
12 Preocupação
O que aconteceu a seguir foi uma enorme confusão.
Jeff e Henrique correram para a cozinha, alarmados pelo meu grito.
-Ela está sangrando!- Disse Henrique.
-Você se cortou, Amber??- Perguntou Jeff, vendo os cacos de vidro da jarra de suco.
-Não! Eu preciso ir para o hospital, agora!- Gritei.
"Por favor, que o pior não tenha acontecido..." pensei, aflita.
Lembrei-me de que a doutora Inês havia dito que ao menor sinal de anormalidade eu deveria correr para o hospital.
Eu estava sangrando, isso era mais do que anormal.
-Eu te levo. Jeff, me ajuda levar ela até o carro!- Disse Henrique.- Amber, sua bolsa com seus documentos, onde está??
-No meu quarto, em cima da cama...
-Eu vou pegar.
-Precisa de ajuda para andar?- Jeff me olhou, preocupado.
-Não...
Isso era ainda mais estranho.
Apesar do sangue, eu não sentia absolutamente dor nenhuma.
~❤~
Uma hora depois, eu estava deitada sobre a cama do hospital, depois de ter sido examinada.
Sentia-me sonolenta e percebi que realmente era um sono natural, uma vez que grávidas não podem ser sedadas.
Ainda sentia o desconforto do exame de toque, mas estava aliviada por ter sido realizado por uma médica e não um médico.
Não havia ficado inconsciente em nenhum momento, mas não tinha idéia de onde poderiam estar Henrique e Jeff, pois, ao darmos entrada no hospital, ambos haviam ficado para trás, assim que comecei a ser atendida.
Uma enfermeira entrou no quarto.
-A doutora Ana já está vindo falar com você.- Ela disse.
Comecei a tremer de ansiedade e medo.
Eu não sabia o que pensar, mas temia pelo pior.
Desejei estar na clínica da doutora Inês, e não num hospital qualquer, por mais que estivesse sendo bem atendida.
-Amber?- Ouvi uma voz.
Ergui minimamente a cabeça. A médica havia entrado no quarto.
-Se sente bem?- Ela se aproximou da cama, com sua prancheta nas mãos.
-Sim. Mas tô com medo...- Falei, trêmula.
Ela me olhou, penalizada.
-Oh, posso ver! Mas você precisa ficar calma.
-Não consigo. Por favor, me diga que eu não perdi meu bebê...- Falei, lutando contra as lágrimas.
-Não, você não perdeu o seu bebê, Amber.
Eu a olhei, com o coração batendo forte.
-A senhora está falando sério?- Perguntei, ainda tremendo.
-Claro que sim. É meu dever, como profissional da Medicina, falar sempre a verdade para os meus pacientes. Você não sofreu um aborto, seu bebê está bem.
Relaxei, suspirando de alívio.
"Obrigada, meu Deus!"
-No entanto... tem algo que você precisa saber.- Disse a médica, num tom de voz sério.
-O que é?- Perguntei, me ajeitando na cama, para ficar numa posição melhor.
-O sangramento que você teve foi devido a um descolamento do saco gestacional, que está se moldando ao útero. Isso é nada mais do que um acúmulo de sangue entre o saco onde o feto está e a parede do útero. Entretanto, o seu caso não é tão grave, tanto que você só sangrou e não sentiu dor alguma.
Comecei a respirar precipitadamente, muito nervosa.
-Calma, calma... não precisa ficar assim. Eu já disse que vai ficar tudo bem. Mas para isso você precisará de muito repouso. Para que você e o seu bebê fiquem absolutamente fora de perigo, você tem que manter repouso absoluto, a partir de agora. Você está me entendendo, Amber??
Fiz que sim, incapaz de falar.
-Ótimo. Com o repouso, o saco gestacional se fixará novamente à parede do útero e tudo vai voltar ao normal. Agora, só depende de você.
-Está bem- falei, procurando respirar fundo e me acalmar.
A médica me olhou por alguns segundos.
-É seu primeiro filho, não é?
-Sim...
Ela pôs a mão no meu ombro e sorriu, compadecida.
-Vai dar tudo certo.
Eu bebi um gole de água que ela me ofereceu.
-Bom, eu preciso atender outros pacientes agora e vamos manter você aqui pelo resto da noite, só pra observação. Amanhã de manhã você poderá ir pra casa. Ah, seus amigos querem te ver!
Ela saiu do quarto e, alguns minutos depois, Nina e Jeff entraram.
Nina correu até mim, e me abraçou.
-Ah, graças a Deus! Você está bem e seu bebê também. A doutora Ana nos contou tudo...- Ela segurou minha mão.- Não sabe o quanto fiquei preocupada, Amber...
-Eu também fiquei.
Jeff passou a mão pela minha testa e eu lhe sorri, demonstrando o quanto estava feliz por ele estar ali.
-Você está bem?- Ele perguntou, baixinho.
-Estou. A doutora só disse que eu preciso...
-Ficar em repouso absoluto!- Exclamou Nina.- Exatamente. Ou seja, nenhum tipo de esforço. Você vai precisar de alguém pra te ajudar naquele apartamento, Amber. Acho que agora, não tem como você recusar. Eu posso ir morar com você, pra te ajudar com suas tarefas. Eu...
-Nina, por favor. Não exagere- falei, procurando me sentar e Jeff ajeitou os travesseiros nas minhas costas.
-Não estou exagerando. Isso é sério, Amber. O repouso absoluto é necessário.
-Eu sei, Nina. Mas eu também não posso mobilizar todo mundo à minha volta por causa dos meus problemas com a gravidez. Você tem seu trabalho no salão e é muito ocupada...
-Eu daria um jeito.
-Não. Não tem que dar jeito nenhum. Eu vou saber me cuidar. Pode deixar.
Nina estava aflita. Eu via a tristeza em seus olhos, causada pela perda do filho que ela nunca chegou a ter.
Mesmo contrariada, ela disse:
-Tá bem. Mas você tem que me prometer que vai se mexer o mínimo possível.
-Isso é um absurdo.- Revirei os olhos.
-Nina, tenho certeza que a Amber vai saber se cuidar. Não fique tão paranóica- disse Jeff.
-Cala a boca, porque você nem sabe do que tá falando.
Jeff arregalou os olhos para ela e depois me olhou, como que dizendo " O que deu nela? "
Eu suspirei.
-Nina, não se preocupe. Vai ficar tudo bem. A doutora me garantiu isso.- Tranquilizei-a.
Eles ficaram comigo ainda por alguns minutos e depois, foram embora.
~❤~
Eu estava quase cochilando, quando percebi a presença de mais alguém no quarto hospitalar.
Abri os olhos e me virei.
Henrique estava ali, me observando.
-Pode dormir... - disse ele, num tom gentil.
-Não. Que bom que está aqui. Henrique, eu... só quero te pedir desculpas e te agradecer por tudo que está fazendo por mim- falei, me sentando na cama.
-Não tem que agradecer e nem se desculpar. Eu só quero que você fique bem.
Assenti.
Ele se sentou numa poltrona próxima à cabeceira da cama.
-Amber... Por que não me contou que está grávida?
Eu o olhei, arregalando os olhos, constrangida.
-Ahn, eu... não sei. Só... não quis falar.- Encolhi os ombros.
Ele ficou me olhando, sem entender.
-Está sendo uma fase muito difícil da minha vida, essa. Eu tô tentando seguir em frente, mas... às vezes parece quase impossível.
-Jeff e Nina me contaram que você não falou para o Steve, também.
-É. Ele ainda não sabe.
-Você precisa contar pra ele.
-Eu sei.
Henrique suspirou.
-Bom, quero que você saiba que pode contar comigo para o que precisar. Eu sei que você vai dormir agora, então eu também vou pra casa, descansar um pouco. Mas amanhã bem cedo venho te buscar e te levar pra casa.
-É muito gentil da sua parte. Obrigada.
Ele se aproximou e me deu um beijo na testa.
-Fica bem, Amber.
Nossos olhares se encontraram. Ele parecia querer dizer algo a mais, mas desistiu.
-Até amanhã.
Eu acenei fracamente, enquanto ele saía do quarto.
~❤~
Lá pelas onze e tantas da noite, acordei com o barulho de alguém entrando no quarto.
Era a enfermeira, que veio até mim, entregando-me o meu celular.
-Aqui, tem alguém querendo falar com você.- Ela disse, e logo saiu.
Já me preparei mentalmente para tranquilizar a minha mãe, e atendi.
-Alô...
-Amber??
Não era a voz da minha mãe. Era Steve.
-Steve... ?
Ele parecia muito alterado.
-Amber, me diz o que você está fazendo num hospital! Eu te liguei e foi uma enfermeira que atendeu. O que está acontecendo???
Fechei os olhos e respirei fundo.
Que mancada, deixar minha bolsa com o meu telefone longe de mim!
Se eu tivesse atendido primeiro, Steve jamais saberia que eu estava em um hospital.
-O que... o que a enfermeira te falou?- Perguntei.
-Ela atendeu seu telefone e disse que você estava dormindo. Só isso. O que houve, amor? Você sofreu algum acidente??
-Não, não. Eu... estou bem.
-Então por que está no hospital???
"Você precisa contar para ele", a voz de Henrique se fez ouvir na minha mente.
"Não consigo fazer isso. Não assim. Steve não pode saber disso dessa maneira.", Pensei.
-Amber???
-Oi. Eu... estou aqui por que tive uma dor de cabeça, bem do lado daquela cicatriz, causada por aquela pedrada que eu levei daquela vez. Você... você se lembra??
-Lembro...
-Pois é. E é por isso que me mantiveram aqui, para observação.
-Entendi. Precisa ver isso com cuidado, então. Eu sinto muito, meu amor.
-Eu também sinto muito...
"Sinto muito por estar mentindo pra você desse jeito, Steve. Mas um dia, tudo isso irá acabar. Eu juro."
▪▪▪
Quando é que Amber vai acabar com essa agonia, meu Deus? 💔
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