com um pouco de medo, as escritas em seu braço começaram a oscilar e a aliança a brilhar.

- Calma, você está seguro agora. - Soffi segura firme no braço dele, sentindo o poder que exalava do seu corpo.

Chegaram à torre principal, que dava melhor vista para o reino, pararam em frente a uma grande porta de madeira envelhecida. Antes que ela batesse na porta abriu, revelando uma grande sala com prateleiras lotadas de livros grossos de couro empoeirados, o recinto era pouco iluminado apenas uma das janelas grande estava aberta com as cortinas amarradas, por onde entrava a luz do sol destacando o gigante Arcanjo que olhava pela janela.

- Entre - uma voz grossa e suave ecoou de dentro da sala, os três entraram, enquanto Miguel continuava de costa observando o reino.

- Senhor cumprimos a missão com êxito, trouxemos o garoto em segurança. - Disse Yan.

- Onde os resgataram? - indagou o gigante com um tom de voz rígido.

- Próximo à floresta do jardim das árvores eternas. Não deu tempo de chegar ao portal fomos atacados por um grupo de Daemons, precisei da ajuda de um dos guardiões para... - Foi interrompido quando o Arcanjo fez um sinal para se calar.

- Êxito é uma palavra complexa Comandante Yan - bufou em desaprovação. - Reúna o conselho - ordenou Miguel.

Yan fez a saudação com a mão no peito e saiu.

- Senhor, vi Paradox perto do portal na região das cachoeiras - exclamou Soffi séria.

- São tempos tenebrosos, princesa - disse Miguel, pareceu ficar preocupado.

Max surpreende-se quando sua amiga é chamada de princesa.

- Soffi traga nosso visitante, ele está com a Meg.

Ela fez a saudação e saiu do recinto.

A porta se fechou sozinha, o que apavorou Max. Parado feito estátua observa o ambiente atentamente, à sua frente tinha uma escrivaninha com um monte de folhas escritas, uma cadeira que mais parecia um trono, no canto próximo à entrada da varanda um grande baú de madeira e prata. O Arcanjo Miguel virou-se para ver Max, tocou em uma rocha que estava no pedestal na parede, que começou a iluminar todo ambiente.

- Essa rocha é chamada de coração de dragão, ela absorve a energia do corpo de quem a troca e transmite luz e calor - explicou Miguel, puxando assunto. - Você tem muito a aprender, Max.

Agora o ambiente bem iluminado dava para ver melhor, era um lugar espaçoso e aconchegante bem simples para o que Max imaginava não tinha nada de ouro, quase tudo de madeira rústica. O garoto ficou muito surpreso com a humildade daquele ser tão poderoso. O Arcanjo usava uma túnica cinza-escuro, sua pele era pálida, uma barba curta e grisalha que escondia o queixo quadrado, com o cabelo liso que escondia as orelhas, seus olhos verdes escuros que transmitia um cansaço de eras, um físico robusto de um guerreiro milenar, aparentava ter 45 anos se fosse humano.

O Arcanjo se aproximou do garoto, que retribuiu dando um passo para trás.

- Como você cresceu Max - disse com afeto e um clamor de saudade, deu um leve aperto de mãos.

- Não te conheço - foi sincero porque não possuía nenhum afeto por ele.

- Eu te mantive escondido e a salvo durante todos esses anos Maximus.

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