06 O Inesperado
A noite de festa do tal Clube Dos Executivos havia chegado e eu me olhava no enorme espelho que meu pai havia colocado no meu quarto, admirando mais uma vez o bom gosto de Fernanda.
Foi ela quem me incentivou a comprar o vestido longo azul, de alças finas e delicadas, com uma pequena cauda, o que o tornava extremamente elegante.
No dia que a compra foi feita, eu tinha achado um exagero. Mas agora, enquanto girava em frente ao espelho, percebia que tinha sido uma boa. Afinal, não era uma festa qualquer, e sim uma que reuniria os maiores figurões da cidade de Nova York.
Seria de bom tom estar bem vestida.
-Uau, ficou lindo! Não falei?- Disse Fernanda, quando desci.
-Ficou mesmo.- Concordei, sorrindo.
Emma, que ficaria com o Enzo enquanto estivéssemos fora, já havia chegado.
-Que lindo.- Ela disse, com os olhos brilhando, admirando o vestido.
Eu podia imaginar o quanto um vestido como aquele era o sonho de consumo para alguém como ela, uma suburbana que morava no Brooklyn. Mas Emma era encantadora, mesmo com suas vestes simples.
E, ao que parecia, ela amava macacões pois vestia outro, dessa vez amarronzado, com uma blusa de mangas compridas branca por baixo, que acentuava o tom ruivo de seu cabelo.
-Não é justo!!!- Falou Enzo, cruzando os braços.
-O que foi, irmãozinho?- Me voltei para ele.
-Eu não quero que a Emma fique aqui. Eu posso me cuidar sozinho.
-Assim você me magoa, Enzo- disse Emma, fazendo uma cara triste engraçada.
-Não leve a mal, Emma. Eu adoro você, mas poxa... Eu já tenho onze anos.
-Você só tem onze anos, querido. E eu não quero que você fique sozinho- disse Fernanda.
Segurei -o pelos ombros.
-Não pense na Emma como uma babá. Pense nela apenas como uma companhia.
Ela balançou a cabeça, concordando.
Enzo deu um muxoxo e se jogou no sofá, com seu tablet em mãos.
Eu aproveitei que Fernanda foi fazer algo na cozinha e puxei Emma para um canto da sala.
-Ei, Emma...- Procurei falar mais baixo.- Posso fazer uma pergunta?
-Claro.- Ela disse, falando igualmente baixo.
-Por que você agiu daquele jeito com Richard Cooper, o cara da perna manca?
Ela ficou ligeiramente tensa e ia responder, mas o meu pai gritou:
-Hora de irmos! Amber, vem!
Emma ficou me olhando indecisa, mas eu resolvi:
-Deixa pra próxima.
Eu não perdia por esperar: mais cedo ou mais tarde eu saberia porquê Emma praticamente saiu correndo quando Richard Cooper se aproximou.
~❤~
O Clube Dos Executivos era algo do qual o meu próprio pai fazia parte, mas que eu só cheguei a conhecer naquele dia.
Acho que nunca tinha visto, na minha vida, tanta gente rica reunida em um só lugar, de uma só vez.
O evento aconteceu em um salão de festas de Nova York, enorme.
-É aqui que geralmente nos reunimos em dias de festa- disse meu pai, enquanto entrávamos e eu observava, admirada, a imponência do lugar.
Fui apresentada a todos os amigos do meu pai e de Fernanda, inclusive ao próprio pai dela, o qual era dono da empresa em que meu pai exercia o cargo de presidente.
Perdi a noção de quantas mãos apertei aquela noite. Era muita gente importante, donos de grandes empresas, políticos, e até um ou dois artistas com a carreira em ascensão.
-E aí, tá sendo demais pra você?- Fernanda cochichou no meu ouvido, enquanto passávamos em frente à um grupo da elite de Nova York.
-Estou impressionada- falei, sem conseguir tirar os olhos das elegantes senhoras, segurando taças de champagne, enquanto falavam sobre os negócios dos maridos e filhos.
-Acho que no fundo, esse é um mundo que eu sempre quis conhecer.- Confessei.- O mundo dos negócios.
-Esse é o mundo do seu pai e da minha família, Amber. Pode ser o seu também.
-Não, não... Isso não é pra mim- discordei.- Eu vou fazer Medicina, vou salvar a vida das pessoas.
Fernanda sorriu, dando de ombros.
-Nunca se sabe.
Meu pai veio até nós.
-Filha, quero te apresentar a mais algumas pessoas. Vem.
Suspirei e Fernanda deu-me um tapinha no ombro, vindo logo atrás de nós.
-As pessoas estão encantadas com você.- Meu pai disse.
-É mesmo?
-Claro, não percebeu o quanto estão te elogiando?
-São poucas as pessoas que não sabiam que seu pai tinha uma filha, pois ele vive falando de você.- Comentou Fernanda.
-Sério?!- Exclamei.
-E agora que te conhecem, estão encantadas. Não é por menos.- Meu pai beijou meu rosto.
Eu sorri, no fundo achando aquilo um pouco de exagero.
-Ah, venha aqui. Agora eu quero que você conheça um velho amigo meu...
Um senhor de cabelos brancos e sorriso bondoso virou-se para nós:
-Ora, mas quem é que você está chamando de velho?- Falou, divertido.
Meu pai riu, dizendo:
-Tem razão, Charles. Nunca o vi em tão boa forma.
E virou-se para mim:
-Filha, este é Charles Parker, dono da Parker's Corporation e um grande amigo da nossa família.
Não podia ser. Como diria Nina. Oh, my God!
-Mas que linda menina, eu não sabia que você tinha uma filha, Paulo.- Ele disse, me fitando carinhosamente e me estendeu a mão.- Qual é o seu nome?
Procurei sair do torpor em que me encontrava e apertei a mão dele.
-Ahn... é Amber, muito prazer- falei, trêmula.
-Ora, o prazer é todo meu. É uma honra conhecê-la- ele disse, sorrindo.
Eu sorri de volta, sentindo uma estranha e repentina afeição por aquele senhor de cabelos brancos.
Por essa eu não pude esperar. Ali estava eu, em Nova York, conhecendo Charles Parker, o avô de Steve. Como o mundo pode se tornar tão pequeno de repente?
Steve provavelmente estava agora lá no Brasil, vivendo aquela vidinha medíocre, como vendedor de drogas, enquanto seu avô, de sorriso tão cativante, apertava a minha mão e dizia que era uma honra me conhecer.
-Você está muito bem, Charles. Está com um brilho no olhar que há muito tempo eu não vejo.- Comentou meu pai.
Ele concordou sorrindo, enquanto cumprimentava minha madrasta.
-Mas o que houve com o Steve? Nunca mais ouvi falar sobre ele.
Voltei -me surpresa para o meu pai.
Então... Ele também conhecia Steve?
-Steve? Ora... Mas cadê esse garoto? Estava agora mesmo ao meu lado...- Disse Charles, olhando ao redor.
Por um momento, comecei a achar que ele, devido à idade avançada, já sofria de algum mal de memória, mas essa hipótese foi jogada por terra quando o inesperado aconteceu, me deixando completamente aturdida.
Steve, como eu nunca imaginei que o veria, surgiu de um dos cantos do salão, usando terno e gravata e disse:
-Estou aqui, vovô.
▫▫▫
Eitaaaa que lá vem coisa!
Próximo capítulo está pegando fogo!
Até lá!
Beijos!❤😘😘
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