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Capítulo 22


Depois de tanta insistência da minha mãe e das minhas amigas, decidi ir a festa.

Vesti-me de uma maneira nada exagerada: um vestido azul escuro até os joelhos e sapatos de salto de sete centímetros preto. Passei rímel e fiz cachos nos meus cabelos.

— Mãe, qualquer coisa liga para mim. — Pedi e minha mãe riu fraca, com a TV exibindo a sua telenovela.

— Eu que deveria falar-te isso minha filha. Divirta-se. — minha mãe sorriu e eu também sorri. — Não fica presa na dor. Você ainda é muito jovem.

  — A tua mãe tem razão. — Daniella disse, olhando para mim. Ela estava vestindo uma blusa rosa curta e calções de ganga curtos. Eu concordavacom elas.

Nós saimos de casa e entramos no carro de Daniella. O caminho até casa da Charlote foi meio lento, mas a agitação na casa da prima de Daniella era bem notória.

 Vários adolescentes com copos de bebidas nas mãos e música alta pop tocava desde a entrada da rua.

— Essa festa promete. — Daniella disse, saindo do carro e eu também saí do carro.

— Você tem razão, Dani. — Ruth disse, bastante animada, saindo do carro e Daniella trancou as portas do carro.

— Não vamos ficar longe de você. Eu prometo. — Daniella assegurou e eu sorri para elas.

— Está bem meninas. Mas eu acho que devo refrescar a mente nessa festa. Vou curtir um pouco.

— É assim que se fala, miúda! — Ruth quase gritou gargalhando e eu também gargalhei com elas.

Entramos na festa e eu sentei-me na escada olhando as pessoas dançando e curtindo. Algumas pessoas já estavam esgotadas, outras ainda frescas com o álcool ainda funcionando na mente deles.

Minhas amigas entraram na pista de dança quando começou a tocar uma música dançante. Ao menos elas estavam felizes.

Senti uma mão repousar no meu ombro e olhei para trás. Era o Brunno.

— Ah, oi Brunno. — Cumprimentei-o  e Brunno sorriu, sentando-se ao meu lado na escada.

— Nessa, você nessa festa? — Ele perguntou, relaxando-se sobre os degraus.

— Sim, vim com as minhas amigas. — Respondi e ele assentiu com a cabeça.

— Bem, eu escutei a tua discussão com o Lucca e...

— Se vieste falar em nome dele, por favor, esquece e não toque nesse assunto. — Pedi, sentindo uma pontada de dor no peito.

— Não, eu e o Lucca não somos assim tão próximos, mas eu sei o por quê de ele fazer aquilo. O meu pai é um homem muito rude e arrogante, até para nós mesmos que somos seus filhos. E ele sempre disse para nós que a mãe biológica de Lucca estava morta e você trazer aquela bomba, foi tipo, a melhor coisa do mundo para o Lucca. Mas o meu pai proibiu-nos de falar da Scarlett para qualquer pessoa. Pois ele disse que ela estava morta e falar de mortos da azar, por aí, e iria sujar a nossa reputação como a família mais bem respeitada de Harpier.

— Mas ele não podia tentar ao menos não me humilhar? — Perguntei, lembrando-me daquela tarde chuvosa de quarta-feira.

— Foi necessário. Se não ele iria sofrer ainda mais. Eu e o Lucca não somos tão próximos como eu disse, mas eu consigo sentir o que ele sente, eu consigo sentir a sua auréola, é brilhante, o Lucca é uma pessoa muito simpática e especial. Mas o meu pai, não lhe dá muita atenção, até parece que o Alfred é o nosso pai, não o Richard, por favor Nessa, perdoa ele.

— Você tem certeza disso Brunno? — Questionei, nervosa.

—A mais clara de todas. — Brunno garantiu.

— Está bem, Brunno, muito obrigada. — agradeci e ele levantou-se das escadas.

    — Não precisas agradecer.

Ele desceu as escadas e eu decidi curtir um pouco a festa. Dancei e comi alguns aperitivos, depois da meia-noite as minhas amigas decidiram voltar para casa.

Ficamos escutando as músicas da Doja Cat e as da Ariana Grande por todo o caminho até a minha casa.

— Adeus meninas, eu amei a nossa saída. — Falei, saindo do carro. — Até amanhã.

— Até amanhã, Nessa. — Ruth disse e eu acenei para elas.

Abri a porta da minha casa e entrei, voltei a trancar e subi as escadas até o meu quarto.

Minha mãe tinha razão. Não podia ficar presa na dor.Eu ia continuar sendo a Nessa Carter que sempre fui. A rapariga apaixonada por romances, que lia, assistia e devorava como se fosse um prato cinco estrelas Michelin.

— Baunilha, eu sinto inveja de você as vezes. — Eu disse, colocando o meu gato no meu colo. — Você fica todo dia dormindo aqui na minha cama. — Bati no colchão. — E eu? Tenho que ainda tentar me adaptar a forma de vida nesse mundo perverso.

Miau. — Baunilha ronronou e saltou do meu colo.

— Ai, gato malandro, volta para tua mamãe. — Baunilha subiu no meu guarda-roupa e dormiu. Sorri e cobri-me com o cobertor e adormeci.

Acordei sentindo-me cansada. Ainda bem que não tinha aulas. Era o dia de celebrarmos a independência da cidade. Uma data incrível e maravilhosa.

Se tinha planos? Nenhuns, depois desses acontecimentos, tinha-me esquecido de qualquer feriado ou marco da cidade.

— Nessa! — Ruth gritou entrando no meu quarto com um foguete.

 — Ruth? O que você está fazendo aqui? — perguntei assustada e ela sorriu, dando uma volta demorada na minha cadeira giratória. Aquilo era um sonho ou a Ruth estava as sete da manhã de um feriado no meu quarto?

 —  Hoje é um dia sem aulas e eu e Dani queremos levar-te até a praia, o cinema, um passeio de melhores amigas.

— Isso tudo parece agradável. — Eu ergui o meu corpo e abri os meus olhos com calma.

— E é Nessa. Agora a senhora vai levantar e se arrumar para sair conosco e não quero ouvir não como resposta. — Ruth declarou e eu revirei os meus olhos.

Arrumei-me para sair com elas. Vesti uma blusa rosa-bebê e calções bege. O que a Ruth não aprovou tanto. Prendi o meu cabelo num rabo-de-cavalo e entramos no carro de Daniella.

Passeamos o dia inteiro, fomos a Praça dos apaixonados tomar um café, depois fomos a praia e também ao museu do amor.

— Essa foi a melhor saída de melhores amigas de todos os tempos. — Disse Daniella e eu tive que concordar.

 — A melhor das melhores. — Eu disse.

— Ainda bem que ti sentes feliz, Nessa. — Ruth disse bebericando o seu suco de manga em caixa que havíamos comprado no supermercado.

— Não poderia ficar presa na dor. — Admiti e elas sorriram.

— E como está o assunto com o Lucca? — Daniella perguntou, reduzindo a velocidade do carro quando o sinal ficou no vermelho.

    — Não sei como está. Eu encontrei ele ontem na biblioteca e pedi-lhe explicações. Lucca disse que fez aquilo pelo nosso bem, pois o pai é muito severo, por aí, e o irmão disse a mesma coisa ontem na fest. Eu não sei se acredito.

— Acredita mulher, sabes, as vezes perdemos as melhores chances de viver o melhor momento das nossas vidas por brigas mesquinhas.

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