Capítulo 3
Capítulo 3
Maravilha. Segunda feira. Minha vontade se concentra completamente no meu corpo jogado de qualquer forma na cama. Com meu pijama roxo, e cabelo completamente bagunçado, me levando reunindo o pouco de força que ainda resta. São cinco da manhã, cedo de mais, porém, Matt e sua atitude me fizeram deitar mais cedo. Assim como deixar meus olhos inchados de tanto chorar. Arrasto-me até o banheiro, colocando a pasta de dente na escova e deixando de lado. Tiro minha roupa e corro para tomar um banho rápido, mas libertador. Quando saio do chuveiro, vou para pia e escovo os meus dentes, prestado atenção nos meus os olhos irritados e inchados da noite perturbada que tive. Como eu faria para olhar para ele agora, depois do que ele fez? Tento apagar a lembrança do beijo, mas ela persiste em me seguir. Ainda enrolada na toalha, pego minha blusa de manga comprida cinza, minha calça preta e deixo em cima da cama. Sem a menos vontade, vou para cozinha e coloco a cafeteira para funcionar. Café é meu vicio, mas não qualquer café. Tem que ser um café forte, e quanto mais amargo melhor, pois isso me faz lembrar minha vida. Amarga. Ainda na cozinha, olho o maldito sofá velho, e me lembro que tinha prometido de trocá-lo assim que voltasse de Washington. Anotei mentalmente que era isso que eu iria fazer no horário de almoço, caso não tivesse nenhuma reunião. Deixei a cozinha e me vesti. Sequei o cabelo e o prendi em um rabo de cavalo. Tirando o estojo de maquiagem da gaveta da pia do banheiro, retiro a base de dentro e passo no rosto para esconder um pouco minha cara de defunto. Termino de passar a maquiagem, e já imaginando o que os outros iriam falar, já que quase nunca apareço maquiada no trabalho. Coloco meu brinco de argola pequeno, que é a única coisa que eu iria colocar na minha orelha pelo resto da semana, me afasto e me olho no espelho, satisfeita com o meu visual mais arrumado.
Depois que tomo meu café, olho todas as portas antes de sair. Mania? Transtorno obsessivo compulsivo? Maluquice? Não sei, mas todas as vezes que saia tinha que olhar todas as fechaduras da casa, até a mais insignificante. Eram quase seis amanhã quando desci e segui andando até a garagem, meu carro não era carro do ano, mas era ele que salvava minha pele desde que comecei a trabalhar no The Poster. Ford Escort Station Wagon dos anos noventa, quebrava mais que um galho, desmatava uma floresta inteira na minha vida.
De frente ao enorme prédio, parei imaginando como encarar Matt, não que eu me preocupasse como seria meu lado profissional perto dele, mas o lado da nossa amizade definitivamente foi abalando pelo beijo, que mais me provocou arrepios horrendos do que prazer em sentir sua língua dentro da minha boca.
— Você está bem? — perguntou Tatiane, secretaria de Elijah Aiden Hunter. Tati tinha um rosto angelical e redondo. Suas bochechas eram rosadas, e deixam seus olhos verdes ainda mais em evidência. Sua pele branquinha se destacava no seu uniforme preto, que por sinal lhe caia muito bem. Ela era o tipo de pessoa que eu sairia, se eu não fosse completamente travada. Mas não era por isso que deixava de almoçar com ela inúmeras vezes.
— Mau — suspirei pegando os documentos que ela me entregara — vai ser uma merda meu dia.... — ela me olhava com expectativa, mas não tinha intimidade para falar sobre o que acontecera noite passada. Ou teria?
— Quer falar sobre isso? — ela sempre me fazia essa pergunta quando eu chegava de cara fechada no trabalho. Uma amiga prestativa, mesmo sem eu soltar uma só palavra... Agora eu me imaginei sendo realmente amiga de Tatiana, não pelo fato de ter socado a cara do que eu achava ser meu único amigo, mas pelo fato de não ter mais ninguém para poder ter uma amizade saudável, e que não estivesse querendo enfiar a língua garganta abaixo na minha boca.
— Na hora do almoço eu falo — de leve, percebi que ela estava surpresa por falar aquilo. Sempre que ela me fazia essa pergunta, eu sempre respondia: Depois eu falo, mas nunca chegava a comentar o que se passava na minha cabeça.
— Aproveite — seu tom era de alerta — seu dia pode melhorar — piscou o olho, enquanto Elijah abria a porta me olhando sério. Eu tinha feito algo errado? Suas sobrancelhas estavam unidas, e sua boca tinha formado uma linha rígida assim que me viu.
— Você pode, por favor, entrar na sala — ele não estava exasperado, mas seu tom não era um dos melhores — eu pedi explicitamente para Matt avisar a você para não se atrasar... — fez uma pausa e continuou — e onde diabos ele está à uma hora dessas? — Matt havia se atrasado, e deixado de me dar o recado do chefe. Minha raiva só aumentava, e os pelos do meu corpo de eriçaram por ter que conter a raiva.
— Me desculpe, senhor Hunter — tentei manter o tom mais sereno que pude — mas Matt não me avisou que era para chegar mais cedo...
— Ah — disse ele relaxando um pouco mais — não ligue para meu ataque, hoje está sendo um dia daquele — me lembrei que ele apenas sentia vontade de gritar, quando tinha matéria boa, e isso me deixava muito esperançosa, já que era uma briga entre quem iria cobri qual matéria.
— Senhor Hunter — falou Tatiane — o senhor gostaria que eu ligasse para o senhor Brown? — sugeriu, com sua carinha de anjo. Sempre prestativa.
— Claro — sorriu ele com carinho para ela. Sempre achei que Tatiane tinha uma queda pelo sorriso de Elijah, assim como noventa e nove por cento das mulheres do jornal — e obrigado — ele abriu mais a porta, e eu entrei na sua enorme sala, com painéis espalhados no canto direito da sala, e alguns stands boards espalhados no lado esquerdo. Na frente da sala uma janela de vidro do teto ao chão. Sua sala tinha um ar profissional intocável e muito organizado. Com quarenta e oito anos, Elijah era respeitado por todos, o que fazia qualquer pessoa aguentar suas alterações sem se mexer um centímetro. Olhos castanhos claros e cativantes eram o conjunto perfeito para seu rosto alongado e queixo levemente quadrado. A pele do seu rosto parecia lisa, com quem havia feito a barba pela manhã, e enquanto caminhava, o carinho e respeito que sentia por ele só aumentava, pois o considerada quase como um pai. Quando ele sentou na cadeira de traços modernos, esperei pacientemente, pois sabia que ele não falaria nada sem eu Matt houvesse chegado. Olhando de lado, percebi a foto dele. Nathan.
Com sua pose habitual. Braços cruzados de um jeito firme, poderoso, imponente, imperante... e desafiador. Ele usava um terno fino de ótimo corte, que deixava seus músculos quase estrangulados sobre o tecido. Seus olhos azuis celestes praticamente miravam em mim, mesmo eu sabendo que não era verdade. Seus lábios formavam um sorriso quase malicioso na foto. Ligeiramente repuxados de lado e para cima. Seu cabelo muito bem arrumado e penteado, o deixava ainda mais gostoso naquele terno. Por que homem de terno, é outro nível. Olhei mais para baixo no stand board que tinha sua foto pregada, e li o que tinha escrito: Conheça o homem do momento. Nathan G. Fox. Pisquei algumas vezes para ter certeza que tínhamos conseguido uma matéria com aquele homem, e quando me virei, Elijah me fitava com expectativa. Ainda bem que ele não poderia ler minha mente, ai as coisas iriam ficar completamente estranhas. A sensação do toque das nossas mãos ainda me perturbava, muito mais do que o beijo de Matt, que entrou na sala com uma expressão indecifrável.
Sem olhar para mim, ele se sentou na cadeira ao lado da minha. E pude ver o lado do deu rosto um pouco roxo, e uma pontada de piedade se formou dentro de mim.
— Bom — começou Elijah olhando para o rosto de Matt com curiosidade — espero que o cara que fez isso no seu rosto estava pior — quase solto uma risada, mas disfarço muito bem e olho de canto para prestar atenção na reação das palavras de Elijah nele.
— Infelizmente, não senhor — sua voz era firme. Muito mais firme do que eu estava acostumada a ouvir — não deu para fazer o mesmo, o cara era mais forte do que eu — olhou para mim, e se eu não tivesse olhado para Elijah, teria estirado o dedo para ele como fiz noite passada.
— Espero que coloque gelo nisso — o tom do nosso chefe era divertido — mas não foi por isso que chamei vocês para esta reunião — falou cruzando as mãos enquanto apoiava nos cotovelos sobre a mesa e pousava seu queixo nelas.
— Já posso ter uma ideia — falei olhando para a foto no stand do lado esquerdo. O que fez Matt também olhar e se prender na foto.
— Quero vocês nesta matéria — disse ele saindo da sua pose e se levantando — mas não vai ser uma investigação — falou olhando para mim. Ele sabia que entre todos daquele jornal, era eu quem queria pisar no calo de Nathan — vai ser algo diferente — acrescentou — o jornal anda passando por alguns apertos e precisamos fazer uma entrevista sobre ele, já que iremos receber ajuda direta a partir de agora, e isso e como se fosse uma exclusiva, que pretendo deixar em off dentro do jornal — não sabia se era pior... O beijo de Matt com sua língua dentro da minha garganta, seu toque ou essa noticia. Meu rosto estava queimando de raiva. O que diabos ele faria dentro de um jornal? O que ele entendia do assunto e do trabalho? O homem cuja vida era ser incrivelmente falado nas mídias por ser o senador mais novo da historia, e investigado pela policia com frequência. Sem contar a sua vida amorosa que aparecia nos tablóides constantemente a cada cinco minutos.
— Isso é brincadeira? — falei em um sorriso de escárnio — por que você só pode estar brincando comigo — me levantei irritada pressionando as têmporas com força na tentativa vã de espalhar a tensão que se formava naquele local.
— Na realidade — agora seu tom calmo me deixava ainda mais irritada — não estou — disse simplesmente — e você vai entrevistar ele — arqueou as sobrancelhas para me confrontar. Ele sabia que eu jamais teria coragem de levantar minha voz para ele, mas aquela situação não me deixava nenhum pouco confortável.
— O que você tem? — perguntou Matt, e minha vontade não era de o mandar tomar naquele canto de maneira educada: — Matt meu querido, você poderia ir tomar no seu orifício circular traseiro? Obrigada. Definitivamente não era assim que sairia da minha boca. Ao invés disso, fechei a cara para ele e olhei para Elijah que se sentava na ponta da sua mesa ao meu lado — você não ouviu que o jornal precisa de uma força?
— Matt — minha voz saiu mais como uma ameaça — fique na sua... — seus olhos azuis ficaram mais delatados e profundos, e sabia que ele estava tão irritado, quanto eu, mas eu não estava nem ai pra ele.
— Olhe — começou Elijah na mesma maneira calma — se não fosse preciso, eu não estaria pedindo a você — senti sinceridade em sua voz — mas, você é a única neste jornal inteiro que conhece a vida dele...
— Certo — falei irritada — eu faço essa maldita entrevista — seus olhos de arregalaram de surpresa.
— Como? — perguntou os dois ao mesmo tempo.
— Vocês não escutaram da primeira vez? — falei irritada — vou ter que repetir? — o sarcasmo em minha voz latente — quando? Que horas ele vai estar aqui?
— Ele não vai vir até o jornal — disse Elijah me olhando — você vai até ele, em uma das boates dele...
— Jesus! Era só o que me faltava — andando de um lado para o outro, eu não me via dentro de nenhum inferno daqueles — você vai me pedir mais o quê? — deixei que ele percebesse minha maldade ao falar o resto da frase.
— Isso você faz se quiser — percebi que matt se divertia com a minha cara ao falar isso.
— Matt — advertiu Elijah — você vai apenas dá suporte a ela, mas apenas no final. Dead Line.
— Tudo bem, Senhor — ainda tinha um vestígio de diversão em sua voz.
— Quando? — interrompi.
— Amanhã a noite — de repente algo ruim me passou pela cabeça. O que eu iria vestir? Sapatos? Cabelos? Maquiagem? E por que eu estava pensando naquilo com angustia nas veias? — como eu sei do seu salário apertado — começou — vou lhe dar o meu cartão da empresa com uma lista de lojas que irão recebê-la — ele ia me ceder o seu cartão?
— Finalmente ela vai usar algo que não seja bege, marrom, cinza e de mangas compridas... — debochou Matt.
— Não preciso de ajuda com isso... — quando falei, Elijah me interrompeu levantando a mão.
— Na verdade — acrescentou — Tatiana vai com você — minha boca caiu — ela entende que algo que mulheres devem fazer juntas.
— Você pediu para Tatiane me ajudar — meu coração se enterneceu — obrigada — cedi por fim.
O final da manhã foi um inferno. Tive que elaborar várias perguntas, e quando chegou a hora do almoço, eu estava pontualmente esperando Tatiane para combinar o que iria fazer, assim que tive que desistir da ideia que formulei de puxá-la para ir comprar um sofá de vergonha para minha sala, já que o meu estava completamente um lixo. No final das quantas, Elijah iria me liberar no período da tarde do dia seguinte, assim eu teria tempo o suficiente para comprar algo maravilhoso para vestir, e apesar da minha relutância, algo dentro de mim se retorcia de ansiedade. Borboletas no meu estômago me deixavam ainda mais nervosa. Eu estaria frente a frente com Nathan G. Fox.
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