
Capítulo 26
Hoje era o último ensaio da peça de teatro, o entusiasmo dos meus colegas era notório e o meu também.
O professor deu uma breve pausa nos ensaios de representação e começou a ler a estória da Cinderela.
- Bem meninos, vocês devem encenar sabendo como aconteceu a estória. Não é só pegar o guião e ir logo encenando, vocês devem saber como as personagens se sentiram no livro ou no filme. É isso que eu quero de vocês, sentimentos reais não fictícios. - Falou o professor, fechando o livro.
- E se nós não conseguirmos? - Jenna perguntou.
- Aí eu teria que vos mandar para o fim do mundo por terem me enganado nos castings. - Zombou o professor e nós rimos.
- Vamos voltar a ensaiar, pois amanhã é um grande dia.
Continuamos o ensaio e o professor foi mais exigente do que nos outros. Eu e Daniella saímos do ensaio juntas e fomos até a sua casa. Eu ia passar a noite com ela.
- Vocês acham que vão mesmo conseguir impressionar toda a cidade com a vossa peça? - Perguntou Kristal, a irmã mais nova da Daniella, atenta a tela do seu celular.
- Eu só não acho, como tenho certeza, K-r-i-s-t-a-l - Disse Daniella, com leves pausas no nome da irmã e Kristal gargalhou.
- É sério, Dani? Você nem imitar a Ariana Grande no videoclipe de 7 ring consegues. - Kristal contestou e eu gargalhei.
- Tu ainda tentas isso? - Perguntei para Dani e ela ficou vermelha de tão envergonhada que estava.
- Não. É... Sim. É que a Ariana é tão perfeita. - Disse Daniella e eu tive que concordar.
- A Doja que é perfeita e vocês as duas não podem me envergonhar amanhã. Por favor - Kristal Rebateu e eu olhei para Dani gargalhando.
- Kristal, você tem medo que o Matt veja a tua irmã desastrada e a melhor amiga no palco amanhã? - Daniella perguntou e Kristal revirou os olhos.
- Quem é o Matt? - Quis saber e Daniella sorriu.
- É só a paixão de infância da Kristal.
- É mentira. Eu e o Matt somos melhores amigos desde pequenos. - Rebateu Kristal nervosa.
- E a Xuxa é ruiva. - Daniella provocou e eu gargalhei com a piada seca.
- Querem saber? Eu vou assistir Stranger Things na Netflix, lá no meu quarto ao invés de escutar suposições sobre mim. - Kristal levantou-se do sofá e subiu as escadas de madeira até o primeiro andar.
- Ela é tão tímida a falar do Matt, mas quando o assunto é o Nick ela fica toda sorridente e cria provocações sobre mim. - Daniella disse e eu abanei a cabeça negativamente.
- Deve ser bem interessante ter uma irmã.
- Você está ótima assim amiga. Eu tenho que suportar a Kristal todos os dias. - Daniella reclamou.
- Vamos dormir? Amanhã é o dia da peça de teatro. - Eu disse e ela concordou.
💘
Acordei e senti o forte cheiro de café. Abri os meus olhos lentamente e a perna da Dani estava sobre a minha.
Levantei-me da cama e entrei no banheiro do quarto dela.
Tomei um banho quente e lavei o meu cabelo. Passei óleo de coco para dar mais brilho e maciez e vesti uma blusa branca. Calças de ganga azul e tênis preto.
Desci as escadas até o rés do chão e entrei na cozinha. A mãe da Dani estava tirando o café da cafeteira e virou para trás, olhou para mim e sorriu.
Os seus olhos azuis tinham leves olheiras e o seu cabelo loiro estava preso num rabo de cavalo meio que forçado. O avental rosa marcado com duas gotas de café e a blusa rosa amassada.
- Bom dia, tia Stephanie. - Cumprimentei e ela sorriu, deixando o cesto com o pão de leite no meio da mesa.
- Bom dia, Nessa, já fiz o café, queres? - Tia Stephanie perguntou.
- Sim. Obrigada. - Sentei-me a mesa e servi um pouco de café numa chávena.
- Hoje é o dia da peça. - Ela comentou, sentando numa cadeira ao pé do balcão.
- Sim, estou muito ansiosa. - Falei e ela sorriu, bebericando o seu café.
- O segredo para atuar bem é esquecer a ansiedade e se focar nos teus amigos que estarão lá na peça contigo.
- Tu tens razão, tia. - Afirmei.
- Tenho que ultimar a limpeza da casa. Bom apetite, Nessa.
- Muito obrigada.
Terminei de tomar o meu café e comi duas fatias de tostas de queijo.
Daniella e Kristal entraram na cozinha ao mesmo tempo e meio que brigaram por causa da única fatia do bolo de chocolate.
- Meninas, temos uma hóspede. - Reclamou o pai da Daniella e eu sorri.
- Eu já estou acostumada, tio Ben. - Falei e ele sorriu envergonhado.
- Mesmo que tu sejas como uma filha para nós Nessa, elas deves ter um pouco de respeito na mesa. Daniella! Por favor, já és crescida! - Adverteu o pai delas e Daniella revirou os olhos.
- Pai, eu e a Nessa vamos ter que passar da casa dela, para ela buscar algumas coisas necessárias para a peça e também por que não pode deixar a mãe sozinha por muito tempo. Então, temos que ir, nos vemos lá na escola.
- Está bem meninas. Estarei lá na vossa escola.
💘
Daniella estacionou o carro em frente a minha casa e eu desci do mesmo.
Caminhei até a porta da minha casa e toquei a campainha, minha mãe abriu a porta e sorriu para mim.
- Nessa, minha filha, entre. - Minha mãe pediu e eu entrei.
- Eu fiquei com saudades tua mãe! - Falei, subindo as escadas.
- Eu e o baunilha também! - Ela gritou e eu sorri. Eu amava aquele gato.
Entrei no meu quarto e arrumei a minha mochila com algumas coisas que iria precisar para mais logo e também dei um banho ao meu gato.
Desci as escadas e me despedi da minha mãe. Ela disse que iria ao espetáculo e eu disse que ficaria a espera dela.
Entrei no carro de Daniella e coloquei a mochila no banco de trás. Dani aumentou o som da música de Ariana Grande "Boyfriend" e acelerou até a escola.
Estacionou em frente a mesma e saímos do carro.
Entramos no quintal da escola e caminhamos até o hall de entrada.
Os nossos colegas da peça já estavam presentes, olhando os funcionários da escola içar o cartaz avisando que hoje é o dia da peça.
- Está tão lindo. - Jenna disse, com um certo brilho nos olhos.
- Realmente, não acredito que é hoje. - Falei e Lucca olhou para mim com um sorriso no rosto.
- Nem eu. - Lucca disse e eu sorri para ele.
Entramos na escola e seguimos o caminho até a sala de teatros.
A peça seria apresentada no grande anfiteatro da escola e o professor pediu a nossa ajuda para levar as coisas até lá.
Depois de trinta minutos levando o material até o anfiteatro, ajudamos a montar o palco, as luzes, verificar o som e ornamentar o local.
- Muito obrigado meninos, vocês são especiais para mim. Como eu já disse uma vez, essa deve ser uma peça memorável para toda escola e toda a cidade. Nessa e Lucca quero empenho da vossa parte. Jenna, Daniella, Joshua, também quero muito empenho da vossa parte, por favor, vão mudar de roupa, só faltam três horas para apresentarem a peça.
Voltamos para a sala de teatros e vestimos os nossos trajes iniciais, eu vesti uma blusa azul de mangas compridas e uma saia castanha. Um avental igualmente castanho e sapatos pretos, amarrei o meu cabelo num rabo de cavalo com um lenço castanho.
Daniella e os outros participantes da peça vestiram os seus trajes.
No anfiteatro, ficamos esperando as pessoas chegarem e ensaiando os microfones.
- Eu estou nervosa. - Daniella falou e eu sorri fraca.
- Bom, todos nós estamos nervosos, bom, eu estou aqui. - Segurei a mão dela e ela sorriu para mim.
- Eu sei Nessa. Você é mesmo uma irmã para mim.
- Eu digo o mesmo. - Abracei Daniella e ela apertou-me no abraço.
Depois de duas horas, o anfiteatro já estava cheio de alunos, velhinhos e velhinhas, adultos e adultas e principalmente crianças.
O professor pediu a atenção de todos e disse:
- Boa noite a todos. - Todos responderam em uníssono: boa noite. - Espero que estejam tão bem como nós estamos. Bom, daqui a trinta minutos começa a peça, tem pipocas a venda na entrada, sumos e algumas guloseimas. Qualquer coisa por favor chame um protocolo que estará em cada canto das filas para ajudar, o silêncio é totalmente necessário, mas para as crianças tem uma excepção, se sentirem vontade de rir, podem gargalhar, tá? E sejam todos bem-vindos ao mundo mágico da Cinderela. - Todos aplaudiram e o professor atravessou a cortina vermelha até o bastidores, onde nós estávamos sentados a espera dele.
- Meninos, setenta por cento da cidade está aqui na escola para vós ver atuar, por favor, dêem todo amor e carinho na representação, eu conto convosco para isso tudo dar certo.
- Sim professor. - Respondemos e ele sorriu.
Continuamos a espera do sinal do professor até que ele chamou Carl, o rapaz que iria narrar a estória para puder dar início e chamou-me a mim e as duas colegas que iriam fazer o papel das irmãs, os que iam fazer o papel dos ratinhos e o de madrasta.
- Boa noite a todos. - Cumprimentou Carl. - Iniciemos o conto. Era uma vez, um fidalgo que casou com uma linda mulher e teve uma filha portadora de uma beleza surreal e surpreendente: Cinderela. - Ele disse e eu atravessei a cortina até o palco com uma esfregona e um balde de madeira na mão direita. - A mãe de Cinderela morreu e o fidalgo casou-se com uma costureira, que tinha duas filhas e assim começou o inferno na vida de Cinderela.
- Cinderela! - Gritou a Jenna, que faz o papel de madrasta.
- Cinderela. - Gritou Rain, a colega que faz de Drizella.
- Cinderela. - Gritou Emma, que faz de Anastácia.
- Já vou, já vou! - Gritei, andando às pressas até uma porta que dava para o outro lado do palco.
- Todas as manhãs. - Retomou Carl. - Cinderela tinha que servir as suas irmãs como uma fiel criada. Cinderela aqui, Cinderela lá, Cinderela acolá. Era assim os dias de Cinderela, até que anunciaram o dia do baile real. Em que o príncipe iria escolher uma linda moça para ser a sua companheira e esposa. As irmãs de Cinderela entusiasmaram-se e Cinderela ficou maravilhada com a notícia.
- Imagina as tantas coisas que eu terei se casar com o príncipe. - Disse Anastácia e a Drizella sorriu.
- Imagina tu os inúmeros presentes que terei do meu futuro marido.
- A mãe das meninas. - Carl continuou. - Fez vestidos novos para cada uma e Cinderela apenas restava-lhe um vestido antigo da sua mãe.
- Eu também vou ao baile. - Anunciei e elas olharam-me incrédulas.
- Impossível Cinderela, você não tem classe para ir a um baile. - Disse Anastácia.
- Eu concordo. - Falou Drizella. - não é mãe?
- Sim Cinderela. Tu não vais a lugar nenhum. - Ordenou a madrasta.
- Não podem proibir-me, isso é para todas as moças do reino, e eu tenho direito de ir.
- Sem mais contestar, a madrasta aceitou a hipótese de Cinderela ir ao baile. - Carl disse. - Cinderela preparou o vestido e deu os últimos retoques, enquanto que as suas irmãs estavam belas e elegantes com os vestidos novos feito pela mãe. Cinderela desceu as escadas vestindo o vestido e suas irmãs mortas de inveja atacaram-na.
-- Que roupa mais brega, Cinderela. - Disse Anastácia.
- Sim, uma roupa digna de uma gata Borralheira. - Drizella falou.
- A madrasta subiu as escadas até o quarto e desceu com uma tesoura, Cinderela, curiosa, perguntou:
- O que tu irás fazer com essa tesoura? - Perguntei e a madrasta sorriu maliciosamente.
- A madrasta rasgou as vestes de Cinderela e quando a mesma tentou soltar-se, já estava com as roupas todas danificadas. Cinderela subiu as escadas e ficou trancada lá chorando, sentiu uma forte luz atrás dela quando olhou para trás, viu uma velhinha vestindo um longo vestido branco e um chapéu de fada da mesma cor. Uma varinha mágica e um sorriso alado no rosto.
- Quem sois vós? - Perguntei assustada.
- Eu sou a tua fada madrinha Cinderela. - Daniella disse. - Estou aqui para levar-te ao baile.
- Mas eu não tenho um vestido fada madrinha. - Contestei. - E já está tarde.
- Nunca é tarde para ir a um baile, Cinderela. A questão do vestido, resolve-se. - A fada madrinha movimentou a sua varinha e apontou para mim, as luzes do palco apagaram-se e algumas led's brilhantes acenderam em volta.
Vesti o vestido rapidamente sobre a roupa de Cinderela rasgada e as luzes voltaram a acender.
- Fada madrinha, estou maravilhosa. Esses sapatinhos são de vidro? - Perguntei, olhando para os sapatos.
- Sim, e vês aquela abóbora no jardim? Tu irás no baile com ela.
- A fada madrinha e a Cinderela desceram as escadas correndo para o jardim e na horta, a fada madrinha transformou a abóbora em carruagem e os ratos em cavalos. E alertou:
- Cinderela, tens até ao badalado da meia-noite para voltar para casa, se não, a magia acaba e tudo voltará a normal. - Daniella falou e eu assenti.
- Cinderela foi ao baile e ao chegar lá, todos se impressionaram com a tamanha beleza da jovem, mas quem se interessou mais, o príncipe, ele esteve entediado, mas ao olhar para a jovem moça, ele impressionou-se e foi falar com ela.
- Concende-me o prazer de uma dança? Bela dama - Lucca perguntou sorrindo e eu também sorri.
- Claro majestade. - Fiz uma leve vénia e ele também. Iniciamos a dança e a parte musical da peça. As crianças cantavam ao mesmo que nós cantávamos até que tocou as badaladas da noite. - Tenho que ir.
- Mas por quê? - Lucca perguntou e eu tive que correr até a saída do castelo, mas deixei sair um pé do sapato.
- A Cinderela deixou escapar um sapato do seu pé esquerdo e correu até a carruagem, pelo caminho tudo voltou ao normal e ela caiu no bosque, triste, voltou para sua casa e adormeceu. As suas irmãs não paravam de comentar sobre o baile no dia seguinte e quando ouviu-se a notícia que o príncipe havia apaixonado-se por uma rapariga de sapatos de cristal, a notícia espalhou-se por todo o reino e no dia que passaram da casa da Cinderela, as irmãs puseram-se a experimentar, mas os pés delas eram demasiado grandes, até que Cinderela perguntou:
- Posso experimentar? - Perguntei e o conselheiro real assentiu.
- Sim, podes. - Ele deu-me o sapato, mas a madrasta bateu-me a mão e o sapato caiu no chão, despedaçando-se aos mil pocados.
- Olha o que fizestes mulher. - Reclamou o conselheiro real.
- Não se preocupe, eu tenho como remediar esse acontecimento.
- A Cinderela foi ao seu quarto e voltou com o outro pé do sapato.
- Eu tenho o outro pé. - Falei, mostrando o sapato e o conselheiro sorriu.
- Assim, a Cinderela foi levada ao castelo e casou-se com o príncipe e viveu feliz para sempre. Fim.
Todos aplaudiram e nós fizemos as vénias para eles.
•••
Bom, só estou passando para avisar que este é o penúltimo capítulo dessa minha estória, minha não, nossa!🥺❤️ Fico feliz se acompanhou até aqui, beijos.
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