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12 Olhos Verdes

- Que palhaçada é essa, garota? Quem você pensa que é pra falar assim com a minha prima?? -  disse Nina, ficando do meu lado, de frente para Luísa.

- Dá licença, não estou falando com você - disse Luísa, sem perder a pose.

- Pois eu estou falando com você, sua loira metida! - Nina praticamente gritou.

Algumas pessoas que estavam mais perto olharam na nossa direção.

- Chama a Amber de falsa de novo pra você ver se eu não quebro sua cara! - continuou a barraqueira.

Muito irônico, já que ela mesma me chamara de " traíra " há alguns dias atrás.

Por que essas coisas só acontecem comigo, meu Deus?

- Ei, gata... calma aí - Jeff disse para Nina e passou o braço pelo meu ombro, num meio abraço-o que aconteceu, Amber?

Suspirei, fechando os olhos. Quando os abri, percebi o olhar raivoso de Luísa diante da atitude do irmão.

- Não sei... - eu disse, sem coragem para ser sincera.

- Eu é que não sei como uma pessoa pode desgostar e gostar de alguém assim de uma hora pra outra - alfinetou Luísa, implacável.

- Quer que eu quebre a cara dela? - Nina me perguntou baixo, um baixo que deu para todos ouvirem.

- Não, Nina, para com isso - falei, com a voz cansada, colocando a latinha de refrigerante na lixeira mais próxima.

- Que ridículo - falou Luísa.

Ela saiu, lançando um rápido olhar para Jhony, que estava lá parado, parecendo totalmente deslocado.

- Mas que garota mais abusada!  Quem ela pensa que é?? - disse Nina, acesa.

Aquela ali estava com uma vontade de brigar...

- É minha irmã - disse Jeff, num tom que deixava parecer que ele não estava feliz com esse fato.

Eu teria rido disso se não estivesse tão constrangida, vergonhosa e me sentindo mal comigo mesma.

Se eu já não estava com muita vontade de curtir aquela festa, depois desse momento desastroso é que não existia mesmo nenhuma possibilidade de eu permanecer ali.

-Eu vou pra casa - falei.

- O quê? Não, sua boba! - Exclamou Nina.

Jhony não disse nada. Pôs as mãos nos bolsos e ficou olhando para o chão. Isso cortou mais ainda o meu coração.

- Jhony... desculpa por isso - falei, sem saber se realmente devia ter falado alguma coisa.

Ele me olhou e deu um sorriso meio fraco, mas que me confortou um pouco.

- Tudo bem - disse.

- Eu já vou.

- Oh, my God, você vai mesmo? - minha prima disse.

- Eu vou - confirmei, começando a andar.

- Eu te acompanho, Amber - disse Jeff me seguindo.

***

Fomos andando, em silêncio. Eu quieta, ainda muito chateada com toda aquela situação.

Jeff assobiava baixinho, e de vez em quando passava o braço pelos meus ombros, percebendo meu mau ânimo.

A noite estava bem fresca, não chegando a fazer frio e as ruas por onde passávamos, nas quais haviam mais casas residenciais do que prédios, estavam bem pouco movimentadas.

- Não fica assim, bebê - Jeff disse, quando já estávamos na rua da minha casa.

- Sua irmã me deixou muito constrangida ali - falei, descontente.

- Ela gosta do Jhony, faz esse tipo de coisa pra chamar a atenção. Mas o que foi que aconteceu antes pra ela dizer tudo aquilo? - Ele quis saber.

- Ela me perguntou de manhã se eu gostava dele e eu disse que não... mas agora ela me viu lá na festa com ele, deve ter achado que nós dois saímos juntos. E não foi isso. Nina que me chamou pra ir pra esse show. Eu sabia que não devia ter ido - falei, sentando-me no chão, na calçada de casa, encostada ao muro.

Jeff também se sentou ao meu lado.

- Mas você gosta do Jhony? - perguntou.

Demorei a responder.

- Eu...

Mudei de idéia.

- Eu não quero falar sobre isso - eu disse, fitando o chão.

Ficamos em silêncio. Jeff jogou uma pedrinha que estava na calçada do outro lado da rua. Um táxi passou.

De repente, me lembrei de algo. Virei-me para o meu amigo.

- Jeff, pode me dizer uma coisa?

- Hum? - Ele me olhou.

- Pode me dizer como era o cara que te vendeu maconha na festa em que você esteve?

Ele pareceu surpreso com a pergunta.

- Ahn...

Eu o interrompi.

- Por acaso ele era alto, tinha o cabelo preto, os olhos verdes e era tipo... muito bonito??

Jeff ficou repentinamente muito sem jeito e desviou o olhar.

- Eu não sei, não tenho certeza...

- Não sabe?

- Não. Eu... não vi direito. Estava de noite, né? Numa festa assim... não dava pra ver bem. Por quê?

Fiquei pensativa.

Se o que Steve estava entregando àqueles garotos era maconha, poderia muito bem ter sido ele quem a vendeu para Jeff também. Mas eu não tinha certeza de nada. E nem sabia porque também estava pensando naquilo.

- Por nada - falei.

Jeff ficou me olhando, provavelmente muito confuso com a minha pergunta, até que se levantou, dizendo:

-Eu já vou indo.

Estendi a mão, para que ele me ajudasse a levantar. Ele me puxou, já me dando um abraço, como era seu costume.

- Ainda está chateada?

- Um pouco...

Ele mexeu no meu cabelo, bagunçando-o.

- Vai passar.

- Eu sei - falei sorrindo.

Quando Jeff se foi, entrei em casa e subi logo para o meu quarto, depois de dar boa noite à minha mãe e dizer que eu viera mais cedo devido a uma dor de cabeça e que Nina viria um pouco mais tarde.

Vesti meu pijama, lavei o rosto, escovei os dentes e me deitei.

Apesar de tudo, o sono não demorou a vir. Ainda me lembro que a última coisa em que pensei antes de adormecer por completo foi nos olhos verdes do cara da moto, chamado Steve.

▫▫▫

Obrigada por ler!❤
Beijinhos😘😘😘

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