O alcancei quando ele estava prestes a subir na moto.
Ela estava estacionada do outro lado da rua, um pouco afastada da multidão de pessoas que curtiam o show, junto com outras motos e carros.

- Ei! - chamei de novo, chegando mais perto.

Ele se virou. Por um momento, fiquei sem saber o que falar.

- Você é o cara que me ajudou aquela noite... - falei.

Ele entortou um pouco a cabeça, arqueando a sobrancelha, como se tentasse me reconhecer.

- Lembra de mim? Eu fiquei com a sua jaqueta - continuei falando.

Eu já sabia que ele havia me reconhecido. Porque não era possível. Ele me olhou bem nos olhos quando passou por mim há apenas um minuto atrás.

- Lembro - ele disse.

- Eu preciso devolver sua jaqueta - falei.

Ele subiu na moto e segurou o capacete, mas não o colocou.

- Precisa mesmo? - falou, me olhando e eu pensei ter visto um vislumbre de sorriso no canto de sua boca.

- Sim - afirmei, balançando a cabeça veementemente.

Ele puxou o descanso da moto com o pé, prestes a dar a partida.

- Qual é o seu nome? - perguntei, curiosa.

Ele demorou um pouco a responder, mas disse:

- Steve.

- Steve... - repeti, sem conseguir parar de olhar para ele.

Seu olhar esverdeado era cativante ao extremo. Mas ele parecia não se dar conta disso.

- Eu sou Amber - falei.

Steve olhou para um determinado ponto e eu segui seu olhar.
O policial César vinha andando tranquilamente com seu uniforme, olhando ao redor.
Provavelmente havia sido designado para patrulhar a festa.

Voltei-me para Steve, dizendo:

- Olha, como faço para devolver sua jaqueta? Eu não posso ficar com ela.

Com a minha visão periférica, notei que o policial César se aproximava.

- Olá, Amber! - Ele gritou, ao me ver ali.

Steve ligou a moto rapidamente e colocou o capacete.

- Eu preciso ir - disse arrancando com a moto dali, deixando uma pequena nuvem de poeira para trás.

O policial César estava agora ao meu lado. Tirei meus olhos da rua por onde Steve sumira com a moto, e sorri para ele.

- Oi, seu César - cumprimentei.

- Quem era...? - perguntou com desconfiança, olhando na mesma direção que eu estivera olhando segundos antes.

- Um conhecido - sorri amarelo.

- Não está aqui sozinha, está?

- Não, estou com meus amigos. Estão ali - respondi, começando a andar.

Ele me acompanhou até onde estava o pessoal e seguiu pelo meio do povo, continuando sua ronda.

***

Jhony, Jeff e Nina me olhavam e eu quase podia ver os pontos de interrogação em suas testas.

- Por que saiu correndo daquele jeito, Amber? Onde você foi? - Nina fez a frente das perguntas.

- Eu só... fui ver uma coisinha.

Jhony me olhou sem dizer nada, pois sabia bem para onde eu havia corrido.

- Eu hein! Você é meio louca - comentou Nina, ajeitando o cabelo.

- Coisa de família - zombou Jeff - quer refri, Amber?

Aceitei a latinha com canudo que ele me oferecia e puxei o líquido, fechando os olhos. Era de laranja.

Alguém me cutucou no ombro e eu me virei, dando de cara com Luísa.

- Olá, Amber. Que bela surpresa encontrar você aqui com o Jhony, depois da nossa conversa de hoje - ela disse, me olhando com... raiva?

- O que tem eu? - Jhony quis saber, franzindo a testa.

- O quão mentirosa você é, hein?!! - Inquiriu ela.

-Eu...

Ela não me deixou continuar.

- Primeiro você diz que não gosta do Jhony e agora está aqui com ele??

- Luísa... - tentei falar, constrangida.

- Você é muito falsa, Amber.

Nina, Jeff e Jhony nos olhavam sem dizer uma palavra.

Eu não consegui olhar nos olhos de Jhony, com medo de ver a mágoa e a decepção neles.

Estava vivendo um dos piores constrangimentos da minha vida.

▫▫▫

Oii, tudo bem??
Apenas mais um pequeno capítulo de "Envolvidos" para vocês.
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Beijos😘😘😘