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𝐱. ASLAM ABRE UM PORTAL

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𝐄𝐏𝐇𝐄𝐌𝐄𝐑𝐀𝐋
[ CAPÍTULO DEZ ]

‖ ASLAM ABRE UM PORTAL

BETTY ESTAVA ACOSTUMADA  a acordar com o canto dos pássaros e com a luz dourada do sol invadindo sua tenda, e embora às vezes resmungasse sobre ainda estar com sono, não queria retornar para a Inglaterra e voltar a ser acordada por buzinas de casais, os gritos de sua mãe ou mesmo pelo canto do galo de seu vizinho. Por isso, sabendo que era aquela sua última manhã em Nárnia (pelo menos por enquanto, ela esperava), a menina acordou ainda mais cedo do que as gralhas que costumavam a acordar (eram sempre gralhas!), disposta a aproveitar o último dia ao máximo.

Ela foi surpreendida, porém, quando saiu da tenda — ainda ouvindo os familiares roncos de Pedro vindo da tenda ao lado — e encontrou Lúcia, Sebastian e Edmundo ali, sentados sobre a grama, comendo (pasmem!) maçãs enquanto observavam o sol nascer. Enquanto Bash e Lúcia riam de alguma coisa, Edmundo parecia meio carrancudo, mastigando sua maçã lentamente, com as sobrancelhas unidas e os olhos pregados nos mais jovens.

━ Achei que tínhamos todos jurado não comer mais maçãs pelos próximos cinco anos! ━ ela exclamou, se sentando entre eles. ━ Mas as maçãs daqui são mesmo tão doces… Quero mais uma antes de ir para casa!

Dito isso, se levantou e puxou uma fruta da árvore, voltando a se sentar rapidamente, dando uma grande mordida na maçã vermelha.

━ Será que podemos levar algumas pra casa? ━ indagou Sebastian. ━ A mamãe sempre reclama que as maçãs da feira são murchas…

Lúcia sacudiu a cabeça.

━ Não se pode levar nada de Nárnia! Apenas as lembranças construídas aqui.

━ Oh, então está explicado o motivo de Betty nunca ter me ameaçado com uma lança enquanto estávamos em casa! Quando estamos em Westminster, ela só me ameaça com outras coisas. Como colheres de sopa.

A Birdwhistle revirou os olhos, ouvindo a risada dos outros. Continuaram ali, comendo suas maçãs e observando o céu azul por algum tempo, sem preocupações, apenas aproveitando a companhia uns dos outros e a tranquilidade da floresta. Só de pensar em voltar à Westminster, Elizabeth já conseguia sentir um ataque de asma se formando.

Mas por agora, iria ignorar aquilo. Olhando para as nuvens brancas no céu, tentou distinguir suas figuras, percebendo que uma delas muito se parecia com um ratinho. Outra, com um centauro. E então, outra se parecia com um leão. Até as nuvens de Nárnia eram mais divertidas do que as de seu mundo!

━ Você está estranhamente silencioso hoje, Ed ━ ela observou, após algum tempo, enquanto Bash e Lúcia descascavam maçãs verdes, imersos em um assunto deles. ━ Ainda não acordou direito?!

Em resposta, Edmundo olhou para as duas crianças mais jovens com uma careta, antes de voltar a encarar Betty.

━ Agora eu sei como seu irmão se sente… Diga a ele para ficar longe de Lúcia!

Betty tentou se manter séria, ela jura que tentou! Mas vendo um Edmundo emburrado, como uma criança insatisfeita por não poder comer a sobremesa antes do jantar, ela não conseguiu evitar que as gargalhadas deixassem sua garganta. O Pevensie revirou os olhos, deixando as costas tocarem o chão enquanto se deitava na grama, e cruzou os braços.

━ Não seja tolo, Edmundo, eles só estão conversando!

━ Bom, nós também apenas conversamos e ele ainda me ameaça com lanças e espadas…

━ Mas como você é tonto, Ed! ━ ela exclamou, franzindo o cenho. ━ Nós já estivemos noivos, as coisas são diferentes…

Estamos ━ ele corrigiu. 

━ É, mais ou menos ━ ela fez uma careta. Seu status de relacionamento era complicado. ━ A longo prazo, sim.

Dessa forma, passaram toda a manhã. Edmundo e Betty presos em assuntos banais (decidiram, de uma vez por todas, acabar com as discussões de relacionamento. Aqueles assuntos eram muito complicados para eles), como a peça que a menina e seu irmão apresentariam, o formato das nuvens, as danças das árvores e tudo o que mais gostavam em Nárnia, enquanto Bash e Lúcia continuavam rindo e compartilhando histórias passadas no lugar inefável e também na Inglaterra.

Não demorou para que Pedro, Caspian e Susana se juntassem, esses envolvidos em conversas de crianças mais crescidas, e todos tiveram um belo almoço juntos. Trumpkin, Ripchip, o Texugo, todos compareceram, é claro, porque queriam aproveitar seus últimos momentos juntos aos grandes reis do passado e desejar uma boa viagem de volta para seu mundo tão esquisito, prometendo manter sua memória viva através de cantigas e contos.

Quando acabaram, todos foram se arrumar. Tomaram banhos em riachos, as meninas tiveram os cabelos trançados por hamadríades, e no fim todos se vestiram com roupas novas; as que usavam antes já eram bastante simples e estavam sujas de terra, porque aquelas crianças tinham uma estranha fixação em se deitar na grama.

━ Su, pode me ajudar a abotoar esse vestido? Não alcanço as costas! ━ exclamou Betty, com um vestido rosa que se tornava soltinho abaixo do busto e contava com botões na parte de trás. Não era luxuoso; em Nárnia, ninguém se importava com a moda. Mas era bonito, sem dúvidas, e muito confortável! ━ Ai, não acredito que já é hora de ir… Será que não podemos ficar por quinze anos mais uma vez?!

Susana estava quieta, mas riu baixinho. Se sentia um pouco melancólica, porque havia acordado com um sentimento estranho que a fazia pensar que não voltaria mais para Nárnia. Em silêncio, ela acreditava que podia se atentar mais aos detalhes e aproveitar ao máximo seus momentos ali, que talvez fossem os últimos.

━ Quem me dera, Betty… Quem me dera.

E então, como se esperasse por uma deixa, as cortinas da tenda foram puxadas para dar espaço a Pedro, que trajava vestes tipicamente narnianas em um bonito tom de azul. Apreensivo, ele olhou para a irmã, que terminou de abotoar o vestido de Betty, e o olhou de volta confusa.

━ Aslam quer falar conosco, Su.

Ela assentiu com a cabeça, soltando um breve suspiro. Imaginava já saber do que se tratava aquela conversa, e embora não estivesse ansiosa para tê-la, estava conformada. As outras meninas se entreolharam com o cenho franzido ao ver os mais velhos deixando a tenda, mas deram de ombros, saindo também, esperando encontrar Edmundo, Sebastian e Caspian, para que se dirigissem juntos à praça onde a despedida dos reis do passado aconteceria.

━ Admito que vou sentir falta daqui… ━ confessou Sebastian, com um suspiro longo enquanto observava algumas hamadríades próximas às árvores e alguns centauros. ━ É tudo tão incrível!

━ É inefável ━ Betty disse, com um meio sorriso. Nunca se esqueceria do sentimento que tomou conta de seu peito ao chegar em Nárnia pela primeira vez. ━ É uma pena que sua passagem aqui tenha sido tão efêmera, Bash.

O mais jovem revirou os olhos, bufando.

━ Pare de dizer palavras que eu não sei o significado!

Os outros riram de sua indignação, e enquanto Edmundo explicava o significado do vocabulário de Betty para o mais novo — inefável é algo tão divino que não se pode expressar com palavras humanas, e efêmero é algo de curta duração, foram suas palavras —, Betty e Lucia enfeitavam o cabelo de Caspian com algumas flores que encontravam caídas pelo caminho, contra sua vontade. Mas ele que não ousaria contrariar as duas rainhas!

Quando chegaram à praça, alguns telmarinos já se encontravam ali, e abaixaram a cabeça em uma reverência tímida para os reis e Sebastian, em sinal de respeito e, ao mesmo tempo, vergonha. Em silêncio, os quatro se entreolharam, sem saber bem o que fazer na ausência dos outros. Os restava aguardar, apenas.

━ Então… ━ iniciou Edmundo, após algum tempo. ━ Vamos embora.

━ Vamos, Ed ━ Betty concordou, com uma risada. ━ Não podemos ficar para sempre.

━ Bom, é que você e Sebastian vão pra Westminster, e eu e os outros vamos para Finchley. Às vezes, eu me esqueço de como as coisas são diferentes fora daqui! É estranho pensar que não nos vemos todos os dias.

 ━ Não seja dramático, Edmundo, nós moramos há quarenta minutos de distância! ━ exclamou Sebastian. ━ Se quer saber, acho que nos encontramos até demais! E o que eu disse sobre os dois metros de distância, hein?!

A loira ergueu as sobrancelhas para o irmão, cruzando os braços enquanto um meio sorriso surgia em seus lábios rosados e um brilho brincalhão dominava seus olhos.

━ Ah, mas nós sabemos bem o quanto você gosta de ver a Lu, não adianta fingir!

Ficando vermelho como um tomate, Sebastian se afastou, sem saber o que dizer, e se sentou no chão próximo à Caspian e a mais nova dos irmãos Pevensie, tentando ignorar o calor que sentia nas bochechas e o fato de que o jogo havia, infelizmente, virado. Ora essa, agora Betty iria provocá-lo?! Ele nem gostava de Lúcia dessa forma!

━ Não vai lá tirar Bash de perto da sua irmãzinha?

Com um longo suspiro, Edmundo sacudiu a cabeça, ainda que um pouco emburrado.

━ Vou deixar Pedro se preocupar com isso.

Betty riu, assentindo com a cabeça, e tirou alguns fios de cabelo do rosto. Ao movimentar a mão, se deu conta de uma coisa: sua aliança. Ela a observou com carinho, abrindo um sorriso leve enquanto passava um dos dedos da outra mão pela jóia. Não podia levar coisas de Nárnia, e em alguns minutos, perderia o anel pela segunda vez em uns mil e trezentos anos.

Edmundo não falhou em perceber o que a garota observava, e tentou conter o sorriso tímido que tomou conta de seus lábios. Ele olhou para o chão e chutou algumas pedrinhas, para que Betty não visse seu sorriso que com certeza o deixava com cara de bobo, mas ela sempre via aqueles momentos. Eles eram mais frequentes do que Ed gostaria de admitir.

Ela deixou as mãos descansarem ao lado do corpo novamente, e de forma tímida, deixou que sua mão esquerda — a do anel de noivado — esbarrasse de leve na de Edmundo. De forma ainda mais tímida, ele entrelaçou seus dedos. E então, onde antes havia apenas um bobo, surgiram dois. O Pevensie e a Birdwhistle se olharam rapidamente, antes de encararem o solo, com sorrisos frouxos e bochechas rosadas.

━ Quando é a sua peça, mesmo?

━ Daqui duas semanas ━ ela respondeu. ━ Vamos nos ver lá?

━ Vamos. E também na competição de clubes de debate. Não fique triste quando eu te derrotar.

━ Você é tão romântico, Edmundo! ━ ela ironizou, com um revirar de olhos. ━ E iludido. Você vai sair do auditório chorando.

Continuaram implicando um com o outro, mas suas mãos não se desgrudaram. Permaneceram daquela forma por mais algum tempo, até que Aslam apareceu novamente, com Pedro e Susana aos seus lados. Eles pareciam um pouco chateados, principalmente a menina; o rapaz parecia, de certa forma, um pouco aéreo. Esperançoso. Conformado.

Foi nessa hora que Edmundo soltou a mão de Betty; sabia que iria ouvir piadinhas de Pedro pelos próximos dias sem folga! Ainda que o irmão mais velho fosse extremamente irritante quanto aquele assunto, ainda era para ele que o mais novo sempre recorria para conselhos de qualquer natureza.

━ Finalmente, eu não aguentava mais segurar essa sua mão suada! ━ Betty se queixou, com a voz baixa, e Edmundo a olhou ofendido.

━ Você deixa ele nervoso, Betty ━ Pedro sussurrou de volta, se posicionando próximo aos dois, com um ar risonho.

━ Ah, calem a boca, vocês dois! Vamos prestar atenção em Caspian, ele tem coisas a dizer.

Todos voltaram a atenção para o novo rei, que havia dado uns passos para a frente e agora permanecia ao lado de Aslam, olhando para os telmarinos com uma pão dura confiante, embora ainda estivesse se acostumando com a ideia de reinar sobre todos eles. Respirando fundo, ele declarou:

━ Nárnia pertence aos narnianos tanto quanto pertence aos homens. Qualquer telmarino que queira ficar e viver em paz, é bem-vindo. Mas aquele desejar, Aslam levará ao lar de nossos antepassados.

Um burburinho de confusão se iniciou entre os súditos, que estavam meio revoltados com a ideia que lhes foi sugerida.

━ Mas já fazem gerações que deixamos Telmar! ━ vociferou um deles.

Foi a vez de Aslam se posicionar, com sua voz forte e solene que todos sempre paravam para ouvir.

━ Não nos referimos a Telmar. Seus antepassados foram marinheiros errantes, piratas que apertaram numa ilha e encontraram em uma caverna uma fenda que os trouxe para cá de seu mundo originário. O mesmo mundo de nossos reis e rainhas ━ exclamações de choque foram ouvidas com a explicação do Leão. ━ É para essa ilha que posso retorná-los. É um bom local para quem deseja recomeçar.

O lorde Glozelle foi o primeiro a se pronunciar, vocalizando seu desejo de ir para tal ilha, e foi seguido por um senhor, juntamente à Prunaprismia e seu bebê.

━ Porque foram os primeiros a decidir, serão felizes nesse outro mundo ━ declarou Aslam, antes de dar um leve sopro em direção aos telmarinos. Então, uma grande árvore que havia ao lado dos reis do passado se torceu, criando ali uma passagem por onde os quatro súditos desapareceram.

Os telmarinos remanescentes soltaram exclamações de surpresa e indignação, fazendo perguntas de tom acusatório enquanto olhavam raivosos para a passagem surgida na árvore.

━ Como saberemos que não estão nos levando direto para a morte?! ━ um deles exigiu saber.

De forma muito nobre, Ripchip deu um passo à frente.

━ Senhor, se meu exemplo pode servir de alguma coisa, passarei com onze ratos sem demora!

━ Não, meu filho ━ disse Aslam, apoiando uma pata sobre a cabeça do rato. ━ Fariam coisas terríveis com vocês naquele mundo, seriam exibidos em feiras. São outros que tem que passar.

Pedro resolveu intervir, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, seria sua vez, dos irmãos e amigos atravessarem aquela passagem de qualquer forma, e sacudiu a cabeça levemente em direção ao rato, agradecendo-o pelo gesto. Como de costume, não sentia medo. Era hora de iniciar uma aventura seguinte.

━ Nós iremos.

━ Iremos? ━ Edmundo arregalou os olhos.

━ Vamos embora. Chegou nossa hora ━ respondeu o mais velho, colocando uma mão em seu ombro. ━ Nossa missão aqui foi cumprida.

━ Vou cuidar de tudo até que voltem ━ prometeu Caspian às crianças.

Pedro e Susana olharam um para o outro, e ela abaixou a cabeça entristecida, enquanto o irmão respondeu:

━ Esse é o problema. Não vamos voltar.

Enquanto Betty e Lúcia arregalaram os olhos, Bash se aproximou de Susana e a deu alguns tapinhas nas costas, tentando a consolar, ainda que não fosse muito bom naquilo. O que valia era a intenção! 

━ Não vamos voltar? ━ questionou Lúcia. 

━ Vocês vão voltar ━ Pedro esclareceu, se aproximando da mais nova e a confortando. ━ Só eu e Su que não. Pelo menos, eu entendi que Ele deseja a volta de vocês algum dia.

Lúcia se virou para Aslam entristecida.

━ Senhor, eles fizeram algo de errado?

━ Muito pelo contrário, Lúcia ━ assegurou Aslam. ━ Seu irmão e sua irmã aprenderam tudo o que tinham para aprender com este mundo, e agora é hora de viverem por conta própria.

━ Mas que azar...

━ Tudo bem, Lu ━ Pedro falou, tentando melhorar o humor da irmã. ━ É tudo muito diferente do que eu pensava, mas estou conformado. Você vai compreender, algum dia.

Se formos honestos, nenhum deles estava ansioso para compreender; não acreditavam que estariam prontos, algum dia, para se despedir de Nárnia! A conversa com Aslam parecia ter ajudado as crianças mais velhas a lidarem com a despedida, mas o fato é que ninguém jamais iria saber tudo o que foi dito naquela tarde, assim como ninguém iria saber o que o Leão disse a Edmundo depois de o resgatar da Feiticeira Branca.

Então, se iniciou uma longa fila de abraços. Lúcia chorou bastante se despedindo de Trumpkin, e Sebastian estava bastante emocionado ao fazer uma reverência a Ripchip, com quem havia passado muito tempo treinando. Não foi diferente com os centauros, com Caça-Trufas e todos os outros amigos que foram feitos naquela jornada.

━ Senti tanto a sua falta, Aslam ━ exclamou Betty, ao abraçar o Leão com alegria. ━ É uma pena que só tenhamos encontrado você perto do momento de ir embora… Há tanta coisa que gostaria de te falar!

━ Nos veremos novamente, Elizabeth ━ Ele riu. ━ Sua passagem foi efêmera, mas eu sempre estarei de olho em vocês. Aqui e em seu mundo.

Ela sorriu, e então foi dar um abraço apertado em Pedro e Susana, seus dois amigos tão queridos. Seria estranho voltar para Nárnia sem eles.

━ Eu escreverei todas as nossas peripécias para vocês, se um dia retornar!

━ Você promete? ━ perguntou Pedro.

━ É claro que prometo! Perto ou longe, dividiremos todas as nossas aventuras!

Enquanto a irmã se despedia dos Pevensie, foi a vez de Sebastian se aproximar de Aslam, com as mãos atrás do corpo e uma expressão meio incerta.

━ Foi bom conhecê-lo, Vossa Majestade Felina. Sinto muito por um dia não ter acreditado em Nárnia… Parecia tão bom para ser verdade!

━ Filho de Adão, você tem um dos corações mais nobres que já conheci. Nárnia agora tem sorte de ter você como amigo e protetor.

Sebastian estufou o peito. Se sentiu, de repente, orgulhoso. Como se fosse um guerreiro valente, capaz de várias coisas que ele certamente não acreditava ser. Era um sentimento bom, sem dúvida.

Quando Betty finalmente largou Pedro e Susana, já era hora de atravessar o portal para seu mundo ordinário, mas ela estava pronta. Fizeram uma fila, mas antes que começasse a andar, Edmundo a cutucou no ombro, fazendo-a se virar.

━ Não está se esquecendo de nada?

Betty franziu o cenho, olhando para o lado.

━ Não, Bash está bem aqui! Eu chequei três vezes, não posso o deixar pra trás.

Com um revirar de olhos, Edmundo puxou seu diário da bolsa — aquela que Betty dizia não ter fundo —, estendendo-o em sua direção. Os olhos de Sebastian brilharam e ele tentou capturar o caderno das mãos de Edmundo, que levantou o braço para impedir, entregando-o à Betty em seguida. Ela, por sua vez, bateu o diário na cabeça do irmão.

━ Obrigada, Ed! ━ ela agradeceu, abraçando o diário. ━ Há coisas muito importantes aqui, eu não podia mesmo esquecê-lo! Que bom que guardou para mim.

Ele sorriu e deu de ombros, e Sebastian bufou, como fazia sempre que Edmundo estava num raio de cinco quilômetros de distância de sua irmã. Então, um por um, as crianças começaram a atravessar o portal, não sem antes prometerem se encontrar novamente o mais rápido possível. 

Em um piscar de olhos, Betty e Sebastian estavam novamente no teatro, vestidos como seus personagens da peça e ainda ouvindo a gritaria dos colegas, que discutiam sobre a iluminação. Os dois se entreolharam, com um sentimento esquisito, já sentindo falta de Nárnia, e se sentaram no chão com calma, tentando digerir todas as últimas aventuras.

Incrível. Absolutamente incrível ━ murmurou Sebastian, e Betty sorriu, concordando com a cabeça. ━ Queria passar as férias lá. Os feriados. Quatro de julho está quase aí!

━ Não comemoramos a independência dos Estados Unidos na Inglaterra, Bash.

━ Bom, nunca é tarde para começar! ━ ele retrucou, se levantando novamente. Estava eufórico demais para ficar parado. ━ Vou beber uma água. Gritar contra um travesseiro do cenário. Qualquer coisa!

━ Menino estranho… ━ murmurou a garota, ao ver o irmão sair correndo, e riu um pouco, abrindo o diário na última página ao ver que ele não fechava direito. ━ Mas o que é isso?!

Prensado contra a última folha e a contracapa do diário, havia um pequeno anel de papel, dobrado e enrolado de forma cuidadosa para se encaixar em um dedo. Betty franziu o cenho em confusão, notando que havia também um recado escrito numa caligrafia bem diferente da sua, e se colocou à ler, com certa dificuldade.

"Infelizmente, seu anel de noivado tem
de ficar em Nárnia, mas essa aliança
pode retornar com você para a Inglaterra.
Mas aconselho que não entre na piscina, ou
no mar. E a tire para tomar banho e lavar as
mãos. Evite água, no geral! Algum dia, te comprarei um anel de verdade. Mas eu me
casaria com você com anéis de papel.

P.S.: Eu não li o seu diário! Juro a
você que abri na última página!"

Ao fim de sua leitura, um sorriso bobo descansava em seus lábios. Após admirar o texto com as bochechas coradas por mais algum tempo, ela finalmente deixou o diário de lado, encaixando o anel de papel em seu dedo anelar esquerdo e o observando com uma risada alegre. Ela gostava de coisas brilhantes, mas aquele era facilmente seu anel preferido! Era frágil como, bem, papel, mas era simplesmente adorável e ela o guardaria com muito cuidado.

Aquele anel poderia a acompanhar em Nárnia, mas não podia a acompanhar em uma simples visita à praia, e honestamente, isso fazia Betty gostar do adereço ainda mais! Gostava de seu significado, das intenções que o moldaram, do carinho colocado em cada uma de suas frágeis dobraduras. Ela também se casaria com Edmundo com anéis de papel.

Você não existe mesmo, Ed ━ ela murmurou para si mesma, admirando o anel com uma risadinha.

Bom, para manter o anel intacto, lhe restava esperar que sua próxima aventura narniana não envolvesse muita água

FIM.

olá! Ephemeral chegou ao fim, mas a última parte da fanfic, passada durante os eventos de "A Viagem do Peregrino da Alvorada" e "A Última Batalha" já está publicada no meu perfil!

muito obrigada por terem acompanhado a segunda parte da jornada de Betty em Nárnia, espero que tenham gostado de Ephemeral tanto quanto eu gostei de escrevê-la, apesar da demora pra publicar os capítulos sksksksk espero ver vocês em epiphany, que já está publicada!

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