-Amber? Está tudo bem?

Pisquei rapidamente.

-Ahn... Sim, está.

-Você pareceu meio perdida em seus próprios pensamentos depois que eu respondi sua pergunta- disse Emma, me encarando confusa.

-Não, é que... Eu só... me distraí um pouco.

-Ok. Como eu estava dizendo, eu sinto pena do senhor Charles. Tento dar o máximo de atenção possível a ele quando posso. Ele tem uma alma boa.

-Então, você disse que ele é um dos homens mais ricos de Nova York?- Falei, tensa.

-Sim. Ele é o dono da Parker's Corporation.

-E ele... ele só tem esse neto de família?

Emma suspirou.

-Infelizmente sim. Todo mundo conhece a história. O filho e a nora morreram num acidente de trem há muitos anos. É muito triste tudo isso.

-É, sim- falei, fitando o mar ao longe.

Então era verdade. Era ele, sim. Era o Steve Parker que eu conhecia.

Fiquei pensando comigo mesma porquê Steve nunca disse que era rico. Aliás, por que ele escondeu isso.

Steve Parker, o cara misterioso e diferente que vendia drogas era de família rica.

Meu Deus, que descoberta!

O que levava o neto de um dos homens mais poderosos da capital do mundo a vender drogas e a viver daquela forma no Brasil?

De repente, me lembrei daquela tarde em que saímos para conversar, no dia da Feira Literária. Algo que ele dissera, agora fazia todo sentido.

" Por que você faz isso? "- Eu tinha perguntado.

" Isso o quê? "

" Isso.- Repeti.- Se você precisa de dinheiro, não pode simplesmente trabalhar, como qualquer pessoa normal? "

Ele havia respondido:

" O que eu faço vai muito além da necessidade do dinheiro. Você não entenderia. "

Realmente, eu não entendia. Não conseguia entender. De qualquer forma, isso não era mais problema meu. Eu e Steve estávamos afastados e muito provavelmente, continuaríamos assim.

-Meninas??- Meu pai chegou, colocando as mãos no meu ombro e no de Emma.- Tudo ok por aqui? Vejo que já ficaram amigas.

Eu sorri.

-Sim, pai. Eu adorei conhecer a Emma- falei.

-Que bom. Filha, eu quero te apresentar alguém.

Eu me virei, notando o homem que vinha até nós.

Aparentava uns trinta e poucos anos, talvez até menos. Era praticamente calvo e mancava de uma das pernas.

Notei que Emma ficou imediatamente desconfortável com a chegada desse homem e começou a olhar ao redor, como que querendo sair dali.

Meu pai segurou minha mão, para que eu me levantasse, dizendo:

-Este é Richard Cooper, um dos diretores da Education First, a escola de intercâmbio onde você vai estudar. Richard, esta é minha filha, Amber.

-Ah, oi. Muito prazer- falei, cumprimentando o homem.

Emma afastou sua cadeira e se levantou.

-Com licença, tenho que ir ao banheiro- falou, saindo apressada, mas eu notei seu olhar de desgosto para o tal de Richard.

Ele por sua vez, arqueou a sobrancelha, numa expressão cínica, vendo-a sair.

O que foi aquilo?

Meu pai, parecendo alheio à tudo isso, dizia:

-Richard vai acompanhar você durante todo o intercâmbio, filha. Você vai adorar a escola.

-Estarei ao seu dispor, Amber- disse o diretor.- E é um prazer enorme conhecê-la também.

Ele se aproximou de mim, pegou na minha mão e beijou-a demoradamente, olhando-me com uma certa malícia no olhar, meio contida por causa da presença do meu pai.

Imediatamente, não fui com a cara dele.

Apesar da deficiência na perna e da quase calvície, Richard fazia o tipo boa pinta e charmoso, porém era o tipo de charme petulante, que causava irritação.

-Obrigada...- falei sem vontade, puxando minha mão de volta.

Voltei a me sentar, enquanto meu pai e ele conversavam.

Uma pergunta não me saía da cabeça:

Por que Emma ficou tão incomodada com a presença de Richard Cooper??

▫▫▫

Palpites, alguém?
Volto em breve com o quinto capítulo da Segunda Temporada pra vocês.
Beijos de luz❣😘