34 Quando A Escuridão Se Aproxima
Pessoal, creio que devem ter notado a capa nova. Esta, na verdade, era pra ser a capa oficial desde o começo, mas houveram alguns contratempos.
Bom, antes tarde do que nunca, então... aí está.
Espero que tenham amado, tanto quanto eu.
Para quem quiser saber quem fez as capas das três temporadas, o perfil da pessoa está lá na descrição da história.
Enfim... é isso.
Vamos ao capítulo.
Boa leitura!
💠💠💠
Fiquei estarrecida, diante do espelho.
A mão que segurava o celular, tremia.
Engoli em seco, abismada com o que havia acabado de ouvir.
O reflexo de Emma apareceu no espelho, atrás de mim.
-Amber, vim te dar boa noite, por que eu já estou indo dor...
Ela parou, percebendo meu estado catatônico.
-Amber?
Não obtendo resposta, ela se aproximou.
Tocou meu ombro, perguntando:
-Amber, o que foi?
Me virei para ela.
-Alguém... me ligou.
-Quem??
Olhei a tela do celular.
-Número desconhecido.- Murmurei.
Emma me fitou.
-Amber, vem sentar.- Ela me guiou até a cama.- O que exatamente aconteceu? Me conta. Você me parece muito assustada.
-E estou. Eu atendi a ligação e essa... pessoa, simplesmente disse que... eu deveria me preparar por que vou... morrer- falei, com a voz entrecortada.
-Morrer???- Ela ficou igualmente estarrecida.
-Sim.- Balancei a cabeça.
Escondi o rosto entre as mãos.
De repente, me subiu uma revolta muito grande.
Engoli o choro, embora tenha sido impossível evitar que algumas lágrimas escapassem.
-Mas que droga!- Xinguei, me livrando das mãos de Emma ao redor de mim e me levantei.
-Será que eu não posso ter nem um minuto de paz? Nem quando estou prestes a me casar??? Eu estou cansada Emma, sabe? Cansada de ser ameaçada, cansada de ser o alvo de pessoas que parecem ter só ódio no coração. Eu só quero ser feliz, droga! Será que é difícil de entender isso???!
Emma ficou me observando explodir por uns momentos, mas depois se aproximou e segurou minha mão, me levando de volta para a cama.
-Amber... por favor, fique calma.
Eu a olhei, aflita. E deixei transparecer o que eu sentia:
-Emma... eu tô com medo.
Ela segurou minhas duas mãos carinhosamente.
-Vai ficar tudo bem. Não vai acontecer nada com você, nem com o seu bebê. Deus está protegendo vocês.
Eu deixei Emma me abraçar e fechei meus olhos, querendo acreditar naquilo com todas as minhas forças.
~❤~
A notícia do casamento foi recebida por todos com formas de reação diferentes.
Meus amigos tiveram quase que a mesma reação da Nina, porém com menos estardalhaço, é claro.
Minha mãe quase surtou, mas concordou que era o melhor a se fazer, já que iríamos ter uma filha juntos.
-E também por que a gente se ama.- Acrescentei.
Ela concordou.
E meu pai...
Eu liguei para contar para ele.
-Pai, o Steve me pediu em casamento.
Ele provavelmente estava bebendo algo, porque eu ouvi o barulho de alguma coisa sendo cuspida, tipo quando alguém se assusta muito e não consegue se conter.
-E você aceitou?
-Sim.
Houve uma pausa.
Eu podia até imaginar a cara que ele estava fazendo.
-Acha que está preparada para dar esse passo em sua vida?- Perguntou.
-Não sei.
-E vai se casar mesmo assim?
-Vou, sim.
Ouvi ele suspirar.
-Bom... acho que você tem idade e maturidade suficiente pra decidir isso, depois de tudo o que passou.
-Eu também acho.
-E quando se casam?
-Semana que vem.
-Você está de brincadeira comigo, Amber.
-Não estou não, pai. E antes que você pergunte, assim como todo mundo perguntou por que a pressa, Steve quer casar antes da Meggie nascer. O que vai ser ótimo.
Ele suspirou pela segunda vez.
-Vou ter que dar um jeito aqui pra irmos aí, pra esse casamento.- Parecia contrariado.
-Pai, seria muito importante você, a Fernanda e o Enzo estarem aqui neste dia, mas se não der...
-Vai ter que dar. Eu não vou perder a oportunidade de ver a minha única filha se casando.
Sorri, mesmo que ele não pudesse ver.
-Então tá.
-Preciso desligar, filha. Depois te ligo aí. Se cuida. Eu te amo.
-Também te amo, pai. Tchau.
Desliguei o telefone, colocando-o sobre o criado mudo.
Logo o peguei novamente, pois Nina me enviou uma mensagem dizendo que estava lá embaixo no saguão do prédio, me esperando.
Nós tínhamos combinado de ir juntas até a Laferry Noivas para que eu pudesse experimentar alguns vestidos. Eu estava um pouco apreensiva quanto a isso, tendo quase certeza de que teria que mandar fazer um vestido, para que ele coubesse em mim.
Depois de fazer xixi pela terceira vez só naquela manhã, peguei minha bolsa, me despedi de Emma e desci.
Ela voltaria para Nova York logo após o meu casamento com Steve e eu já podia prever o quanto ela iria fazer falta.
-Oi, sua mocréia balofa!- Esse foi o cumprimento de Nina, ao me abraçar.
-Nina, isso é meio que um bullying.- Franzi a testa.
-Não, isso é carinho.
-Nossa, não quero nem ver você me tratando sem carinho.
Ela riu. Estava usando uma calça jeans clara de cintura alta com uma camiseta básica branca e tênis. Já eu, sem muita opção, usava um de meus macacões. O da vez porém, era despojado e confortável, que permitia a mim uma locomoção bem à vontade.
Pensei em contar à Nina sobre a ligação estranha, mas acabei deixando isso pra lá. Aliás, para que aquilo não se tornasse um problema, não contei à ninguém. Não valia a pena. Provavelmente, era só trote de algum engraçadinho.
-Cadê o Steve pra levar a gente? Vamos ficar gastando dinheiro com táxi, é?
-Ele está trabalhando.- Dei de ombros.
-Ah, eu tô com preguiça de andar. Vamos de táxi agora, mas quando a gente voltar, vou chamar o Henrique. Esse sofrimento só vai durar até eu tirar minha carteira, tá bom?Logo logo sou eu no comando, baby!
Eu parei, olhando-a.
-O que foi?- Suspirou.
-Você vai chamar o Henrique??
-Sim, porq... ahh!!! Nem vem!!!
Comecei a rir.
-Você está de casinho com ele, não é Nina??
-Claro que não!
-Está sim!
-Não. Nós só saímos duas vezes juntos depois da noite da festa. Somente.
-Duas vezes? Nina, só se passaram dois dias depois da festa. Isso significa que vocês saíram juntos esses dois dias!
Ela revirou os olhos.
-Ué... e daí, gente??
-Você nunca sai mais de uma vez com um só cara!
-Ué... e daí?- Repetiu.
-Você está gamada nele!- Gargalhei.
Ela me olhou com os olhos repletos de desdém.
-Só que não- disse.
-Só que sim. Parece que tem um coração aí dentro afinal, não é??
-Amber, deixa de ser chata, por favor?- Ela me observou e eu parei de rir.- Obrigada.
Ela me segurou pela mão e me ajudou a entrar no táxi que se aproximava.
Foi uma manhã meio cansativa para mim.
Aliás, todo mínimo esforço agora se tornava algo extremo.
No entanto, os preparativos para o casamento me deixavam esgotada, mas também me deixavam animada.
Qual é essa garota que não fica animada com a perspectiva de se casar com o homem que ama?
Eu não era uma exceção.
Henrique nos levou à toda parte naquela manhã. Ele estava de folga e por isso, bastante disponível.
Já Steve, completamente preso em reuniões com os empresários brasileiros, me enviou uma mensagem dizendo que não gostava nada da idéia de eu estar andando por aí com o ex quase rival dele, mas que não iria criar confusão, já que Nina estava conosco.
~❤~
Estávamos os três saindo de uma das muitas lojas que eu já havia entrado naquela manhã.
Dessa vez, eu comprara mais alguns itens infantis, para completar o enxoval da Meggie.
Comprar coisas que seriam usadas por ela me dava uma sensação tão gostosa...
E junto, uma ansiedade de tê-la logo em meus braços.
Eu mal via a hora desse dia chegar.
-Olha lá quem está vindo!- Exclamou Nina, apontando com o queixo.
Eu olhei.
Era seu Aluísio, o dono da livraria onde eu havia trabalhado há alguns meses e sido expulsa depois de uma confusão envolvendo eu mesma e a minha prima.
Ele imediatamente me viu e veio ao nosso encontro.
-Amber! Minha querida, como vai?
Apertei a mão dele. Não era por que o cara tinha me despedido por eu estar grávida que eu iria ser mal educada com ele, não é?
-Eu estou bem, seu Aluísio. Graças a Deus. E o senhor?
-É... levando a vida como Deus quer.
Ele também cumprimentou Henrique com afeição, pois os dois eram amigos já há algum tempo.
Depois, se virou para mim novamente.
-Você parece muito bem. Para quando é a criança?
-Ela deve nascer daqui umas três semanas. No meio de Julho.
-Que venha com muita saúde. Mas, Amber... queria justamente me encontrar com você para te fazer uma proposta. Acho que você vai gostar.
-Que proposta, seu Aluísio?- Fitei-o.
-Quero que volte a trabalhar para mim lá na livraria. Isso, é claro... depois que você tiver sua filha. Eu entendo que precisará de um tempo para se organizar, quem sabe encontrar uma babá, enfim...
-O senhor quer que eu volte??
-Quero muito. Sabe, Amber... eu tive que te mandar embora naquela época, por que realmente não podia ter uma moça grávida assim trabalhando. Mais cedo ou mais tarde isso acabaria atrapalhando o seu rendimento na livraria. Mas você foi, até hoje, uma das melhores funcionárias que eu já tive. E isso eu não posso perder. Eu quero você de volta.- Ele sorriu.- O que me diz??
Fiquei sem fala por um momento.
-Eu...
-Ela diz que não!- disse Nina, se intrometendo no meio.
Eu a olhei, franzindo a testa.
-A Amber não vai voltar para aquela livrariazinha de quinta, não! Ela agora, caso o senhor não saiba, é dona de metade de uma empresa que tem sede nos Estados Unidos, meu caro! Portanto, ela não precisa mais ficar atrás daquele balcão atendendo um monte de universitários chatos e um chefe careta como o senhor!
-Nina, não se mete!- falei.
Henrique a puxou pelo braço.
-Fica quieta, Jennifer.- Ele falou no ouvido dela.
Seu Aluísio a encarava com os olhos esbugalhados.
-Isso é verdade??- Perguntou, de queixo caído.
-É sim.- Confirmei.- Mas não quero entrar em detalhes. Tudo o que posso dizer é que realmente não posso e nem tenho a intenção de voltar para sua livraria, seu Aluísio. Eu sinto muito. E espero que o senhor encontre alguém.
-Tudo bem, eu... não sabia. Me desculpe.- Ele parecia envergonhado pelo escarcéu que Nina fez.- Preciso ir.
Esperei ele se distanciar um pouco e falei para Nina, entredentes:
-Mas o que deu em você? Não cansa de me fazer passar vergonha, não??
-O quê?? Me deu vontade de falar umas poucas e boas pra esse velho chato. Ou você já esqueceu da forma como ele te mandou embora daquela espelunca??- Ela pôs a mão na cintura.
Dei uma risada irônica.
-Faz-me rir, dona Nina! Será que você também já esqueceu que ele só me mandou embora por que você fez aquele escândalo quando me viu em cima da escada??
-Ele ia te mandar embora uma hora ou outra!
-Meninas, chega- disse Henrique, colocando uma mão no meu ombro e a outra no ombro de Nina.- Não vai adiantar nada ficar remoendo o passado. Vamos para o carro?
-Aff!- Fez Nina e saiu primeiro, rebolando furiosa até o carro.
Eu suspirei.
-Ela é danada, não é?-disse Henrique, me dando a mão, para me ajudar.
-Ela é. Se algum dia for o namorado dela, boa sorte para domá-la!- falei, rindo.
Henrique só balançou a cabeça, rindo também.
Abriu a porta para mim e depois, também entrou.
Quando o carro já estava em movimento, percebi que ele, mesmo concentrado no ato de dirigir, ainda sorria.
~❤~
Nove da noite, eu estava já em casa, de banho tomado e barriga cheia (de comida, porque cheia ela já estava).
Emma estava na casa de Jeff e Steve estava me fazendo companhia.
-Só faltam dois dias...- disse ele, massageando meus ombros e costas com um creme hidratante de camomila.
Estávamos na minha cama.
-...pra gente se casar.- Completei.
A sensação das mãos dele em minha pele somada ao efeito do creme e da massagem relaxante, me fez fechar os olhos, com tranquilidade.
-E eu nunca mais vou sair de perto de você- disse ele.
Eu me virei.
-Isso é uma promessa?- Perguntei.
-É sim. Eu não vejo a hora de ser seu marido. E depois, minha próxima ansiedade será ver o rostinho da Meggie. Eu sonho todas as noites com isso.
Eu sorri para ele.
-Que lindo, amor. E o meu sonho é ter vocês dois pra sempre comigo.
-Ahhhhh, quem liga pro juiz de paz? Casa comigo agora??- Ele disse, mordendo carinhosamente meu ombro.
-Não é assim que a banda toca, meu querido- falei, rindo.
-Tá bom. Eu vou saber esperar.
Fiquei calada, de olhos fechados, só aproveitando a massagem.
Tentando não me deixar levar pela ansiedade.
~❤~
Na véspera do casamento, fui até a clínica da doutora Inês, para fazer um novo ultrassom. Seria um dos últimos antes do nascimento da Meggie, já que a data prevista para ela nascer era dali a três semanas.
Fui sozinha, já que mais uma vez, Steve se encontrava em reunião com os empresários brasileiros.
O projeto de expansão da Corporação Parker seguia à todo vapor.
Doutora Inês me recebeu com a mesma alegria de sempre.
-Mas você está ótima! Parece cansadinha... mas está muito bem.- Ela disse, enquanto eu me deitava mais uma vez na maca.
-Eu realmente estou cansada, doutora. Eu nem durmo direito. Não consigo encontrar uma posição favorável...
-Pensa pelo lado positivo. Logo logo você vai estar com sua menina nos braços.- Ela disse, passando o gel na minha barriga.
-Ah... é tudo o que eu mais quero.
Aproveitando a ocasião, deixei com ela o convite do casamento, o que a deixou radiante.
Quase no fim da consulta, a doutora Inês disse:
-Bom, aparentemente, está tudo bem com você e com seu bebê. Ela já está na posição correta para o nascimento. Agora... é só esperar.
Senti um friozinho na barriga, e nem era por causa do gel.
Eu me sentei na maca.
-Eu ainda te vejo por aqui em breve, tá ok? Vamos acompanhar essa gestação até o fim.
-Pode deixar.- Balancei a cabeça.
Depois que me ajeitei, peguei minha bolsa e saí do consultório.
-Tchau, Amber!- Jéssica, a recepcionista, acenou para mim.
Peguei meu telefone na bolsa, a fim de pedir um Uber, para voltar para casa.
Caminhei distraída até a saída.
Esperaria o carro do lado de fora da clínica.
-Opa, foi mal.- Um garotinho esbarrou em mim.
Era magrinho e parecia não ter mais do que onze anos.
-Não foi nada.- Sorri para ele e o observei se sentar na calçada.
Depois de pedir o Uber, guardei meu telefone na bolsa e comecei a atravessar a rua, para que o motorista do aplicativo me achasse com mais facilidade.
Meus pés inchados e minha recente precária habilidade de locomoção fizeram com que a travessia fosse um pouco mais devagar que o normal.
Foi quando senti algo muito perto de mim.
Não sei como surgiu tão de repente aquele carro numa rua que me parecia antes tão vazia.
Só sei que de repente, percebi que era tarde demais. Eu jamais conseguiria atravessar a rua a tempo.
Tudo o que vi, foi o carro se chocar contra o meu corpo.
E depois... escuridão.
Só a escuridão.
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