GUARDIÃO VIZZÃO
Era uma coruja gigante usando armadura no peitoral e cabeça, as garras afiadas com aço laminado. Montado estava um cavaleiro de armadura prateada.
O ataque foi prático e muito estratégico. A coruja pegou um Haptor com as garras metálicas e o arremessou para longe, sem esforço. Os inimigos se dispensaram tentando fugir para a floresta, mas não deu tempo. O cavaleiro saltou de cima da coruja com sua espada golpeando um ceifador bem na cabeça, enquanto um lobo saltou para cima dele, que parou a fera apenas com as mãos no pescoço, rápido, derrubou a criatura no chão dominado, prendeu a cabeça dela entre suas pernas, abriu a boca da fera com as mãos até quebrar a mandíbula e o crânio, encharcando o gramado de sangue.
Outro ceifado que estava fora do campo de visão do guerreiro investiu um golpe com a foice para lhe decepar a cabeça, com reflexo hábil o guerreiro desvia no momento certo virando-se e encravando sua espada no corpo Ceifado.
Um Haptor que já estava chegando na floresta para fugir vendo o massacre da sua espécie retorna feroz para estraçalhar o guerreiro. O herói se recompôs, crava sua espada no chão em volta dos cadáveres, tira uma adaga da cinta e observa a fera vindo em sua direção, calmamente levanta a mão com a adaga e joga com força acertando o coração da criatura que cai aos seus pés. A coruja terminou a batalha eliminando os outros inimigos que fugiram. No alto da colina surge um grupo de soldados montados a cavalos que se aproximam.
— O reforço chegou — disse Soffi aliviada retirando o elmo .
— Soffi — disse um soldado quando desceu do cavalo, fazendo uma reverência com a mão fechada no peito, o cumprimento oficial do exército.
Ela retribui a reverência e disse:
— Capitão, chegaram um pouco tarde. Vocês têm noção do que poderia resultar isso.
— Estávamos combatendo um grupo de Daemon — disse o Capitão.
O guerreiro acariciava a cabeça da coruja gigante e conversava algo com ela, ao final da conversa disse:
— Obrigado Vizzão, foi bom lutar ao seu lado novamente.
Vizzão bateu suas asas criando uma ventania que bagunçou o cabelo da garota e saiu em voo na direção do oceano. O Guerreiro retirou seu elmo, era um garoto asiático de olhos cinzentos, estatura mediana e forte, tinha uma aparência bonita, porém rígida e séria.
Caminhou até Max e Soffi limpando o sangue em sua armadura.
— Soffi. — Fez o comprimento com a mão fechada no peito. — Vocês estão bem? — Olhou para Max.
— Sim, — disse Max.
— Parece que cheguei bem a tempo. — Exaltou-se.
— Estávamos dando conta. — Ela retribuiu o mesmo comprimento. — Comandante Yan.
— Eu sou Max — estendeu a mão para cumprimentar o Comandante, que o ignorou.
— Sei bem quem você é. Sou comandante Yan, quer sobreviver humano? Faça tudo que te ordenar. — Falou como se fosse bem mais velho, aparentava ter dezoito anos.
Max não soube o que responder, mas não gostou do jeito tratado.
— Tragam os cavalos. — Ordenou ao soldado, que rapidamente trouxe três cavalos. — Monte e vamos. Quero chegar no Reino Novam hoje mesmo.
Soffi ocultou suas asas, montando no cavalo.
— Sabe montar a cavalo, Max? — Ela perguntou.
— Sim, quer dizer, montei uma vez em um passeio, deixa para lá.
Por horas galopavam entre os vales e campinas verde e riachos. Parando apenas para abastecer água e lavar o rosto.
— Max vê aquele vale escuro ao norte. — Ela indicou a direção.
— Sim, — mal dava para ver devido à distância, apenas uma mancha acinzentada que cobria boa parte das terras.
— Onde fica o vale das sombras, o reino de Banshee. Onde ocorreu a guerra dos céus é um lugar perigoso e bom ir aprendendo.
Eles se manterão em silêncio até voltar a cavalgada, com pôr do sol e o surgimento das primeiras estrelas.
— Temos que acampar — disse Soffi.
— Não — respondeu secamente Yan. — Se continuarmos, chegaremos pela manhã. Quanto antes entregar a mercadoria melhor.
— O nome dele é Maximus Antrax, o filho do primeiro Grande. — Ela irritou-se com a falta de empatia do comandante. — Temos que descansar.
— Está se afeiçoando a humanos, Soffi? Não me importa quem ele seja. Meu objetivo é cumprir a missão, somos apenas soldados — falou rigidamente. — Sou seu superior, deve me obedecer.
— Qual seu problema? Ela só está pedindo para descansamos um pouco — Max ficou nervoso.
— Calado humano, aqui você não tem direito de falar — disse Yan com autoridade.
— Quem vai me calar, é você? — Max o desafiou, encarou o Comandante nos olhos.
Yan fez um sinal com a mão e todos os soldados pararam, saltou do cavalo.
— Desafio aceito humano, todos são testemunhas — falou alto com os braços levantados. — Vamos descer do cavalo e me enfrente.
Os soldados se afastaram.
Max pulou do cavalo e manteve-se em posição de luta, não era a primeira vez que se envolvia em briga com garotos mais velhos.
— Você vai machucá-lo. Miguel irá te punir. — Gritou Soffi, sabendo que não poderia impedir.
— Você conhece as leis — disse Yan a ela. — Para dizer que não sou justo nem utilizarei as mãos — ele se gabou, colocando as mãos nas costas. — Venha, mostre-me o que sabe.
Alguns soldados gargalharam do garoto.
Max irritou-se, tentou acertar um soco no rosto de Yan, que desviou facilmente, rodou e aplicou uma rápida rasteira em Max, que caiu de cara na lama. O comandante aproximou-se pisando com a bota de couro na cabeça do garoto, afundando parte do rosto na lama.
— Primeira lição, nunca desafie aquele que é mais forte que você, seja humilde, reconheça sua vulnerabilidade de ser inferior. Você não é um guerreiro, nem um celeste, não passa de um humano. Aprenda a escolher melhor seus adversários. — Yan subiu no seu cavalo. — Vamos indo, sem descanso. — Ordenou.
Max levantou lentamente e ficou de joelhos alguns minutos. Sobre a luz do luar, derrotado com o peso da vergonha e da humilhação, foi aniquilado por apenas um golpe, o grande filho do Arcanjo Gabriel pensou, viajou para o profundo dos seus pensamentos, o que estava fazendo nesse lugar. Quando uma voz chamou seu nome, trazendo de volta a realidade. Era Soffi com seus olhos azuis que destacava sobre a luz do luar, tua pele macia como algodão, seu cabelo branco descia abaixo da cintura, exalava o cheiro das ervas do campo. Ela o ajudou a levantar.
— Você está bem? Não liga para ele. Uma das leis daqui, se desafia alguém, apenas os dois indivíduos podem resolver a situação. Então cuidado melhor não desafiar mais ninguém.
Não queria falar sobre a humilhação, ainda mais com ela.
— Sei. — Deu de ombros e voltou a cavalgar em silêncio.
A jornada até o reino de Novam foi bem quieta, Max manteve-se calado o tempo todo apenas observando as criaturas noturnas. Soffi tentou até animar o garoto, mas não teve êxito. Ele era teimoso e não desistia fácil, estava calculando em sua mente como se fortalecer o suficiente para derrotar Yan. Sabia que não seria fácil e não tinha ideia de como conseguiria.
Ao nascer do sol, já se avistam as gigantescas muralhas em volta da cidade de Novam. Fora das muralhas havia quilômetro de várias categorias de plantação no meio uma larga estrada de ouro que dava para o portão oeste da cidade. Ao chegar à estrada Max pôde observar a plantação, tinha de tudo, frutas, verduras, legumes. Onde trabalham centenas de anjos de aparências desnutridas e cansadas, usavam vestidos de linho marrom que mais parecia sujo, trabalhavam sem descanso. Ele analisou que a maioria tinha suas asas cortadas, outros apenas uma das asas mutilada ou deformadas de cores escuras. Os trabalhadores vendo a cavalaria chegando, correm para tentar tocar em Max, os seguiram pela estrada até os portões da cidade. Uma garotinha de oito anos, estava entre a multidão, com suas mãos estendida em admiração a Max, gritou:
— Celeste sem asas, por favor deixe me tocá-lo — A voz sutil e delicada destacou-se no murmúrio da multidão.
Max pulou do cavalo, aproximou-se da menininha de pele clara e surja de terra, analisou suas asas cortadas.
Os soldados à frente voltaram para impedi-lo.
— Oi! Princesa, como se chama? — disse ele simpaticamente, comovido com a situação da garota.
A multidão o tocava gentilmente.
— Não sou uma princesa, sou uma excomungada.
— E eu não sou um celeste, apenas um humano. Ver o quanto temos em comum. — Brincou, a garota sorriu.
— Não, você é um celeste sem asas, o filho do primeiro grande. — Ela respondeu. — Todos conhecem sua história. — Sorriu graciosamente.
— Suba no cavalo, temos que ir para o palácio. — Ordenou
A garotinha correu e o abraçou deu um profundo suspiro e disse:
— Você é diferente, confie apenas no seu coração.
— Todos se afastem. — O soldado empurrou a menina com o cabo da lança.
Todos se afastaram assustados, Max observou medo nos olhos deles.
— Calma, cara. — Disse Max ao soldado. Montou no cavalo e o acompanhou, ainda pensando na última frase da menina.
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