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Capítulo 21


As segundas feiras eram dias totalmente desnecessários, mas como toda segunda-feira, tinha que ir a escola.

Essa era a última semana de ensaios para a peça da Cinderela e eu estava muito mais que ansiosa.

Era já no sábado o dia de exposição da peça e os bilhetes já estava a venda.

— Nessa, você está bem? — Minha mãe perguntou, cortando uma fatia do bolo de chocolate.

— Tentando estar mãe. — Ela sorriu, mas o seu rosto tinha a aparência destruída. As olheiras já habitavam no seu rosto a semanas.

— Filha, acho que queres me falar um pouco da estória do encantamento, não é? — Minha mãe perguntou, sentando-se a mesa.

— Mãe, eu sempre achei que romances fossem totalmente mar-de-rosas. — Falei fungando. — Mas eu descobri que nem todo o romance foi feito para ser um best-seller. Que no caso, eu, eu consegui viver um curto romance mãe, eu e o Lucca. — Confessei.

— Eu sabia que você gostava dele.

— Eu amo ele, mãe e nós tivemos uma discussão no dia em que o pai morreu. Eu pedi um rapaz ao são Valentim e ele foi enviado pelo cupido especialmente para mim. Mas acho que foi mais um sonho desnecessário.

— Tu lês vários romances, e sabes quando chega nessa fase da discussão do casal, o que a melhor a se fazer? Conversar, lavar a roupa suja de vez e ver se é para avançar ou acabar com tudo antes que todos se machuquem. — Minha mãe disse e eu pus-me a pensar. Será que ela tinha razão?

— Bom, eu tenho que ir para escola e hoje eu quero ir sozinha. — Falei e levantei-me da mesa.

Coloquei a minha mochila nas costas e saí da minha casa.

Mudanças eram necessárias na vida de seres humanos, mas na minha vida foram mudanças drásticas desnecessárias.

Cheguei a escola e olhei para o hall de entrada sorrindo. Uma nova fase, mesmo que fosse triste, estava disposta a mudar, a Nessa antiga estaria orgulhosa dessa nova Nessa que vinha por aí.

Entrei na biblioteca e devolvi todos os meus livros românticos. Talvez aquele fosse o ponto final da minha obsessão por livros, filmes e séries românticas.

— Nessa? — Escutei de longe do corredor. Aquela voz, era ele: Lucca. Olhei para trás e ele esboçou um sorriso fraco.

— O que tu queres? — perguntei, tentando manter a calma. Mas as minhas pernas me denunciavam de tão trémulas que estavam.

— Eu queria tentar conversar contigo. Eu tentei falar com você. Sinto que devemos tratar de alguns assuntos pendentes.

— Que assuntos pendentes? — perguntei nervosa, num tom estranhamente alto. — Tu achas que restou alguma coisa pendente?

— Sim. Eu queria puder explicar o ato da quarta-feira passada.

— Ah, e eu a Nessa palhaça Carter que vou ouvir? — Perguntei ironicamente .— Eu não sou um brinquedo, meu querido. Você me humilhou em frente do teu pai.

— Nessa, eu...

— Eu o quê Lucca? Tu vens com esse papinho de desculpa agora? O que houve? O que foi? — Perguntei. — Você me destratou e você tem sorte de eu estar a responder-te agora.

— Eu fiz aquilo para o nosso bem.

— Que nosso bem, qual balelas. Você apenas quis me fazer de parva e, ah, eu não sei o que você tem com o teu pai que não pode haver perdão. — Soltei por fim e ele balançou a cabeça negativamente.

— Ele não é um pai...

— Mas você ao menos tem um pai Lucca. — Contestei. — Os meus dois pais morreram Lucca. E você só sabe discutir com o que tu tens. — Limpei uma lágrima que caiu do meu olho direito.

— Eu, eu...

— Eu o quê? Não tens mais argumentos? — Perguntei. — Fale.

— Eu fiz aquilo pois o meu pai não sabe que eu comentei isso para alguém. Ele disse para mim que a Scarlett está morta e que eu não posso em nenhum momento falar disso a alguém e como você falou isso na presença dele, eu tinha que tentar mudar de assunto, para nos ajudar.

— O que ele me faria? — Questionei.

— Ele não faria nada em você, apenas ia expulsar-te da minha casa e nós nunca mais iríamos nos ver e eu ia sofrer ainda mais. Todos os dias escutando aquilo, Nessa. E eu não quero viver longe de você.

— Eu não tenho mais nada a falar com você Lucca, não posso ficar eternamente zangada com você, eu perdoo você. Mas por favor, me dê um tempo para eu voltar a pensar como eu pensava antes. — Pedi e saí da biblioteca.

Consegui conter as lágrimas e segui o meu caminho até a sala de aulas. Aquele rapaz tinha um efeito em mim tão forte. Eu estava tão, mas tão apaixonada que nem zangada com ele conseguia ficar.

— Nessa, o que foi? — Ruth perguntou, quando sentei-me na minha carteira.

— Eu encontrei-me com o Lucca e não consegui não pedir-lhe explicações. — Sussurrei.

— Nessa, vocês deviam um ao outro explicações. Pois um relacionamento fofo como o vosso não podia acabar do nada. Com um assunto mesquinho.

— Não é nada mesquinho. — Rebati — Agora eu tenho que tentar perceber ele. Mas não prometo fazer isso tão já.

— Você está passando por uma fase meio difícil Nessa Carter. Ninguém pode te cobrar nada.

As aulas passaram rápidos e eu e Daniella entramos no anfiteatro e trocamos de roupa.

— Nessa, você tem certeza que quer continuar com a peça? — Perguntou o professor.

— Não posso deixar-te na mão agora, senhor professor. — Falei e ele assentiu.

— É que o acontecimento do teu pai foi tão recente e...

— Foi um compromisso. E não sou de não cumprir com os meus compromissos. — Eu disse e o professor concordou comigo

— Do início pessoal. Vamos, faltam apenas dois ensaios para o dia da peça! — Gritou o professor e todos nós voltamos a nossas posições iniciais.

Continuamos o ensaio, mas a química entre mim e o Lucca estava desaparecendo.

— Lucca, mais compaixão rapaz. Nessa por favor, do fundo do meu coração, eu peço-te para ter mais graciosidade. — Pediu o professor e eu assenti.

continuamos o nosso ensaio e quando terminou, eu e Daniella saímos da escola juntas.

 — Hoje nós pedimos autorização a tua mãe, vamos sair para a festa da minha prima Charlote, para você descontrair.

— Dani, eu não estou num clima para isso. — Expliquei, mas ela balançou a cabeça negativamente.

— Não a nada que possa correr mal. É só para descontrair.

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