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36 Por Favor, Volte!

Narração- Steve



Depois que Amber apareceu no meu caminho, minha vida havia mudado completamente. Em todos os sentidos. Eu mesmo havia mudado tão radicalmente que mal podia acreditar.

E agora que ela estava em coma e com o nascimento da minha filha, a minha vida deu outra guinada.

De repente, eu não era mais só um executivo preocupado com lucros, ações e negócios. Agora eu tinha um pequeno ser humano que dependia de mim para tudo. E ver Amber naquela situação quase me fazia querer sentar em um canto e chorar, de desespero.

O médico me explicou que, no ato do atropelamento, a lesão na cabeça dela havia sido forte demais e que não dava para saber quando ela sairia do coma e se sairia.

-Também não sabemos ainda quais sequelas ela terá, caso saia do coma- dissera ele.- É tudo muito incerto. Mas posso lhe assegurar que já me parece um grande milagre que ela tenha sobrevivido.

Eu só conseguia olhar para o corpo parado de Amber naquela cama e imaginar por que aquilo tinha acontecido com a gente.

Sim, porque Kristen não havia machucado somente Amber.
Há muito tempo nós dois já éramos um só e se algo a feria, eu também era atingido.
A dor dela era a minha dor.

-Por que, meu amor?- Murmurei, passando os dedos por seus cabelos.

Ela estava respirando com a ajuda de aparelhos e com boa parte do corpo enfaixado.
Era agoniante ver aquilo.


~❤~






Os médicos sabiam que eu precisava ficar sozinho com ela por um momento e por isso, me deixaram ali, por um bom tempo.

Mas, cerca de duas horas depois, Luísa entrou, com um pequeno pacote nos braços.

-Oi...- disse ela, baixinho, parecendo não querer interromper o silêncio do ambiente.

Eu me levantei.

-Trouxe ela pra você ver um pouquinho.- Ela permaneceu falando baixo.- Já foi pesada, tomou banho e já passou por alguns exames.

Peguei Meggie nos braços, cuidadosamente. Ela dormia, serena.

Era tão pequena...

-Em breve vamos transferir a Amber e a Meggie para a ala particular, no último andar, por que sei que você já solicitou isso.

Eu assenti.

-Lá será melhor para receber as visitas e também...- Ela hesitou, olhando para Amber, que permanecia parada em seu sono profundo.- Quem sabe lá ela se recupere logo... Eu acredito nisso e você precisa acreditar também, Steve.

-Eu acredito, sim. Mas é que é tão difícil.- Suspirei.

-A gente precisa ter fé.- Ela tocou o rostinho da Meggie, que se remexeu de leve e nós dois sorrimos.

-Sabe, existem casos em que pacientes ficam semanas, meses e até anos em coma. Mas existem comas que duram apenas alguns dias. Vamos torcer para que este seja o caso dela.

Eu assenti mais uma vez.

-Steve, tem outra coisa sobre a qual eu queria te falar.

-Diga.

-Amber sofreu algum tipo de trauma que fez com que ela não tivesse nem colostro nem leite materno suficiente para amamentar a Meggie. Mesmo em coma, se ela tivesse leite, até nós mesmos poderíamos retirá-lo para dar à ela.- Ela acariciou o topo da cabeça de Meggie.- Mas ela não tem...

-E agora?- Questionei.- Minha filha vai ficar com fome??

-De maneira nenhuma.- Luísa balançou a cabeça.- Era sobre isso que eu queria te falar.

Ela fez uma pausa.

-Tem uma moça aqui neste hospital, com uma situação muito delicada também. Mas no caso dela, foi ela quem perdeu o bebê. E ela tem muito, mas muito leite mesmo. Se você nos der a autorização, ela poderá amamentar a Meggie.

--Claro que eu autorizo. Minha filha precisa ser alimentada. E se Amber não tem leite e essa moça tem.- Engoli em seco.- Ela pode sim dar de mamar para a Meggie.

Luísa corou levemente.

-Que bom por que... de certa forma ela já fez isso. A Meggie mamou há meia hora atrás. Mas mesmo assim, eu vim te dizer isso, porque se você não quiser, a gente pode arranjar outra solução.

-Sem problemas.- Balancei a cabeça.- Por mim, tudo bem. Eu só quero conhecer essa moça depois.

-É claro. Tudo bem. Bom, eu vou deixar você curtindo sua filha um pouco. Depois eu volto para levá-la para o berçário novamente. Embora seja bastante saudável, ela ainda precisa de certos cuidados a mais, pois de certa forma, nasceu prematuramente. Qualquer coisa que precisar, pode chamar a mim ou alguma enfermeira, tudo bem?

-Tudo bem. Muito obrigado, Luísa. Não sei o que seria de mim, sem você.

Ela sorriu.

-Estou aqui para isso. É o meu trabalho, embora no momento seja apenas um estágio.- Ela riu.- Mas enfim... eu tenho que ir. Até mais.



~❤~








Depois que ela saiu fechando a porta, eu passei a andar em passos lentos, dando vagarosas voltas pelo quarto hospitalar, com Meggie em meus braços.

Ninguém havia me ensinado como segurá-la, mas eu sabia que tinha que ser com muito cuidado; até por que, aos meus olhos, ela parecia uma bonequinha de porcelana, frágil, frágil.
Algo que deveria ser tocado com muita delicadeza.

Havia chorado tanto ao nascer que agora dormia plenamente, aninhada em meus braços, alheia à tudo.

Alheia ao meu sofrimento por ver a mãe dela naquele estado, alheia ao fato de que havia nascido em circunstâncias nada boas, mas mesmo assim estava ali viva, forte e saudável.

-Obrigado, meu Deus.- Agradeci, fechando os olhos.

Me aproximei da cama onde Amber estava e, com Meggie em um dos braços, segurei sua mão.

Senti um nó na garganta, um aperto no peito.

-Você vai ficar bem, meu amor. E vai acordar. Eu sei que vai. Vai ficar tudo bem...



~❤~









Amber e Meggie foram transferidas para a ala particular do hospital, no último andar.

Era um local um pouco mais tranquilo e que oferecia alguns confortos a mais.

Durante todo o dia, a família e os amigos de Amber foram chegando para visitá-las.

O pai e a madrasta junto com o Enzo vieram de Nova York pelo casamento, mas se depararam com uma situação totalmente diferente.

Foi horrível ter que ver refletida nos olhos de Paulo e Marisa a mesma dor que eu sentia.

No caso deles, por ser a única filha que tinham.
E no meu caso, por ser tudo o que eu tinha.

Jhony também visitou Amber, ficando arrasado por vê-la naquele estado e, quando o horário de estágio de Luísa terminou, eles foram embora juntos.

Jeff, Emma e Nina também apareceram.

Nina chorou à beça, abraçando o corpo sem movimento de Amber. Ela teve que ser tirada do quarto porque teve uma crise forte de choro e desespero, tendo até que ser medicada ali mesmo. E a situação já era demasiadamente complicada para ter alguém incapaz de se controlar ali dentro.



~❤~






Meu telefone tocava a cada minuto, sem parar.

Constantemente eu recebia ligações de agentes que estavam estrategicamente posicionados em aeroportos, postos de gasolina e terminais rodoviários, no intuito de impedir toda e qualquer tentativa de Kristen de fugir do país.

A foto dela já havia sido exposta em todos os jornais e também na televisão.

Kristen agora era oficialmente procurada pela polícia.

O depoimento do garoto que havia falado comigo serviu de grande valia para as vias de investigação da polícia.

No fim das contas, ele não havia sido o único que vira a moça do carro preto (que era Kristen) jogar o carro intencionalmente na direção de Amber.

A ligação que eu atendia agora era a de Henrique, que também estava no caso.

-Você tinha razão quando disse que ela era muito esperta, Steve. A polícia tem agentes vigilantes por toda a parte, mas ela sumiu sem deixar vestígios.

Suspirei, enterrando os dedos em meu cabelo.

-É, eu tinha razão infelizmente. Meu Deus, eu não sei que tipo de coisa que essa mulher tem que até invisível ela consegue ficar.

-Não, não- disse Henrique.- Eu não sou investigador à toa, não. Ela é perfeitamente visível e vai aparecer, uma hora ou outra. Pode confiar, Steve. Não existe crime perfeito. Nós vamos pegá-la.

-Assim espero...

-E como a Amber está? Alguma novidade?- Ele perguntou.

-Não. Ainda está em coma. Nada mudou.

Houve silêncio. Eu sabia que era doloroso para ele também.
De certa forma, todos ao redor de Amber haviam aprendido a amá-la.

-Bom, a gente precisa ser forte. Depois eu passo aí para ver a Meggie.

-Está bem.

Voltei para dentro do quarto onde Amber estava.
Estava na hora da segunda mamada de Meggie, desde que nascera.

Noélia, a moça que havia perdido o bebê, já estava lá, com ela nos braços, se preparando.

Ela tinha tanto leite que chegava a vazar e as enfermeiras já estavam armazenando o excesso em bombinhas.

-E aí, Noélia?- falei, sentando-me perto dela e observando Meggie, que abocanhava o peito dela com vontade.

-Oi, Steve- disse ela, com sua atenção totalmente voltada para a minha filha.

Eu a admirava muito. Mesmo de luto e sofrendo a perda precoce do filho, ela não havia se recusado a amamentar outra criança.
Noélia era sem dúvida uma alma iluminada.

-Ihhh papai, quê isso... meu Deus!Que mamá gotoso.- Brinquei, segurando a mãozinha de Meggie.

Noélia riu, baixinho.

-Ela pega bem o peito- disse.- É uma gulosinha...

Nós rimos juntos, mas depois, ela soltou um suspiro triste e cansado.
Eu me senti constrangido.

-Noélia, eu sei que não nos conhecemos numa situação muito boa. Eu estava prestes a me casar.- Balancei a cabeça.- Amanhã seria o dia do meu casamento e agora minha noiva está ali naquela cama, num estado de coma do qual só Deus sabe quando ela sairá. E você... perdeu seu filho. Não consigo nem imaginar a dor que você está sentindo, mas deve ser muito parecida com a minha. Mesmo assim você não se recusou a dar de mamar pra minha filha e não sabe o quanto eu sou grato a você. Eternamente...

Ela balançou a cabeça e me olhou, com os olhos castanhos escuros marejados.

-Eu não sei se algum dia vou deixar de sentir essa dor que estou sentindo, mas...- Ela olhou carinhosamente para Meggie, que mamava tranquila, totalmente alheia às dores dos adultos que estavam à sua volta.- Não podia deixar uma coisinha tão linda dessas sem o leite que todo recém nascido precisa.

-Eu sei que você e seu marido estão enfrentando o que talvez seja o momento mais difícil da vida de vocês e além da minha eterna gratidão, eu quero recompensar vocês financeiramente. Você pode anotar o número da conta depois, que eu vou fazer um depósito.

Ela suspirou.

-Eu não vou recusar, sinceramente.

-Que bom. Porque é de coração. E é uma quantia muito boa, que vai ajudar muito vocês.

-Obrigada, Steve.

-Sou eu que agradeço.

Ela se levantou.

-Você quer segurá-la e colocá-la pra arrotar??

-É claro.- Me apressei em pegar a Meggie, com bastante cuidado.

-Eu tenho que dar uma saída agora. Meu marido está me esperando em casa, temos que resolver tanta coisa...- Ela disse e parecia extremamente cansada.

-É claro, Noélia. Pode ir, não se preocupe.

-Com fome a sua Meggie não vai ficar. Se eu não voltar hoje, tem leite suficiente nas bombinhas, ok? Peça ajuda para as enfermeiras.

Eu assenti.

-Pode deixar.

Ela pegou sua bolsa que estava sobre o sofá onde antes estivera sentada, dando de mamar à Meggie.

Parou diante da cama onde Amber estava.

-Eu espero que a sua noiva acorde. De verdade. Ela precisa conhecer a filha linda que teve- disse.

-Eu também espero.

Noélia nos olhou por mais alguns segundos e então saiu.




~❤~







Três dias depois, o pai de Amber, seu Paulo, veio conversar comigo no corredor do hospital.

Ele havia passado a manhã inteira ao lado da cama, olhando a filha.

-Steve, eu não sei como você consegue, sinceramente. Eu não aguento mais ver a Amber nesse estado.

Dei de ombros.

Eu sabia que se me olhasse no espelho, nem me reconheceria.
Olheiras, ombros pesados e caídos, barba por fazer...
Raríssimas horas de sono, desde que Meggie nascera.

-Eu tenho que aguentar.- Respondi.

-Você tem meu respeito e minha admiração mais do que nunca agora. Está se mostrando um verdadeiro homem, que honra seus compromissos e sabe das suas responsabilidades.

Vi ele suspirar.

-Mas a Amber... Ah, minha filha! Minha filhinha tão querida! Mal posso acreditar que isso está acontecendo...- Ele pôs as mãos na cabeça.

-Eu também não acredito às vezes. Mas está.

Ele me olhou, de repente.

-Eu me pergunto como pude ser tão cego. Amber tentou me alertar várias vezes sobre o verdadeiro caráter da Kristen. Mas eu achava que tudo não passava de paranóias que a cabeça dela criava, por sentir ciúmes de você. Recebia de bom grado uma víbora dentro da minha própria casa.

-Mas a Kristen não vai escapar dessa vez. O cerco está se fechando ao redor dela- falei.

-Assim espero. Eu quero aquela mulher na cadeia, o mais rápido possível.

-Acredite, seu Paulo. É tudo o que eu mais quero também. A polícia está fazendo tudo o que pode.

-Não é o suficiente! Ela têm que fazer mais!- Ele se alterou.

Fernanda surgiu de algum lugar e tratou de tentar acalmá-lo.

-Calma, meu amor. Você ouviu o Steve. A polícia está trabalhando. A Kristen vai pagar pelo que fez.

Seu Paulo ficou quieto por alguns instantes.
Então, voltou a falar.

-Steve, você sabe que tenho meus compromissos lá em Nova York. Eu preciso trabalhar. Vim especialmente para o casamento de vocês, mas...

Eu assenti, demonstrando que compreendia.

-Não podemos ficar mais. Eu tenho que trabalhar, a Fernanda tem que dar aulas, o Enzo tem que estudar...

-Eu entendo.

-Meu coração dói só de imaginar que vou entrar no avião sabendo que não vou deixar aqui minha filha casada e sim desacordada na cama de um hospital. Agora você é pai, deve compreender o que estou sentindo.

-Perfeitamente.

-Vamos voltar para Nova York amanhã.- Anunciou Fernanda.

-Tudo bem. Já foi muito importante vocês terem ficado esses três dias aqui, eu não sei se teria aguentado.

Fernanda pôs a mão no meu ombro.

-Você teria aguentado, sim. Você é forte, Steve.

-É, Fernanda,mas se a Amber não acordar eu não sei se terei mais forças...

Ela me olhou e seu olhar revelou toda a empatia e dor que ela também sentia.

Dona Marisa surgiu no corredor, com Meggie nos braços, ninando-a.

Eu me apressei a ir encontrá-las.

-Acabou de tomar banho- disse ela.- Olha como ela está cheirosa.

Peguei minha filha no colo.
Ela tinha os olhinhos bem abertos agora.
Os olhos de Amber...
O mesmo oceano azul incrível que eu admirava em Amber estava ali, no rosto pequeno e lindo da Meggie.

-Eii papai. Como você está cheirosa, meu amor- falei, roçando meu nariz de leve no rostinho dela.

Todos nos rodearam, esquecendo um pouco os problemas, perdidos no encanto e admiração daquele serzinho minúsculo e tão adorável.

Alguns instantes depois, deixei Meggie com a Fernanda e com o pai de Amber, pois dona Marisa me puxou, querendo falar sobre algo.

-O médico nos falou sobre como é importante sempre falar com a Amber, estimular os sentidos dela. E hoje, enquanto eu falava com ela, eu senti... Foi quase imperceptível, mas a mão direita dela se mexeu.

-Eu falo sempre com ela. Não consigo entrar naquele quarto e não dizer algo pra ela. Mas já se passaram três dias, dona Marisa...- Balancei a cabeça.

-Steve, a gente não pode desistir. Eu sou mãe, sinto as coisas. Eu sei que a Amber vai acordar.

Ela segurou minha mão entre as suas.

-Ela vai voltar pra gente. Eu acredito nisso.

Assenti, e ambos olhamos para a cena à nossa frente. Meggie sendo paparicada pelo avô.

Dona Marisa balançou a cabeça e riu.

-Bom, vou deixar vocês aí curtindo a nossa pequena Meggie. Tenho que ir trabalhar um pouco.

-Obrigado por tudo, dona Marisa- falei.

-Imagina. Assim que puder, eu volto.

Ela voltou ao quarto para buscar sua bolsa e quando voltou, deu um beijo na neta, se despediu de nós e foi embora.




~❤~











Seu Paulo, Fernanda, Enzo e Emma voltariam para Nova York na tarde do dia seguinte, mas quando foi pela manhã, Emma apareceu no hospital para se despedir.

Eu tinha acabado de dar uma mamadeira à Meggie, do leite que havia armazenado nas bombinhas e a colocava para arrotar, quando Emma adentrou o quarto.

-Oi, Emma- falei, olhando-a.

Ela parecia bem desanimada.
A idéia de voltar para Nova York era muito dolorosa para ela por vários motivos.

Um deles era Jeff. Seria difícil para ela ficar longe do namorado.

O outro motivo, era Amber.
Emma e Amber sentiam uma pela outra uma amizade forte, um sentimento profundo de cumplicidade e amor, solidificado por tudo que já haviam passado juntas.
Então, eu compreendia o desânimo dela.

-Oi...- disse ela, e veio acariciar o topo da cabeça de Meggie, repleta de fios bem pretinhos e sedosos, que eu fazia questão de penteá-los sempre com uma escova macia.

-Oi, princesa!- disse Emma, finalmente soltando um sorriso.

Depois ela olhou para mim e o sorriso murchou um pouco.

-Eu vim me despedir de vocês.

-Eu sei.

De repente, Meggie soltou um arroto alto e forte, o que fez nós dois rimos brevemente.

-Muito bem, papai. Que menina esperta, meu Deus.- Brinquei com ela.- Agora, você vai ficar bem quietinha aqui no berço, enquanto o papai conversa com a titia Emma, tá bom? Tá bom??Papai ama você.- Beijei suas bochechas rosadas e me afastei.

Emma já estava diante da cama de Amber do outro lado do quarto parada, olhando-a.

Eu fiquei ali também, somente olhando.

Não dava para descrever a dor que eu sentia por ver Amber ali daquela forma. Inerte. Parada.

Emma soltou um suspiro profundo.

-Ah, Amber...- disse, com pesar.

Ela se sentou na poltrona que havia ali ao lado.
Permaneceu por longos segundos olhando para Amber e segurando sua mão.

Eu só podia fazer o mesmo. Olhar.
Observei as máquinas que a mantinham respirando.
Era como se ela estivesse morta. Mas não estava.
Tinha vida nela.
E essa vida tinha que vir à tona.
Mas quando, meu Deus??

Emma voltou seu olhar para mim.

-Posso fazer uma oração por ela?

-É claro que pode.- Assenti.

Ela fechou os olhos e segurou mais firmemente a mão de Amber.

-Senhor... Eu sei que Conheces tudo e todas as coisas. Eu sei que o Senhor está vendo essa situação aqui e agora. Sabes pelo que a minha amiga está passando. Eu já Te pedi tanto...- A voz dela falhou e percebi que algumas lágrimas escaparam de seus olhos.- Mas aqui estou eu pedindo de novo. Faça com que ela volte, meu Deus. Faça com que a Amber acorde desse coma. O Senhor é Todo Poderoso e já trouxe tantas pessoas de volta à vida. Faça mais esse milagre, por favor. Eu Te imploro. Faça a Amber acordar. Ela precisa cuidar da filhinha linda que teve. E por favor, meu Deus... dê forças ao Steve para suportar tudo isso, até o fim.... Amém.

Engoli fortemente o nó que se formou na minha garganta.

Emma ainda permaneceu mais alguns minutos de olhos fechados, porém em silêncio.
Depois, se levantou. Deixou um beijo demorado na testa de Amber e então se virou para mim.

Ela enxugou rapidamente os olhos com as mãos mesmo.

-Eu tenho que ir. Seu Paulo pediu que eu não me atrasasse, para não perdermos o vôo.

-Tudo bem, Emma. Obrigado pela oração. Você é incrível. Pode ir sossegada.

Ela me fitou com tristeza.

-Eu vou. Mas meu coração vai ficar aqui com vocês.

Eu a abracei.
Ela me abraçou de volta e senti seu corpo se sacudir com um soluço.

-Vai ficar tudo bem...- Sussurrei. Eu mesmo precisava acreditar naquilo.

-Vai sim- ela disse, quando nos afastamos.

Foi até o bercinho de Meggie.

-Tchau, minha lindinha. Fica com Deus. Seja forte você e seu pai, tá?- Ela disse e deu um beijo em Meggie, que cochilava no berço.

Quando Emma se foi, eu me joguei no sofá cama que havia ao lado do berço e me permiti fechar os olhos um pouco.

Estava extremamente cansado. Mal havia dormido aquela noite.
O sono intercalado de Meggie e as preocupações que rondavam minha mente não me permitiam ter uma noite normal de sono.

De repente, ela começou a resmungar.

Meus olhos se recusavam a abrir.
Torci para ela ficar quieta, mas logo o quarto foi tomado pelo chorinho inquieto dela.

Me levantei, soltando um suspiro.
Peguei-a no colo.

-O que foi hein, mocinha? Você não estava cochilando agorinha mesmo? Não quer deixar o papai dormir?- falei, sacudindo-a suavemente, na expectativa de tentar fazê-la cessar o choro.

-O papai está exausto, amor. O que foi? Não quer dormir no berço? Então vem dormir com o papai.

Deitei-me novamente no sofá cama, dessa vez com ela em meu peito, da forma mais confortável que consegui.

Ela imediatamente se acalmou.

-Era isso que você queria, não era?? Queria dormir com o papai, é??- Beijei suas mãozinhas rechonchudas.- Desse jeito você vai ficar muito mimada, filha.

Balancei-a de leve, com os olhos já fechados de novo.

-Eu te amo tanto, meu amor...

Ela se aninhou mais em meu colo.

-Se pelo menos sua mãe estivesse acordada pra me ajudar a cuidar de você...- Murmurei, grogue de sono.

Meggie estremeceu levemente, sendo já consumida pelo sono, assim como eu.

-Mas ela vai acordar- falei, antes de cair no sono, de vez.

~❤~






O tempo está totalmente alheio às nossas preocupações, aos nossos temores e por isso ele passa, sem parar.

Os segundos se transformavam em minutos, os minutos se transformavam em horas e as horas em dias.
Tudo isso ininterruptamente.

Minha vida se resumia a torcer para Amber acordar, estimulando-a para que ela voltasse e a cuidar de Meggie.

Eu evitava o máximo possível sair do hospital. Não queria de forma alguma me afastar das duas. O sentimento de responsabilidade se apossou fortemente de mim.

Certo dia, Meggie estava inquieta, chorando o dia todo.

As enfermeiras que estavam ali o tempo todo para cuidar dela e de Amber logo disseram que o motivo de tanto choro era cólica. A famosa cólica.

Eu confesso que ficava agoniado, andando de um lado para o outro com ela, sem saber o que fazer, mesmo depois de fazer todos os procedimentos que me ensinaram.

Era o estresse já me tomando por tantas noites mal dormidas e a má alimentação.

Para completar, Rodrigo me ligou, exigindo a minha presença no prédio da administração da Corporação Parker em São Paulo, ou nós poderíamos por tudo a perder.

-Estamos falando de dinheiro, Steve! Você tem que vir!- disse ele, já alterado comigo, por que aquela não era a primeira vez que ele ligava para falar sobre os negócios e eu pouco havia me importado.

-Eu estou com a minha filha no hospital, droga!- Xinguei baixinho, no telefone, num momento em que dona Marisa havia aparecido para ficar um pouco com a neta.- Ela precisa de mim!

-E a sua empresa também precisa de você. Será que não tem ninguém aí que possa ficar com a sua filha por algumas horas? Só algumas horas, é tudo o que eu te peço. Uma reunião apenas e a gente resolve os assuntos pendentes.

Suspirei, extremamente irritado.

-Steve, é melhor você vir e mostrar que se importa com a sua empresa ou eu mesmo desisto desse negócio.

Minha vontade era de xingar um palavrão, mas me contive.

-Eu vou ver o que posso fazer aqui- respondi.

-Ótimo. Estou esperando- ele disse, e desligou.

Coloquei o telefone sobre a mesinha que havia ali.

Dona Marisa se aproximou com Meggie no colo.

-Ela está mais calminha. A massagem ajudou bastante.

-Que bom.- Suspirei aliviado.

Dona Marisa me olhou, séria.

-Steve, vai resolver a sua vida. Vai fazer as coisas que tem pra fazer. Você sabe que eu posso ficar aqui com a Meggie.

-Mas eu não quero atrapalhar a senhora, dona Marisa...

-Não está atrapalhando. Se trata da minha filha e da minha neta. Assim como elas são a sua prioridade, são minha prioridade também. Eu posso muito bem tirar uns dois dias de folga do escritório. Sou a minha própria chefe. Você também é o seu próprio chefe, mas agora os seus negócios requerem uma atenção especial. É um grande negócio! Você está fazendo o melhor que pode aqui. Tem sido um paizão pra Meggie. Mas agora, precisa cuidar um pouco das outras áreas da sua vida.

Eu a olhei, na dúvida.

-E tem mais.- Ela continuou.- Você vai sair desse hospital, vai para a minha casa, ou para o hotel onde está acostumado a ficar, não importa. Vai tomar um belo banho relaxante e depois vai para essa reunião que parece que é muito urgente e importante. Depois da reunião, você vai pra casa novamente e vai comer uma refeição de verdade, que eu vou fazer questão de pedir à Cida para preparar pra você. E depois, durma. Durma bastante, o tanto que quiser. Você precisa dormir, ou do contrário vai sucumbir à isso tudo. Eu te garanto que depois disso, vai voltar revigorado, pronto pra outra.

Eu sorri para ela.

-Desse jeito a senhora parece a minha mãe falando comigo...

-E eu estou falando como mãe mesmo, Steve. Eu só quero o bem da minha família e você faz parte dela agora.

-Obrigado, muito obrigado.- Beijei a testa dela.- De verdade.

Ela sorriu também.

Eu fui pegar minhas coisas para guardar na maleta e dei um beijo em Amber.

Dona Marisa continuava com Meggie no colo, que estava um pouco mais calma.

Senti um aperto no coração por que era a primeira vez que eu iria sair de perto dela, desde que ela nascera.

Minha filha era tudo pra mim. Eu jamais pensei que poderia amar tanto alguém quanto eu a amava. Era um amor que não cabia em palavras.

-O papai vai mas volta logo, tá meu amor?? A vovó vai cuidar de você. Eu te amo- falei, lhe cheirando as mãos, o pescoçinho e beijando o topo de sua cabeça.

Olhei para dona Marisa.

-Cuida delas pra mim.

Ela assentiu.

-Eu vou cuidar. Pode ir tranquilo.

E eu fui.

~❤~










Resolvi seguir à risca os conselhos de dona Marisa.

Confesso que precisava daquele banho relaxante, daquela comida e daquele sono.

Me envolver de novo nos projetos da Corporação Parker também me deu a sensação de que existia algo mais além de todo o sofrimento que se via naquele hospital.

É claro que eu não parei de me preocupar com a Amber um minuto sequer e nem parei de pensar na Meggie.

Mas, do lado de fora do hospital e depois de colocar o meu sono em dia, eu pude pensar com mais clareza sobre o que estava acontecendo.

Dona Marisa tinha razão quando disse que eu voltaria revigorado.
E foi assim que entrei novamente no hospital, dois dias depois: me sentindo pronto para lutar e ficar ao lado dos dois maiores amores da minha vida.



~❤~





Dona Marisa voltou para casa e eu voltei à minha rotina de cuidar de Meggie.

Noélia ainda aparecia às vezes no hospital para dar de mamar à Meggie diretamente do peito, mas ela também tinha a vida dela, então geralmente ela apenas retirava o leite, que era colocado nas bombinhas.

Eu não sei o que seria de mim sem Noélia e sem as bombinhas.

-Bom dia, doutor.- Cumprimentei o médico que estava cuidando do caso de Amber, doutor Augusto.

-Bom dia, Steve. Que bom que voltou.- Ele apertou a minha mão.

-O que me conta de novo, doutor? Alguma mudança no caso de Amber?

Estávamos em volta da cama onde ela repousava.

Ela estava lá como sempre, parada, inconsciente, alheia ao que acontecia ao seu redor.

Provavelmente as enfermeiras haviam acabado de lhe dar banho, pois seu rosto, embora pálido, estava límpido e em seu cabelo haviam feito uma trança, que lhe caía pelos braços.
Estava linda.

-Bom, ela já está fora de perigo, eu diria. Mas o quadro não muda. O inchaço intracraniano cedeu, e por um milagre, não restaram coágulos, o que significa que provavelmente não haverão sequelas quando ela acordar. As fraturas estão em um processo aceitável de cura e nenhuma lesão até agora foi considerada grave o suficiente. Clinicamente, não há razão para ela permanecer em coma. É o que eu disse desde o começo: coma é um estado muito incerto dos pacientes. A pessoa pode acordar, ou não. Mas a gente nunca tem certeza.

Ele colocou a mão em meu ombro.

-Mas não desanime, Steve. O caso dela é recente demais e nós vamos insistir em mantê-la viva.

-Obrigado, doutor. Eu jamais desistiria dela.

Ele bateu novamente no meu ombro e saiu do quarto.

Alguns minutos depois, Luísa entrou.

-Oi, oi! Cadê a garotinha mais bonita desse lugar??- Ela disse, indo ver a Meggie no berço.

Felizmente aquela maldita cólica havia cessado, pelo menos temporariamente e ela estava muito tranquila. Eu diria até demais.

O cordão umbilical também já havia secado e caído, o que era uma preocupação a menos.

-Posso pegar ela, Steve?- Luísa disse, já tirando a Meggie do berço e enchendo-a de beijos.

Eu fui até elas.

Posso estar sendo apenas um pai muito babão e exagerado, mas juro que ela se remexeu e ficou toda alegre ao me ver.

-Steve, posso levar a Meggie para passear um pouquinho no gramado lá embaixo? Prometo tomar todo o cuidado possível. Você sabe que hoje completa duas semanas, não é?

-Duas semanas...??

-Sim, duas semanas que ela nasceu. Não é incrível? Ela já tem duas semanas de vida.

-Ah, meu Deus. É verdade! Ihhh papai, já tem tudo isso, meu amor?? Nem parece.- Segurei a mãozinha dela.

Me virei para Luísa.

-Eu nem vejo o tempo passar direito aqui- falei.

-Eu posso imaginar. Mas e então... posso levar ela?

-Você não está estagiando??

-Não. Hoje eu vim como visita, somente- ela disse, sorrindo para Meggie.

-Bom, por mim tudo bem.

-Oba!

Eu dei um beijo na minha filha e Luísa a levou para o tal passeio.

Voltei lentamente para perto da cama.

-Como eu queria que você estivesse aqui meu amor, para ver como a nossa filha está linda e o quanto ela é esperta.

Sentei-me na mesma poltrona que Emma havia sentado quando fez a oração e segurei a mão de Amber.

-Ela se parece com você, sabe? Os mesmos olhos azuis lindos que eu amo, o mesmo formato da boca... só o cabelo que é preto, bem pretinho, como o meu.

Eu analisei o rosto dela.

-Mas pra mim, a Meggie é uma cópia perfeita de você.

Observei a sonda que pela qual Amber era alimentada, os aparelhos que a mantinham viva e senti angústia.

-Por que você não acorda, Amber? O que tá acontecendo??Onde você está que não volta, meu amor??

Abracei o corpo inerte dela.
Foi terrível não sentir os braços dela em volta de mim.

-Você é forte, Amber. Eu sei que é. Então por que não reage?? Por que não acorda??

Escutei as batidas do coração dela.

-Você não tá morta, você tá viva. Só precisa reagir e voltar pra mim.

Encarei o rosto dela e deixei as lágrimas caírem livremente.

-Era pra gente já estar casados.- Passei o dedo pelo anel em sua mão.- Mas você está desacordada e eu aqui... tentando não surtar. Sentindo sua falta. Por favor, volta meu amor! Volta pra mim... Eu te amo, Amber. Não dá pra viver sem você aqui... É difícil demais. Eu preciso de você, a Meggie precisa de você. Então volta. Abre esses olhos azuis que eu amo e volta pra mim, meu amor. Volta pra mim...- Terminei num sussurro.

Era um apelo angustiante, uma súplica desesperada.

Mas foi inútil. Amber permaneceu imóvel.
Ela nem se mexia.

Eu inclinei a cabeça, derrotado.
Minha fraqueza de homem me fazendo me perguntar pela primeira vez se realmente havia esperança.











▪▪▪





O momento é difícil.
Eu sei que fui eu que escrevi isso mas vamos fingir que não e... Uma salva de palmas pra Steve. 👏👏👏👏👏👏👏👏
Pqp, que homem é esse!
Que homem incrível e que pai maravilhoso que ele é.❤❤
#NãoPercamosAFé...

🌻🌻🌻

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