
Capítulo 06
O motorista do Lucca estacionou o carro perto da minha casa e eu desci. Agradeci pela boleia e caminhei com o meu saco de ração até a minha casa.
A mãe do Lucca era um amor de pessoa. Mas o que mais me intrigava era o assunto dele sobre " auréola " . O que ele quis dizer com auréola? O que é auréola? Porquê que não confia nos seus irmãos?
Por de trás do rosto de menino bonito, ninguém imaginava o que se passava na sua mente, nem eu mesma imaginaria se ele não me contasse.
Bati a porta da minha casa e minha mãe abriu a porta.
— Filha, que demora! — Minha mãe Reclamou. Eu entrei dentro de casa.
— Estava apreciando as roupas da nova coleção da boutique de grifes lá do shopping. — Menti.
— Estás a ficar mais vaidosa, estou a gostar. — Minha mãe comentou.
Deixei o saco de ração na cozinha e procurei uma tigela pequena para eu colocar a ração. Estava no pet shop e esqueci-me de comprar o pratinho do meu gato.
Servi a comida do Baunilha e fui a sala procurá-lo. Entrei na sala e vi Baunilha no colo da Dani e Ruth fazendo tranças com o seu pelo.
— Meninas? — Indaguei deixando o prato de comida no chão. — O que fazem aqui tão cedo? Numa manhã de sábado.
— Viemos ver-te, mas a tua mãe disse que você tinha ido ao pet shop. — Ruth disse, soltando a trança que estava a fazer. — Mas logo nos apercebemos que esse pet shop houve desvio de margem.
— Como assim desvio de margem? — Quis saber, com um sorriso nervoso e elas gargalharam.
— Você estava a passear e vai nos contar onde esteve.
— Estava a ver o lançamento da loja de grifes.
— Mentira. — Ruth disse e Dani sorriu.
— Ela é a rainha das desculpas esfarrapadas. — Dani disse e era verdade. A Ruth tinha as melhores mentiras na manga. — E hoje não há nenhum lançamento de coleções.
— Ok, me descobriram. — Sentei-me no sofá e coloquei o Baunilha no chão, ao lado da sua tigela. — Eu estava com o Lucca Roberts.
—Ai, que fofo. - Dani disse, com um sorriso enorme no rosto. — Eu disse Ruth, que ela e o Lucca estão próximos demais, como no dia de audições.
— Não é bem assim, Dani. — Rebati — Eu apenas saí do pet shop e encontrei ele com seus irmãos, ele me convidou para sua casa e eu fui a mansão dos Roberts.
— Amiga, que babado. — Ruth disse empolgada — Ninguém, além dos amigos dos irmãos mais velhos do Lucca já entrou na mansão Roberts, aquilo lá é uma fortaleza.
— Parece uma fortaleza sim, mas na verdade, é ma mansão bonita. Mas o quarto do Lucca é bem gótico. — Falei e elas entreolharam-se.
— Eu desconfiava que ele tinha esse jeito, é muito quieto e na dele, não é possível. — Ruth disse, ajeitando o seu cabelo.
— Então, nós discutimos por causa de romances e eu decidi voltar para casa...
— Discutir por romances? — Daniella interrompeu-me animada. — Nessa, ele é a tua versão masculina.
— Tá, podem para de me interromper? — questionei, cansada de ser cortada.
— Está bem!— Ruth falou com um revirar de olhos e eu sorri.
— Bom, discutimos por causa de romances e eu decidi voltar para casa, vi a sua mãe, a Nicole Roberts, uma mulher de presença. Ela é boa pessoa, mas a algo que ele disse que me intrigou, que não gostava dos irmãos, que os irmãos não têm uma boa auréola.
— O que seria auréola? — Dani perguntou.
— Auréola é mesmo que dizer um anel de bondade, uma luz atrás de você que significa bondade. — Ruth explicou e Daniella assentiu.
— Então ele quis dizer que seus irmãos são super vilões? — Dani indagou, o que nos fez gargalhar.
— Super vilões, Dani? - Questionei e ela revirou os olhos.
— Sim, Nessa.
— Bom Nessa, nós viemos te chamar para a minha festa. — Ruth falou e eu forcei um sorriso. — Não venhas com desculpas.
— Desculpas? Eu? — gargalhei nervosa.— Bem, a minha mãe...
— Já falamos com ela e também hoje é o dia em que os nossos pais vão para o acampamento de pais promissores. — Ruth contestou e eu suspirei fundo.
— Tá, eu vou a tua festa. — Cedi e elas sorriram alegres.
— É as seis e tens que vir muito cedo para me ajudar a arrumar, estarão presentes todos, inclusive, a malta popular da escola. — Ruth disse animada. Eu revirei os meus olhos.
As festas eram as mesmas coisas. Bebidas e seduções baratas. Os populares comandando e os " invisíveis ", bom, exercendo a sua função.
— Está bem meninas, agora tenho que dar de comer o Baunilha, estudar e preparar-me para a festa. São doze da manhã. — Elas levantaram-se do sofá e eu também.
Acompanhei as minhas amigas até a porta e despedi-me de cada uma com um forte abraço.
Eu amava muito as minhas amigas, só que elas achavam que preciso de um twist na minha vida. Diziam que eu devia ser boa com rapazes por ler romances como uma louca.
Terminei de passar o gel no meu cabelo perto a minha fronte, deixando o babyliss perfeito e passei a prancha nas pontas. Não fiz uma maquiagem notável. Apenas passei um rímel e batom marrom claro e base do mesmo tom que a minha pele.
Vesti um vestido azul escuro e calcei os meus sapatos preto.
Desci as escadas até os rés do chão e coloquei mais comida no prato do Baunilha.
Liguei a Ruth avisando que não ia conseguir chegar a tempo de ajudar a arrumar as coisas, ela entendeu. Eu tive que ficar arrumando a casa.
Os meus pais e os pais das minhas amigas foram no acampamento. Iam ficar até o dia seguinte a tarde. Muito tempo sem os meus amores.
Saí de casa e caminhei até a casa de Ruth, vários adolescentes estavam fora, com copos azuis e vermelhos na mão.
Entrei e o forte som da música fez-me ficar pensativa: e se eu ficasse em casa lendo um romance com o meu gato na cama?
As luzes multicores brilhando e as pessoas dançando como loucas.
Enfiei-me no meio da multidão até encontrar Ruth e Dani com seus namorados perto a escada.
— Nessa Carter, você está uma gostosa amiga. — Ruth disse com um sorriso meigo nos lábios.
— Obrigada.
— Curtindo a festa? — Dani quis saber, eu forcei um sorriso.
— Nem tanto. — Confessei e Ruth abanou a cabeça.
— Nessa, anima-te, estamos numa festa, divirta-se.
— Vou tentar. — Falei e elas assentiram.
Para não ficar como pega vela, eu sai do local e caminhei até o jardim.
Sentei-me numa cadeira e fiquei olhando as estrelas. O som forte da música diminuiu e os latidos de cachorros e barulhos de buzinas e carros ficou mais audível.
Estava apenas mais um rapaz de costas, olhando atentamente para a tela do seu celular.
Senti uma mão tocar o meu ombro e rapidamente olhei para trás. O rapaz loiro de olhos verdes sorriu e segurou-me com as duas mãos.
— O que tu queres? — Perguntei assustada.
— Ah, não finja que não quer. — Ele aproximou o seu rosto ao meu e fechou os olhos.
Chutei a sua barriga com o meu joelho direito e tentei correr até a porta, gritando por socorro, mas quando estava prestes a entrar, ele conseguiu agarrar-me novamente.
— Deixa-me por favor. — Pedi choramingando, mas ele apenas continuou aproximando o seu rosto ao meu.
Consegui escutar a sua respiração e apenas exprimi os meus olhos segurando as lágrimas.
— Deixe ela! —Lucca gritou e escutei um gemido de dor.
Apressadamente abri os olhos e vi Lucca socando o rosto do rapaz.
— Lucca, você está machucando ele. — Falei, segurando o seu braço.
— Mas ele queria beijar-te a força, Nessa. — Lucca contestou. Soltou o seu braço e continuou a bater o rapaz.
Corri até a porta e entrei na casa procurando as minhas amigas.
— Ruth! — Gritei e ela olhou para mim confusa. — Vem cá fora. Há uma luta! — Ruth chamou o seu namorado e juntos saímos fora. — O Lucca vai machucar ele.
— Lucca! — Carter gritou, segurando os seus braços e Lucca parou de bater o rapaz e olhou para Carter nervoso. — Deixe ele cara.
— Está bem. — Lucca deu um tapa ao rapaz e lançou-lhe no chão.
— Ruth, eu...
— Não Nessa. — Ruth rebateu — não justifique a luta, eu quero escutar o Lucca, o que aconteceu Lucca?
— Urgh!, ele queria agarrar a Nessa a força. — Lucca resmungou e suspirou fundo. — E eu não iria e nem irei permitir alguém fazer isso com ela.
Eu não iria e nem irei permitir alguém fazer isso com ela. As suas palavras vagaram até a minha mente, fazendo um mar de sentimentos e pensamentos com ondas bravas na minha cabeça.
— Nessa, você está bem? — Ruth perguntou, mas eu não consegui formular uma resposta digna.
— Eu... — Suspirei, ainda assustada — Eu quero uma cama e um cobertor, por favor.
— Está bem. — Ruth segurou a minha mão e guiou-me até o seu quarto.
Eu deitei-me na sua cama e ela trouxe um romance, O conde enfeitiçado.
— Amiga, se eu soubesse que aconteceria aquilo, eu talvez não ia insistir para você vir aqui. — Ruth disse triste e eu formei um sorriso para ela.
— A culpa não é tua Ruth, é só o babaca do rapaz.
— O Jasper, o capitão do time de futebol da escola. Mas na segunda-feira ele me paga. — Ruth esbravejou e eu ri.
— Ok, mas o Lucca detonou ele. — Tive que falar e Ruth sorriu.
— Nessa, o Lucca é o rapaz que você encantou, não é? — Ruth perguntou, encostando-se na porta.
— O quê? — Indaguei, tentando fugir do assunto " encantamento ".
— Está na tua cara que é ele que você encantou.
— Prontos, é ele. Mas não significa que o encantamento é real ou que funcionou. — Falei e ela riu.
— Para mim, o encantamento funcionou, ele ama-te, Nessa. — Ruth explicou. — Ele sempre está contigo, passearam juntos no dia dos namorados, fizeram as audições no mesmo dia, bom, isso não é tipo uma coisa de casal, mas estiveram juntos, até esqueceste da Dani ao lado de ti e hoje estavas na sua casa, a primeira rapariga da escola a ir a Mansão Roberts e ele protegeu você, batendo o Jasper.
— São simples coincidências? — Contestei, mas Ruth ignorou o que disse.
— Vai por mim Nessa, ele ama-te e você realmente encantou ele. Se o encantamento funcionou, tente algo com ele, sei lá, o teu primeiro romance.
— Eu quero que o meu primeiro romance seja verdadeiro.
— Você pode aprender a amar ele. Nessa, esta é uma oportunidade de viveres um dos teus inúmeros sonhos.
— Eu vou pensar. — Eu disse e Ruth assentiu, abriu a porta do seu quarto e saiu fechando a mesma.
O Lucca eda um rapaz legal, meio misterioso, bonito e charmoso. Existiam inúmeras raparigas na escola para ele amar. Ele não iria justamente amar a Nessa Carter. A rapariga louca por romances.
Abri o livro e comecei a lê-lo. Senti a maçaneta da porta girar e institivamente saltei da cama e encostei-me a parede.
A porta abriu-se e Lucca sorriu para mim, soltei um suspiro de alívio e ele fechou a porta.
— Desculpa se assustei-te, mas a tua amiga disse que você estava aqui. — Lucca disse caminhando até a cama e sentou-se na berma da mesma.
— Não me assustou. — Menti e voltei a deitar-me na cama. — Apenas pensei que você fosse o Jasper.
— Ele é um estúpido. — Lucca vociferou.
— Você disse que não confia em seres humanos. — Eu disse e Lucca olhou para mim. — O que está fazendo numa festa?
— Vim descontrair. — Lucca explicou, olhando para o teto.
— Podias descontrair na tua casa.
— Lembras-te do assunto da auréola? — Lucca questionou e eu afirmei com a cabeça. — Todos que estão na festa, oitenta por cento não está bem consigo mesmo, e eu sinto-me familiarizado com eles porque estou na mesma condição.
— Como tu sabes? — Indaguei, confusa.
— Eu consigo sentir.
— Isso não te assusta? — Indaguei e Lucca sorriu de canto, deitando-se na cama.
— Não. É normal. — Ele olhou para mim e eu sorri nervosa.
— Por quê você confia tanto em mim?
— Você é especial Nessa.
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