
Capítulo 17
Terminei de vestir o meu figurino e voltei a sala de teatro. Esse era o ensaio das canções. Esperava que corresse tudo lindamente bem.
— Nessa, fica calma. — Dani falou, segurando os meus ombros que estavam mais que trémulos.
— Eu vou ficar, Daniella. — Falei, olhando em volta da sala e os meus olhos encontraram os de Lucca, sorri e ele também sorriu.
— Meninos, hoje é o primeiro dia da penúltima semana de ensaios, preciso de encanto, magia, precisão e determinação da vossa parte. — Disse o professor radiante. — Eu escolhi essa equipe a dedo e todos vocês são brilhantes, essa peça tem que ficar na história! Estão todos comigo?
— Sim! — Respondemos em uníssono e o professor sorriu.
— Bom, Nessa Carter, você como Cinderela, iniciará os cânticos de hoje, queremos ver a tua precisão vocal. —Disse o professor, folheando o roteiro das canções.
— Está bem, começo agora? — Perguntei e o professor afirmou com a cabeça.
Suspirei — Ao longo dos anos... — iniciei a cantoria e todos aplaudiram.
— Fantástico Nessa, agora quero o dueto de você e o Lucca. — Disse o professor e Lucca levantou-se do seu acento sorrindo.
O seu sorriso tinha um efeito muito catastrófico dentro de mim. Fazia-me sentir feliz. Naquele momento, eu conseguia sentir as famosas borboletas na barriga.
— Deseja cantar comigo, my lady? — Lucca perguntou beijando o topo da minha mão e eu estremeci de nervosismo.
Ele já beijou os meus lábios, mas são esses lindos e simples afectos que me fazem ficar como uma bússola perante inúmeros ímanes.
— Sim, my lord. — Redargui e Lucca beijou a minha bochecha. Os olhares concentraram-se em mim e eu fiquei vermelha de tão envergonhada.
Iniciamos a música e no final, todos cantaram conosco.
— Nessa e Lucca, isso foi tão... — O professor limpou uma lágrima do seu olho direito e sorriu para nós. — Fofo!
— Ah, obrigado professor. — Lucca agradeceu e eu sorri.
— Pareciam um casal real, vocês têm uma química inegualável. Uma sintonia perfeita.
— Mas não são! — Contestou Emma e eu sem querer revirei os meus olhos. Todo mundo olhou para ela.
— Ah, mas são sim. — Dani replicou. — A Nessa e o Lucca são namorados, não é Nessa?
— O Lucca nunca ia namorar com alguém como a Nessa, enquanto que existe inúmeras raparigas interessantes. — Emma retrucou. Várias burburinhos começaram a ecoar na sala de teatro.
— Chega, meninas! — O professor gritou e elas pararam de ralhar uma com a outra. — Eu apenas fiz um comentário, não pedi uma discussão. E tu Emma, tens sorte por ainda fazeres parte da equipe.
— Desculpa professor, é que fiquei indignada.
— Indignada com a decisão dele? Se ele namora com ela é problema deles, o nosso problema é essa peça. — Falou o professor e eu soltei a mão do Lucca nervosa.
— Professor, eu não tenho nada haver com a Emma, desculpa o que acabou de acontecer. — Lucca pediu. A primeira vez que ele falava algo que não tinha haver com a peça. — Eu nunca senti nada por ela e Nessa é a minha única amiga, por isso é que temos essa conexão tão forte.
— Está tudo explicado, ouviste, Emma? Agora vamos continuar com o ensaio, da próxima não vou tolerar, Daniella! — Olhou para Dani e ela abaixou a cabeça. Mas tinha um sorriso enorme vitorioso nos lábios.
💘
O ensaio terminou e eu saí com Dani até ao refeitório. Ela estava me contando da sua saída com o Nickolas ontem.
— E depois ele me beijou em frente a todos no restaurante. — Daniella falou sorrindo, quando chegou a melhor parte da sua história.
— Eu queria puder estar lá para ver esse momento tão fofo, amiga. — Eu disse.
— Bom, trocando de assunto, eu e a Ruth já conseguimos uma pista sobre a mãe do Lucca.
— É sério? — perguntei entusiasmada e ela afirmou com a cabeça.
— Encontramos o avô da melhor amiga, é um relojoeiro, a sua loja está perto da empresa dos Roberts.
— E que dia vamos a esse relojoeiro? — Perguntei empolgada.
— Amanhã como não tem ensaio da peça e das cheerleaders, podemos ir até lá — Dani disse.
— Eu também estou prestes a fazer uma investigação, Dani.
— De quê?
— Do livro do encantamento. Sabias que ele não está no registro da biblioteca? — Perguntei e ela arregalou os olhos.
— Nessa, será que ele é realmente mágico? — Dani perguntou num sussurro.
— É isso que eu quero descobrir. Porque hoje de manhã, ele tinha uma frase diferente, estava escrito: nem todas as escolhas do cupido são certas.
— Será que foi um aviso? — Dani perguntou. Levou uma mecha de cabelo até a sua orelha direita.
— Eu não sei amiga. Agora que está ficando tudo bem, vem essa mensagem do são Valentim.
— Vamos para casa, você precisa de um banho e podes distrair-te com qualquer coisa boa.
— Tens razão.
Saímos do refeitório e entramos no carro da Daniella. Ela colocou o som alto, tocando a música Happy de Pharrell Williams. Cantamos até chegar a minha casa e eu desci do carro.
Despedi-me da minha amiga e entrei na minha casa.
Escutei o som da fritadeira na cozinha e futebol na sala. Obviamente era dia de jogo do Paris Saint Germain.
Os meus pais eram adeptos do PSG desde que me conhecia como ser humana. De facto a equipe contava com bons jogadores, mas eu preferia a equipe espanhola, Barcelona.
Subi as escadas até o meu quarto e lancei a minha mochila na cama.
Tinha pouco tempo para a peça, mas estava indo tudo tão bem na minha vida.
Se fosse um romance, essa seria a parte fofa da protagonista, de viver o amor, tudo correndo bem.
Puxei a minha toalha no guarda-roupa e entrei no banheiro. Senti a água quente desabar sobre o meu corpo. Fazendo-me relaxar e pensar no quanto a minha vida mudou depois do dia dos namorados.
Lembro-me de ter saído às pressas da biblioteca, de ter me assustado com o Lucca no museu do amor. O seu quase pedido para ir comigo ao baile de finalistas. E o nosso primeiro encontro no dia dos namorados, mesmo que tenha sido sem convite e sim inesperado, para mim contou como encontro.
Tudo isso foi obra do cupido!
Terminei o banho e vesti o meu pijama rosa. Vesti um igual ao Baunilha e desci as escadas com o meu gato nos meus braços.
— Nessa, nem ouvi você entrando. — Minha mãe falou, fechando as cortinas da sala.
— Eu cheguei tão exausta que fui logo tomar um banho.
— Pelos vistos o ensaio de hoje prometeu. — Meu pai disse, após dar um gole na sua cerveja.
— Sim, pai.
— E o coração, como anda? — Minha mãe perguntou e eu engasguei-me com a minha própria saliva.
— Coração? Vai bem, batendo sei lá quantas vezes por segundo. — Minha mãe revirou os olhos.
— Você sabe do que eu estou falando, Nessa.
— Mãe, eu estou com sono, e com sono nem funciono bem, então, eu vou dormir, boa noite, eu vos amo muito. — Saí da sala com o meu gato e subi as escadas apressadamente até o meu quarto.
Tranquei a porta e deitei-me na cama olhando para o teto.
Como a minha mãe sabia de tudo?
Oh, Cupido!
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