
Capítulo 24
Acordei escutando o som dos pássaros chilreando. Ao menos tinham seres que acordavam felizes.
Levantei-me da cama e tomei um banho frio.
Vesti uma t-shirt branca e calças de ganga azul, passei gel nos meus cachos e coloquei a minha típica corrente de prata.
Olhei-me no espelho e esbocei um sorriso fraco. Eu estava totalmente destruído.
Saí do quarto e desci as escadas até o rés do chão. Eu odiava a auréola dessa casa. Toda ela negra e maldosa.
Mesmo tendo cores vivas e chamativas, essa casa nunca mais seria o meu refúgio, mas sim uma espécie de purgatório.
— Lucca! — o meu pai chamou-me, descendo as escadas. — como assim vais apresentar uma peça no sábado? — Ele estava vestindo um terno preto, os seus fios de cabelo para trás por causa do gel e o seu guarda-costas carregando a sua mala.
— Pai. — eu disse, olhando para ele. — Eu já estou ensaiando a um mês para essa peça de teatro e o senhor só está descobrindo hoje?
— Tu não me disseste, como o resto das coisas que descobri sozinho. — Meu pai disse e eu abanei a cabeça negativamente.
— Mas o Alfred sabia. O Alfred, o nosso mordomo pai.
— Mas tu pretendes mesmo subir em cima de um palco e atuar como príncipe encantado?
— É o que mais quero agora nesse momento. Poderei ficar ao lado da rapariga que eu amo.
— Ah, tens uma namoradinha e também não me contaste? — Meu pai perguntou sério e eu revirei os olhos.
— Pai, eu só vou pedir uma vez. Tenta ser mais próximo a mim por favor, todos os meninos na escola são deixados de carro com seus encarregados e eu só comecei a ir numa escola pública esse ano. Todos eles falam dos seus pais, menos eu, pois o meu não tem tempo para mim. Mas para a Stacy, uau, a filhinha preferida do papá você tem pai. Quando o Brunno está triste, você fala com ele, quando a Stacy está com nervos da universidade, você consola eles. Eu sou seu filho também pai. Se não me querias por seu fruto de uma traição poderias ter-me deixado com a minha mãe que por sua vez, você disse que ela estava morta, mas ela está viva e ela é uma cantora de bar em Portland. — Redargui e o meu pai mudou o seu semblante sério para uma expressão preocupada.
— Lucca, a noite teremos uma conversa privada no meu escritório. Agora vá para escola. — Meu pai declarou e eu saí de casa. Entrei no carro e esperei o meu motorista entrar no carro.
Nunca havia confrontado o meu pai, mas já bastava ficar olhando ele mimar os meus irmãos e me deixar de escanteio como se eu fosse o cachorrinho vira-lata do vizinho que invadiu o quintal. Poxa, eu sou o filho dele.
— Menino Lucca, sente-se bem? — Arnald, meu motorista perguntou, ajeitando o espelho retrovisor.
— Sim Arnald, está tudo bem. — Menti, olhando pra a janela. Eu estava muito nervoso. — Quando eu sair da escola, podes fazer-me um favor e levar-me a Portland?
— O senhor seu pai sabe disso?
— Ele não precisa saber de todos os meus passos. — Resmunguei.
🥀
Saí do carro e entrei na escola, rostos felizes e alegria cobrindo toda auréola negativa.
Sentia-me feliz nessa escola por esse motivo. Aqui eu conseguia ser quem eu sou mesmo não tendo contacto com muitas pessoas.
— Ei cara, Lucca. — Chamou-me Joshua, um dos atores da peça. — Você é sempre assim?
— Assim como? — Quis saber. Ele parou na minha frente ofegante.
— Frio e quieto? — Joshua perguntou e eu tentei formar um sorriso.
— Eu não sou frio. O mundo me faz parecer. — Expliquei, caminhando até a minha sala de aulas.
— Ah não cara, você precisa curtir mais, sair, ao menos ter um amigo.
— Eu já tenho alguns amigos. Os meus livros e a minha mente que vive atormentada. — Falei, abrindo a porta.
— Nós os dois estamos na mesma turma e estamos encenando para a mesma peça teatral, cara, podemos, sei lá, ser amigos?
— Amizades se conquistam, não se fazem de uma hora para outra. — Redargui, sentando na minha carteira.
— Você não dá espaço. — Joshua explicou. — A única pessoa dessa escola que fala contigo e está todo momento contigo é a Nessa.
— Ela é a minha miúda, Joshua. — Falei. — E eu só confio nela nessa escola.
— Uau, informação a mais, acho eu. Eu pensei que você tinha algo com a Emma Collins.
— Nah! Não tenho nada com a Emma, a miúda apenas lança cantadas para cima de mim.
— Ela tem razão, você é um Roberts, filho do imperador dos imobiliários. — Joshua falou, imitando um dos comerciais que passa na TV aberta.
— E é assim que você não vai conquistar a minha amizade. Falando da fortuna do meu pai.
— A minha mãe estava tão péssima ontem. — Falei, entrando na sala de aulas acompanhada das minhas amigas. — Ao menos consegui fazer ela ficar feliz.
— Ainda bem. nem parece que faltam dois dias para peça. — Daniella sentou-se no lugar dela e lançou a cabeça para trás.
— Quero ver vocês duas brilhando nessa peça. Eu serei a vossa fã número um. — Ruth disse, com o seu lindo sorriso nos lábios.
— Amiga, você e o Carter já se entenderam? — Perguntei e ela negou com a cabeça. Ela era tão linda quanto teimosa.
— Eu não quero mais alguma coisa com ele. Andei descobrindo algumas coisas a mais que ele fazia enquanto estávamos a namorar e a Emma participou de uma das coisas. Aff, assim não posso. — Ruth explicou.
— Tudo se resolve com uma boa conversa. — Eu sugeri, lembrando-me das palavras da minha mãe.
— Eu já não tenho mais nada a conversar com ele. Foi bom enquanto durou, mas ser portadora de chifres não amiga. — Ruth contestou.
— A Nessa tem razão. Eu e o Nick já tivemos os nossos milhares de desentendimentos, mas conversamos, e tudo ficou melhor. Mas, existem aqueles porens e eu não aceito os seus pedidos de desculpas durante um mês. Mas tudo se resolve com uma boa conversa.— Daniella disse.
— Eu queria puder te dar mais um conselho, mas é o meu primeiro relacionamento. — Ruth segurou a minha mão direita e sorriu para mim.
— É, e você Nessa, devia ser inspiração para muitas meninas que têm o mesmo desejo de viver o romance. Mas só que no teu cas, houve um livrinho mágico. — Ruth disse alegre.
— Vou devolver ele na biblioteca, para uma rapariga achar ele, puder também viver o seu tão sonhado romance. Todas nós devemos viver e o são Valentim sempre estará ali quando você precisar de uma ajudinha dele.
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